"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Dicas de leitura

A Montanha Mágica
Thomas Mann

Construído nos anos seguintes à Primeira Guerra Mundial, este romance é o mais completo painel de uma Europa enferma, à procura de uma unidade, de uma síntese espiritual e social, que seu próprio progresso tornou cada vez mais distante e inalcançável.
A ação transcorre na aldeia suíça de Davos-Platz, no sanatório Berghof. Aí se vêem reunidos pela doença elementos de todas as raças e credos humanos. Aí se entrelaçam problemas, inquietações, sofrimentos, ilusões dos mais diversos matizes psicológicos.

É um romance bastante expressivo da literatura alemã... Um livro para se ler em 2 ou 3 meses... Meu exemplar [7ª impressão da 2. ed., da Nova Fronteira – trad. De Hebert Caro] possui nada menos que 986 páginas... São várias histórias que se cruzam dentro de uma única e magnífica história... É o romance que melhor exprime o humanismo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

DICAS QUE PODERÃO AJUDÁ-LO NA HORA DE REDIGIR TEXTOS

— Palavras que rimam com também levam acento, exceto monossílabos. Exemplo: vintém, amém, trem, bem

Oxítono terminado em i ou u só leva acento quando se trata de hiato. Exemplo: construí, Grajaú

— Compor, repor, dispor etc. não levam acento. Pôr (verbo) é que tem acento, não os derivados dele.

Pôr e pára, quando são verbos, levam acento.

— O verbo que perde a última letra para unir-se aos pronomes lo, la, los, las obedece às regras normais de acentuação gráfica. Exemplo: o acento de amá-lo é o mesmo de sofá: oxítono terminado em a; o de vendê-lo é o mesmo de você : oxítono terminado em e; parti-lo rejeita o acento pela mesma razão porque saci também rejeita.

— Não se põe vírgula entre o sujeito e o predicado.Na frase "Os candidatos enfrentarão a prova sem medo" não poderia haver vírgula entre o sujeito, "os candidatos", e o predicado "enfrentarão a prova sem medo".

— O aposto vem entre vírgulas."O Serviço Social, profissão relativamente nova, não deve ser confundido com filantropia." "Profissão relativamente nova" é aposto, por isso vem entre vírgulas.

— Antes do e que liga predicados do mesmo sujeito não se usa vírgula. Joana toca violão e canta.

— Antes do e que liga orações de sujeitos diferentes, a vírgula é facultativa. Joana toca violão, e André canta.

A velha contrabandista

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com moamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal.
- É lambreta.


Stanislaw Ponte Preta

domingo, 28 de setembro de 2008

10 dificuldades gramaticais que exigem maior atenção

1 - O fato passou "desapercebido". Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.

2 - "Haja visto" seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.

3 - A moça "que ele gosta". Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o filme a que assistiu (e não que assistiu), a prova de que participou, o amigo a que se referiu, etc.

4 - É hora "dele" chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido...

5 - Vou "consigo". Consigo só tem valor reflexivo (pensou consigo mesmo) e não pode substituir com você, com o senhor. Portanto: Vou com você, vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor (e não "para si").

6 - Já "é" 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não "são") 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.

7 - "Dado" os índices das pesquisas... A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as suas idéias...

8 - A festa começa às 8 "hrs.". As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não "kms."), 5 m, 10 kg.

9 - Ficou "sobre" a mira do assaltante. Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás.

10 - "Ao meu ver". Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver.

sábado, 27 de setembro de 2008

Reflexões sobre o preconceito racial

“O preconceito é uma opinião desprovida de julgamento. Assim, em toda terra, se incutem às crianças as opiniões que se quiser, antes de elas poderem julgar” (Voltaire)

O preconceito e o racismo estão historicamente vinculados a situações de exploração, nas quais os mais fortes, política e economicamente, extraem vantagens materiais. É um círculo vicioso que reproduz a condição de opressão racial e os racistas. Historicamente, portanto, o racismo se funda em bases econômicas que intensificam a desigualdade social e racial. Por isso, alguns imaginam que modificadas a base econômica supera-se o racismo. A história demonstra que não é bem assim! O preconceito racial interioriza-se, sobrevive por gerações e mostra-se renitente, mesmo com a evolução da ciência e das transformações sociais.
A insuficiência da explicação economicista mostra a complexidade da questão racial. Na medida em que a recusa do diferente está presente em todas as época e sociedades, não seria o preconceito algo arraigado e próprio da natureza humana? Uma dificuldade inerente ao humano de se reconhecer no “outro”?
(...)


