"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Negativismos nas cantigas infantis

Veja essas cantigas:

"Boi, boi, boi,
boi da cara preta,
Pega essa menina
que tem medo de careta..."

Como explicar para uma criança inocente que a música é uma ameaça? Algo como "dorme logo, senão o boi vem te comer"! Como explicar que eu estava tentando fazer com que ela dormisse com uma música que incita um bovino a pegar uma menina inocente?
"Nana neném
que a cuca vem pegar?..."
Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro (que fosse positiva), e de uma longa reflexão, descobri toda a origem dos problemas do Brasil. O problema do Brasil é que a sua população em geral tem uma auto-estima muito baixa. Isso faz com que os brasileiros se sintam sempre inferiores e ameaçados, passivos o suficiente para aceitar qualquer tipo de extorsão e exploração, seja interna ou externa.
Nós somos ameaçados e amedrontados desde o berço! Por isso sofremos tanto na vida e ficamos quietos. Exemplificarei minha tese:
Atirei o pau no gato-to-to
Mas o gato-to-to não morreu-reu-reu
Dona Chica-Ca-Ca admirou-se-se
Do berrô, do berrô que o gato deu
Miaaau!
Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta de respeito aos animais e crueldade.Por que atirar o pau no gato, uma criatura indefesa? E para acentuar a gravidade, ainda relata o sadismo dessa mulher sob a alcunha de "Dona Chica". Uma vergonha!!!
Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré, marré, marré.
Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré de si.
Eu sou rica, rica, rica,
De marré, marré, marré.
Eu sou rica, rica, rica,
De marré de si.
Colocar a realidade tão vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces! É impossível não lembrar do seu amiguinho rico da infância, com um carrinho fabuloso, de controle remoto, e você brincando com seu carrinho de plástico...
Vem cá, Bitu! Vem cá, Bitu!
Vem cá, meu bem, vem cá!
Não vou lá! Não vou lá, Não vou lá!
Tenho medo de apanhar.
Quem foi o sádico que criou essa rima? No mínimo ele espancava o pobre Bitú...
Marcha soldado,
cabeça de papel!
Quem não marchar direito,
Vai preso pro quartel.
De novo, ameaça! Ou obedece ou você se estrepa! Não é à toa que o brasileiro admite tudo de cabeça baixa....
A canoa virou,
Quem deixou ela virar,
Foi por causa do (fulano/a)
Que não soube remar.
Ao invés de incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras são ensinadas a dedurar e a condenar um semelhante!
Samba-lelê tá doente,
Tá com a cabeça quebrada.
Samba-lelê precisava
É de umas boas palmadas.
A pessoa, conhecida como Samba-lelê, encontra-se com a saúde debilitada e necessita de cuidados médicos. Mas, ao invés de compaixão e apoio, a música diz que ela precisa de palmadas! Acho que o Samba-lelê deve ser irmão do Bitú... Talvez pela característica do nome Samba-lelê deve ser um trabalhador negro o que demonstra um racismo claro.
O anel que tu me destes
Era vidro e se quebrou.
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou...
Como crescer e acreditar no amor e no casamento depois de ouvir essa passagem anos a fio?
O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada;
O cravo saiu ferido
E a rosa despedaçada.
O cravo ficou doente,
A rosa foi visitar;
O cravo teve um desmaio,
A rosa pôs-se a chorar.
Esta ainda incita a violência conjugal (releia a primeira estrofe).
Ah!!! Não é possível esquecer-se desta:
Passa, passa, passa três vezes...
O último que ficar
tem mulher e filhos
que não pode sustentar...
Ou seja: vá se acostumando ao desemprego e a miséria, resultado das nossas desigualdades sociais!!!

REFORMA ORTOGRÁFICA

Secretaria inicia preparação de professores para reforma ortográfica

17 mil professores são capacitados em fase inicial; Secretaria de Estado da Educação produzirá cartilhas com as novidades

A reforma ortográfica brasileira, que tem prazo para ser efetivada até o início de 2013, começa a alterar o dia-a-dia dos professores em São Paulo. A Secretaria de Estado da Educação, que reúne cerca de 250 mil professores, supervisores e diretores de escola, iniciou nesta segunda quinzena de outubro um pacote de treinamento que irá abranger toda a rede.
Cerca de 17 mil professores e professores-coordenadores da rede estadual estão recebendo, por videoconferências, treinamento sobre as novas regras para a língua portuguesa. Estes educadores, de diferentes disciplinas, terão a função de difundir conhecimento em suas respectivas unidades.
Todos os professores agora capacitados são do Ensino Médio. A Secretaria fará outras videoconferências, ainda este ano, para o Ensino Fundamental.
Outra medida já definida pela Secretaria é a criação de uma cartilha com todas as mudanças, a ser distribuída para os educadores da rede estadual. Mais: a expectativa da pasta é lançar os cadernos dos professores de língua portuguesa (distribuídos a todos os docentes da disciplina a cada bimestre) respeitando as regras da nova ortografia.
"Temos prazo até o fim de 2012, mas já começamos a capacitar os professores. É um trabalho difícil, na maior rede do Brasil. Por isso o começo já em 2009", afirma a secretária de Estado da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A palavra mais comprida da língua

Você está lembrado daquela turminha famosa do Sítio do Picapau Amarelo, que partiu para um passeio ao País da Gramática? Pois é. Entre outras coisas interessantes, eles se defrontaram com “a palavra mais comprida da língua”. Vamos aos fatos.

“Era uma curiosidade de museu que ali estava em exibição pública. Um grande letreiro dizia: ‘A palavra mais comprida da língua. Entrada franca’.
Os meninos precipitaram-se para ver o fenômeno e de fato viram num cercado de arame, espichada no chão que nem jibóia, a palavra anticonstitucionalissimamente.
— Irra! — berrou a boneca. — Uma, duas, três, quatro... Vinte e nove letras tem este formidável advérbio!...
— Treze sílabas! Cáspite!... acrescentou Pedrinho.”

LOBATO, Monteiro. Emília no País da Gramática. 11. ed. São Paulo: Brasiliense. P. 43.


