Como exemplo, podemos citar o caso do cybercafé, que é uma palavra recém-criada, sem registro, ainda, nos dicionários. O mesmo ocorre com cyberpirata (pessoa que viola sistema pela internet), e-governo (atendimento eletrônico de órgãos governamentais pela internet) e tantos outros termos que surgiram (e surgem!) desde o advento da informática e da internet.
Já com a palavra tucano, num outro exemplo, ocorre outro fenômeno lingüístico. Tradicionalmente, nomeia uma espécie de ave, um povo indígena do Alto Rio Negro e uma constelação. Nas ultimas eleições do século XX, um novo partido político adotou a ave como símbolo; a partir de então, criaram-se neologismos: tucano empregado como substantivo ou adjetivo para designar um político ligado ao partido ou referir-se a ele (Os tucanos votaram contra o projeto... O governador tucano compareceu à cerimônia...) e tucanar (o vereador tucanou e não compareceu à sessão...).
Entretanto, para neologismar, não basta apenas criatividade; é necessário obedecer a certas normas da língua para compor os vários segmentos que formam a estrutura da palavra. Caso contrário, torna-se impossível decodificá-la. Com os verbos, há uma regra: todos os verbos devem pertencer à primeira conjugação.
Veja o caso do verbo inglês to delete, que nomeia uma função em todos os teclados de computadores. Embora existam equivalentes na língua portuguesa — apagar, remover, suprimir —, o vocabulário foi perfeitamente assimilado e aportuguesado: ao radical delet- foi acrescentada a vogal temática de primeira conjugação, resultando no tema deleta, ao qual se acrescentou a desinência do infinitivo, surgindo o verbo deletar (eu deleto, tu deletas, ele deleta...), com registro nos principais dicionários.
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