"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

TRUQUE ANTI VÍRUS

TRUQUE ANTI VÍRUS... MUITO ÚTIL

Esta é uma recomendação de um antivírus simples e é um truque é realmente engenhoso pela sua simplicidade.
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Quando um vírus entra no seu computador, ele se encaminha diretamente ao seu livro de endereços, e envia-se a si mesmo para todas as direções que ali encontra, infectando assim todos os seus contatos.

Então experimente usar a seguinte técnica:

1- Abra a sua agenda de contatos e faça um "click" em "novo contacto", como se estivesse adicionando um contacto novo.

2- Na janela onde escreverá o novo nome, ponha "AAAA". (Ou qualquer outro nome com vários "As" no início para ter certeza de que será o primeiro contacto da sua lista) (Pode-se usar: AAAA ALERTA DE VÍRUSINHO)

3- Crie um endereço de e-mail falso como por exemplo: aaaaaaaaa@aaaaa.com

Explicando :
Desta forma o nome designado como AAAA, com o endereço acima, ficará como a entrada n.° 1 da sua agenda.
Será ali que os vírus começarão o seu esforço para se auto-enviarem a todos os outros contactos relacionados por ordem alfabética da sua agenda.
É óbvio que será impossível entregar a mensagem no falso endereço criado.
Quando a primeira tentativa falha (coisa que se sucederá por causa do falso endereço), o vírus não continua e os componentes da agenda não serão infectados.
Além disto, a segunda vantagem deste método, é que, se um e-mail contaminado não pode ser entregue, será notificado na sua caixa de e-mail quase imediatamente.
Portanto, ao receber um aviso que diz que uma mensagem sua para "AAAA" não pôde ser entregue, saberá de forma rápida que tem um vírus instalado no seu computador.

Se todos nós usássemos este sistema tão simples, e até banal, os atuais vírus não poderiam se propagar tão facilmente e o número de computadores infectados diminuiria drasticamente.

Pela facilidade de se fazer o procedimento acima, envie esta mensagem para o maior numero de amigos.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O preconceito e as minorias