De fato, a palavra citada na narrativa de Monteiro Lobato é bastante comprida. Mas além desta, andou-se falando por aqui e por ali, sobre a existência de outra palavra imensamente mais extensa que aquela encontrada pela turminha do famoso sítio. É a palavra pneumoutramicroscopicossilicovulcanoconiótico, de quarenta e cinco letras, que dizem ser o estado em que uma pessoa fica quando aspira cinzas vulcânicas, diz-se que é uma doença.
Uma palavra como esta, que pode até constar em um ou outro dicionário de termos técnicos de determinadas áreas das ciências, mas pelo fato de ainda não estar devidamente reconhecida pelos gramáticos e dicionaristas, não pode ser efetivamente aceita no vocabulário usual da língua portuguesa falada e escrita.

domingo, 26 de outubro de 2008

NEOLOGISMOS

Neologismo é a denominação dada a uma palavra recém-criada ou mesmo a uma que adquire um novo significado; neologismar é o ato de criar e/ou empregar neologismos.
Como exemplo, podemos citar o caso do cybercafé, que é uma palavra recém-criada, sem registro, ainda, nos dicionários. O mesmo ocorre com cyberpirata (pessoa que viola sistema pela internet), e-governo (atendimento eletrônico de órgãos governamentais pela internet) e tantos outros termos que surgiram (e surgem!) desde o advento da informática e da internet.
Já com a palavra tucano, num outro exemplo, ocorre outro fenômeno lingüístico. Tradicionalmente, nomeia uma espécie de ave, um povo indígena do Alto Rio Negro e uma constelação. Nas ultimas eleições do século XX, um novo partido político adotou a ave como símbolo; a partir de então, criaram-se neologismos: tucano empregado como substantivo ou adjetivo para designar um político ligado ao partido ou referir-se a ele (Os tucanos votaram contra o projeto... O governador tucano compareceu à cerimônia...) e tucanar (o vereador tucanou e não compareceu à sessão...).
Entretanto, para neologismar, não basta apenas criatividade; é necessário obedecer a certas normas da língua para compor os vários segmentos que formam a estrutura da palavra. Caso contrário, torna-se impossível decodificá-la. Com os verbos, há uma regra: todos os verbos devem pertencer à primeira conjugação.
Veja o caso do verbo inglês to delete, que nomeia uma função em todos os teclados de computadores. Embora existam equivalentes na língua portuguesa — apagar, remover, suprimir —, o vocabulário foi perfeitamente assimilado e aportuguesado: ao radical delet- foi acrescentada a vogal temática de primeira conjugação, resultando no tema deleta, ao qual se acrescentou a desinência do infinitivo, surgindo o verbo deletar (eu deleto, tu deletas, ele deleta...), com registro nos principais dicionários.

sábado, 25 de outubro de 2008

Quando se explica a poesia, ela se torna banal


A frase que dá o título a este post está no livro [e filme homônimo] "O carteiro e o poeta", que narra a história de parte da vida do poeta chileno Pablo Neruda (Philippe Noiret), quando este por razões políticas se exila numa remota ilha do Mediterrâneo, na Itália. Lá um desempregado (Massimo Troisi) quase analfabeto é contratado como carteiro extra, encarregado de cuidar da correspondência do poeta, e gradativamente entre os dois se forma uma sólida amizade. É a história de um carteiro recebe a ajuda de Pablo Neruda a fim de conquistar o amor de sua vida.
Mário Ruppolo vive à beira-mar com o pai; este um pescador como a maioria dos homens da localidade. Acontece que Mário não quer ser mais um deles; tem até alergia. Para fugir um pouco da pregação do pai, divide seu tempo entre longos passeios, e quando pode, vai ao cinema.
Ao ver uma vaga nos Correios, vê a chance de unir seu gosto pelos passeios com sua bicicleta, a um trabalho longe das pescarias. Aliado a isso, o prazer em ter um contato maior com Pablo Neruda, que se encontra em exílio político.
Aos poucos, as barreiras entre esses dois homens vão se quebrando. Surgindo uma amizade. Mário, em sua simplicidade, ganha o carinho de Neruda. Que o ajuda a vencer a timidez para se aproximar de sua amada Beatrice.
Com o término do exílio, Neruda vai embora. Mário, por sua vez já está casado. Mas não é mais o homem de outrora. Quer agora falar e muito. Então se engaja na política de oposição.
Ao contato com a realidade vivida pelos dois protagonistas do enredo, pode-se inferir que existe uma instigante semelhança entre a atividade do carteiro e a do poeta... Ambos trabalham com a palavra, com a mensagem, com a comunicação. O papel deste complementa o daquele e vice-versa. Com enfrentamento e sutileza, ambos seguem transformando o entorno e o mundo, criando e ressignificando um lugar para si mesmos dentro da própria história. O mundo é uma grande metáfora, e só falta entendermos o propósito desta interpretação e levarmos adiante esta maravilhosa mensagem.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Evanildo Bechara

Nosso gênio da língua. Professor Emérito 2008 – Troféu Guerreiro da Educação por sua magnífica atuação no magistério, nos últimos 60 anos.

O maior filólogo dos países lusófonos da Europa, da África, da Ásia e das Américas. Empenha-se na implantação da reforma ortográfica da língua portuguesa e divide seu saber lingüístico entre cátedras de universidades do Rio de Janeiro e de Coimbra. Ademais, integra a Academia Brasileira de Letras, onde, desde o ano 2000, ocupa a cadeira de número 33. Sucedeu Afrânio Coutinho, um dos maiores críticos e historiadores da literatura brasileira. Na ABL integra a comissão de Lexicografia e Lexicologia e também a direção da Biblioteca Rodolfo Garcia. Conhecido em todo o mundo universitário por sua complexa, volumosa e qualificadora obra, que supera uma centena de títulos do mais rigoroso enquadramento cientifico, tem ultimamente atuado no eixo Brasil-Portugal, a serviço da defesa da “última flor do Lácio”, como gostava Bilac de referir-se à língua vernácula.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

... uma antiga classe chamada professores

Brasília, 15 de outubro de 2268.