Veja mais em:
http://antonio-ozai.blogspot.com/2008/09/reflexes-sobre-o-preconceito-racial.html

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A rosa de Hiroxima

Pensem nas crianças1
Mudas2 telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas3 inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas4
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas5
Mas oh não se esqueçam
Da rosa6 da rosa
Da rosa de Hiroxima7
A rosa hereditária8
A rosa radioativa
Estúpida e inválida9
A rosa com cirrose10
A anti-rosa11 atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

(Vinícius de Moraes)


Veja a análise da letra pelo Prof. Juarez Firmino
1. Gradação em “crianças/meninas/mulheres”.
2. Não conseguem se comunicarem, mesmo vivenciando a mesma realidade.
3. Os sofrimentos lhes subtraíram todas as perspectivas de futuro, crianças que não têm sonhos.
4. Mulheres que não têm filhos, tampouco lares. Desviaram-se da condição de mulheres.
5. “... feridas/rosas cálidas” [versos 7 e 8] – Os versos mostram-nos as feridas “internas”, sem cicatrizes aparentes, como rosas que perderam o vigor.
6. [Versos 10 e 11] – Repetição de significações para se referir à flor, que é a mulher, e também a cidade destruída.
7. Aqui o poeta grafa Hiroxima com a letra x ao invés de sh, que seria o apropriado. Mas como o artista é um ser livre para criar, toda criação é permitida.
8. O mal e o medo que se perpetuaram de geração em geração.
9. A radioatividade expressa toda a força do espetáculo macabro da destruição.
10. A “cirrose” indica nos mostra o próprio poeta se autodepreciando.
11. Expressão underground, a bomba (a explosão, as perdas, a indignação).


Ouça a música
Rosa de Hiroshima (1973)

Assista ao vídeo
http://br.youtube.com/watch?v=1qFIuLcIGs4&feature=related


Ouça também outras preciosidades da Música Popular Brasileira
A Banda (1965) A Deusa da Minha Rua (1940) A Flor e o Espinho (1964) A Praça (1967) Águas de Março (1972) Alma Gêmea (1995) Amélia (1941) Amor e Sexo (2003) Anos Dourados (1986) Ave Maria no Morro (1942) Balada do Louco (1982) Bandolins (1979) Beija eu (1991) Bem Querer (1998) Bilhete (1980) Brasil (1988) Brasileirinho (1949) Caça e Caçador (1997) Caçador de mim (1980) Café da Manhã (1978) Cama e Mesa (1984) Caminhando (1968) Caminhemos (1947) Canta Canta minha gente (1974) Cantiga por Luciana (1969) Canto das Três Raças (1974) Carolina (1967) Castigo (1958) Chama da Paixão (1994) Chega de Saudade (1958) Chuvas de Verão (1949) Cio da Terra (1976) Começar de Novo (1978) Começaria Tudo Outra Vez (1976) Como Uma Onda (1983) Coração de Estudante (1983) Dança da Solidão (1972) De volta pro meu aconchego (1985) Detalhes (1970) Devagar... Devagarinho (1995) Disparada (1965) Encontro das águas (1993) Encontros e Despedidas (1985) Epitáfio (2001) Espanhola (1999) Eu Sei (2004) Eu Sei Que Vou Te Amar (1958) Faz parte do meu show (1988) Festa de Arromba (1964) Foi um Rio que passou em minha vida (1970) Gabriela (1975) Garota de Ipanema (1962) Gente Humilde (1969) Gostava Tanto de Você (1973) Grito de Alerta (1979) Judia de Mim (1986) Juí­zo Final (1976) Lábios de Mel (1955) Lança Perfume (1980) Mal Acostumado (1998) Me dê Motivo (1983) Menino do Rio (1980) Mensagem (1946) Meu Bem Meu Mal (1981) Meu Bem Querer (1980) Naquela Mesa (1970) Negue (1960) Nos bailes da vida (1981) O Bêbado e a Equilibrista (1979) O Canto da Cidade (1992) O Mar Serenou (1975) O que é o que é (1982) O Surdo (1975) O Último romântico (1984) Oceano (1989) País Tropical (1969) Paixão (1981) Papel Machê (1984) Paratodos (1993) Pela Luz dos Olhos Teus (1977) Por mais que eu tente (2005) Quem é Você (1995) Recado (1990) Retalhos de cetim (1973) Roda Viva (1967) Ronda (1953) Samurai (1982) Saudosa Maloca (1955) SE (1992) Se eu quiser falar com DEUS (1980) Sem Fantasia (1967) Só Pra Contrariar (1986) Toada (1979) Travessia (1967) Trem das Onze (1965) Um Dia de Domingo (1985) Vê se me erra (1992) Verde (1985) Viagem (1973) Viajante (1989) Viola Enluarada (1967)

