"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

sábado, 10 de setembro de 2011

Dúvidas

O duodécimo e o duodécuplo


“Tenho um amigo que acaba de fazer, pela décima segunda vez, o Caminho de Santiago de Compostela, a mais tradicional rota de peregrinação deste planeta. Tenho tratado este amigo, nas nossas trocas de e-mails, por ‘Duodécimo Peregrino’. Está correta esta expressão (duodécimo) para indicar algo feito pela décima segunda vez? Haveria outra forma mais adequada ou correta de tratamento, no caso? Cordiais saudações.” (Marcos Rocha)

A dúvida de Marcos Rocha é curiosa. O fato de parecer um tanto fora de moda só valoriza sua ideia de encontrar um apelido erudito para seu amigo, em vez de chamá-lo simplesmente de algo como “Dozão”. É também uma boa oportunidade de dar uma espiada no complicado reino dos numerais.

Bem, “Duodécimo Peregrino” pode até servir, com boa vontade e já que se trata de uma brincadeira, para designar quem foi doze vezes peregrino. A rigor, porém, não é um epíteto adequado. Como numeral ordinal, aquele que designa uma posição numa sequência numérica, a palavra duodécimo, do latim duodecimus, indica o que vem em décimo segundo lugar e não o que se repete doze vezes. Se o tal peregrino fosse o 12º amigo de Rocha a percorrer o caminho de Santiago de Compostela, o nome estaria perfeito.

(Vale lembrar que, como numeral fracionário, duodécimo significa também cada uma das partes de um todo dividido por doze. O que, no caso em questão, só piora as coisas: divide em vez de multiplicar.)

Qual seria, então, a palavra mais indicada? Rocha pode escolher entre duas, uma mais rara que a outra: duodecúplice (“multiplicado por 12”) ou duodécuplo (“que contém 12 vezes a mesma unidade”). Duodécuplo Peregrino, que tal?

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Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/
Contato:   sobrepalavras@todoprosa.com.br
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sábado, 20 de agosto de 2011

Os tempos escolares

[...] O ensino escolar é um trabalho coletivo que acontece durante vários anos e conta com diversos professores que se revezam para realizar uma ação educativa sobre os alunos. Graças a essa longa duração (que ocupa, atualmente, uma parte cada vez maior da vida humana, em torno de 15 anos de nossa vida), a maioria das crianças acaba se socializando e assimilando, individualmente falando, as normas e conhecimentos que estão na base da vida em sociedade.
O tempo escolar é constituído, inicialmente, por um continuum objetivo, mensurável, quantificável, administrável. Mas, em seguida, ele é repartido, planejado, ritmado de acordo com avaliações, ciclos regulares, repetitivos. Essa estruturação temporal da organização escolar é extremamente exigente para os professores, pois ela puxa constantemente para a frente, obrigando-os a seguir esse ciclo coletivo e abstrato que não depende nem da rapidez nem da lentidão do aprendizado dos alunos. Essa temporalidade reproduz em grande escala o universo do mundo do trabalho, cadenciado como um relógio; ela arranca as crianças da indolência e da acronia das brincadeiras para mergulhá-las num mundo onde tudo é medido, contado e calculado abstratamente: tal dia, a tal hora, elas deverão aprender tal coisa, numa duração predeterminada e sobre o que serão avaliadas mais tarde, às vezes muito depois. Esse tempo escolar, portanto, é o tempo “sério”, “importante” com consequências graves para o futuro: os atrasos, as faltas, as ausências, os descuidos se acumulam e passam a contar, constituindo fatores de fracasso ou de sucesso, enfim, de diferenciação escolar e, mais tarde, social. O tempo escolar, portanto, é potencialmente formador, porque impõe, para além dos conteúdos transmitidos, normas independentes de variações individuais e aplicáveis a todos. O tempo escolar é um tempo social e administrativo imposto aos indivíduos, é um tempo forçado. É por isso que uma das tarefas fundamentais dos professores é ocupar os alunos, não deixá-los por conta, sem nada para fazer, mas, ao contrário, ocupá-los com atividades: não ter mais o que dizer ou fazer, quando ainda sobra tempo à disposição, é um dos pavores básicos dos professores, e o temor que isso gera é, geralmente, muito importante no início de sua carreira.


Maurice Tardif e Claude Lessard


(TARDIF, M.; LESSARD, C. “A escola como organização do trabalho docente”. In: ___________. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Tradução de João Batista Kreuch. 5ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009, p. 75-76.)
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domingo, 14 de agosto de 2011

A prática na aplicação da flexão verbal

História de passarinho



Um ano depois os moradores do bairro ainda se lembravam do homem de cabelo ruivo que (1) e sumiu de casa.

Ele era um santo, disse a mulher (2) os braços. E as pessoas em redor não (3) nada nem era preciso, perguntar o que se todos já sabiam que era um bom homem que de repente abandonou casa, emprego no cartório, o filho único, tudo. E se mandou Deus sabe para onde.

Só pode ter enlouquecido, sussurrou a mulher, e as pessoas tinham que se aproximar inclinando a cabeça para ouvir melhor. Mas de uma coisa estou certa, tudo começou com aquele passarinho, começou com o passarinho. Que o homem ruivo não sabia se era um canário ou um pintassilgo. Ô! Pai, (4) o filho, que raio de passarinho é esse que você foi arrumar?!

O homem ruivo (5) o dedo entre as grades da gaiola e ficava acariciando a cabeça do passarinho que por essa época era um filhote todo arrepiado, escassa a plumagem amarelo-pálido com algumas peninhas de um cinza-claro.

Não sei, filho, deve ter caído de algum ninho, (6) ele na rua, não sei que passarinho é esse.

O menino (7) chicle. Você não sabe nada mesmo, Pai, nem marca de carro, nem marca de cigarro, nem marca de passarinho, você não sabe nada.

Em verdade, o homem ruivo sabia bem poucas coisas. Mas de uma coisa ele (8) certo, é que naquele instante gostaria de estar em qualquer parte do mundo, mas em qualquer parte mesmo, menos ali. Mais tarde, quando o passarinho (9), o homem ruivo ficou sabendo também o quanto ambos se pareciam, o passarinho e ele.

Ai! O canto desse passarinho, (10) a mulher, Você quer mesmo me atormentar, Velho. O menino esticava os beiços tentando fazer rodinhas com a fumaça do cigarro que subia para o teto: Bicho mais chato, Pai. Solta ele.

Antes de sair para o trabalho o homem ruivo (11) ficar algum tempo olhando o passarinho que desatava a cantar, as asas trêmulas ligeiramente abertas, ora pousando num pé, ora noutro e cantando como se não (12) parar nunca mais. O homem então enfiava a ponta do dedo entre as grades, era despedida e o passarinho, emudecido, vinha meio encolhido oferecer-lhe a cabeça para carícia. Enquanto o homem se afastava, o passarinho se atirava meio às cegas contra as grades, fugir, fugir! Algumas vezes, o homem assistiu a essas tentativas que (13) o passarinho tão cansado, o peito palpitante, o bico ferido. Eu sei, você quer ir embora, você quer ir embora, mas não pode ir, lá fora é diferente e agora é tarde demais.

A mulher (14) então a falar e falava uns cinqüenta minutos sobre as coisas todas que (15) ter e que o homem ruivo não lhe dera, não esquecer aquela viagem para Pocinhos do Rio Verde e o Trem Prateado descendo pela noite até o mar. Esse mar que se não (16) o Pai (que Deus o tenha!) ela jamais teria conhecido porque em negra hora casara com um homem que não prestava para nada, Não sei mesmo onde estava com a cabeça quando me casei com você, Velho.

Ele continuava com o livro aberto no peito, (17) muito de ler. Quando a mulher baixava o tom de voz, ainda furiosa (mas sem saber mais a razão de tanta fúria), o homem ruivo fechava o livro e ia conversar com o passarinho que se punha tão manso que se abrisse a portinhola poderia colhê-lo na palma da mão. Decorridos os cinqüenta minutos das queixas, e como ele não respondia mesmo, ela se calava exausta. Puxava-o pela manga, afetuosa: Vai, Velho, o café está esfriando, nunca pensei que nesta idade eu fosse trabalhar tanto assim. O homem ia tomar o café. Numa dessas vezes, (18) de fechar a portinhola e quando voltou com o pano preto para cobrir a gaiola (era noite) a gaiola estava vazia. Ele então (19) no degrau de pedra da escada e ali ficou pela madrugada, fixo na escuridão. Quando amanheceu, o gato da vizinha desceu o muro, aproximou-se da escada onde estava o homem ruivo e ficou ali estirado, a se espreguiçar sonolento de tão feliz. Por entre o pêlo negro do gato desprendeu-se uma pequenina pena amarelo-acinzentada que o vento delicadamente fez voar. O homem inclinou-se para colher a pena entre o polegar e o indicador. Mas não disse nada, nem mesmo quando o menino que presenciara a cena desatou a rir, Passarinho mais besta! Fugiu e acabou aí, na boca do gato.

Calmamente, sem a menor pressa o homem ruivo guardou a pena no bolso do casaco e levantou-se com uma expressão tão estranha que o menino parou de rir para ficar olhando. Repetiria depois à Mãe, Mas ele até que parecia contente, Mãe, juro que o Pai parecia contente, juro! A mulher então interrompeu o filho num sussurro, Ele ficou louco.

Quando formou-se a roda de vizinhos, o menino voltou a contar isso tudo mas não achou importante contar aquela coisa que descobriu de repente: o Pai era um homem alto, nunca (20) reparado antes como ele era alto. Não contou também que estranhou o andar do Pai, firme e reto, mas por que ele andava agora desse jeito? E repetiu o que todos já sabiam, que quando o Pai saiu, deixou o portão aberto e não olhou para trás.


TELLES, Lygia Fagundes. In: Invenção e memória. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.



Assinale a alternativa que preencha corretamente cada lacuna:


(1) enlouquecera                      enlouqueceu                           enlouquecia

(2) levantando                          levantou                                 levantara

(3) perguntou                            perguntava                             perguntaram

(4) cassoava                             caçoava                                 casouava

(5) introduzia                             introduzira                              introduz

(6) pegava                                 peguei                                    pegarei

(7) mascava                               mascaria                                 mascando

(8) estive                                   esteve                                    estava

(9) crescia                                 cresceu                                  esteve crescido

(10) queixara-se                        queixava-se                            queixavasse

(11) costumou                           costumava                              costumara

(12) pode-se                             pudesse                                  pude-se

(13) deixava                              deixa                                      deixavam

(14) punha-se                           punhasse                               ponhasse

(15) quis                                   quiz                                       quer

(16) fo-se                                 foce                                      fosse

(17) gostou                               gostávamos                           gostava

(18) esqueceu                           esquecia                                esquece

(19) sentousse                          sentosse                                sentou-se

(20) teve                                  tinha                                      tenha

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domingo, 26 de junho de 2011

Estudo da estruturação da redação dissertativa


Tráfico, a Hidra de Lerna
Primeiro foi o Cartel de Medellín. Depois, anunciou-se o fim do Cartel de Cali. Se aqueles poderosos cartéis aos quais se atribuíram a quase totalidade da produção global de cocaína e crack puderam ser tão facilmente destruídos, como se explica então que a oferta e o consumo de drogas só aumentem?
O tráfico se assemelha muito à Hidra de Lerna, o monstro da mitologia grega que possuía nove cabeças, uma das quais imortal. Hércules foi encarregado de “aniquilar” a Hidra, mas, para cada cabeça mortal que ele decepava, duas novas brotavam em seu lugar.
O semideus decidiu então atear fogo ao bicho e, por fim, cortou-lhe a cabeça imortal e a enterrou sob uma pesada pedra, onde ela teria permanecido vivíssima. A rigor, portanto, Hércules não matou a Hidra, ele apenas a “varreu para debaixo do tapete”.
No caso do tráfico, os cartéis são as cabeças mortais. Para cada uma “destruída”, surgem duas novas. A cabeça imortal é o todo poderoso mercado, a demanda, o consumidor, o homem. E, enquanto o homem for o homem, com seus impulsos dionisíacos e fragilidades bioquímicas, o flagelo das drogas tende a permanecer, sejam elas ilegais, como a cocaína e a heroína, ou legais, como o tabaco e o álcool.
Os bilhões de dólares gastos anualmente em todo o mundo na repressão ao tráfico são apenas uma cara tentativa de varrer o problema para debaixo do tapete. O que é uma pena.

Adaptado da Folha de S.Paulo, 9/8/1995.



Estudo da estruturação da redação dissertativa
O texto é composto por três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

A introdução é o início do texto, trecho em que se apresenta o tema e se define a tese, no exemplo acima aparece delimitada no primeiro parágrafo apresentando duas informações e uma tese enunciada em forma de pergunta. É importante que, desde o começo, se tenha em mente que toda dissertação precisa apresentar uma tese; sua defesa é o motivo pelo qual se escreve um texto desse tipo. Em outras palavras, sempre que se escreve um texto dissertativo, tem-se por objetivo defender uma tese.
E o que é defender uma tese? É mostrar para o interlocutor, por meio de dados, argumentos ou provas, qual é sua posição em relação a determinado assunto e dividir com ele sua opinião, tentando persuadi-lo a pensar como você. Quanto mais objetividade for demonstrada em uma dissertação, mais convincente ela será, pois dessa forma você estará retratando um ponto de vista fundamentado e passível de comprovação, e não apenas a sua verdade.
Terminada a introdução, é preciso preocupar-se com o desenvolvimento do texto, que deve ser redigido de maneira clara, coerente, concisa e objetiva, mantendo sempre a mesma linha de raciocínio apresentada na introdução.
É importante, neste momento, definir os argumentos a serem usados, fundamentar muito bem as ideias e ter convicção do que se está falando, a fim de receber crédito do leitor e ter seu ponto de vista respeitado.
Ao se justificar esse ponto de vista, convém usar argumentos que tenham valor objetivo, ou seja, que possam ser aceitos por outras pessoas. Por exemplo, ao se afirmar ser necessária uma atitude enérgica e eficaz no combate ao trafico e uso de drogas, muitos leitores concordarão com essa postura; entretanto, se os argumentos apresentados basearem-se apenas em opiniões pessoais ou mesmo preconceituosas, estar-se-á fazendo um julgamento sobre o assunto e não o analisando objetivamente. Dessa forma, perde-se credibilidade e não se convence o leitor.
No momento de se desenvolver o tema, citações feitas por autoridades, relatos de fatos divulgados pelos meios de comunicação, estatísticas, exemplos e ilustrações poderão ser utilizados para fortalecer a argumentação e dar mais veracidade ao texto. É essa a grande função do desenvolvimento: fundamentar o ponto de vista apresentado na introdução.
A conclusão é a parte do texto que sintetiza as ideias desenvolvidas, reafirmando-as de acordo com a tese apresentada na introdução e justificada pela argumentação no desenvolvimento.