Excelentíssimo Senhor Presidente da República do Brasil,

Erradicamos a pobreza e muitas doenças. A distribuição de renda prima pela eqüidade, o que permitiu o decréscimo da violência. Revertemos o efeito estufa e o aquecimento global não mais ameaça a existência dos seres vivos. Nossas indústrias são ecotecnológicas. A expectativa de vida é alta e a taxa de mortalidade quase inexistente.
Condições de trabalho satisfatórias e a medicina preventiva têm feito as pessoas adiarem a aposentadoria, desafogando o sistema de previdência. Um judiciário eficiente acabou com a corrupção.
Contudo, a Educação de nossas crianças e jovens preocupa. Desde a implantação do sistema educacional robótico, mediado por computadores, percebemos que os estudantes estão perdendo a capacidade de compreensão do todo, tornando-se incapazes de pensar por si mesmos.
Todo o sistema é previsível: para um problema de Química, apertar o botão Q36; para um fato histórico, aperta-se o H43; para a Redação, o código 53, que, seguido do gênero, traz um texto pronto. Matemática já não é mais um problema, como foi para os nossos antepassados: o programa Hackermats num só clique resolve qualquer desafio. Viajar? Bastam simuladores.
Acredito que, se acontecer dos nossos supergeradores entrarem em pane, nossa sociedade será destruída, pois quem conseguiria sobreviver sem os botões da vida ultramoderna?
Soube de uma antiga classe chamada professores, especialistas em fazerem pessoas pensarem de forma autônoma, um grupo dos ofícios já extintos, desenvolvidos pelos grandes mestres, que envolvia processos complexos, de dimensões técnicas, éticas e estéticas, entre outras. Tiveram grandes conflitos: às vezes eram considerados sacerdotes e salvadores e em outras, grandes vilões. Trabalhavam em condições precárias e exigia-se deles o uso de recursos mais modernos. Eram exaltados e ao mesmo tempo enxovalhados. Quando lhes tiraram a autonomia intelectual, não resistiram e pereceram.
Peço, Vossa Excelência, que resgatemos esses profissionais para não morrermos num mar perigoso disfarçado de calmaria. Compreendemos agora, a duras penas, que uma sociedade se faz com uma juventude crítica e quem pode construí-la é um profissional insubstituível chamado professor.

Atenciosamente,

Sócrates de Paulo Freire
Ministro da Educação

LIVROS

Algumas sugestões de leituras que podem contribuir para uma formação mais humanista


1. O capital
Karl Max

2. A ética protestante e o espírito capitalista
Max Weber

3. Casa grande & Senzala
Gilberto Freire

4. A República
Platão

5. O Príncipe
Nicolau Maquiavel

6. Dom Quixote
Miguel de Cervantes

7. Manifesto Comunista
Karl Max

8. Raízes do Brasil
Sérgio Buarque de Holanda

9. A ideologia alemã
Karl Max

10. Memórias póstumas de Brás Cubas
Machado de Assis

11. A era dos extremos
Eric Robsbawm

12. Grande Sertão: Veredas
Guimarães Rosa

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Celular nas escolas

Se você ainda tivesse dez anos, o que gostaria de ganhar no Natal? Uma roupa, um brinquedo ou um celular? Os dois últimos provavelmente ficariam empatados. Os filhos querem, e os pais, por sua vez, estão comprando aparelhos com o objetivo de monitorar seus pequenos. Porém, o presente ainda é um problema nas escolas. Algumas delas proibiram o uso do celular em sala de aula, e tem até discussão nas Assembléias Legislativas para tornar a proibição uma lei.

Será que a melhor saída é resistir à tecnologia? Ou incorporá-la ao cotidiano das escolas, transformando o celular em suporte pedagógico? Já pensou em acessar do celular o conteúdo da disciplina, e postar seu trabalho ou as fotos da aula no seu blog? Lá fora os educadores acreditam que é possível ensinar valores usando as novas mídias, para tornar o aprendizado mais dinâmico e interessante. Já foi até criado um nome para o método de ensino via celular, o M-learning. A Escola Secundária Carlos Amarante-Braga, de Portugal, por exemplo, está super antenada com essa tendência.
(...)

Leia mais em
http://www.vivoblog.com.br/celular-nas-escolas.html

domingo, 19 de outubro de 2008

Catequese na escola

Continua na Assembléia Legislativa de São Paulo o projeto de lei “Deus na Escola” de autoria da deputada Maria Lúcia Amary líder do PSDB. Aprovado em agosto de 2007 e à espera da sanção (ou veto) do governador José Serra.
De acordo com a legisladora os deputados estaduais paulistas pretendem melhorar a relação entre alunos e professores no ensino público, além de resolver parte dos problemas de violência e drogas nas escolas, com aulas de religião.
"Será uma oportunidade de oferecer conceitos de respeito, esperança, fé e amor a uma geração que tem valores distorcidos", acredita a deputada Maria Lúcia Amary. Sua idéia baseou-se na experiência da cidade de Sorocaba, onde o ex-prefeito Renato Amary, seu marido, instituiu recentemente o ensino religioso na grade curricular das escolas municipais.
De acordo com o projeto de lei por meio de leituras de parábolas da Bíblia, os alunos são levados a refletir sobre Deus em sua vida e os papéis que desempenham como cristãos.
Em Sorocaba os estudantes não são obrigados a participar das aulas, dadas uma vez por semana durante o recreio ou no fim do dia letivo. Segundo Maria Lúcia, funcionaria assim também no restante do estado. As cartilhas para o ensino seriam formuladas por um grupo de educadores, pastores e padres - líderes de outras religiões, como umbanda, judaísmo ou islamismo, não participariam da elaboração do material didático-religioso.
Críticos afirmam que o projeto de lei “Deus na Escola” fere o princípio do estado laico e não respeita a liberdade de escolha. Segundo o artigo 19 da Constituição, os governos não podem estabelecer cultos religiosos ou subvencioná-los. "É dessa armadilha que o governador deve escapar, vetando o projeto de lei", diz Roseli Fischmann, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).


do blog
http://edilvabandeira.zip.net/

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A Divina Comédia

Divina Comédia é a obra prima de Dante Alighieri, um poema narrativo que narra uma odisséia pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, descrevendo cada etapa da viagem. Dante, o personagem da história, é guiado pelo inferno e purgatório pelo poeta romano Virgílio, e no céu por Beatriz, musa em várias de suas obras. Veja as primeiras estrofes do Inferno:

Nel mezzo del cammin di nostra vita
mi ritrovai per una selva oscura
ché la diritta via era smarrita.

Ahi quanto a dir qual era è cosa dura
esta selva selvaggia e aspra e forte
che nel pensier rinova la paura!

Tant'è amara che poco è più morte;
ma per trattar del ben ch'i' vi trovai,
dirò de l'altre cose ch'i' v'ho scorte.

Io non so ben ridir com'i' v'intrai,
tant'era pien di sonno a quel punto
che la verace via abbandonai.

A Divina Comédia excerceu grande influência em poetas, músicos, pintores, cineastas e outros artistas nos últimos 700 anos. Desenhistas e pintores como Gustave Doré, Sandro Botticelli, Salvador Dali, Michelangelo e William Blake estão entre os ilustradores de sua obra. Os compositores Robert Schumann e Gioacchino Rossini traduziram partes de seu poema em música e o compositor húngaro Franz Liszt usou a Comédia como tema de um de seus poemas sinfônicos. O escultor Auguste Rodin usou a Comédia como inspiração para suas principais obras, entre elas, O Pensador, que representa o próprio Dante.

Veja um estudo mais detalhado em:
http://www.stelle.com.br/pt/index_comedia.html

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Dicas de Português

ESTE ou ESSE?

Quando o assunto é a língua portuguesa, eu concordo que sempre existirão dúvidas. Tenho percebido em vários usuários que, diante da construção de uma frase, não sabem se devem usar este ou esse. Vamos a uma explicação rápida e objetiva:

Este // esta: Usado nos casos em que a pessoa ou coisa está próxima de quem fala.
Exemplos: Esta moça é minha namorada; este carro é meu meio de transporte.

Também são usados quando nos referirmos a um lugar onde alguém está.
Exemplos: Este hotel pertenceu à família de uma amiga; esta piscina precisa ser reformada.

Indicam, ainda, um período de tempo que ainda não terminou.
Exemplos: Este mês estaremos em Lisboa; esta semana começo em um novo emprego.

Pode-se usar o este ou esta para, numa oração, identificar o termo mais próximo.
Exemplos: Joana e Cláudia estavam no mesmo avião; esta (Cláudia), porém, desceria em Havana.

Esse //essa: Usado nos casos em que a pessoa ou coisa está afastada de quem fala.
Exemplos: Preciso que você me empreste esse livro; cuidado, essa cadeira está quebrada.

Esse ou essa pode ser usado para designar alguma coisa que já passou.
Exemplo: Esse mês (que passou) foi o pior para o comércio.


***
Fiquem atentos, também, para o uso do aquele, tal, isto, isso e aquilo.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Prêmio Nobel de Literatura / 2008



Leia trecho do romance "O Africano", de
Jean-Marie Gustave Le Clézio

Aos oito anos de idade, mais ou menos, vivi na África ocidental, na Nigéria, numa região muito isolada onde não havia europeus, à exceção de meu pai e minha mãe, e onde a humanidade, para a criança que eu era, se constituía unicamente de iorubás e ibos. Na choupana em que nós morávamos (a palavra choupana tem algo de colonial que hoje em dia pode chocar, mas que descreve bem a residência funcional prevista pelo governo inglês para os médicos militares, uma laje de cimento por piso, quatro paredes de blocos sem emboço, um telhado de chapas onduladas recoberto de folhas, nenhuma decoração, redes penduradas nas paredes para servir de camas e, única concessão ao luxo, um chuveiro ligado por canos de ferro a uma caixa d'água no telhado, que esquentava ao sol), nessa choupana portanto não havia espelhos, nem quadros, nada que pudesse lembrar-nos do mundo em que tínhamos até então vivido. Um crucifixo que meu pai pendurara na parede, mas sem representação humana. Foi aí que eu aprendi a esquecer. Parece-me que da entrada nessa choupana, em Ogoja, é que data o apagamento de meu rosto e dos rostos daqueles, todos eles, que me rodeavam.


Fonte: www.folha.com.br/082831

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Dia dos Professores

Professor é o sal da terra e a luz do mundo.
Sem vós tudo seria baço, e a terra escura.
Professor, faz de tua cadeira a cátedra de um mestre.
Se souberes elevar teu magistério, ele te elevará à magnificência...
... Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Melhor professor nem sempre é o de mais saber e, sim, aquele que, modesto, tem a faculdade de manter o respeito e a disciplina da classe.

Cora Coralina

AO MESTRE COM CARINHO

O filme "Ao Mestre com Carinho" foi baseado em um livro de mesmo nome, publicado em 1959. O autor do livro, Edward Ricard Braithwhite, nascido na Guiana, o escreveu tomando como base suas experiências como professor.
O drama traz a história de Mark Thackeray, engenheiro desempregado que vai lecionar em uma escola no bairro operário de East End em Londres. Lá, o professor depara-se com uma classe pouco interessada em aprender, mas muito disposta a 'destruir' tudo, inclusive o professor novato. Este, porém, não se intimida – pelo contrário – e 'enfrenta' os alunos, mostrando-lhes a importância da vida e das responsabilidades e os tratando como jovens adultos que são. Dessa forma, o professor faz os alunos entenderem os significados das palavras respeito e responsabilidade.
Além disso, a trama mostra como a relação professor-aluno é essencial. Como por meio de medidas diferentes das usuais pode-se mudar uma realidade, em princípio, “perdida”. Talvez seja essa a mensagem principal do filme: por que não fazer diferente e acreditar no potencial de vida que existe em cada um dos alunos? Por que não mudar, respeitando, claro, as regras de ética e respeito mútuo?
Querem saber como termina o filme? O professor Mark Thackeray recebe um convite para voltar à engenharia. Se ele aceita? Melhor manter o suspense: vale a pena alugar o filme e (re)ver a história.
Um belo filme que serve, também, como base para nossas reflexões sobre o que é ensinar (e as responsabilidades que essa tarefa agrega) e também sobre nossas práticas sejam como alunos ou professores.


TO SIR WITH LOVE (filme). James Clavell. 1994. 105 min. son. color
Letras de Músicas – Terra: www.letras.mus.br
65 anos de Cinema: www.65anosdecinema.pro.br
Planeta Educação: www.planetaeducacao.com.br

Origem da @ arroba

Na idade média os livros eram escritos pelos copistas à mão. Precursores da taquigrafia, os copistas simplificavam o trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios, por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava naquele tempo). O motivo era de ordem econômica: tinta e papel eram valiosíssimos.
Foi assim que surgiu o til (~), para substituir uma letra (um "m" ou um "n") que nasalizada a vogal anterior. Um til é um enezinho sobre a letra, pode olhar.
O nome espanhol Francisco, que também era grafado "Phrancisco", ficou com a abreviatura "Phco." e "Pco". Daí foi fácil Francisco ganhar em espanhol o apelido Paco.
Os santos, ao serem citados pelos copistas, eram identificados por um feito significativo em suas vidas. Assim, o nome de São José aparecia seguido de "Jesus Christi Pater Putativus", ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde os copistas passaram a adotar a abreviatura "JHS PP" e depois "PP". A pronúncia dessas letras em seqüência explica porque José em espanhol tem o apelido de Pepe.
Já para substituir a palavra latina et (e), os copistas criaram um símbolo que é o resultado do entrelaçamento dessas duas letras: &. Esse sinal é popularmente conhecido como "e comercial" e em inglês, tem o nome de ampersand, que vem do and (e em inglês) + per se (do latim por si) + and.
Com o mesmo recurso do entrelaçamento de suas letras, os copistas criaram o símbolo @ para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o sentido de "casa de".
Veio a imprensa, foram-se os copistas, mas os símbolos @ e & continuaram a ser usados nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço - por exemplo : o registro contábil "10@£3" significava "10 unidades ao preço de 3 libras cada uma". Nessa época o símbolo @ já ficou conhecido como, em inglês como at (a ou em).
No século XIX, nos portos da Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar práticas comerciais e contábeis dos ingleses. Como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses atribuíam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo seria uma unidade de peso. Para o entendimento contribuíram duas coincidências:
1- a unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cujo "a" inicial lembra a forma do símbolo;
2- os carregamentos desembarcados vinham freqüentemente em fardos de uma arroba. Dessa forma, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registro de 10@£3 assim: "dez arrobas custando 3 libras cada uma". Então o símbolo @ passou a ser usado pelos espanhóis para significar arroba.
Arroba veio do árabe ar-ruba, que significa "a quarta parte": arroba (15 kg em números redondos) correspondia a ¼ de outra medida de origem árabe (quintar), o quintal (58,75 kg).
As máquinas de escrever, na sua forma definitiva, começaram a ser comercializadas em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originais datilografados). O teclado tinha o símbolo "@", que sobreviveu nos teclados dos computadores.
Em 1972, ao desenvolver o primeiro programa de correio eletrônico (e-mail), Roy Tomlinson aproveitou o sentido “@" (at), disponível no teclado, e utilizou-o entre o nome do usuário e o nome do provedor. Assim "Fulano @ Provedor X" ficou significando "Fulano no provedor X".
Em diversos idiomas, o símbolo "@" ficou com o nome de alguma coisa parecida com sua forma, em italiano chiocciola (caracol), em sueco snabel (tromba de elefante), em holandês, apestaart (rabo de macaco); em outros idiomas, tem o nome de um doce em forma circular: shtrudel, em Israel; strudel, na Áustria; pretzel, em vários países europeus.

Retirado do livro: A Casa da Mãe Joana, de Reinaldo Pimenta

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Fernando Pessoa

Não digas nada!

Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender -Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.

Fernando Pessoa

Dia dos Professores


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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Divagações de Poeta

MORTE...


Essa morte lenta de corpo e alma
Que se atormenta também me acalma!
Fugir pra morrer em outro lugar...
Fugir para qualquer lugar...
Fugir nu, barbudo, chupando abacaxi,
Sem dinheiro, sem pressa pra chegar!
Não levar ódio nem amor na bagagem,
Ir só, sem guarda-chuva nem guarda,
Desprotegido numa chuva de lascar...
Chegar sabe lá onde, deitar e dormir,
Sonhar talvez com o dia de voltar!
Essa morte lenta de corpo e alma
Que se atormenta também me acalma!
Essa morte de fincar dia após dia
Tão desnutrida e indiferente à natureza;
Não surge de repente nem é certeira,
Vem lenta, com disfarce e sutileza;
É morrer correndo ou estar parado,
Lépido, assaz, doido, feliz ou assustado;
Essa morte que está sempre presente
Do momento triste ao mais contente;
Essa ingênua progenitora das ilusões
Contida na virgem sombra das paixões!
Fugir para qualquer lugar...
Morrer talvez, mas muito longe daqui...
Morrer de asas chupando abacaxi,
Cair no mar sem braços pra nadar...
Chegar sabe lá onde, deitar e dormir,
Sonhar talvez com o dia de voltar!


Alaor Tristante Júnior
Birigüi - Araçatuba/SP

SOBRE A VÍRGULA

O que vocês acham da vírgula? É tão importante mesmo?

Vejam o que diz esta campanha dos 100 anos da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).


A vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.
Ela pode sumir com seu dinheiro.
R$ 23,4.
R$ 2,34.
Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.
Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.
E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.
Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.
A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.
Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.


Observe a frase:
'SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.'
Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER.
Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Escritores da Liberdade

FILME RETRATA FORÇA HUMANIZADORA DA LITERATURA















A atriz Hilary Swank vive o papel da professora Erin Gruwell.

Escritores da Liberdade (Freedom Writers, EUA, 2007, 123 min.), dirigido por Richard La Gravenese, se baseia na experiência real da professora Erin Gruwell. Erin ganhou destaque nos Estados Unidos pelo trabalho realizado com alunos considerados problemáticos, da sala 203 do Wilson High School, em Long Beach, na Califórnia. A professora tomou como base os diários de Anne Frank, sobre a perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), e os diários de Zlata Filipovic, sobre a guerra na ex-Iugoslávia, no início da década de noventa, para convidar seus alunos a refletirem sobre sua própria “guerra” e escreverem um diário. O convite se transformará numa série de escritos que mudarão a consciência dos alunos e a comunidade em que vivem. Mais uma prova de que a literatura, isto é, a reflexão profunda transformada em palavra, pode fazer uma pessoa voltar-se para o bem.

Para saber mais sobre o trabalho de Erin Gruwell, acesse o site da Fundação Escritores da Liberdade, em inglês: http://www.freedomwritersfoundation.org/.



O diário de Anne Frank
Este livro é talvez uma das obras mais vendidas e conhecidas em todo o mundo. Nele se retrata uma época histórica, 2ª guerra mundial. É um diário da vida num pequeno anexo, de 12 de Junho de 1942 a 1 de Agosto de 1944, da família de Anne Frank, uma família igual a tantas outras mas que eram judeus. Esta era uma razão de peso, do ponto de vista dos alemães, para serem perseguidos pelas tropas de Hitler. O diário transmite as angústias, as emoções de uma criança perante o terror que a cerca, sob a forma de cartas a uma amiga imaginária a que chamou de "Kitty". No início, ainda em liberdade, Anne Frank descreve o seu dia-a-dia, normal e em tudo semelhante ao dia-a-dia de qualquer adolescente de 13 anos. Progressivamente vamos sendo envolvidos na sua angústia e nos problemas de uma vida partilhada no pequeno anexo por oito pessoas. Termina com a invasão do anexo pela "Grüne Polizei", a prisão dos habitantes, que foram levados para campos de concentração. O anexo foi depois pilhado pela Gestapo.
É comovente saber que não se trata de uma simples história de ficção, mas testemunha um período crucial na história da Europa e do Mundo.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Dúvidas gramaticais

1ª) Os foras-da-lei OU os fora-da-lei?
O correto é os fora-da-lei.
Para os compostos formados com a preposição “de”, somente o primeiro elemento vai para o plural: pés-de-moleque, pães-de-ló, copos-de-leite, donas-de-casa, pores-do-sol…

O caso de fora-da-lei é que FORA é advérbio. Isso significa que é invariável (não faz plural), por isso fora-da-lei e fora-de-série não se flexionam: os fora-da-lei e os fora-de-série.

2ª) Corrimãos OU corrimões?
As duas formas são corretas e estão registradas nas edições mais recentes dos nossos principais dicionários.
Como o plural de mão é mãos, o plural original de corrimão é corrimãos.
No Brasil, a tendência natural para as palavras terminadas em “-ão” é fazer plural em “-ões”. A forma corrimões foi consagrada pelo uso e pelo tempo, por isso já aparece registrada em nossos dicionários.

3ª) Guarda civil OU guarda-civil?
Guarda civil (sem hífen) é o grupo de guardas-civis, ou seja, de guardas que não são militares.
Guarda-civil (com hífen) é cada um dos guardas que formam a guarda civil.

4ª) Por que Grajaú tem acento?
As palavras oxítonas terminadas em “u” não recebem acento gráfico: Bangu, caju, bauru, urubu, Nova Iguaçu.
Grajaú tem acento pela regra do “u” e do “i”, que recebe acento agudo quando forma hiato com a vogal anterior: Gra-ja-ú, ba-ú, sa-ú-de, ga-ú-cho, vi-ú-va, sa-ú-va, con-te-ú-do, sa-í, sa-í-da, a-tra-í-da, pos-su-í-do…
Isso explica por que Pacaembu e Parati não têm acento, mas Anhangabaú e Icaraí recebem acento agudo.

5ª) Qual é o diminutivo de MÁ?
Se o diminutivo de BOA é boazinha, o de MÁ é mazinha (sem acento agudo).
A palavra MÁ tem acento gráfico pela regra dos monossílabos tônicos. Os terminados em a(s), e(s) e o(s) devem ser acentuados graficamente: pá, já, lá, má, fé, pé, mês, três, pó, pôs…
No diminutivo, há a mudança da sílaba tônica, por isso não há acento gráfico: mazinha.

6ª) A ponto de OU ao ponto de?
1) A ponto de deve ser usado com o sentido de “prestes, próximoa”: “Ele está a ponto de ser demitido”; “Ela esteve a ponto de se casar com o seu primo”.

2) Em ao ponto de, a palavra ponto pode significar “momento oulugar determinado”: “A água chegou ao ponto de ebulição”; “O atleta já chegou ao ponto da largada”.

7ª) Em torno de OU entorno?
1) Em torno de significa “em volta de ou aproximadamente”:“Houve muitas brigas em torno do estádio”; “Havia em torno de dez mil torcedores no estádio”.

2) Entorno é substantivo, significa “o que rodeia, arredor,cercania, vizinhança”: “As brigas foram no entorno do estádio”; “Os imigrantes viviam no entorno da cidade”.

8ª) Bispa OU episcopisa?
Nos primórdios do cristianismo, mulher que exercia funções sacerdotais era chamada de episcopisa. Seria a forma feminina de bispo.
Episcopado é corporação de bispos.Hoje em dia, no catolicismo, bispo é função exclusiva para homens; mas, em outras igrejas, mulher pode ser bispo e a forma BISPA, ainda sem registro em nossos dicionários, vem sendo consagrada pelo uso.
Nada impede que, num futuro breve, a forma BISPA apareça registrada em nossos dicionários.

9ª) Demais OU de mais?
1) DEMAIS significa “excesso, muito, demasiadamente ou orestante”: “Ela trabalha demais”; “Comeu demais”; “Os demais podem voltar para casa”.

2) DE MAIS equivale a “a mais”, opõe-se a “de menos”: “Recebeudinheiro de mais (= a mais)”; “Não tem nada de mais (nada de menos)”.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Os 10 erros mais graves

Alguns erros revelam maior desconhecimento da língua que outros. Os dez abaixo estão nessa situação.

1- Quando "estiver" voltado da Europa. Nunca confunda tiver e tivesse com estiver e estivesse. Assim: Quando tiver voltado da Europa. / Quando estiver satisfeito. / Se tivesse saído mais cedo. / Se estivesse em condições.

2 - Que "seje" feliz. O subjuntivo de ser e estar é seja e esteja: Que seja feliz. / Que esteja (e nunca "esteje") alerta.

3 - Ele é "de menor". O de não existe: Ele é menor.

4 - A gente "fomos" embora. Concordância normal: A gente foi embora. E também: O pessoal chegou (e nunca "chegaram"). / A turma falou.

5 - De "formas" que. Locuções desse tipo não têm s: De forma que, de maneira que, de modo que, etc.

6 - Fiquei fora de "si". Os pronomes combinam entre si: Fiquei fora de mim. / Ele ficou fora de si. / Ficamos fora de nós. / Ficaram fora de si.

7 - Acredito "de" que. Não use o de antes de qualquer que: Acredito que, penso que, julgo que, disse que, revelou que, creio que, espero que, etc.

8 - Fale alto porque ele "houve" mal. A confusão está-se tornando muito comum. O certo é: Fale alto porque ele ouve mal. Houve é forma de haver: Houve muita chuva esta semana.

9 - Ela veio, "mais" você, não. É mas, conjunção, que indica ressalva, restrição: Ela veio, mas você, não.

10 - Fale sem "exitar". Escreva certo: hesitar. Veja outros erros de grafia e entre parênteses a forma correta: "areoporto" (aeroporto), "metereologia" (meteorologia), "deiche" (deixe), "enchergar"(enxergar), "exiga" (exija). E nunca troque menos por "menas", verdadeiro absurdo lingüístico.

Qual é a origem da palavra "candidato"

A linguagem do vestuário

Os postulantes aos cargos públicos, em Roma, vestiam-se de túnicas brancas, indício da pureza de suas intenções e, por isso, chamavam-se candidatos (de candidos-a-um).

A toga, como qualquer peça do vestuário, é uma informação indicial da função exercida pelo juiz e a cor negra sinaliza seriedade e compostura que devem caracterizá-lo.

Tem-se notado a freqüência significativa de mulheres de preto em Machado de Assis, todas, ou quase todas, viúvas. Há mesmo um conto com o título: “A mulher de preto.” De novo, a cor preta está associada ao respeito e à seriedade. Mas há quem se pergunte: Machado estaria interessado na cor preta ou nas viúvas?

domingo, 5 de outubro de 2008

SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS

Sociedade dos poetas mortos – 2004 - Filosofia/ Carpe diem.
Um carismático professor de literatura chega a um conservador colégio, onde revoluciona os métodos de ensino ao propor que seus alunos aprendam a pensar por si mesmos. Nos 129 minutos de filme, são mostrados a importância dos sentimentos humanos que superam quaisquer imposições sociais, é o íntimo de cada pessoa sendo mais valorizado que as regras impostas pelo coletivo, é a quebra para a renovação. Entretanto, a aparente quebra de regras, mostradas como sendo o eixo central da trama, se contradiz com a própria formação da Sociedade dos Poetas Mortos, onde todos têm que ler poemas, produzir versos, reunir-se em horários definidos, entre outras, para se tornarem membros efetivos. A Sociedade referencia poemas de autores renomados e dos próprios personagens, como sendo renovadores e estimuladores de ações e pensamentos. "Sociedade dos Poetas Mortos" é um filme imperdível para quem ama a educação, para quem alimenta ideais de reformular, para quem tem um profundo respeito e preocupação com essa juventude com que trabalhamos. Discutir esses temas todos, reformular as nossas práticas, alimentar nossos sonhos, rever posturas e condutas e, principalmente, olhar para nós mesmos e para nossos alunos em busca daquilo que nos faça sentir orgulho do que fizemos em nossas vidas.

Grafite é arte?

A Prefeitura de São Paulo vai pedir aos grafiteiros da cidade que façam uma relação dos painéis que devem ser protegidos, para que não corram o risco de serem apagados por engano. Além disso, a prefeitura pretende mapear os grafites que estão deteriorados e providenciar a restauração. A idéia surgiu depois que um painel de 700m² pintado pela dupla de grafiteiros Gustavo e Otávio Pandolfo (Os Gemeos) foi apagado por uma empresa terceirizada que prestava serviço para a prefeitura.
A proposta divide opiniões. Para Gustavo Pandolfo, as grafitagens mais importantes já foram apagadas e a restauração permanente das obras depende de apoio da prefeitura ou de um patrocinador, pois fica oneroso para o artista arcar com os custos sozinho.
O grafiteiro Binho Ribeiro propõe que seja estabelecida uma política pública sobre arte de rua em São Paulo e que haja áreas destinadas à pintura de grafite. Ele sugere também a criação de uma curadoria na prefeitura para projetos de intervenção urbana.

http://www.jornaldedebates.ig.com.br/

REFORMAS ORTOGRÁFICAS

BREVE MEMÓRIA DAS REFORMAS ORTOGRÁFICAS NO BRASIL
pelo professor José Carlos de Azeredo


Antes da reforma de 1931*
“Elles estão tranquillos, porque provavelmente não crêm em phanthasmas”

Após as reformas de 1931 e 1943:
“Eles estão tranqüilos, porque provàvelmente não crêem em fantasmas”

Após as alterações de 1971:
“Eles estão tranqüilos, porque provavelmente não crêem em fantasmas”

Após a nova ortografia, a vigorar a partir de janeiro de 2009:
“eles estão tranquilos, porque provavelmente não crêem em fantasmas”


* (acordo Brasil-Portugal), que entrou em vigor em 1933.

Florbela Espanca

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus barcos...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...


Florbela Espanca

sábado, 4 de outubro de 2008

AS PRINCIPAIS MUDANÇAS DO ACORDO ORTOGRÁFICO NO BRASIL

PAROXÍTONAS
>> Não são assinalados com acento gráfico os ditongos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas. Ex.: ideia (antes: idéia), jiboia (antes: jibóia)

>> Não são assinalados com acento gráfico as formas verbais creem, deem, leem e veem e seus derivados (descreem etc.)

>> Não é assinalado com acento gráfico o penúltimo “o” do hiato “oo(s)”. Ex.: voos, enjoos

>> Não são assinalados com acento gráfico as palavras homógrafas. Ex.: para (verbo) e para (preposição), pelo (verbo) e pelo (substantivo); é mantido o acento em “pôde” para diferenciar de “pode”

OXÍTONAS E PAROXÍTONAS
>> Não são assinaladas com acento gráfico as paroxítonas cujas vogais tônicas “i” e “u” são precedidas de ditongo crescente. Ex.: feiura (antes: feiúra)

>> Não se assinala com acento agudo o “u” tônico de formas rizotônicas de arguir e redarguir. Ex.: arguis, argui (antes: argúi, argúis)

TREMA
>> Totalmente eliminado das palavras portuguesas ou aportuguesadas. Ex.: cinquenta, tranquilo; mantido em nomes próprios e derivados, como mülleriano, de Müller

>> São aglutinadas palavras em que o falante perdeu a noção da composição. Ex.: paraquedas (antes: pára-quedas)



Fonte: “Escrevendo pela Nova Ortografia” (Publifolha e Instituto Houaiss)

O último discurso

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu oficio. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar --- se possível --- judeus, o gentio... negros... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo --- não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo a fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora... milhões de desempregados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que podem me ouvir eu digo: “Não desespereis!” a desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura dos homens que temem o progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as nossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquinas! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em nossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro dos homens --- não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder --- o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa.
Portanto --- em nome da democracia --- usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão!
Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e a prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo das trevas para a luz! Vamos entrando num mundo novo --- um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

( O grande ditador)


Charles Chaplin

“Não sois máquinas! Homens é que sois!”

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Cântico negro

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!


José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores da revista "Presença", e o seu principal animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta. que primeiramente se impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Com o livro de estréia — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.

DITADOS POPULARES

As coisas boas da vida, ou são pecado, ou engordam
Cavalo dado não se olha os dentes
De tostão em tostão vai-se ao milhão
De poeta, medico e louco, cada um tem um pouco
Deus dá a farinha e o diabo fura o saco
Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas
Em tempo de guerra, urubu é frango
Existem pessoas que nascem sorrindo, vivem fingindo e morrem mentindo
Goiabada na beira de estrada, ou é verde ou esta bichada
Laranja na beira de estrada ou é azeda ou tem marimbondo no pé.
Macaco velho não põe a mão em cumbuca.
Mulher e cachaça em toda parte se acha.
Melhor perder um minuto da vida que a vida em um minuto.
Não se deve dar pérolas aos porcos
Não há mal que perdure, não há dor que não se cure
Os maiores venenos estão nos menores frascos
O homem é fogo, a mulher estopa, o diabo assopra
O olho do dono é que engorda o cavalo
O tempo cicatriza as feridas do corpo e da alma
O sábio não diz o que sabe, o tolo não sabe o que diz
Os melhores perfumes estão nos menores frascos
Passarinho que anda com morcego acaba dormindo de ponta cabeça
Papagaio come milho, periquito leva a fama
Quem tem telhado de vidro não joga pedras no vizinho
Quanto maior é o coqueiro maior o tombo do coco
Quem nasceu pra dez réis não chega a vintém
Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte é tolo ou não tem arte
Quem diz o que quer ouve o que não quer
Quando a razão fala presta atenção no que diz
Quem vive na ignorância, aporta na escuridão
Quem conta um conto aumenta um ponto
Quando a cabeça não pensa o corpo padece
Rapadura é doce, mas não é mole não
Se conselho fosse bom mesmo, ninguém dava de graça
Se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até Maomé
Se os "ses" fossem feijões ninguém morreria de fome
Sempre existe um chinelo velho para um pé torto
Trigo e gratidão só crescem em boa terra e em boa alma
Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades
Zebra sem lista é cavalo

Oração do Estudante

Senhor, eu sou estudante, e por sinal, inteligente.
Prova isto o fato de eu estar aqui,
Conversando com você.

Obrigado pelo Dom da inteligência
Pela possibilidade de estudar.
Mas, como você sabe, Cristo, a vida
De estudante nem sempre é fácil

A rotina cansa e o aprender
Exige uma série de renúncias,
O meu cinema, o meu jogo preferido,
Os meus passeios e
Também alguns dos meus programas de TV.

Eu sei que preparo hoje o meu amanhã.

Por isso, eu lhe peço, Senhor,
Ajuda-me a ser um bom estudante.

Dá me coragem e entusiasmo o cada dia
Para recomeçar.

Abençoa a mim, a minha família e minha turma e os meus professores.

Amem.

Para mascar com chiclets

Quem subiu, no novelo do chiclets,
ao fim do fio ou do desgastamento,
sem poder não sacudir fora, antes,
a borracha infensa e imune ao tempo;
imune ao tempo ou o tempo em coisa,
em pessoa, encarnado nessa borracha,
de tal maneira, e conforme ao tempo,
o chiclets ora se contrai, ora se dilata,
e consubstante ao tempo, se rompe,
interrompe, embora logo se reemende,
e fique a romper-se, a reemendar-se,
sem usura nem fim, do fio de sempre.
No entanto quem, e saberente que ele
não encarna o tempo em sua borracha,
quem já ficou num primeiro chiclets
sem reincidir nessa coisa (ou nada).

João Cabral de Melo Neto, A Educação pela Pedra.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Chega de prosa

Você diz que não me quer
E fica com esse papo de amigo
Não fique brincando de amor
Brincar com o coração é um perigo.

Fica a proclamar tua liberdade
E ignoras quem profundamente te ama
Mas quando a solidão se torna verdade
Retorna sofregamente à minha cama.

No vai e vem desta relação intrigada
Na indiferença da existência humana
Por que tanta conversa mole?

Deixe de lado o orgulho gelado
Fruto de uma superficialidade insana
Quem ama não brinca... Quem brinca não ama!


Juarez Firmino

Adélia Prado

Homilia

Quem dentre vós
dirá convictamente:
os alquimistas morreram
- aqueles simples -
morreram os conquistadores,
os reis
os tocadores de alaúde,
os mágicos.
Oh, engano!
a vida é eterna, irmãos,
aquietai-vos,
pois, em vossas lidas,
louvai a deus e reparti a côdea
o boi, vosso marido e esposa
e sobretudo
e mais que tudo
a palavra sem fel.


Adélia Prado