Serviço de negro
Jaime Pinsky

Um garoto negro termina um serviço que lhe havia sido solicitado e, orgulhosamente, garante ter feito “serviço de branco”. Várias moças respondem a anúncio para secretária; algumas perguntam se podem ser entrevistadas, “mesmo sendo negras”. Ser negro ou mulato e caminhar pela cidade é considerado “atitude suspeita” por muitos policiais. Como dizia um conhecido ― para meu horror e indiferença dos demais participantes da conversa: “Não tenho nada contra o negro ou o nordestino, desde que saiba o seu lugar”. E esse lugar, claro, é posição subalterna na sociedade.
Numa sociedade competitiva como a nossa o ato de etiquetar o outro como diferente e inferior tem por função definir-nos, por comparação, como superiores. Atribuir características negativas aos que nos cercam significa ressaltar as nossas qualidades, reais ou imaginárias. Quando passamos da ideia à ação, isto é, quando não apenas dizemos que o outro é inferior, mas agimos como se de fato fosse, estamos discriminando as pessoas e os grupos por conta de uma característica que atribuímos a eles.
De uma forma mais precisa podemos dizer que o discurso preconceituoso procura enquadrar as diferentes minorias, a partir de um prejulgamento decorrente de generalização não demonstrada. Mas isso não importa a pessoa preconceituosa. Afirmações do tipo “os portugueses são burros”, “os italianos são grossos”, “os árabes, desonestos”, “os judeus, sovinas”, “os negros, inferiores”, “os nordestinos’ atrasados”, e assim por diante, têm a função de contrapor o autor da afirmativa como a negação, o oposto das características atribuídas ao membro da minoria. Assim, o preconceituoso, não sendo português, considera-se inteligente; não sendo italiano, acredita-se fino; não sendo árabe, julga-se honesto; não sendo judeu, se crê generoso. É convicto de sua superioridade racial, por não ser negro e de sua superioridade cultural, por não ser nordestino.
É importante notar que, a partir de uma generalização, o preconceito enquadra toda uma minoria. Assim, por exemplo, “todos” os negros seriam inferiores, não só alguns. A inferioridade passaria a ser uma característica “racial”, inerente a todos os negros. E se o preconceito conhece um negro que, a seu juízo, não é inferior, acaba reconhecendo que aquele, especificamente, é igual “apesar de negro”, ou seja, uma exceção que justifica a regra. E o preconceito é tão forte que acaba assimilado pela própria vítima. É o caso do garoto que garantiu ter feito “serviço de branco”. Ou do imigrante que nega a sua origem. Ou, ainda, da mulher que reconhece sua “inferioridade”.
Quando se fala de minorias tem sempre um gaiato que diz que as minorias são minorias, pois se somarmos as mulheres aos negros, aos migrantes e aos outros já teríamos uma ampla maioria. Teríamos, sim, se estivéssemos falando de matemática e não de preconceito. Por isso é que dizemos que o preconceito é de uma irracionalidade irracional, por mais paradoxal que a formulação pareça. É evidente que o total de pessoas atingidas pelo preconceito constitui a maioria numérica da sociedade, principalmente se nela incluirmos as mulheres, ainda fruto de preconceitos machistas elementares (“mulher não sabe dirigir”, “mulher é objeto” são apenas alguns dos mais correntes). Se somarmos as mulheres aos negros, nordestinos e descendentes de algumas nacionalidades já mencionadas, as “minorias” se transformarão em esmagadora maioria.
Seria, pois, errado falar em minorias? Não, uma vez que o conceito de minoria é ideológico, socialmente elaborado e não aritmeticamente constituído. Isto quer dizer que o negro de que se fala não é o negro concreto, palpável, mas aquele que está na cabeça do preconceituoso. E isto tem raízes históricas profundas.
O olhar branco e majoritário que lançamos pela História não perdoa nada. Apresentamo-nos como povo branco que no máximo recebeu algumas “contribuições” de outras raças como ensina ainda boa parte de nossos manuais escolares. Somos, na visão reproduzida em muitas escolas, brancos de cultura branca, que absorveram aspectos pitorescos das outras raças, como temperos, crendices e alguns ritmos. Olhamos os negros com rancor, como se eles tivessem escolhido vir para cá “manchar a sociedade branca”. Após escravizá-los, reclamamos de seu caráter submisso. Após esmagá-los de trabalho, por séculos, falamos de sua preguiça. Depois de deixá-los na rua, quando da Abolição, não nos conformamos com sua pobreza. O problema do negro deve ser explicado pela História, nunca pela biologia...
Hoje sabemos que na segunda metade do século XIX houve um grande incremento de revoltas, rebeliões, fugas e assassinatos de feitores e senhores em muitas fazendas, levando um grande número de proprietários a transferir suas residências para as cidades, com medo dos negros escravos. Os arquivos abrigam também inúmeros processos contra negros por suas atitudes com relação aos senhores, incluindo frequentes casos de assassinatos, o que pulveriza a ideia de que os negros aceitaram passivamente sua condição.
Levantes importantes, em diferentes partes do Brasil, têm sido estudados e demonstram que, se é verdade que aqui não se chegou a haver uma revolta geral como no Haiti, não é menos verdade que nos últimos anos de escravidão se vivia um clima de levante iminente e muito medo por parte dos brancos.
Uma das sequelas da escravidão foi ter deixado muito marcada, no Brasil, a separação entre o trabalho braçal e o intelectual. Lembro-me, com tristeza, de reuniões com colegas de universidade numa pequena sala, com cadeiras empoeiradas devido a uma greve dos funcionários de limpeza. Alguns professores, teoricamente defensores dos oprimidos e vencidos, não se dignaram a passar um pano sobre as cadeiras para retirar o pó, preferindo a ficar em pé a sujar a roupa na poeira. Enquanto amaldiçoavam a greve, exaltavam os grevistas de papel, descritos em suas teses cheias de mofo.
O preconceito contra o negro tem várias facetas, e uma delas está justamente voltado a questões ligadas ao trabalho. Será que é razoável usarmos termos como “serviço de negro”, ao nos referirmos a algo mal feito, ou a um trabalho especialmente desvalorizado pela sociedade? Há uma série de outros termos e expressões, extremamente pejorativos, que deveriam ser objeto de nossa atenção, pelo seu caráter altamente ofensivo.
Sempre haverá quem alegue que o negro, de fato, é diferente, que lá está sua cor de pele, algo externo, evidente, marcando acintosamente a diferença. Mas há outras diferenças, também evidentes, que não têm conotações de superioridade ou inferioridade... É só o estudante que está me lendo agora voltar-se a seus colegas e observar o lóbulo de suas orelhas. A maioria tem o lóbulo descolado, solto, mas há sempre alguns que têm o lóbulo preso, colado à face. E se alguém desenvolvesse a teoria segundo a qual estes últimos seriam mais inteligentes do que os primeiros? Parece ridículo, idiota mesmo, não? Mas não há quem acredite que a cor da pele, algo tão superficial e irrelevante quanto o lóbulo da orelha, defina superioridade? Se for possível tirar os sapatos em sala de aula, tentem verificar quantas meninas têm o segundo dedo do pé mais comprido do que o dedão. Vocês podem não acreditar, mas dizia-se que meninas com dedos assim, quando casadas, mandariam nos maridos. Não parece algo muito, mas muito idiota? E não é igualmente idiota acreditar que por ter mais melanina na pele alguém possa ter mais talento para o samba e menos para a política ou administração?
De resto lembro-me sempre do que me ensinou uma antiga professora de antropologia. Segundo ela, o esqueleto de membros de certos grupos de africanos como os zulus, por serem altos, magros e dolicocéfalos (cabeça mais comprida do que redonda), poderiam ser confundidos com o de nórdicos, nunca com o de mediterrâneos, estes geralmente são baixos, encorpados e braquicéfalos (cabeças mais redondas do que compridas). Noutras palavras, abstraindo a cor da pele há mais semelhança entre certos grupos de negros e brancos do que os brancos entre si. Como se vê, estabelecer juízos a partir de algo tão periférico e superficial como a cor da pele não resiste a uma avaliação um pouco mais aprofundada.
Durante a primeira metade do século XX as teorias raciais estavam muito na moda. Com a subida ao poder de Hitler, nos anos 30, foram estimulados os experimentos com vistas a demonstrar as diferenças entre as raças e ― os nazistas esperavam ― a superioridade de uma alegada raça ariana. Sem nenhuma consideração pelas pessoas, os nazistas, fizeram experiências cruéis com seres humanos, dissecados em vida, com a finalidade de provar suas teorias. Não conseguiram encontrar nada que desse sustentação aos seus preconceitos.

Por todas essas razoes, combater a discriminação aos negros (e, por extensão toda e qualquer discriminação ou preconceito) é não apenas uma atitude politicamente correta, mas racionalmente consequente e socialmente aconselhável.
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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Entre homens e mulheres

DESENCONTROS SEXUAIS
Drauzio Varella

Desentendimentos entre mulheres e homens começam no instante em que o espermatozoide penetra o óvulo.
Como o óvulo sempre carrega um cromossomo sexual X, se o espermatozoide trouxer um cromossomo Y, haverá formação do par XY e nascerá um menino. Se trouxer um cromossomo X, o par XX dará uma menina.
Dos primeiros estágios do embrião à vida adulta, nosso cérebro e os demais tecidos serão bombardeados incessantemente pelos hormônios sexuais condicionados à configuração XX ou XY. Eles decidirão não apenas se teremos testículos ou ovários, pênis ou clitóris, mas as características arquitetônicas dos circuitos de neurônios envolvidos no processamento das emoções e na estrutura básica do pensamento racional.
Nas mulheres, em obediência a uma ordem que parte de uma área cerebral chamada hipotálamo, a hipófise libera o hormônio FSH (hormônio folículo estimulante), que agirá sobre os folículos ovarianos, estimulando-os a produzir estrogênios, encarregados de amadurecer um óvulo a cada mês.
FSH e estrogênios dominam os primeiros 15 dias do ciclo menstrual com a finalidade de tornar a mulher fértil, isto é, de preparar para a fecundação uma das 350 mil células germinativas com as quais nasceu.
Atento ao desenrolar dos acontecimentos, ao detectar a ovulação no 14º dia do ciclo, o hipotálamo muda radicalmente de orientação e avisa a hipófise de que está na hora de liberar mais LH (hormônio luteinizante) para obrigar o ovário a produzir progesterona, com a função de preparar terreno para a passagem segura do óvulo fecundado pela trompa, para a sua implantação no útero e para assegurar continuidade à gravidez e ao aleitamento.
Se não houver fecundação, o ciclo terá sido fútil: a camada interna do útero (endométrio) desabará e os vasos que a irrigam sangrarão por alguns dias. Então, o todo-poderoso hipotálamo dará ordem para iniciar o ciclo seguinte.
Estrogênios e progesterona não são os únicos hormônios sexuais capazes de influenciar o comportamento feminino, mas são os mais importantes. Reduzida à essência, a ação dos estrogênios, liberados em grande quantidade na primeira metade do ciclo, é preparar para o sexo; a da progesterona, na segunda metade, é assegurar a integridade da gravidez.
Níveis elevados de estrogênio reduzem a fome, exaltam o olfato, o paladar, a disposição e a libido, tornam a pele sedosa e brilhante, bem como a vagina lubrificada e aquecida, diminuem a consistência do muco que obstrui o colo uterino para impedir a entrada de germes e aumentam a libido. O impacto estrogênico no cérebro desperta ímpetos sedutores, estimula a agressividade, a independência e a capacidade de planejamento, melhora o humor e tem efeito antidepressivo.
A predominância de progesterona nas duas semanas que antecedem a menstruação torna a pele menos brilhante, provoca retenção de líquido, inchaços, turgescência e dor nas mamas, diminuição da lubrificação vaginal e da libido, dificuldade de atingir o orgasmo, aumento do apetite e da temperatura corporal. A mulher se torna mais dependente, irritada com as atitudes masculinas, insegura, carente de proteção, menos criativa, menos carinhosa com os filhos e menos indulgente com os familiares.
Nos homens, o panorama hormonal é dominado pela testosterona, responsável pelo aumento das massas óssea e muscular e pelos caracteres sexuais secundários. Sua influência no comportamento pode ser resumida na aquisição de duas características predominantemente masculinas: espírito de competição e agressividade, graças às quais nossos antepassados exerceram poderosa atração sexual sobre suas companheiras desejosas de garantir a sobrevivência da prole acima de tudo.
Nos homens, os níveis sanguíneos de testosterona aumentam rapidamente com a chegada da puberdade, mantêm-se elevados até os 25 ou 30 anos e entram em declínio muito lento, que se acentua depois dos 65 anos. Descontado o salto da puberdade, não ocorrem variações hormonais imprevisíveis.
Nas mulheres, os ciclos que se iniciavam aos 16 ou 17 anos no início do século passado, hoje se instalam cada vez mais cedo, sem sabermos exatamente por quê. Não são raras as meninas que menstruam pela primeira vez aos 11 anos. A partir de então, eles se repetem mensalmente até a instalação da menopausa, lá pelos 50 anos, quando a função ovariana entra em falência. Da puberdade à menopausa, a sequência só é interrompida em caso de gravidez e amamentação, fases dominadas pela progesterona, o hormônio da maternidade.
A complexidade hormonal das mulheres, seres cíclicos, é incomparável à nossa. Diante delas somos singelos, para não dizer simplórios: nossas concentrações de testosterona num dia qualquer são praticamente idênticas às do dia anterior e às do mês seguinte. Só com o passar dos anos podemos notar o declínio lento. Em contraposição, nelas a composição e o equilíbrio entre os níveis estrogênios e de progesterona variam não apenas no decorrer da vida em função da maternidade e da menopausa, mas de um dia para o outro. Não existem dois dias de um ciclo menstrual em que as concentrações de estrogênios ou de progesterona sejam as mesmas.
Talvez por causa dessas diferenças as mulheres digam que os homens são todos iguais, enquanto nós dizemos que não dá para entender as mulheres.


Cidadão norte-americano

Cidadão 100% Norte-Americano
Ralph Linton, antropólogo estadunidense (1893-1953)



O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa setentrional, antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão, cuja planta se tomou doméstica na índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no Oriente Próximo: ou de seda; cujo emprego foi descoberto na China. Todos estes materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso de mocassins que foram inventados pelos índios das florestas do leste dos Estados Unidos e entra no banheiro, cujos aparelhos são uma mistura de invenções europeias e norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o pijama, que é vestuário inventado na Índia, e lava-se com sabão, que foi inventado pelos antigos gauleses; faz a barba, que é um rito masoquístico que parece provir dos sumerianos ou do Antigo Egito.
Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira de tipo europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário têm a forma das vestes de pele originais dos nômades das estepes asiáticas; seus sapatos são feitos de peles curtidas por um processo inventado no Antigo Egito e cortadas segundo um padrão proveniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra no pescoço é sobrevivência dos xales usados aos ombros pelos croatas do século XVII. Antes de ir tomar seu breakfast, ele olha a rua através da vidraça feita de vidro inventado no Egito; e se estiver chovendo, calça galochas de borracha descoberta pelos índios da América Central e toma um guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de feltro, material inventado nas estepes asiáticas.
De caminho para o breakfast para para comprar um jornal, pagando-o com moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda uma série de elementos tomados de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é o inventado na Itália medieval, a colher vem de um original romano. Começa seu breakfast com uma laranja vinda do Mediterrâneo oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de melancia africana. Toma café, planta abissínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a ideia de aproveitar seu leite são originários do Oriente Próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na índia. Depois das frutas e do café, vêm waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como matéria-prima o trigo, que se tornou uma planta doméstica na Ásia Menor. Rega-os com xarope de maple, inventado pelos índios das florestas do leste dos Estados Unidos. Como prato adicional talvez coma o ovo de urna espécie de ave domesticada na Indochina ou delgadas fatias de carne de um animal domesticado na Ásia oriental, salgada e defumada por um pro­cesso desenvolvido no norte da Europa.
Acabando de comer nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado pelos índios americanos e que consome uma planta original do Brasil; fuma cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarros provenientes do México. Se for fumante valente, pode ser que fume mesmo um charuto, transmitido à América do Norte pelas Antilhas, por intermédio da Espanha. Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for um bom cidadão conservador, agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua indo-europeia, o fato de ser 100% americano.





LINTON, Ralph. O homem: uma introdução à Antropologia, p. 331-332. Extraído do livro Introdução à Sociologia de Pérsio Santos de Oliveira. São Paulo, Editora Ática, 1989.