"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

sábado, 18 de julho de 2015

O sistema sonoro na língua portuguesa

Fonética e fonologia
O sistema sonoro do português

Fonética é a parte da gramática que estuda, analisa e classifica os sons de uma língua e suas articulações.
Fonologia é o estudo do sistema de sons de uma língua, suas alternâncias, transformações e modificações.

1. Fonema
O fonema é a unidade mínima distintiva de som de uma língua. Os fonemas são unidades sonoras indivisíveis e abstratas, consideradas componentes de uma sílaba. Não são significativos, porém são distintivos, isto é, diferenciadores de significado. Muitos vocábulos, ao terem um fonema substituído por outro, apresentam mudanças semânticas. Observe:
bola       gola
pato      tato
rapé      sapé

2 - O aparelho fonador
Sabemos que a fala só se efetiva através da produção de um determinado número de sons vocais articulados pela voz humana.
Os sons da fala são produzidos diante da ação de certos órgãos do aparelho fonador sobre a corrente de ar que vem dos pulmões.
Os sons distintivos da fala só são produzidos de modo adequado quando o aparelho fonador do indivíduo funciona normalmente.
Os órgãos que fazem parte do aparelho fonador são: os pulmões, os brônquios e a traqueia, que fornecem a corrente de ar necessária para a fonação; a laringe, na qual estão localizadas as cordas vocais, que produzem energia sonora; a faringe, a úvula (campainha), o palato (céu da boca), a língua, os dentes, os lábios e o nariz.

 













3. Fonemas sonoros e surdos
Na linguagem há fonemas surdos e sonoros. Quando o fluxo de ar chega às cordas vocais pode encontrá-las retesadas ou relaxadas. Quando retesadas, o ar força a passagem, fazendo-as vibrar e produzir sons sonoros. Quando relaxadas, o ar tem passagem livre, sem provocar sua vibração, e os sons produzidos são surdos.
Os fonemas /b/, /d/, /g/ são sonoros, visto que ocorre a vibração das cordas vocais durante a realização dos mesmos.
Os fonemas /p/, /t/, /k/ são surdos, pois as cordas vocais permanecem em repouso durante a produção dos mesmos.

4. O alfabeto fonético
Sempre que há necessidade de registro dos fonemas, utilizamos a transcrição fonética. Existe o Alfabeto Fonético Internacional, que pode ser utilizado para a transcrição de qualquer língua, com certas adaptações diante do sistema sonoro peculiar de cada idioma.
Os fonemas são representados pelas letras do alfabeto ou por certos sinais diacríticos, mas essa representação não reflete com exatidão o fonema ou sequência de fonemas que o falante produz durante o ao da fala.
Os fonemas são indicados entre barras oblíquas. Por exemplo, o fonema /p/ é uma consoante bilabial, pois para a sua realização há um contato completo dos lábios.
O registro dos sons da fala, isto é, a transcrição fonética, é sempre representado entre colchetes. Por exemplo: a palavra sal é transcrita ['saw] observando-se a pronúncia corrente da maioria dos brasileiros.

5. O sistema sonoro
O sistema sonoro do português consiste em oito vogais, duas semivogais e dezenove consoantes.

a) Vogais são fonemas sonoros produzidos mediante a livre passagem do ar pela boca. São vogais:
[ a ]         má, fato, pedra
[ ɑ ]        cana, lama, trama
[ ɛ ]         ela, sela, café
[ e ]         êxito, gelo, fazer
[ Ɔ ]        cólera, gola, nó
[ o ]        osso, coluna, tarô
[  i  ]        isso, figo, lebre
[ u ]        urubu, azul, livro

b) Semivogais são os fonemas sonoros /y/ e /w/ que, quando juntos de uma vogal, formam com ela uma única sílaba:
[ y ]         mãe ['máy], rei ['rey]
[ w ]        meu ['mew], quadro ['kwadru]

c) Consoantes são fonemas resultantes do fechamento ou estreitamento do canal vocal num determinado ponto. São consoantes:
[ b ]        bola, aba, sobra
[ d ]        dó, lado, saída
[ ɡ ]        gato, agora, tango
[ p ]        pato, sapato, mapa
[ t ]        tecido, lentidão, santo
[ k ]        caro, querida, porcaria
[ m ]        mãe, amar, camada
[ n ]        nada, canoa, ano
[ ŋ ]        nhá, vinho, caminho
[ l ]        lado, melado, mola
[ λ ]         lhe, filhote, malha
[ r ]        barato, caro, mar
[ R ]        rota, carro, amarrar
[ f ]        favor, afável, califa
[ v ]         vela, azevinho, úvula
[ s ]         sapo, sela, pêssego
[ z ]         zero, casa, exato
[ ∫ ]         chá, xale, marchar
[ ʒ ]         gênero, jarra, manjar

d) Alofones são as variantes de um fonema. O fonema /l/ tem uma variante [ w ] quando ocorre em posição intermediária não-intervocálica ou em posição final:
alto   ['awtu]
mal   ['maw]

O fonema /d/ possui a variante regional [ ʤ ]:
dia         [`d y a]
sede      [`s ɛ d ʒ i]

O fonema /t/ apresenta a variante regional [ t’ ]:
tipo       [`t´i p u ]
sete       [`s ɛ t´ i ]              



NOTA
O sinal diacrítico [ ' ] que aparece nos colchetes indica que a sílaba que se segue é tônica.



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