"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

domingo, 30 de janeiro de 2011

Coréia do Sul: apaixonados pela Educação

Quem mostra o exemplo da Coréia do Sul, um país apaixonado pela Educação, são os correspondentes na Ásia: Sônia Bridi e Paulo Zero.

Os melhores alunos do mundo. Não são superdotados. Deram a sorte de estar na melhor escola do país que tem o melhor ensino básico do planeta.
Por fora, a escola não tem nada de mais: 1,3 mil alunos, 35 por classe. Veja o que faz diferença:
A senhora Park tem mestrado em Educação, como a maioria dos professores lá. O karaokê é só um dos recursos educativos. Na sala de aula, tudo o que é preciso para educar com motivação.
São oito horas por dia na escola. Estressante? Não, é divertido, dizem eles.
Todos têm notas acima de oito. O segredo é nunca permitir que o aluno passe um dia sem entender a lição, diz a professora, que ganha o equivalente a R$ 10,5 mil por mês.
É a média na Coréia, onde os professores precisam ter curso superior e são atualizados e avaliados a cada dois anos. Se o aluno não aprende, o professor é reprovado.
Tudo isso num país que nos anos 50 estava destruído por uma guerra civil que dividiu a Coréia ao meio, deixou um milhão de mortos e a maior parte da população na miséria. Um em cada três coreanos era analfabeto. Hoje, oito em cada dez chegam à universidade.
A virada começou com uma lei que tornou o ensino básico prioridade. Os recursos foram concentrados nos primeiros oito anos de estudo, tornados obrigatórios e gratuitos, como são até hoje. O ensino médio tem 50% de escolas privadas e as faculdades são todas pagas, mesmo as públicas. Bons alunos têm bolsa de estudos e o governo incentiva pesquisas estratégicas.
O fato é que logo depois da reforma da Educação, a economia da Coréia começou a crescer rápido, em média 9% ao ano durante mais de três décadas. E hoje, graças à multidão de cientistas que o país forma todos os anos, a Coréia está pronta para entrar no primeiro mundo, tendo como cartão de visitas uma incrível capacidade de inovação tecnológica. Desde a área de computação até na genética.
Nos laboratórios onde lideram pesquisas de clonagem terapêutica, nas grandes corporações que espalharam marcas coreanas no mercado mundial de eletrônicos e de automóveis, aparece a revolução econômica que começou em casa.
“O segredo é a família, com pais comprometidos os alunos ficam motivados e os professores entusiasmados”, fala uma professora.
O governo concorda.
“Os pais que não tiveram oportunidade de educação lutaram para que seus filhos tenham o melhor. É prova de amor”, diz o governador.
“Foi a paixão pela Educação que fez a Coréia crescer”, concorda o pai de quatro, que como a média dos coreanos gasta 20% da renda familiar em cursos extracurriculares para reforçar o ensino.
Os filhos falam inglês com a desenvoltura que têm na música. E o casal bota um dinheirão em livros, comprados às dezenas. Porque testemunhou o que a educação fez pelo país.
“Quando eu ia para escola, nos anos 70, muitos colegas não tinham nem o que comer”, lembra o pai.
O avô lembra que no tempo dele não tinha nem livros. Agora o que falta para neta, de 16 anos é tempo para ficar em casa. Ela passa 15 horas por dia na escola.
Nessa jornada, tem japonês, alemão. São sete idiomas ofertados. Programar computadores, entender história. Tem as diversões da vida no colegial mas não é brincadeira. É a corrida para entrar numa das três melhores universidades do país.
“Eu sinto responsabilidade com relação a minha família e meu país. Mas também porque um dia eu vou ter filhos”, diz Yong Woo.
O colega desabafa: a pressão é muito grande, principalmente para os meninos. Ela completa: “A Coréia quer homens perfeitos, esse é o problema”.
Os pais concordam. Acham que o ensino é competitivo demais, voltado à formação de profissionais de alto nível, deixando o ser humano de lado.
No Ministério da Educação e Recursos Humanos, o diretor explica: “Os coreanos não querem ser perdedores. Por isso a educação é voltada para a economia”.
De novo na terceira série, onde as crianças de 10 anos simulam entrevistas de emprego e as paredes tem slogans: “Economia forte significa um país forte” e também: “Economize um centavo, orgulhe seu país”.
As crianças acham natural. Puxam seus celulares “Made in Coréia” para fotografar os visitantes. Riem como quem sabe que tem futuro.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A gente passa, os livros ficam

