"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

sábado, 25 de outubro de 2008

Quando se explica a poesia, ela se torna banal


A frase que dá o título a este post está no livro [e filme homônimo] "O carteiro e o poeta", que narra a história de parte da vida do poeta chileno Pablo Neruda (Philippe Noiret), quando este por razões políticas se exila numa remota ilha do Mediterrâneo, na Itália. Lá um desempregado (Massimo Troisi) quase analfabeto é contratado como carteiro extra, encarregado de cuidar da correspondência do poeta, e gradativamente entre os dois se forma uma sólida amizade. É a história de um carteiro recebe a ajuda de Pablo Neruda a fim de conquistar o amor de sua vida.
Mário Ruppolo vive à beira-mar com o pai; este um pescador como a maioria dos homens da localidade. Acontece que Mário não quer ser mais um deles; tem até alergia. Para fugir um pouco da pregação do pai, divide seu tempo entre longos passeios, e quando pode, vai ao cinema.
Ao ver uma vaga nos Correios, vê a chance de unir seu gosto pelos passeios com sua bicicleta, a um trabalho longe das pescarias. Aliado a isso, o prazer em ter um contato maior com Pablo Neruda, que se encontra em exílio político.
Aos poucos, as barreiras entre esses dois homens vão se quebrando. Surgindo uma amizade. Mário, em sua simplicidade, ganha o carinho de Neruda. Que o ajuda a vencer a timidez para se aproximar de sua amada Beatrice.
Com o término do exílio, Neruda vai embora. Mário, por sua vez já está casado. Mas não é mais o homem de outrora. Quer agora falar e muito. Então se engaja na política de oposição.
Ao contato com a realidade vivida pelos dois protagonistas do enredo, pode-se inferir que existe uma instigante semelhança entre a atividade do carteiro e a do poeta... Ambos trabalham com a palavra, com a mensagem, com a comunicação. O papel deste complementa o daquele e vice-versa. Com enfrentamento e sutileza, ambos seguem transformando o entorno e o mundo, criando e ressignificando um lugar para si mesmos dentro da própria história. O mundo é uma grande metáfora, e só falta entendermos o propósito desta interpretação e levarmos adiante esta maravilhosa mensagem.

Nenhum comentário: