Certos momentos, você sabe, inunda-me uma tristeza sem fim. Mar cheio de ondas, covas profundas de dor e melancolia, então eu olho ao redor e vejo-me tão só, tão só que nem palavras tenho. Mas até nessa angústia completa sinto a necessidade de que você esteja por perto. É a primeira coisa que procuro: nomear a minha dor.
Em outro momento estou inventivo e encontro mil planos para melhorar o mundo, para fazer a vida dos outros mais feliz, para resolver todos os problemas, para que todos se sintam mais completos e verdadeiros. Nessas horas, também você está em mim e eu mergulho nas suas entranhas e tento levar você, a sua riqueza, até o outro que me escuta. Às vezes é tão difícil!
Faltam exércitos de grandes pensadores, como existem na língua inglesa ou francesa. Faltam muitos poetas, filósofos, sábios, cientistas pensando em português. Expressar raciocínios mais elaborados em português é um verdadeiro desafio. É preciso ter paciência... Você é um diamante, que vai ganhando brilho na lapidação de sua história. História de amor, que você faz com os que aprenderam a amar o seu idioma nas dificuldades de quem você é e de quem nós somos.
Assim eu amo e amar é dizer que se ama e eu amo em português. Não consigo me imaginar dizendo “I love you” para o ser amado e isso ter o mesmo gosto, a mesma sensação boa de amor que é dizer, mesmo com erro gramatical: “Eu te amo, você é o meu amor!” E é isso que digo agora, minha língua mãe, em que aprendi a ser quem sou: Eu te amo, você é o meu amor.
LANDEIRA, José Luís e MATEOS, João Henrique
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