É difícil entender o que leva alguém a doar uma vida aos livros, mas se pararmos para pensar em alguma razão suficiente para motivar a procura por livros durante uma vida inteira, talvez a socialização deste acervo seja mesmo a única resposta. Falo de uma vida de livros, e não de uma vida de literatura, pois José Mindlin precisava da materialidade literária. A experiência da leitura é irreprodutível fora do objeto livro. Alguém que, como ele mesmo dizia, quisesse “espalhar o vírus da leitura”, precisava deter esses pequenos universos condensados.
No ano passado, a morte do bibliófilo José Mindlin suscitou um grande interesse por sua vida e pelo belo processo de formação de seu acervo. Foram oito décadas dedicadas à garimpagem de livros raros pelo mundo todo. Muitas de suas aventuras nestas viagens e outras histórias estão registradas no “Uma vida entre livros - reencontro com o tempo” (Edusp). O livro, de 1996, foi uma sugestão de seu amigo Antonio Candido, ele julgava que a vida do “devorador de textos” (como diz o professor no prefácio, mais que um colecionador, Mindlin era alguém que devorava textos) era tão interessante que valia um memorial bem divertido e leve de ler, tão acessível para o leitor quanto os livros da biblioteca de Mindlin viriam a ser no futuro. Podemos dizer, seguramente, que o projeto deu certo. Comecei o livro para escrever esta pequena resenha e não consegui parar mais, a impressão que temos é a de que estamos sentados em uma das várias cadeiras confortáveis de sua biblioteca tomando um chá com Mindlin e escutando de olhos fechados suas histórias. É de uma simplicidade literária muito atraente e saborosa, como os livros que ele gostava de ler. Logo no começo, Mindlin fala que a motivação de sua leitura sempre foi o prazer, e que, salvo algumas raras exceções, nunca gostou de livro difícil. Este não foi o único livro de sua autoria. Em 2008 a Editora Ática publicou “Reinações de José Mindlin - por ele mesmo”, um livro infanto-juvenil que traz uma outra série de lembranças de sua infância bastante relacionadas com momentos históricos importantes, sempre com a intenção de criar no leitor a paixão pela leitura que o conduziu durante toda sua vida.
Passado quase um ano de sua morte, os pesquisadores, professores e alunos esperam ansiosamente pela inauguração da Biblioteca Brasiliana, um prédio localizado no coração da USP que abrigará mais de 17 mil títulos (40 mil volumes), dentre eles 10 mil obras raras e cerca de 2 mil raríssimas. O acervo também será disponibilizado digitalmente, por meio de um moderno sistema de organização de documentação científica, para que sejam acessíveis pela internet.
Para maiores informações e consulta aos títulos que já estão disponíveis, vale a pena acessar o site da Biblioteca Brasiliana: www.brasiliana.usp.br .

Bianca Borgianni
http://escrevendo.cenpec.org.br
Publicado em: 21/01/2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Novas posturas docentes

.
Acredito que o universo escolar anseia por profissionais mais modernos, audaciosos, dinâmicos, indispensavelmente bem humorados, musicais, dançantes, sem rótulos, estratégicos, competentes, éticos, desprovidos de preconceitos e, acima de tudo, capazes de aproximar crianças e adolescentes da realidade coerente com a prevenção, com a modernidade e com a preparação rumo a um futuro brilhante – o que é direito de todos. Aquela figura docente e, sem sombra de dúvidas, extraordinária para a época da palmatória e do tinteiro, perdeu seu espaço mediante o encantamento da modernidade e do acesso instantâneo à informação e, quem insiste em portar-se como antigamente, infelizmente mantém-se com elevado índice de rejeição, bem como, com notáveis dificuldades em desenvolver seu “excelente” trabalho – o que é muito grave para o contexto. Precisamos promover posturas mais condizentes com a realidade do twitter, MSN, blog, orkut, MP “alguma coisa”, banda da atualidade, abreviações dos papos virtuais, sobre BV, sobre o comportamento dos “ficantes”, das baladas, bem como, com o que jamais deveria sair de moda, ou seja, respeito, honestidade, coerência, ética e assim por diante. Conhecimento inútil e desnecessário? Acredito que não a partir do momento que tais assuntos nos posicionem rumo a patamares de aproximação com nossos estudantes encaminhando-os a situações de confiança e de parceria em relação a nós docentes. É disso que a organização escolar precisa, ou seja, admitir que já ultrapassamos a hora de entendermos que o professor precisa parar de se preocupar unicamente com o comportamento, com as conquistas e com os insucessos dos outros professores e sim, estender seu “zelo” para alunos, pais e comunidade em busca de soluções coletivas e capazes de elevar a qualidade de vida de todo um contingente humano. Frustrações políticas, anseios profissionais e incapacidades visíveis precisam de uma administração mais coerente com o bom convívio humano, ou seja, necessitam se despir de acusações, injúrias, fofocas, negatividades e sabotagens dignas dos que não merecem o nobre título de educador. Senhores Professores... Sigamos rumo a uma melhoria universal, pois acredito termos capacidade para isso. E vocês? Acreditam também? Pensem nisso.


por Marcelo Tavares
http://www.webartigos.com/
.
.
 