Fonte: AGUIAR, Jaqueline da Silva. Descomplicando a redação. São Paulo: FTD, 2003. (Adaptação).
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sábado, 21 de maio de 2011

Edital Enem 2011


Foi divulgado o Edital do Enem 2011, tão aguardado pelos candidatos. O Edital contém informações preciosas, tais como as matérias pedidas, os municípios em que a prova será aplicada, regulamento, e todos os demais detalhes sobre o Exame Nacional do Ensino Médio 2011.



Inscrições Enem 2011


Inscrição Enem 2011: As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio poderão ser feitas de 23 de Maio até 10 de Junho. A taxa de inscrição será de R$ 35. A isenção de inscrição do Enem 2011 será cedida através do sistema de inscrição para alunos de escola pública que irão concluir o ensino médio em 2011, e também para aqueles que declararem baixa renda (...).


Enem terá duas provas por Ano


Enem 2011 - Enem 2012: Foi divulgado que o Enem realmente terá duas provas por ano a partir de agora. As próximas duas provas do Exame Nacional do Ensino Médio já estão marcadas, uma pra 2011 e outra para 2012. O Ministério da Educação - MEC, confirmou que agora serão duas provas por ano, e inclusive já divulgou as datas das próximas duas provas, uma para esse ano, e outra para o ano que vem.

 

Data de Prova Enem 2011


Enem 2011 data da prova: O Ministério da Educação (MEC) já divulgou a data em que o Exame Nacional do Exame Médio será aplicado. Assim como no ano passado, o Enem será aplicado em dois dias - um sábado e um domingo. A prova será aplicada nos dias 22 E 23 de Outubro. As inscrições para o Enem 2011 começam na próxima segunda, dia 23/05, e irão até o dia 10/06.




Fonte:
http://www.enemeprouni.com/

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sábado, 14 de maio de 2011

Identidade da escola

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...Quando falamos em identidade, nos referimos a características que especificam algo ou alguém. A identidade, no entanto, não é estática. Ao contrário, ela está em permanente elaboração, num contexto social de interação de indivíduos e grupos, implicando reconhecimento recíproco...

...E isso se dá com a escola. A identidade dela vai sendo arquitetada no meio de que ela faz parte, com todos os segmentos que a compõem, levando-se em conta necessidades, crenças e valores. É uma identidade que se afirma na articulação com as outras instituições sociais ― a família, a comunidade, a Igreja, as associações, as empresas ― e que se configura no cumprimento da tarefa de socializar de modo sistemático a cultura e de colaborar na construção da cidadania democrática. A maneira de cumprir essa missão muda ― e isso significa que a escola leva em consideração as transformações da sociedade de que faz parte e as várias contradições que desafiam os educadores que nela trabalham, especialmente os gestores...

...O que se requer da escola é que, na mudança, permaneça nela um espaço para a criação de um mundo sem cátedras, sem privilégios e sem medo. E que, sobretudo, ela seja o lugar em que se realize uma pedagogia baseada na solidariedade. Para isso, é necessária uma atitude verdadeiramente crítica de seus gestores, um olhar profundo e abrangente, para ver o que deve permanecer e o que precisa ser modificado. Sem esquecer a coragem para realizar as transformações necessárias. As experiências bem sucedidas ― e elas têm sido muitas! ― mostram a possibilidade de empenho coletivo na construção da escola que queremos e à qual temos pleno direito...


Terezinha Azeredo Rios

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Saudade é a 7ª palavra mais difícil de traduzir

De acordo com uma lista feita a partir da opinião de mais de 1000 tradutores profissionais, a palavra saudade, em português, é a 7ª palavra mais difícil de traduzir. A lista considera palavras de todos os idiomas. Confira abaixo o ranking:
1. “Ilunga” (tshiluba) – uma pessoa que está disposta a perdoar quaisquer maus-tratos pela primeira vez, a tolerar o mesmo pela segunda vez, mas nunca pela terceira vez.
2. “Shlimazl” (ídiche) – uma pessoa cronicamente azarada.
3. “Radioukacz” (polonês) – pessoa que trabalhou como telegrafista para os movimentos de resistência o domínio soviético nos países da antiga Cortina de Ferro.
4. “Naa” (japonês) – palavra usada apenas em uma região do país para enfatizar declarações ou concordar com alguém.
5. “Altahmam” (árabe) – um tipo de tristeza profunda.
6. “Gezellig” (holandês) – aconchegante.
7. Saudade (português)
8. “Selathirupavar” (tâmil, língua falada no sul da Índia) – palavra usada para definir um certo tipo de ausência não-autorizada frente a deveres.
9. “Pochemuchka” (russo) – uma pessoa que faz perguntas demais.
10. “Klloshar” (albanês) – perdedor.
  • Leia mais sobre o tema aqui. (link enviado pelo leitor Felix Lopez)

Fonte:

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domingo, 8 de maio de 2011

Versos gramaticais

Vírgula
Se a vírgula é uma pausa,
que vantagem nos causa?