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A PRÁTICA SOCIAL DA LEITURA

Para compreender um texto, nós não apenas o lemos, no sentido estrito da palavra: nós construímos um significado para ele.
Ler não é um fenômeno idiossincrático, anárquico. Mas também não é um processo monolítico, unitário, no qual apenas um significado está correto. Ao contrário, trata-se de um processo generativo que reflete a tentativa disciplinada do leitor de construir um ou mais sentidos dentro das regras da linguagem.

WITTROCK, Merlin C. Apud MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 54.

Todo ser humano normal possui um potencial biopsíquico para atribuir significados às coisas e aos diferentes códigos (verbais e não-verbais) que servem para expressar ou simbolizar o mundo. Esse potencial é desenvolvido no seio do grupo social através de práticas coletivas específicas e dentro das condições concretas que estabelecem a sua possibilidade.
Nestes termos, erra quem pensa que a leitura é uma questão de dom, herança genética ou “passe de mágica”. (...) A leitura é, fundamentalmente, uma prática social. Enquanto tal, não pode prescindir de situações vividas socialmente, no contexto da família, da escola, do trabalho, etc. ...Todos os seres humanos podem se transformar em leitores da palavra e dos outros códigos que expressam a cultura, mesmo porque carregam consigo o referido potencial biopsíquico (aparato sensorial + consciência que tende à compreensão dos fenômenos)

SILVA, Ezequiel Theodoro da. Elementos da pedagogia da leitura. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

domingo, 21 de setembro de 2008

Avalie seu nível gramatical

Assinale a opção que completa corretamente as lacunas das frases abaixo:
1) É preciso levantar ____ moral dos jogadores.
2) Sentiu-se mal, por isso saiu ____ lotação.
3) Comprou __________ gramas de mortadela.
(a) o, do, duzentos; (b) a, da, duzentas; (c) o, do, duzentas; (d) a, da, duzentos; (e) a, do, duzentas.

Que opção completa corretamente a frase “Quando _________ os técnicos contratados, _________ que a direção das empresas __________ as providências necessárias”?
(a) chegarem / espera-se / tomem; (b) chegar / espera-se / tomem; (c) chegar / esperam-se / tome;
(d) chegarem / espera-se / tome; (e) chegarem / esperam-se / tome.

Que opção completa corretamente a frase “Quando adoeceu ____ questão de alguns anos, ainda não se _________ outros métodos de tratamento”?
(a) a / conhecia; (b) à / conhecia; (c) à / conheciam; (d) há / conhecia; (e) há / conheciam.

Assinale a opção que completa corretamente as lacunas das frases abaixo:
1) Ele foi dar ___ telefonema.
2) Ele quer saber se aboliram ___ trema.
3) Ela deu ____ tapas na criança.
(a) uma, a, umas; (b) um, o, uns; (c) um, a, uns; (d) uma, o, umas; (e) um, a, umas.

