A música, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil no ano de 1973, constitui, por si mesma, uma (re)leitura da história oficial do país. É uma letra escrita com o “coração de estudante”, com a coragem do jovem dos anos 70 que não aceita a ditadura militar de direita e se une a “inteligência” que pende para a esquerda. A canção apresenta versos pomposos que tratam da política com requintes de estruturação poética.
segunda-feira, 2 de março de 2009
Cálice
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A música, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil no ano de 1973, constitui, por si mesma, uma (re)leitura da história oficial do país. É uma letra escrita com o “coração de estudante”, com a coragem do jovem dos anos 70 que não aceita a ditadura militar de direita e se une a “inteligência” que pende para a esquerda. A canção apresenta versos pomposos que tratam da política com requintes de estruturação poética.
A música, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil no ano de 1973, constitui, por si mesma, uma (re)leitura da história oficial do país. É uma letra escrita com o “coração de estudante”, com a coragem do jovem dos anos 70 que não aceita a ditadura militar de direita e se une a “inteligência” que pende para a esquerda. A canção apresenta versos pomposos que tratam da política com requintes de estruturação poética.
Escrita na véspera de uma sexta-feira da Paixão, seus versos exibem a ambigüidade (cálice / cale-se), de uma obvia alusão à agonia de Jesus Cristo no calvário, que se observa no refrão “Pai, afasta de mim este cálice / de vinho tinto de sangue”. Outros versos, praticamente todos, também se destacam, é o caso da citação “bebida amarga”, uma bebida italiana chamada Fernet, que Chico Buarque sempre oferecia a Gilberto Gil quando este visitava seu apartamento.
Na letra de “Cálice”, que a princípio poderia ser o clamor de um filho diante de um pai alcoólatra, observa-se que a mensagem é, na verdade, de cunho político. Os compositores, por estarem na Semana-santa, talvez propositadamente, culminam contrapondo o fundo político aos textos bíblicos, o que remete ao jogo fônico-semântico, desencadeado pela censura.
No show que houve na USP, quando os artistas começaram a cantar “cálice”, os microfones foram desligados. Era a ação dos agentes da censura. Então se passava para outro microfone que em seguida também era desligado, e assim, um a um, todos os telefones foram desligados e a voz dos cantores foram sendo caladas. Daí a homofonia: cálice / cale-se.
A música inteira é escrita (ou cantada) em primeira pessoa, por um filho que protesta — e a ele se contrapõe apenas a voz de um Outro, o que manda calar...
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Veja o vídeo do show com o absurdo da censura, acessando a URL a seguir:http://br.youtube.com/watch?v=oXGDlMMOEWg
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