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Figuras e vícios de linguagem

Figuras de som
a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.
“Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”

b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.

“Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”


c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos.
“Eu que passo, penso e peço.”


Figuras de construção
a) elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.
Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de 'havia')

b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes.
Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de 'prefiro')

c) polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período.

“ E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito


d) inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase. “De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.” 
 
e) silepse: consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se subentende, com o que está implícito. A silepse pode ser:
• de gênero
Vossa Excelência está preocupado.
• de número
Os Lusíadas glorificou nossa literatura.

• de pessoa
“O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.”

f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.


g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.
“E rir meu riso e derramar meu pranto.”

h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.

“ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”

Figuras de pensamento
a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido.
“Os jardins têm vida e morte.”

b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.
“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”

c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.
Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou)

d) hipérbole: trata-se de exagerar uma idéia com finalidade enfática.
Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede)

e) prosopopéia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

f) gradação ou clímax: é a apresentação de idéias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax)
“Um coração chagado de desejos
Latejando, batendo, restrugindo.”


g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa personificada).
“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!”


Figuras de palavras
a) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”

b) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Observe:
Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)

c) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.
O pé da mesa estava quebrado.

d) antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade:
...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles)

e) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
A luz crua da madrugada invadia meu quarto.


Vícios de linguagem
A gramática é um conjunto de regras que estabelece um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são obedecidas, em se tratando da linguagem escrita.  O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade, refere-se às figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.

a) barbarismo: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.
pesquiza (em vez de pesquisa)
prototipo (em vez de protótipo)

b) solecismo: consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática.
Fazem dois meses que ele não aparece. (em vez de faz ; desvio na sintaxe de concordância)

c) ambiguidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um sentido.
O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)

d) cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras.
Paguei cinco mil reais por cada.

e) pleonasmo vicioso:  consiste na repetição desnecessária de uma ideia.
O pai ordenou que a menina entrasse para dentro imediatamente.
Observação: Quando o uso do pleonasmo se dá de modo enfático, este não é considerado vicioso.

f) eco: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.
O menino repetente mente alegremente.
.
.
Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola
.
.
.
.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Sobre o vício do gerundismo

Já versamos, neste mesmo espaço, sobre a aplicabilidade excessiva do gerúndio. Agora os convido para apreciarmos esta primorosa crônica de Roberto Freire.



Para você estar passando adiante
Ricardo Freire

Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortando e possa estar deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da comunicação moderna, o gerundismo. 
Você pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou estar enviando pela Internet. O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá estar recebendo esta mensagem, de modo que ela possa estar lendo e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como tudo o que ela costuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de quem precisa estar escutando. 
Sinta-se livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá estar achando necessárias, de modo a estar atingindo o maior número de pessoas infectadas por esta epidemia de transmissão oral. 
Mais do que estar repreendendo ou estar caçoando, o objetivo deste movimento é estar fazendo com que esteja caindo a ficha nas pessoas que costumam estar falando desse jeito sem estar percebendo. 
Nós temos que estar nos unindo para estar mostrando a nossos interlocutores que, sim!, pode estar existindo uma maneira de estar aprendendo a estar parando de estar falando desse jeito. 
Até porque, caso contrário, todos nós vamos estar sendo obrigados a estar emigrando para algum lugar onde não vão estar nos obrigando a estar ouvindo frases assim o dia inteirinho. Sinceramente: nossa paciência está estando a ponto de estar estourando. O próximo "Eu vou estar transferindo a sua ligação" que eu vá estar ouvindo pode estar provocando alguma reação violenta da minha parte. Eu não vou estar me responsabilizando pelos meus atos. As pessoas precisam estar entendendo a maneira como esse vício maldito conseguiu estar entrando na linguagem do dia-a-dia. 
Tudo começou a estar acontecendo quando alguém precisou estar traduzindo manuais de atendimento por telemarketing. Daí a estar pensando que "We'll be sending it tomorrow" possa estar tendo o mesmo significado que "Nós vamos estar mandando isso amanhã" acabou por estar sendo só um passo. 
Pouco a pouco a coisa deixou de estar acontecendo apenas no âmbito dos atendentes de telemarketing para estar ganhando os escritórios. Todo mundo passou a estar marcando reuniões, a estar considerando pedidos e a estar retornando ligações.
A gravidade da situação só começou a estar se evidenciando quando o diálogo mais coloquial demonstrou estar sendo invadido inapelavelmente pelo gerundismo.
A primeira pessoa que inventou de estar falando "Eu vou tá pensando no seu caso" sem querer acabou por estar escancarando uma porta para essa infelicidade lingüística estar se instalando nas ruas e estar entrando em nossas vidas. 
Você certamente já deve ter estado estando a estar ouvindo coisas como "O que cê vai tá fazendo domingo?", ou "Quando que cê vai tá viajando pra praia?", ou "Me espera, que eu vou tá te ligando assim que eu chegar em casa". 
Deus. O que a gente pode tá fazendo pra que as pessoas tejam entendendo o que esse negócio pode tá provocando no cérebro das novas gerações? 
A única solução vai estar sendo submeter o gerundismo à mesma campanha de desmoralização à qual precisaram estar sendo expostos seus coleguinhas contagiosos, como o "a nível de", o "enquanto", o "pra se ter uma idéia" e outros menos votados. 
A nível de linguagem, enquanto pessoa, o que você acha de tá insistindo em tá falando desse jeito?
.
.
.
.