Assinale a opção que completa corretamente as lacunas das frases:
1) Aquela mulher sempre foi _______ maior ídolo;
2) Estava em coma _______________;
3) Ela era ____ membro da academia.
(a) o seu / alcoólico / um; (b) a sua / alcoólica / uma; (c) o seu / alcoólica / uma; (d) a sua / alcoólico / um; (e) o seu / alcoólica / um.

Que opção completa corretamente a frase “Brandura e grosseria alternam-se em seu comportamento; já não o suporto, pois _________ é o traço dominante; ___________, o esporádico”?
(a) aquela / esta; (b) essa / aquele; (c) aquele / esse; (d) esta / aquela; (e) esta / essa.

Assinale a opção que completa corretamente as lacunas das frases abaixo:
1) “Eram muitas ___________ e ____________.”
2) “Eça de Queiroz é o autor de ____________.”
3) “No século XIX eram __________ e agora __________.”
(a) Marias e Joões / Os Maias / os Andradas e os Silvas; (b) Maria e João / Os Maia / os Andrada e os Silva; (c) Marias e Joãos / Os Maias / os Andrada e os Silva; (d) Marias e Joões / Os Maia / os Andradas e os Silva; (e) Marias e Joãos/ Os Maias / os Andrada e os Silvas.

Assinale a opção que completa corretamente as lacunas das frases abaixo:
1) Xuxa, que tem dois _____, resolveu pôr os pingos nos ___.
2) Na turma, houve dois ____ e vários ____.
(a) xis, i, nove, dez; (b) xises, is, noves, dezes; (c) xx, ii, nove, dezes; (d) xis, is, noves, dez; (e) xises, ii, noves, dez.

Que opção completa corretamente a frase “O tempo não é suficiente para ______ digitar o relatório. Pedirei ao chefe que divida a tarefa entre _____ e você”?
(a) eu / mim; (b) mim / eu; (c) eu / eu; (d) mim / mim; (e) nós / nós.

Que opção completa corretamente a frase “Estava escuro, _________ demorei a encontrar o caminho __________ deveria regressar”?
(a) por isso / por que; (b) por isso / porque; (c) por isso / por quê; (d) porisso / porque; (e) porisso / por que.



RESPOSTAS:
a - d - e - b - a - d - a - d - a - a

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

10 situações gramaticais que apresentam certo grau de dificuldade

1 - A tese "onde"... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa idéia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que...

2 - Já "foi comunicado" da decisão. Uma decisão é comunicada, mas ninguém "é comunicado" de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) da decisão. Outra forma errada: A diretoria "comunicou" os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados.

3 - Venha "por" a roupa. Pôr, verbo, tem acento diferencial: Venha pôr a roupa. O mesmo ocorre com pôde (passado): Não pôde vir. Veja outros: fôrma, pêlo e pêlos (cabelo, cabelos), pára (verbo parar), péla (bola ou verbo pelar), pélo (verbo pelar), pólo e pólos. Perderam o sinal, no entanto: Ele, toda, ovo, selo, almoço, etc.

4 - "Inflingiu" o regulamento. Infringir é que significa transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não "inflingir") significa impor: Infligiu séria punição ao réu.

5 - A modelo "pousou" o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).

6 - Espero que "viagem" hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também "comprimentar" alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).

7 - O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.

8 - Comprou uma TV "a cores". Veja o correto: Comprou uma TV em cores (não se diz TV "a" preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em cores, desenho em cores.

9 - "Causou-me" estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não "foi iniciado" esta noite as obras).

10 - A realidade das pessoas "podem" mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso : A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não "foram punidas").

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Quando surgiu a escrita?

Pesquisadores da China e dos Estados Unidos descobriram o que pode ser a evidência mais antiga de escrita do mundo: inscrições chinesas que datam de 9 mil anos atrás.
A descoberta recua em pelo menos 3 mil anos o aparecimento dos primeiros rudimentos da escrita, descobertos no Egito e na Mesopotâmia (atual Iraque), que datam do quarto milênio antes de Cristo. Também desafia a noção de que a escrita progrediu no mundo antigo porque tinha utilidade econômica — os caracteres descobertos parecem estar ligados a uma prática religiosa.
Os pesquisadores, contudo, são cautelosos: “Nós não interpretamos esses caracteres como sendo propriamente uma escrita — afirma um deles —, mas como parte integrante de um grande período de uso de sinais que acabou levando a um sistema escrito completo. Então, apesar de não questionarmos a primazia da Mesopotâmia na alfabetização da humanidade, sugerimos que a China, com um registro arqueológico de milênios, dá uma oportunidade única de observar os primeiros estágios evolutivos da escrita”.

(Adaptado de: Folha de S.Paulo, 18.4.2003. p. A14.)

TAUTOLOGIA?

É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma idéia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:

- elo de ligação - acabamento final - certeza absoluta - quantia exata - nos dias 8, 9 e 10, inclusive - juntamente com - expressamente proibido - em duas metades iguais - sintomas indicativos - há anos atrás - vereador da cidade - outra alternativa - detalhes minuciosos - a razão é porque - anexo junto à carta - de sua livre escolha - superávit positivo - todos foram unânimes - conviver junto - fato real - encarar de frente - multidão de pessoas - amanhecer o dia - criação nova - retornar de novo - empréstimo temporário - surpresa inesperada - escolha opcional - planejar antecipadamente - abertura inaugural - continua a permanecer - a última versão definitiva - possivelmente poderá ocorrer - comparecer em pessoa - gritar bem alto - propriedade característica - demasiadamente excessivo - a seu critério pessoal - exceder em muito.

Note que todas essas repetições são dispensáveis. Por exemplo, 'surpresa inesperada'. Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não. Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O que é literatura

“A literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com as quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde proveio. Os fatos que lhe deram às vezes origem perderam a realidade primitiva e adquiriram outra, graças à imaginação do artista. São agora fatos de outra natureza, diferentes dos fatos naturais objetivados pela ciência ou pela história ou pelo social.
O artista literário cria ou recria um mundo de verdades que nao são mensuráveis pelos mesmos padrões das verdades fatuais. Os fatos que manipulam não têm comparação com os da realidade concreta. São as verdades humanas gerais, que traduzem antes um sentimento de experiência, uma compreensão e um julgamento das coisas humanas, um sentido da vida, e que fornecem um retrato vivo e insinuante da vida, o qual sugere ante que esgota o quadro.
A Literatura é, assim, vida, parte da vida, não se admitindo possa haver conflito entre uma e outra. Através das obras literárias, tomamos contacto com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos os homens e lugares, porque são as verdades da mesma condição humana.”

COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. 2. ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1978. p. 9-10.

A Arte

"Quando se fala da sociologia da arte, costuma-se pensar antes na influência da arte sobre a sociedade do que na influência originada na sociedade e expressada na arte. Costuma-se pensar isso apesar de a arte ser tanto produto como instrumento da influência e introduzir mudanças sociais, modificando-se, por sua vez, com elas. Arte e sociedade não mantêm nenhuma relação unilateral de sujeito-objeto; tanto uma como outra podem desempenhar a função de sujeito ou de objeto."

HAUSER, Arnold. In: Sociología del arte.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

10 maneiras práticas para evitar erros gramaticais

1 - A temperatura chegou a 0 "graus". Zero indica singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.

2 - A promoção veio "de encontro aos" seus desejos. Ao encontro de é que expressa uma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a significa condição contrária: A queda do nível dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria.

3 - Comeu frango "ao invés de" peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.

4 - Se eu "ver" você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.

5 - Ele "intermedia" a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio.

6 - Ninguém se "adequa". Não existem as formas "adequa", "adeqüe", etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc.

7 - Evite que a bomba "expluda". Explodir só tem as pessoas em que depois do d vêm e e i: Explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva nem fale "exploda" ou "expluda", substituindo essas formas por rebente, por exemplo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não existem as formas "precavejo", "precavês", "precavém", "precavenho", "precavenha", "precaveja", etc.

8 - Governo "reavê" confiança. Equivalente: Governo recupera confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este tem a letra v: Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem "reavejo", "reavê", etc.

9 - Disse o que "quiz". Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.

10 - O homem "possue" muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

POESIA E POEMA

"A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de mudar o mundo, a atividade poética é revolucionaria por natureza; exercício espiritual, método de liberação interior. La poesia revela este mundo, creia outro. Pão dos escolhidos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; retorno à terra natal. Inspiração, respiração, exercício muscular. Preze fútil, diálogo com a ausência: o tédio, a angústia e a desesperação a alimentam. Oração, litania, epifania, presença. Exorcismo, conjuração, magia. Sublimação, compensação, condensação do inconsciente. Expressão histórica de raças, nações, classes. Nega à história: no seu seio se resolvem todos os conflitos objetivos e o homem adquire, ao fim, consciência de ser algo mais que trânsito. Experiência, sentimento, emoção, intuição, pensamento não dirigido. Filha do acaso; fruto do cálculo. Arte de falar numa forma superior; linguagem primitiva. Obediência às regras; criação de outras. Imitação dos antigos, cópia do real, cópia de uma cópia da Idéia. Loucura, êxtase, logos. Retorno à infância, coito, nostalgia do paraíso, do inferno, do limbo. Jogo, trabalho, atividade acética. Confissão. Experiência inata. Visão, música, símbolo. Analogia: o poema é um caracol onde ressoa a musica do mundo e metros e rimas não são senão correspondências, ecos, da harmonia universal. Ensino, moral, exemplo, revelação, dança, diálogo, monologo. Voz do povo, língua dos escolhidos, palavra do solitário. Pura e impura, sagrada e maldita, popular e minoritária, coletiva e pessoal, nua e vestida, falada, pintada, escrita, ostenta todos os rostos, mas tem quem afirma que não possui nenhum: o poema é uma careta que oculta o vazio, prova formosa da supérflua grandeza de toda obra humana!

PAZ, Octávio. O arco e a lira. (Trad. de Olga Savary).
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

PERFUME EXÓTICO

Quando, fechando os olhos por outono ardente,
Eu respiro o perfume de teu seio ansioso,
E vejo desdobrar-se o litoral mais ditoso,
Fascinado ao clarão do sol renitente;

Nesta ilha preguiçosa dá a natureza
A árvore singular, de fruto saboroso;
O homem cujo corpo é delgado e vigoroso,
A mulher cujo olhar espanta de franqueza.

Guia-me o teu aroma à luz de novos astros,
De porto a palpitar de velames e mastros
E que a vaga do mar ainda exaure e domina,

Enquanto o verde odor dos tamarineiros,
Que circula pelo ar e me intumesce a narina,
Mistura-se em minha alma o canto dos marinheiros.



Charles Baudelaire

Dificuldades gramaticais... 10 dicas interessantes

1 - A moça estava ali "há" muito tempo. Haver concorda com estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.)
2 - Não "se o" diz. É errado juntar o se com os pronomes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso), vê-se-a, etc.
3 - Acordos "políticos-partidários". Nos adjetivos compostos, só o último elemento varia: acordos político-partidários. Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-financeiras, partidos social-democratas.
4 - Fique "tranquilo". O u pronunciável depois de q e g e antes de e e i exige trema: Tranqüilo, conseqüência, lingüiça, agüentar, Birigüi. *Esta regra acaba de ser revogada com o Novo Acordo Ortográfico, mas é importante lembrar que o Novo Acordo é apenas "ortográfico" e não fonético, ou seja, o trema não vai mais ser grafado, entretanto continuará sendo pronunciável nos casos em questão.
5 - Andou por "todo" país. Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.
6 - "Todos" amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as contradições do texto.
7 - Favoreceu "ao" time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores.
8 - Ela "mesmo" arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à polícia.
9 - Chamei-o e "o mesmo" não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores (e não "dos mesmos").
10 - Vou sair "essa" noite. É este que designa o tempo no qual se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).