Ponto-e-vírgula
Aquele ponto-e-vírgula
(mesmo se dando desconto)
foi pausa tão demorada
Que, após a página virada,
Nem foi vírgula
Nem foi ponto.

Ponto
Pelo menos
num ponto
nós concordamos:
no ponto final.

Dois-pontos
Teus seios, vou defini-los:
Dois pontos.

Interrogação
Nosso amor tão reticente,
tão cheio de exclamação,
morreu e deixou na gente
aquela interrogação.

Exclamação
Foi ante tua expressão
de surpresa ou de revolta
que alguém que estava à volta
de repente exclama: ação!

Reticência
Em nosso amor, certa vez,
um erro de Português
me levou à repetência.
O meu erro foi fatal.
Em vez de ponto final
Eu coloquei reticência...

Aspas
Duplas vírgulas hasteadas
em frases de outro autor,
que você não vê usada
nas minhas frases de amor.

Parênteses
Os parênteses
Interrompem.
Os parentes rompem.

Travessão
Sem diálogo ou interlocução;
não deu bolas pro travessão.

Ronaldo Cunha Lima. Versos gramaticais. In HERDADE, Márcio Mendes. Novo manual de redação: básica, concursos, vestibulares, técnica. 2ed. Campinas: Pontes Editores, 2007.
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domingo, 24 de abril de 2011

Quando o diretor se torna um gestor

A verdadeira missão do líder da escola é conciliar as demandas burocráticas e pedagógicas para garantir que os alunos progridam



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Do lado de dentro


Imagine uma escola em que o gestor seja visto como um chefe autoritário, pelo qual todos sentem mais temor do que respeito. Agora vislumbre um cenário apenas de cobrança de resultados e exigência do cumprimento de regras, sem a participação nas decisões conceituais e corriqueiras do dia a dia. E se esse mesmo diretor só se ocupar das questões burocráticas do cargo, deixando de lado tudo o que se refere às relações humanas, exceto o trato com alunos indisciplinados, encaminhados à sua sala como uma forma de punição? Talvez nem seja preciso ter tanta imaginação, já que muito dessa postura antiquada e praticamente alheia ao cotidiano educacional – na mais precisa acepção da palavra – ainda está bastante presente em algumas escolas brasileiras.


VALORIZAÇÃO HUMANA – A postura do diretor imprime marca às relações interpessoais no ambiente escolar. Professores, funcionários, pais e alunos ao mesmo tempo ensinam e têm coisas a aprender.


Embora um tanto extremo, o exemplo serve para mostrar que a forma como o gestor se posiciona na escola exerce grande influência sobre como se dão as relações interpessoais. O entendimento de alunos, pais, funcionários, professores e, sobretudo, dos próprios diretores sobre seus papéis na dinâmica escolar é decisivo para determinar a qualidade da instituição. E mais: se todos não enxergam que sua função deve, acima de tudo, colaborar para um processo educativo exitoso, é hora de procurar reverter esse quadro. "É preciso ressignificar o papel do diretor na escola e o da escola na comunidade", afirma Roberta Panico, coordenadora pedagógica da formação de gestores do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária. "A equipe tem de perceber que o gestor é o articulador de demandas e soluções para a aprendizagem das crianças. E que é essa a função social primordial de toda escola." Para a autora portuguesa Isabel Alarcão, não apenas os alunos, mas toda a comunidade deve se desenvolver no convívio escolar. Esse é um dos aspectos do conceito de "escolas reflexivas", criado por ela. "Elas qualificam não só os que nelas estudam, mas também os que nelas ensinam ou apoiam estes ou aqueles", afirma a autora, em sua obra Escola Reflexiva e Nova Racionalidade. "Ela gera conhecimento sobre si própria e, desse modo, contribui para o conhecimento sobre essa instituição chamada escola."


DE OLHO NO ENTORNO – A escola se insere num bairro e sua equipe deve conhecer a realidade local. Só assim é possível conhecer as necessidades das pessoas e adequar-se a elas.


Embora o grande foco do gestor deva ser a aprendizagem dos alunos, de forma alguma isso diminui a importância do coordenador pedagógico. A parceria entre os dois é uma das mais relevantes na construção de uma escola de qualidade. Para isso, eles precisam estar sempre muito afinados. A principal função do coordenador é cuidar da formação dos professores, um dos aspectos decisivos para implementar o projeto pedagógico decidido coletivamente pela comunidade escolar (processo que, como um todo, é de responsabilidade do gestor).


Do lado de fora


Nas últimas décadas, as demandas sociais em relação à escola têm aumentado substancialmente. O fenômeno se deve, principalmente, ao crescimento da violência urbana – muitas vezes, associada ao consumo e ao tráfico de drogas –, à falta de perspectivas profissionais e ao aumento da competitividade e do individualismo provocados pela globalização da economia. Cada vez mais, exige-se que a escola colabore para transformar esse cenário, perceptível do lado de fora de seus muros, tematizando-o em suas atividades diárias com o objetivo de melhorar o futuro dos estudantes. "Desenvolver uma visão crítica da realidade, trazendo-a para a sala de aula como uma reflexão propositiva, é algo essencial", diz Nora Rut, da Unicamp. "A instituição de ensino não é um local para esquecer a dura realidade, como alguns colegas acreditam."


FOCO EDUCATIVO – Lidar com a burocracia não pode ocupar todo o tempo do diretor. Além de conhecer leis e normas e saber gerir recursos, o foco principal deve ser a aprendizagem de crianças e adolescentes.


Assim, a equipe de professores precisa se organizar para promover discussões sobre temas locais e globais. Além disso, a postura da equipe e as situações vivenciadas na escola servem como base para abordar temas como cidadania, tolerância e respeito. "É o gestor quem imprime uma cara à instituição, quem retoma os projetos institucionais, que são permanentes e abrangem a escola como um todo", diz Márcia Cristina da Silva, formadora do Instituto Avisa Lá, de São Paulo. "É ele quem lembra a todos o que o grupo quer ser e que alunos pretende formar."

Na teoria, tudo faz sentido. Mas o dia a dia da maioria é muito mais ocupado com a solução de emergências do que com o planejamento pedagógico. "O diretor costuma ter muita dificuldade em dizer o que faz parte de sua rotina de trabalho, pois passa o dia resolvendo problemas. Mas nem tudo na escola é urgente. Ele pode determinar uma divisão de tempo, reservando um horário fixo para atender pais, para reuniões com o coordenador etc.", propõe Márcia Cristina. Vitor Henriques Paro, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, resume: "O diretor tem de ter visão pedagógica em todas as suas ações. As atividades burocráticas são antiadministrativas quando não estão relacionadas com o pedagógico. A finalidade de todo o trabalho é garantir que a relação entre ensino e aprendizagem se concretize". Quando isso ocorre, o diretor se transforma, efetivamente, num gestor.


Fonte: PRIOLLI, Júlia. Quando o diretor se torna um gestor. Revista Nova Escola, edição especial, nov. 2008. São Paulo: Abril. Disponível em: . Acessado em: 26 maio 2010.

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domingo, 10 de abril de 2011

Jobs and Occupations – Lista de empregos e profissões em inglês – português

Sabe o que significa worker em inglês? Significa trabalhador, operário, obreiro, artesão ou funcionário. (...) Provavelmente você sabe o que significa teacher, mas sabe como dizer açougueiro, soldador, engenheiro, cabeleireiro e gerente em inglês?
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Accountant – contador
Actor – ator
Administrative assistant – auxiliar administrativo
Appliance reparir person – técnico de eletrodoméstico
Architect – arquiteto
Artist – artista
Assembler – montador
Auto mechanic – mecânico de automóvel
Babysitter – babysitter
Baker – padeiro
Business owner – proprietário da empresa
Businessperson – homem/mulher de negócio
Butcher – açougueiro
Carpenter – carpinteiro
Cashier – caixa
Childcare worker – funcionária da creche
Commercial fisher – pescador profissional
Computer software engineer – Engenheira de software
Computer technician – técnico em computadores
Customer service representative – representante de serviços ao cliente
Delivery person – entregador
Dental assistant – auxiliar de consultório odontológico
Dockworker – estivador
Electronics repair person – técnico de equipamentos eletrônicos
Engineer – engenheiro
Firefighter – bombeiro
Florist – florista
Gardener – jardineiro
Garment worker – funcionária de confecção
Graphic designer – projetista gráfico
Hairdresser / Hair stylist – cabeleireira
Home health care aide – enfermeira particular
Homemaker – dona de casa
Housekeeper – empregada doméstica
Interpreter / translator – intérprete / tradutor
Lawyer – advogado
Machine operator – operador de máquina
Manicurist – manicure
Medical records technician – técnica em prontuários
Messenger / courier – mensageiro
Model – modelo
Mover – carregador de mudança
Musician – músico, musicista
Nurse – emfermeira
Occupational therapist – terapeuta ocupacional
(House) painter – pintor
Physician assistant – auxilar do médico
Police officer – policial
Postal worker – funcionária do correio
Printer – tipógrago
Receptionist – recepcionista
Reporter – repórter
Retail clerk – vendedor
Sanitation worker – lixeiro
Security guard – segurança
Server – garçonete
Social worker – assistente social
Soldier – soldado
Stock clerk – almoxarife
Teacher – professor
Telemarketer – operador de telemarketing
Truck driver – motorista de caminhão
Veterinarian – veterinária
Welder – soldador
Writer / author – escritora / autora
Cargos Superiores
Supervisor – supervisor
Foreman – capataz
Forewoman – encarregada
Boss (informal) – chefe
Manager – gerente
Director – diretor
Executive – executivo
Employer – empregador

Períodos de Trabalho
Part-time (adjetivo) – meio período, meia jornada
Full-time (adjetivo) – tempo integral, jornada completa
Temporary (adjetivo) – temporário
Permanent (adjetivo) – permanente
Overtime (adjetivo) – hora extra

Falando do Trabalho
What’s his job? – qual é o trabalho dele?
What does she do? – o que ela faz?
What kind of work do they do? – que tipo de trabalho eles fazem?
I work in a factory – trabalho numa fábrica
She works for a large company – ela trabalha para uma grande companhia
They work with a lawyer – eles trabalham com um advogado.

Relações de Trabalho
(Trade) union (brit), Labor union (amer) – sindicato
Strike – greve; fazer greve
Picket – piquete; fazer piquetes

Obter Emprego
Apply (for) – candidatar-se, solicitar
Application – solicitação
Applicant – solicitante, candidato, requerente
Interview – entrevista; entrevistar
Appoint – nomear
Appointment – nomeação
Engage (formal) – contratar
Take on – contratar
Hire (brit) – contratar
Promote – promover
Promotion – promoção

Deixar o emprego
Resign – renunciar
Retire – aposentar-se
Notice – aviso de demissão
Redundant – redução/corte de pessoal
Dismiss (formal) – despedir
Sack (brit), fire (amer) (informal) – despedir, demitir, mandar embora


Adaptado do site: Inglês no supermercado

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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Redação forense e elementos da gramática


A GRAMÁTICA FEMININA*

Eduardo Sabbag **

* Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o Professor Sabbag elabora um poema em homenagem à mulher, por ele carinhosamente rotulada de “gênero inclassificável”. Nos versos, o Professor faz curiosas associações do vocábulo “mulher” a elementos gramaticais, cujos desdobramentos podem ser conferidos nas notas de rodapé.

** Eduardo Sabbag: Advogado; Doutorando em Língua Portuguesa, na PUC/SP; Doutorando em Direito Tributário, na PUC/SP; Mestre em Direito Público e Evolução Social, pela UNESA/RJ; Professor de Direito Tributário e de Língua Portuguesa, na Rede de Ensino LFG/ANHANGUERA; Coordenador e Professor do Curso de Pós-graduação, em Direito Tributário, na Rede de Ensino LFG/ANHANGUERA. Autor do Manual de Direito Tributário, 3ª edição, pela Editora Saraiva; Elementos de Direito Tributário, 12ª edição, pela Editora RT; Redação Forense e Elementos da Gramática, 4ª edição, pela Editora RT; e diversas outras obras.



Mulher: dissílaba[1], na classificação;
Oxítona[2], na acentuação.

Substantivo comum e concreto[3], na gramática;
Perante todos, um ser “concretamente incomum”.

Do gênero feminino, como substantivo[4], a mulher faz parte;
Como ser privilegiado, “faz o gênero” que quiser...

Mulher: gênero inclassificável[5]!

Mulher: uma palavra sem a força do acento gráfico[6],
Mas que soa forte, como o “sim” e o “não” de uma mulher.
Se é dito “eu amo mulher” – o cacófato[7]; se é escrito “mulher docílima” – o superlativo na expressão[8];
Aos prisioneiros de seus encantos, a paráfrase de Caetano adverte: “dulcíssima prisão”[9].

Mulher não é verbo;
Se o fosse, de conjugação única, sê-lo-ia... e no tempo verbal “mais-que-perfeito”!

Com efeito, na gramática ou fora dela;
O (vere)dito popular ensina: “Ela é a tampa da panela”.


Mulher: gênero inclassificável!

Mulher: uma palavra com seis distintas letras;
A “alma de mulher”: seis preciosos sentidos...

“Mulher” se escreve assim, no singular;
 Mas sempre se “lê”, no plural, “mulheres” – um ser multifacetado que é...

Se “da vida”, a meretriz; se “fatal”, a sedutora; se “com pudor”, o encanto;
Para os desavisados, leia-se: “Mulher não é sexo frágil, só se o quiser...

Daí o seu poder, um “poder-fato”, e não um “poder-dúvida”, como o de certos homens que não a conhece, de fato...


Mulher: gênero inclassificável!

Se “mulher-homem”, a opção;
A mulher sem homem, a falta de opção.

Mulher irascível: a TPM;
Homem ao lado de mulher com TPM: a tensão.

Homem abandona mulher, “mulher-superação”;
Mulher abandona homem, “homem sem chão”.

Lugar de mulher, o homem quer decidir;
O homem sem a mulher, perdido sem lugar.


Mulher: gênero inclassificável!

Mulher “dona de casa”, o trabalho árduo;
Mulher dentro de casa, a organização.

Mulher companheira, bem mais que ele;
Mulher fiel, o presente dele.

Mulher casada, o compromisso;
Mulher solteira, a busca disso;

Mulher professora, com quem aprendemos.
Esposa mulher, com quem convivemos.


Mulher: gênero inclassificável!

Mulher se vestindo: para outra mulher;
Mulher no espelho: idem, idem.

Cabelos brancos, tinta;
Olhos e sobrancelhas, pinta.

Coisas de mulher, o segredo;
Traição de mulher, sem segredo.


Mulher: gênero inclassificável!

Mulher moderna, o trabalho;
Mulher no sábado, o salão.

Sonho de mulher, compras irrestritas;
Mulher sonhando, paixão à vista.

Lágrimas de mulher: o mistério;
Mulher em lágrimas: Delegacia da Mulher!


Mulher: gênero inclassificável!

Alma de mulher: Chico Buarque;
Mulher e atitude: Alcione.

Eu gosto é de mulher”: Ultraje a Rigor;
Perfume de mulher”: filme de rigor!...

Mulher de Trinta”, no samba de Miltinho;
A maturidade, em Honoré de Balzac.

Mulher sereia, só dentro d`água;
Mulher “Amélia”: fora...de moda!

“Mulher honesta”, no Código Penal;
Mulher e “gravidezes”, o detalhe do plural[10].


Mulher: gênero inclassificável!

Mulher grávida, continuidade do amor;
Mulher mãe, o amor contínuo.

Mulher que “dá à luz gêmeos”: gramática em dia[11]!
Ser “mãe-mulher”: uma beleza indizível e, enquanto bela, pleonasmo”[12].

De tudo, uma notável certeza:

“Mãe-mulher”, de onde viemos;
“Mulher-terra”, pra onde iremos.


Prof. Eduardo Sabbag
março de 2011



[1] A palavra “mulher” é dissílaba, ou seja, composta por duas sílabas: mu-lher.

[2] A palavra “mulher” é classificada como oxítona, ou seja, um vocábulo cuja sílaba tônica é a última, à semelhança de colher, mister, entre outros.

[3] A palavra “mulher” é classificada como um substantivo comum, quando designa seres da mesma espécie (como menino, boi etc.), e como um substantivo concreto, quando designa seres de existência real (como mãe, pedra, leão etc.).

[4] A palavra “mulher” é classificada como um substantivo feminino (a mulher), possuindo diferente radical da forma masculina (o homem).

[5] O adjetivo “inclassificável” tem a acepção daquilo que não se pode classificar com clareza, no sentido de algo indizível. Este é o significado pretendido nos versos em epígrafe. Frise-se que o adjetivo é dicionarizado, estando previsto no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP 2009), redigido pela Academia Brasileira de Letras.

[6] A palavra “mulher” não recebe o acento gráfico, mas apenas o acento prosódico (da fala), indicando que a maior tonicidade recai na última sílaba (-lher), o que a insere na classificação de oxítona (Ver nota 2).

[7] O cacófato (ou cacofonia) é um vício de linguagem que, em razão de uma dada sequência de sílabas, produz som desagradável ou de uso desaconselhável. Exemplos: “uma mão lava a outra” (som de “mamão”); “cinco cada um” (som de “cocada”) etc. No verso do poema, a frase “eu amo mulher” indica som (/mumu/) que deve ser evitado.

[8] Docílimo é um adjetivo (o superlativo absoluto sintético) de “dócil”. Portanto, algo muito dócil é docílimo.

[9] Caetano Veloso lançou, em 1984, a célebre composição musical “O Quereres”, na qual retrata o paradoxo da relação amorosa, referindo-se ao amor pela pessoa amada como “dulcíssima prisão”.
[10] O plural de “gravidez” é gravidezes.

[11] A mulher dá à luz algo (gêmeos, trigêmeos, menino e menina etc.), e não “a algo”. Note que o verbo dar é transitivo direto e indireto. Assim, sintaticamente, a mãe dá gêmeos à luz, ou seja, despontam na oração o objeto direto (gêmeos, sem a preposição) e o objeto indireto (à luz, com a preposição). Assim, há condenável equívoco na frase “a mulher deu à luz a gêmeos...”

[12] O pleonasmo é figura de sintaxe caracterizada pelo emprego de palavras redundantes, com o fim de enfatizar a expressão (como “sorrir um sorriso”, “pedra dura” etc.). No verso, a expressão “mãe-mulher-bela” foi considerada propositadamente como um pleonasmo, no intuito de realçar a beleza feminina como algo intrinsecamente natural.
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