Herman Voorwald assume a Secretaria da Educação

Fernando Padula, atual titular da Pasta, entregará oficialmente o cargo de Secretario de Estado da Educação a Voorwald em cerimônia no Teatro Fernando de Azevedo, na sede da SEE, a partir das 14h
.

Será realizada nesta quarta-feira (05/01), a cerimônia de transmissão do cargo de Secretário de Estado da Educação paulista: Fernando Padula Novaes, atual titular da Pasta, passará oficialmente o cargo a Herman Voorwald, que tomou posse em 1º de janeiro ao lado dos outros 25 secretários nomeados pelo novo Governador do Estado, Geraldo Alckmin. 

“A prioridade da gestão é a valorização dos professores e todos os servidores ligados à Educação. Devemos contemplar todas as áreas da Secretaria para valorizar, sobretudo, o magistério paulista”, afirma o novo Secretário da Educação.

Herman Voorwald é natural de Rio Claro, no interior de São Paulo. Formado em engenharia mecânica pela Unesp em 1979, com Mestrado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e Doutorado na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o Secretário coordena projetos e pesquisa na área de Fadiga de Materiais e é membro do Conselho Superior da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Foi vice-reitor da Unesp de 2005 a 2008 e assessor-chefe da assessoria de Planejamento e Orçamento da entidade de 2001 a 2003 e de 2005 a 2008. Em 2009 foi nomeado reitor da Universidade após ser eleito por maioria absoluta dos votos em todos os segmentos da Instituição.
.
.
.
.
.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Alunos ingressantes no ensino superior

Oscar Hipólito
.
.
.
Os alunos ingressantes no ensino superior, em sua grande maioria, são oriundos de cursos médios cuja estrutura de ensino diverge, em vários aspectos, do ambiente universitário. São em geral inseguros em relação ao curso escolhido, ansiosos com o que vão encontrar na instituição, mas plenos de expectativas e com muita motivação. Ingressando em condições diversificadas, formam um conjunto heterogêneo tanto em relação ao grau de escolaridade como em valores sociais, culturais e econômicos.
Essa heterogeneidade muitas vezes se constitui em um obstáculo para o desenvolvimento do curso, pois o professor, se não conhecer a realidade de seus alunos, acaba encontrando problemas para a condução de suas aulas. Não conhecendo o "aluno real", corre-se então o risco de ministrar um curso que mais o desestimula do que o motiva, levando-o à evasão precoce, à frustração e consequentemente a um insucesso institucional.
Com o objetivo de minimizar esse problema e melhorar a relação ensino/aprendizagem, a adoção de algumas medidas relativamente simples pelos professores dos primeiros anos pode contribuir para a satisfação do aluno, o sucesso do curso e da instituição.
Trabalhar com a diversidade
A percepção das diferenças indivi­duais é fator condicionante para a melhoria da relação professor/aluno. Nesse sentido, é importante que o professor saiba quem são seus alunos, não apenas do ponto de vista da escolaridade, mas também do socioeconômico. Assim, poderá criar condições para o desenvolvimento de suas potencialidades e sua inserção no mundo acadêmico.
O resultado do processo seletivo acompanhado do levantamento socioe­-conômico do aluno que ingressa é um excelente instrumento para o professor.Além do mais, é fundamental o estabelecimento de um relacionamento cordial e amigável e, acima de tudo, respeito à individualidade do aluno.
Motivar para o curso
O estudante que acaba de ingressar na universidade está extremamente motivado pelo novo desafio e tem muitas expectativas em relação ao curso e ao ambiente universitário.  Portanto, é preciso não frustrá-lo, mantendo seu entusiasmo, interesse e envolvimento em todas as atividades acadêmicas do curso e da instituição.

Para ter um ambiente de aprendizagem estimulante, é importante que o professor explique sempre o porquê e o para quê do tema que está sendo desenvolvido, sua conexão com a vida real e em especial com a profissão escolhida, procurando dar ao aluno uma visão geral de sua área de formação.
É natural nos sentirmos motivados a aprender alguma coisa quando temos consciência de sua utilidade. Nada é mais frustrante do que termos de aprender apenas por aprender.
Avaliar para melhorar
O aluno inicia seu curso, e sua carreira universitária, com um alto grau de expectativa. Não sabe exatamente o que esperar, não tem condições de avaliar sua própria capacidade de sucesso, mas tem receio de fracassar. A primeira avaliação do ensino/aprendizagem não deve, portanto, demorar a acontecer, porque o aluno irá criando uma ansiedade que acabará sendo prejudicial ao seu desempenho escolar.  
Para melhorar a relação ensino/aprendizagem e aumentar a eficiência desse processo, o professor deve utilizar, além de diferentes mecanismos de avaliação, avaliações processos continuadas que permitam um real acompanhamento do aprendizado do estudante, dando-lhe confiança para avançar nos novos temas.
Enfrentar as dificuldades
O conteúdo do programa deve ser ministrado gradativamente. Essa é uma condição essencial para a superação das dificuldades do aluno. Por isso, cada dificuldade deve ser enfrentada a seu tempo e a sua vez. Inicialmente, o professor deve se valer dos resultados obtidos no processo seletivo para se certificar do nível de entendimento dos alunos. Caso esses dados não sejam suficientes, deve-se realizar uma pequena avaliação específica dos pré-requisitos necessários para a disciplina.
É importante fazer sempre uma revisão dos conceitos necessários e indispensáveis (ainda que se suponha que os alunos já deveriam sabê-los) antes de introduzir um assunto novo. Admitir, a priori, que o aluno tenha conhecimento prévio das bases necessárias é um equívoco que pode redundar em um desestímulo e consequente fracasso.
Ensinar a pensar
Cada área do conhecimento tem certos mecanismos de elaboração do raciocínio. Os alunos, na sua grande maioria, não têm essa formação, não sabem como começar a pensar, como desenvolver afirmações, como justificar procedimentos.
O professor precisa, então, criar mecanismos e condições para que o aluno possa desenvolver habilidades de raciocínio, aprender a aprender, aprender a pensar e aprender a elaborar questões.
Há necessidade de introduzir em sala de aula a metodologia da pesquisa científica. Propor questões desafiadoras para que o pensamento possa se desenvolver na elaboração de soluções reais.
Deixar o aluno fazer
Cabe ao aluno buscar a solução dos problemas e, ao professor, orientar e ajudá-lo a superar as suas dificuldades e limitações. O aluno não é, e nem pode ser, mero espectador de sua própria aprendizagem. É necessário que seja um partícipe nesse processo. Portanto, seu envolvimento é essencial para a construção do conhecimento. O professor deve, sempre que possível, exercitar a prática profissional por meio de problemas reais.
Informar
O aluno precisa ser informado sobre o programa, bibliografia, critérios utilizados pelo professor, metodologia de condução das aulas e do curso; conteúdo a ser exigido nas avaliações; duração de cada avaliação,  os critérios de correção, o gabarito das questões. Estas informações são fundamentais para o desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem e para a adequada relação professor/aluno.
Orientar sempre
O professor deve orientar academicamente o aluno a estudar, a elaborar um relatório, a redigir corretamente um texto, a realizar pesquisa bibliográfica etc. Deve também contribuir com a orientação profissional, dando conhecimento das atividades de sua (professor) área de trabalho e das perspectivas da profissão escolhida.
Se esse conjunto de medidas básicas forem adotadas e implementadas, certamente haverá maior envolvimento e interesse dos alunos e consequentemente bons resultados na aprendizagem. Certamente selecionar os melhores professores para o primeiro ano facilitará em muito a execução dessa tarefa e contribuirá para a satisfação e permanência do aluno na instituição. Ainda que essas recomendações estejam dirigidas principalmente para o aluno ingressante, elas se aplicam, em sua maior parte, a todas as séries.
Oscar Hipólito é professor titular da Universidade de São Paulo, foi diretor do Instituto de Física de São Carlos, USP, é pesquisador do Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia