"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Olimpíada da Língua Portuguesa

Nove milhões de estudantes da educação básica pública devem participar da Olimpíada de Língua Portuguesa de 2010. O concurso será lançado na terça-feira, 2 de março, na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro. Adesões de secretarias de educação e inscrições de professores poderão ser feitas até 14 de maio.

A expectativa do Ministério da Educação é alcançar 80 mil escolas e receber inscrições de 300 mil professores — para que os docentes se inscrevam, as secretarias estaduais e municipais precisam aderir ao concurso. “A adesão da rede de ensino é pré-requisito para a inscrição do professor”, diz o coordenador-geral de tecnologia da educação da Secretaria de Educação Básica (SEB), Raymundo Filho. “Esperamos que todas as secretarias façam a adesão e abram espaço para que os professores se dediquem à olimpíada, paralelamente a suas atividades.”

Uma das novidades da segunda edição da olimpíada é a participação de estudantes matriculados no nono ano (ou oitava série) do ensino fundamental e no primeiro ano do ensino médio de escolas públicas. Eles concorrerão com textos do gênero crônica. As demais categorias permanecem como em 2008 — quinto e sexto anos (quarta e quinta séries) participarão com textos do gênero poema; sétimo e oitavo anos (sexta e sétima séries), gênero memórias literárias. No ensino médio, os alunos do segundo e do terceiro anos devem concorrer com artigos de opinião. O tema para todas as categorias é O lugar onde vivo.

Alunos e professores participarão de etapas escolares, municipais, estaduais e regionais e da nacional. Serão selecionados 500 textos semifinalistas na etapa estadual, 152 na regional e 20 na nacional.

Aluno e professor serão premiados. Os 500 escolhidos na fase estadual receberão medalhas e livros; os 152 finalistas, medalhas e aparelhos de som. Os 20 vencedores da etapa nacional ganharão medalhas, microcomputadores e impressoras.

Esta é a segunda edição da olimpíada, que ocorre a cada dois anos. A primeira, realizada em 2008, alcançou seis milhões de alunos. O concurso teve origem no programa Escrevendo o Futuro, desenvolvido pela Fundação Itaú Social entre 2002 e 2006. Atualmente, é realizado em parceria do Ministério da Educação com a Fundação Itaú Social e o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

Adesões de secretarias de educação e inscrições de professores poderão ser feitas on-line, a partir de terça-feira, 2 de março, na página eletrônica do Cenpec.

Maria Clara Machado

Um gigante da cultura brasileira

Morre o bibliófilo José Mindlin, em São Paulo

O bibliófilo morreu na manhã de hoje (28) no Hospital Albert Einstein

Crédito : Reprodução/ TV Globo

DA REDAÇÃO CLICK 21 - O bibliófilo José Mindlin morreu em São Paulo na manhã de hoje (28) no Hospital Albert Einstein, onde estava internado há cerca de um mês. Mindlin tinha 95 anos. O corpo está sendo velado no hospital e será enterrado às 15h no Cemitério Israelita da Vila Mariana.

José Ephim Mindlin nasceu em São Paulo em 8 de setembro de 1914. Advogou até 1950, quando fundou e passou a presidir a empresa Metal Leve S/A. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), era o quinto ocupante da cadeira 29, eleito em 2006, na sucessão de Josué Montello.

Mindlin, que recebeu o Prêmio Juca Pato como Intelectual do Ano de 1998, formou uma das mais importantes bibliotecas privadas do país, com aproximadamente 38 mil títulos. Em maio de 2006, o bibliófilo fez a doação de cerca de 15 mil obras da Biblioteca Brasiliana para a Universidade de São Paulo (USP).

No conjunto doado à universidade, constam obras de literatura, história, sociologia, poesia. Dentre as raridades estão documentos do século XVI com as primeiras impressões que padres jesuítas tiveram do Brasil, jornais anteriores à independência e manuscritos de grandes obras, como Sagarana, de Guimarães Rosa, e Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

"José Mindlin foi um gigante da cultura brasileira. Como todo grande homem, deixa um grande legado, que é a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, o resultado de uma vida dedicada aos livros, que por sua generosidade hoje é um patrimônio de todos os brasileiros.", disse, em nota, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.


Fonte: Equipe Click 21 com Agência Brasil

Data: 28/02/10


O que a sociedade pensa dos professores?

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Essa opinião expressa um senso comum da sociedade sobre os professores.

Por muito tempo presenciamos colegas de profissão que no relacionamento com a comunidade e mesmo com os amigos de outras profissões se mostram como pessoas cansadas e desmotivadas, dentro do que pode ser chamado de auto-piedade.

A condição do professor no Brasil ruim e essas palavras não trarão nenhuma melhoria para isso. No entanto, a visão do magistério como um fardo penoso já se generalizou e se espalhou de uma forma que, para tentar resolver isso, é preciso uma mudança de postura.

Professor. Não espere da sociedade ou da imprensa o reconhecimento de sua importância. Historicamente, vivemos em uma sociedade que valoriza o bacharel e concede tratamento de doutor aos graduados em ciências jurídicas, medicina e engenharia. Em sociedades desenvolvidas, esse tratamento não existe e o respeito á função do professor não é se quer comparável.

Devemos nos preparar, estudar e provar para essa sociedade que nos ignora que somos aqueles que podem fazer a diferença.

Para isso, primeiro temos que deixar de lado as ofensas e a arrogâncias e passar para uma ação mais inteligente, digna do que se espera do professor.

Começando pela linguagem e entendendo que o ambiente da sala de aula pode ser mais agradável, dependendo da forma como agimos e o que nos propomos a fazer, poderemos avançar.

O concurso público para professor da rede estadual já está aberto e existem diversos outros para os municípios. As informações estão na rede e existem resumos de partes pedagógicas e de legislação disponíveis neste mesmo blog.

As férias escolares estão acabando e o que fizemos além de nos lamentar sobre um processo seletivo temporário?

O que fizemos além de trocar farpas com pessoas que não conhecemos pessoalmente?

O que fizemos além de esperar do Estado, do governo, do sindicato ou dos Céus uma solução maravilhosa?

Deus ajuda a quem cedo madruga.

Então, deixemos de lado a espera pela solução e nos dediquemos a fazer essa solução, com preparo, esforço e estudo.

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Fonte: http://professortemporario.wordpress.com/2010/01/28/o-que-a-sociedade-pensa-dos-professores/

sábado, 27 de fevereiro de 2010

30 Dicas para escrever bem

Sempre é bom aprender ou relembrar para quem já escreve muito bem... e prestem bastante atenção, parece piada, mas todas as dicas são verdadeiras!

1. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.

2. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.

3. Anule aliterações altamente abusivas.

4. não esqueça as maiúsculas no inicio das frases.

5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.

6. O uso de parêntesis (mesmo quando for relevante) é desnecessário.

7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.

8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou??...então valeu!

9. Palavras de baixo calão, porra, podem transformar o seu texto numa merda.

10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.

11. Evite repetir a mesma palavra pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.

12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros não tem idéias próprias".

13. Frases incompletas podem causar

14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma idéia várias vezes.

15. Seja mais ou menos específico.

16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!

17. A voz passiva deve ser evitada.

18. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação

19. Quem precisa de perguntas retóricas?

20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.

21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.

22. Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!"

23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.

24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!

25. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão da idéia nelas contida e, por conterem mais que uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.

26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.

27. Seja incisivo e coerente, ou não.

28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambiguidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante.

29. Outra barbaridade que tu deves evitar chê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras, carajo!... nada de mandar esse trem... vixi... entendeu bichinho?

30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá aguentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar...

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Autor: Professor João Pedro da UNICAMP

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Implantação do Grêmio Estudantil

Nas primeiras semanas do ano letivo – diretores, equipes pedagógicas e alunos – se dedicam aos preparativos para montagem do grêmio nas unidades escolares. É importante ressaltar, desde o início, que o grêmio estudantil não terá caráter político partidário, religioso, racial e tampouco fins lucrativos. A seguir, algumas orientações sobre como proceder para que tudo saia nos conformes.

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· Para se organizar as eleições, o primeiro passo será montar uma Comissão Pró-Grêmio;

· Em conjunto com os colegas, elaborar um projeto de estatuto que contemple as necessidades da escola;

· Convocar assembléia em consonância com a direção da escola, pois serão os diretores que decidirão tudo sobre o Grêmio ou Conselho de representantes de turmas com as mesmas funções; data de eleição, nome, detalhes do funcionamento, quantos e quais cargos comporão a direção, aprovação do estatuto, regulamentação da propaganda das chapas etc;

· Criar o livro ata, para registro das ações realizadas por esta comissão;

· Elaborar as cédulas para eleição com as chapas participantes;

· Providenciar as urnas;

· Fazer a contagem dos votos;

· Homologar o resultado da eleição dando posse à Diretoria eleita democraticamente por votação direta;

· Enviar ao Conselho Escolar cópia da ata das eleições e do estatuto aprovado pela Assembléia Geral, para o registro de criação e implantação do Grêmio;

· Não é obrigatório, mas será interessante que o grêmio tenha um professor orientador, que contribuirá com a diretoria no encaminhamento das questões, principalmente as relativas à Direção da Escola;

· Observar que as chapas sejam constituídas, preferencialmente, por alunos do ensino médio e das 7ªs e 8ªs séries do ensino fundamental.

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Obs. - Para a captação de modelos, matérias e materiais que auxiliarão na condução dos trabalhos, pesquise na Secretaria da Educação (do Estado) e nos sites a seguir:

www.umes.org.br/global/pdf/umes_gremios_pt2.pdf

www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/gremio/modelo_estatuto.php

www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/cartilha_gr%c3%aamio_04_2008.pdf

www.soudapaz.org/portals/0/downloads/caderno.pdf

www.educacao.mg.gov.br/index.phpoption=com_docman&task=doc_download

www.gremioestudantileal.no.comunidades.net/index.php?pagina=1084550831

www.pucrs.br/mj/subsidios-gremio_estudantil-15.php

www.anped.org.br/reunioes/24/p2072242924183.doc

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Legislação pertinente:

Lei Estadual n◦ 11057/95

Lei n◦ 3.913, de 14 de novembro de 1983

Lei Federal n◦ 7.398, de 04 de novembro de 1985

Medida Provisória n◦ 2.208, de 17 de agosto de 2001

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A Evolução da Educação

Antigamente se ensinava e cobrava tabuada, caligrafia, redação, datilografia... Havia aulas de Educação Física, Moral e Cívica, Práticas Agrícolas, Práticas Industriais e cantava-se o Hino Nacional, hasteando a Bandeira Nacional antes de iniciar as aulas...

Leiam relato de uma Professora de Matemática:

Semana passada, comprei um produto que custou R$15,80. Dei à balconista R$20,00 e peguei na minha bolsa 80 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer. Tentei explicar que ela tinha que me dar R$5,00 reais de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender. Por que estou contando isso?

Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:

1. Ensino de matemática em 1950:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?

2. Ensino de matemática em 1970:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$80,00. Qual é o lucro?

3. Ensino de matemática em 1980:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$80,00. Qual é o lucro?

4. Ensino de matemática em 1990:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$80,00. Escolha a resposta certa, que indica o lucro:

( )R$20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00

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5. Ensino de matemática em 2000:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$80,00. O lucro é de R$20,00.
Está certo? ( )SIM ( ) NÃO

6. Ensino de matemática em 2009:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$ 80,00.Se você souber ler coloque um X no R$ 20,00.

( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

7. Em 2010 vai ser assim:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$80,00. Se você souber ler coloque um X no R$20,00. (Se você é afro descendente, especial, indígena ou de qualquer outra minoria social não precisa responder)

( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

***E se um moleque resolver pichar a sala de aula e a professora fizer com que ele pinte a sala novamente, os pais ficam enfurecidos pois a professora provocou traumas na criança.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Confira os 20 erros gramaticais

Erros gramaticais e ortográficos devem, por princípio, ser evitados. Alguns, no entanto, como ocorrem com maior frequência, merecem atenção redobrada. Veja a lista com vinte entre os mais comuns do idioma e use esta relação como um roteiro para fugir deles.

1 - "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.

2 - Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.

3 - "Porque" você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.

4 - Não há regra sem "excessão". O certo é exceção. Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: "paralizar" (paralisar), "beneficiente" (beneficente), "xuxu" (chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultuoso" (vultoso), "cincoenta" (cinquenta), "zuar" (zoar), "frustado" (frustrado), "calcáreo" (calcário), "advinhar" (adivinhar), "benvindo" (bem-vindo), "ascenção" (ascensão), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólucro" (invólucro).

5 - Chegou "em" São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.

6 - A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.

7 - Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.

8 - O governo "interviu". Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc.

9 - Ele foi um dos que "chegou" antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.

10 - Tons "pastéis" predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.

11 - Vocês "fariam-lhe" um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca "imporá-se"). / Os amigos nos darão (e não "darão-nos") um presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo "formado-me").

12 - O time empatou "em" 2 a 2. A preposição é por: O time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.

13 - Eles "tem" razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.

14 - Andou por "todo" país. Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.

15 - Vou sair "essa" noite. É este que designa o tempo no qual se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).

16 - Se eu "ver" você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.

17 - A modelo "pousou" o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).

18 - Espero que "viagem" hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também "comprimentar" alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).

19 - A realidade das pessoas "podem" mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso : A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não "foram punidas").

20 - A festa começa às 8 "hrs.". As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não "kms."), 5 m, 10 kg.

Exercício de intertextualidade

Palavras Ao Vento

Cássia Eller

Composição: Marisa Monte / Moraes Moreira

Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será

Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras

Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será

Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras, momento

Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras ao vento...

http://www.youtube.com/watch?v=4M8DzDAGhk4

A palavra mágica

Certa palavra dorme na sombra de um livro raro.

Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.

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Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond

http://www.carlosdrummond.com.br

Professores de castigo

Como a cidade de Nova York e seu secretário de Educação, Joel Klein, lidam com maus professores – que, por lei, não podem ser demitidos

Camila Guimarães

O que fazer com professores incompetentes a quem a lei garante estabilidade de emprego? Esse é um problema enfrentado por quase todos os sistemas de ensino público, incluindo o brasileiro. A cidade de Nova York, cuja rede de ensino é a maior dos Estados Unidos (são 1,1 milhão de estudantes e 80 mil professores), adotou uma solução drástica: colocar os maus professores de castigo. Quase 700 deles são pagos para não dar aulas. Eles passam os dias de trabalho confinados em salas vazias, dentro de complexos chamados de Centros de Recolocação Temporária. Esses centros existem há anos para afastar professores suspeitos de alcoolismo, agressão física contra alunos e assédio moral ou sexual. Desde 2002, o governo municipal usa o mesmo sistema para afastar também os incompetentes. E agora começa a colher resultados.

As salas desses centros foram apelidadas de rubber rooms (quartos “emborrachados”, em referência a quartos de hospício). Não são exatamente locais aconchegantes. Tirando as carteiras típicas, nada lembra uma sala de aula. Não há livros, mapas pendurados na parede nem computadores. Algumas nem sequer têm janelas. Os professores são vigiados por dois seguranças e dois supervisores da Secretaria de Educação, têm horário para chegar e ir embora (o período corresponde ao dia de trabalho normal, das 8 às 15 horas) e não podem acessar a internet nem falar ao celular. Em resumo, fazem quase nada o dia inteiro. E isso pode durar anos. Quando um professor é denunciado pelo diretor da escola, é afastado imediatamente. Em seguida, um árbitro indicado pelo sindicato dos professores começa a investigar se a acusação procede. Em caso positivo, o profissional é demitido. Em caso negativo, ele é reintegrado. Mas, por exigência do sindicato, os árbitros só trabalham nos casos cinco dias por mês. Isso faz com que, na média, cada investigação demore três anos para ser concluída.

As salas de castigo estão longe de ser uma solução ideal. Primeiro, porque são caras: enquanto estão no limbo, os professores continuam a receber seus salários e a contar tempo de serviço para garantir benefícios, como aposentadoria. Hoje, a cidade de Nova York gasta cerca de US$ 50 milhões por ano com os integrantes dos centros. Além disso, elas suscitam reclamações de professores que se sentem injustiçados. Em dezembro, um grupo deles entrou com um processo contra a prefeitura, alegando que o secretário municipal de Educação, Joel Klein, tem como objetivo “acabar com o direito à estabilidade de emprego”. Ao fazer de seu cotidiano profissional algo “insuportável” e “humilhante”, ele estaria forçando professores a pedir demissão.

Klein afirma que as salas de castigo funcionam principalmente para evitar que professores incompetentes deem aulas. Em Nova York, o contrato que rege as leis trabalhistas dos professores – inclusive a que determina o castigo remunerado – é assinado com o poderoso sindicato dos professores. Para a prefeitura, o prejuízo dos centros é considerado menor perto da alternativa, que seria deixar professores ruins influenciar milhares de crianças. “É o único jeito de mantê-los afastados da responsabilidade de educar crianças e jovens”, diz Ann Forte, porta-voz da Secretaria de Educação de Nova York.

A solução, radical, é explicada pela dificuldade das autoridades de educação de mexer com direitos adquiridos dos professores. O Estado de São Paulo, por exemplo, decidiu implantar um sistema de meritocracia, mas enfrenta ações judiciais do sindicato dos professores. O plano é mais suave que as salas de castigo. Em vez de punir maus professores, trata-se de premiar os melhores. A cada ano, o Estado aplicará uma prova para diretores, professores, coordenadores e supervisores. Os 20% mais bem avaliados receberão aumentos de 25% do salário. Os dois sindicatos mais representativos dos professores dizem que esse tipo de promoção fere a isonomia de classe.

“Não é incomum aparecer conflitos entre os direitos legais dos funcionários públicos e o direito da criança ao acesso à boa educação”, diz Ilona Becskeházy, diretora da Fundação Lemann, uma organização voltada para a melhora da educação no Brasil. Achar o equilíbrio entre esses dois pontos vem sendo a principal estratégia de Klein, que há sete anos deu início a uma radical reforma no sistema público de ensino da cidade. Seu lema: os pilares de qualquer ensino público – estabilidade de emprego, promoção por tempo de serviço e um sistema de remuneração hierárquico – beneficiam mais os funcionários e os políticos de plantão do que os alunos. Com isso, ele bateu de frente com uma classe de profissionais que não está acostumada a ser avaliada e cobrada. “No geral, professores não admitem que precisam de ajuda”, diz Patrícia Motta Guedes, pesquisadora do Instituto Fernand Braudel.

A principal medida de Klein foi dar mais autonomia aos diretores de escolas. Antes, eles não podiam contratar ou demitir sua própria equipe. Os professores é que escolhiam onde lecionar, de acordo com o tempo de serviço. Hoje, os diretores têm liberdade de contratação, gerência sobre o orçamento da escola e autonomia para decidir, por exemplo, pagar um salário maior para um professor que tenha melhor desempenho. Eles só não podem, ainda, demitir professores estáveis.

Junto com a autonomia, veio a cobrança. Assim que assume uma escola, o diretor assina um contrato dizendo quais são suas metas pedagógicas e orçamentárias. Se não cumpri-las no prazo determinado, é demitido, e a escola fecha. Desde 2002, 90 escolas desapareceram. A maioria dos diretores não aguentou. Cerca de 70% se aposentaram ou pediram demissão, de acordo com dados oficiais.

Embora ainda tenha muito trabalho pela frente, Klein conseguiu mostrar avanços no ensino. Entre 2005 e 2008, a taxa de conclusão do ensino médio aumentou de 47% para 61%. No mesmo período, a taxa de desistência caiu de 22% para 14%. Entre 2006 e 2009, a porcentagem de estudantes que atingiram os padrões adequados de aprendizagem para sua idade saltou de 57% para 82%, e a diferença entre o desempenho dos alunos negros em relação ao dos brancos diminuiu de 31% para 17%.

Além dos diretores, professores e alunos também passam por avaliações de desempenho periodicamente. As avaliações anuais, por um lado, determinam a demissão do diretor ou o afastamento de um professor. Por outro, são a base para o pagamento de bônus – em 2009 foram distribuídos US$ 5 milhões. O sistema pode até dar margem a alguns erros, mas em sua essência é muito simples: os professores que não ensinam são afastados, os que ensinam bem ganham bônus e são promovidos. Quem pode ser contra?

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI122910-15228,00.html

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O Sermão da montanha

(*versão para educadores*)

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Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.

Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens. Tomando a palavra, disse-lhes:

“Em verdade, em verdade vos digo: Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque eles...”

Pedro o interrompeu:

Mestre, vamos ter que saber isso de cor?

André disse:

É pra copiar no caderno?

Filipe lamentou-se:

Esqueci meu papiro!

Bartolomeu quis saber:

Vai cair na prova?

João levantou a mão:

Posso ir ao banheiro?

Judas Iscariotes resmungou:

O que é que a gente vai ganhar com isso?

Judas Tadeu defendeu-se:

Foi o outro Judas que perguntou!

Tomé questionou:

Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?

Tiago Maior indagou:

Vai valer nota?

Tiago Menor reclamou:

Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.

Simão Zelote gritou, nervoso:

Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?

Mateus queixou-se:

Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!

Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:

Isso que o senhor está fazendo é uma aula? Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica? Quais são os objetivos gerais e específicos? Quais são as suas estratégias, seu plano para recuperação?

Caifás emendou:

Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas? E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais? Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?

Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:

Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade. Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto.

E vê lá se não vai reprovar alguém! Lembre-se que você ainda não é professor titular...

Jesus deu um suspiro profundo, pensou em ir à sinagoga e pedir aposentadoria proporcional aos trinta e três anos. Mas, tendo em vista o fator previdenciário e a regra dos 95, desistiu.

Pensou em pegar um empréstimo consignado com Zaqueu, voltar pra Nazaré e montar uma padaria...

Mas olhou de novo a multidão. Eram como ovelhas sem pastor... Seu coração de educador se enterneceu e Ele continuou:

“Felizes vocês, se forem desrespeitados e perseguidos, se disserem mentiras contra vocês por causa da Educação. Fiquem alegres e contentes, porque será grande a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram outros educadores que vieram antes de vocês”.

Tomé, sempre resmungão, reclamou:

Mas só no céu, Senhor?

Tem razão, Tomé - disse Jesus - há quem queira transformar minhas palavras em conformismo e alienação... Eu lhes digo, NÃO! Não se acomodem. Não fiquem esperando, de braços cruzados, uma recompensa do além.

E Jesus concluiu:

É preciso construir o paraíso aqui e agora, par a merecer o que vem depois...


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Programa Rádio Vivo - Rádio Itatiaia, Belo Horizonte/MG - de 15/10/2009, texto do professor Eduardo Machado.

Novas posturas docentes

Acredito que o universo escolar anseia por profissionais mais modernos, audaciosos, dinâmicos, indispensavelmente bem humorados, musicais, dançantes, sem rótulos, estratégicos, competentes, éticos, desprovidos de preconceitos e, acima de tudo, capazes de aproximar crianças e adolescentes da realidade coerente com a prevenção, com a modernidade e com a preparação rumo a um futuro brilhante – o que é direito de todos. Aquela figura docente e, sem sombra de dúvidas, extraordinária para a época da palmatória e do tinteiro, perdeu seu espaço mediante o encantamento da modernidade e do acesso instantâneo à informação e, quem insiste em portar-se como antigamente, infelizmente mantém-se com elevado índice de rejeição, bem como, com notáveis dificuldades em desenvolver seu “excelente” trabalho – o que é muito grave para o contexto. Precisamos promover posturas mais condizentes com a realidade do twitter, MSN, blog, orkut, MP “alguma coisa”, banda da atualidade, abreviações dos papos virtuais, sobre BV, sobre o comportamento dos “ficantes”, das baladas, bem como, com o que jamais deveria sair de moda, ou seja, respeito, honestidade, coerência, ética e assim por diante. Conhecimento inútil e desnecessário? Acredito que não a partir do momento que tais assuntos nos posicionem rumo a patamares de aproximação com nossos estudantes encaminhando-os a situações de confiança e de parceria em relação a nós docentes. É disso que a organização escolar precisa, ou seja, admitir que já ultrapassamos a hora de entendermos que o professor precisa parar de se preocupar unicamente com o comportamento, com as conquistas e com os insucessos dos outros professores e sim, estender seu “zelo” para alunos, pais e comunidade em busca de soluções coletivas e capazes de elevar a qualidade de vida de todo um contingente humano. Frustrações políticas, anseios profissionais e incapacidades visíveis precisam de uma administração mais coerente com o bom convívio humano, ou seja, necessitam se despir de acusações, injúrias, fofocas, negatividades e sabotagens dignas dos que não merecem o nobre título de educador. Senhores Professores... Sigamos rumo a uma melhoria universal, pois acredito termos capacidade para isso. E vocês? Acreditam também? Pensem nisso.



Marcelo Tavares

O autor é Geógrafo, Pós-Graduado em Projetos Interdisciplinares e Práticas Pedagógicas e em Gestão de Negócios com ênfase em Marketing de Vendas

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A beleza salvará mesmo o mundo?

Paulo Timm

“O poeta nos permite desfrutar nossas próprias fantasias, sem censura, sem pudor.” (Sigmund Freud)

Recomenda o velho ditado que, se não tens nada a dizer, fiques calado. Afinal, se a fala é de prata, o calar é ouro fino. Conselho importante para se ter presente nas reuniões sociais, mas inviável para quem vive de fazer-se ouvir. Não falo do viver como instância material, mas como substância existencial, sem a qual um escritor, poeta, romancista ou cronista se exila de si e morre de inanição. Mas o que dizer diante de tanta miséria humana, exposta aos olhos do mundo na tragédia do Haiti? Como compatibilizar uma consciência iluminista com a vitória de um aliado de Pinochet no Chile? Dá para suportar a edição de mais um Big Brother Brasil na Rede Globo, sobre o qual convergirão os indicadores de audiência, estimulando as outras redes com programas similares?

Não sei não… Folheio livros, releio meus arquivos eletrônicos, verdadeiro porta-jóias de minhas leituras diárias, arrisco-me a comentar uma entrevista de Willian Faulkner na qual ele abre o jogo sobre o segredo dramático de seus romances… Querem saber?

Trata-se da trindade da consciência. Uma “santíssima trindade” laica que iria influenciar gerações inteiras de escritores, chegando até nosso imortal Gabriel Garcia Marques, que nele se inspirou. Os romances de Faulkner, segundo ele, giram em torno de três personagens chaves, detentores de três tipos de consciência: os que nada sabem – e porque não sabem, pouco se importam e nada fazem –; os que sabem e não se importam – que são os cínicos –, que locupletam nosso universo político; e os que sabem e se importam – que são os que carregam as mazelas do mundo, Zilda Arns entre eles, como outrora Luther King e tantos outros abnegados. Com base nesses personagens Faulkner diz que o escritor está sempre tentando criar “pessoas verossímeis em situações comoventes e críveis, da maneira mais comovente” de forma a expor a vida em movimento, pois é no movimento da vida que as pessoas vivem. A vida é movimento, diz ele, e o movimento está ligado ao que faz com que o homem se mova, que é a ambição, o poder, o prazer”. E adverte: “Qualquer tempo em que um Homem possa dedicar à moralidade ele tem que arrancar à força do movimento do qual faz parte. Sua consciência moral é a maldição que ele tem que aceitar dos deuses de modo a obter deles o direito de sonhar.”

Me pergunto: Alguém tem culpa pelo que ocorre no Haiti? Quem sabia e nada fez para mudar o curso de um destino trágico? Quem sabia, tentou fazer e não conseguiu? E não pergunto pelos que nem sabiam e nada fizeram, porque deles é Reino de Deus… Basta-lhes a felicidade do simples jogo da vida, escapando-lhes o direito de sonhar…. E quanto ao Chile, de quem é a culpa pela vitória de Piñeros? E como o mundo civilizado permite reedições sistemáticas do Big Brother por todos os seus países…?

Volto ao Romance.Nele me refugio. Com efeito, ainda não se conseguiu, mesmo com o desenvolvimento considerável das Ciências Humanas no Século XX, nada comparável ao Romance como Teoria da Existência Humana. E, assim, continuamos no pólo da sensibilidade, antena da beleza, para entender o Homem. Mas por que, então, tanto (esforço) à verdade e tão pouco à beleza se ela, a verdade, é tão inatingível? Leon Tolstoi alimentou tantos sonhos em sucessivas gerações russas para, afinal, confiná-las, sob o condomínio da verdade administrada pelo marxismo soviético, à depressão dos Gulags. Dostoievski, no seu encalço, acreditava que só a beleza salvaria o mundo. E apostou nisso criando as mais belas páginas de literatura mundial. Salvou alguma coisa? Ou, simplesmente, não conseguiu sensibilizar aquele maravilhoso povo, suficientemente, para o primado da beleza sobre a verdade…?

Sempre o Romance… Tecendo o fio de existências humanas grandiosas mas incompletas, sem direito à História, cativa da razão.

Longe da nossa tradição ocidental, marcada por Shakespeare, e o corolário de romancistas , desde Crétien de Troyers, com Lancelot e Tomas Malory, no Sec. XV, passando no século seguinte aos épicos de Cervantes , Mme. Lafaeyete e Daniel Defoe, para fechar-se num prodigioso ciclo de “folhetins” inaugurado por Goethe, em 1796, com o histórico “Os anos de aprendizagem de W. Meister”, seguido dos grandes “fleuves” de Honoré de Balzac – “A Comédia Humana” – e Émile Zola, Rougon Marquart, num imenso fluxo que desembocaria no início do século XX em James Joyce, Romain Rolland, Roger Martin Du Gard e Sartre, Milan Kundera nos fala dos formadores de consciências do lado oriental da Europa, evidenciando também sua importância para este, que foi o memorável autor da “Insustentável leveza do (de) ser”:

“Musil e Hermann Brock sobrecarregaram o homem com responsabilidades enormes. Eles o viam como a suprema síntese intelectual. O último lugar onde o homem ainda questiona o mundo como um todo. Estavam convencidos de que o romance tinha um tremendo poder sintético, que ele podia ser fantasia, aforismo e ensaio. Tudo ao mesmo tempo.O objeto específico daquilo que Brock gostava de chamar “conhecimento novelístico” é a existência. A meu ver, a palavra “poli-histórico” deve ser definida como aquilo que reune todo artifício e toda forma de conhecimento de modo a lançar luz sobre a existência”.

Será que as novas gerações estão lendo esses autores com a mesma sofreguidão com que nós o fazíamos. E descobrindo o universo da natureza com os livros equivalentes de Julio Verne, H.G.Wells, Arthur Clarck, Arthur Koestler? Ou estão apenas embalados na fantasmagoria de Harry Potter e Paulo Coelho?

Não sei…

Mas pelo sim, pelo não, vale a pena insistir na beleza como caminho da salvação, senão do mundo, dos nossos pobres espíritos massacrados por tantas e sucessivas verdades. E quem sabe o espírito reanimado não seja o caminho da reconciliação. “Minha pátria é minha língua”, insistia Fernando Pessoa, deleitando-se com as palavras que dançavam nos seus versos propiciando-lhe momentos de verdadeiro êxtase.


* PAULO TIMM é Economista, Pós Graduado ESCOLATINA, U. do Chile – Ex Presidente do Conselho de Economia DF, Professor da UnB –paulotimm@hotmail.com Publicado em Via Política e na Coluna do Timm.

http://literaturapolitica.wordpress.com/2010/02/10/a-beleza-salvara-mesmo-o-mundo/