"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Divagações de Poeta

MORTE...


Essa morte lenta de corpo e alma
Que se atormenta também me acalma!
Fugir pra morrer em outro lugar...
Fugir para qualquer lugar...
Fugir nu, barbudo, chupando abacaxi,
Sem dinheiro, sem pressa pra chegar!
Não levar ódio nem amor na bagagem,
Ir só, sem guarda-chuva nem guarda,
Desprotegido numa chuva de lascar...
Chegar sabe lá onde, deitar e dormir,
Sonhar talvez com o dia de voltar!
Essa morte lenta de corpo e alma
Que se atormenta também me acalma!
Essa morte de fincar dia após dia
Tão desnutrida e indiferente à natureza;
Não surge de repente nem é certeira,
Vem lenta, com disfarce e sutileza;
É morrer correndo ou estar parado,
Lépido, assaz, doido, feliz ou assustado;
Essa morte que está sempre presente
Do momento triste ao mais contente;
Essa ingênua progenitora das ilusões
Contida na virgem sombra das paixões!
Fugir para qualquer lugar...
Morrer talvez, mas muito longe daqui...
Morrer de asas chupando abacaxi,
Cair no mar sem braços pra nadar...
Chegar sabe lá onde, deitar e dormir,
Sonhar talvez com o dia de voltar!


Alaor Tristante Júnior
Birigüi - Araçatuba/SP

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