domingo, 30 de abril de 2017
O modelo comunicativo de Roman Jacobson
Um dos modelos mais utilizados por
professores de português para explicar a comunicação humana nasceu — quem
diria? — na matemática. Tudo começou em 1948, quando o matemático e engenheiro
elétrico Claude Shannon publicou um artigo chamado “Uma teoria matemática da
comunicação”. Shannon era pesquisador dos Laboratórios Bell, ligados à gigante
norte-americana das computações AT&T, e buscava maneiras de tornar mais
eficientes os telégrafos e aparelhos de telefonia da época. Sua grande
preocupação era evitar o ruído, isto é, as interferências que
prejudicavam a perfeita transmissão da mensagem entre um aparelho e outro.
No ano seguinte, a teoria de Shannon
foi publicada em um livro com prefácio de Warren Weaver, outro matemático e
engenheiro. Weaver — que também era um ótimo relações-públicas — enviou um
exemplar da obra a Roman Jakobson, renomado linguista de origem russa que
lecionava na Universidade de Harvard. O linguista ficou fascinado com a nova
teoria e considerou que ela também se aplicava à comunicação humana. Nascia,
assim, a versão mais clássica do modelo comunicativo,
divulgada por Jakobson nos anos 1960 e comunicação humana estão presentes seis
elementos:
De
acordo com esse modelo, em qualquer ato de comunicação humana estão presentes
seis elementos:
· a mensagem —
o conjunto de informações que se quer transmitir;
· o emissor ou remetente —
aquele de quem parte a mensagem;
· o receptor ou destinatário —aquele
a quem se destina a mensagem;
· o código —
um sistema de signos que emissor e receptor precisam compartilhar, total ou
parcialmente, para que haja a comunicação;
· o canal ou contato —
o meio físico pelo qual emissor e receptor se comunicam;
· o referente ou contexto —
o assunto da mensagem, aquilo a que ela se refere.
Assim, por exemplo, se você enviar um
torpedo a um amigo convidando-o para uma festa, a mensagem será o conteúdo do
torpedo, ou seja, o conjunto de palavras que o compõem. O emissor será você, e
o receptor, seu amigo. O código será a língua portuguesa, o canal será o
celular e o referente será a festa, pois é a ela que a mensagem se refere.
Se você preferir fazer o convite
pessoalmente, quase todos os elementos permanecerão inalterados, quase todos os
elementos permanecerão inalterados — exceto o canal, que passará a ser o ar,
pelo qual sua voz se propagará. Vale lembrar, ainda, que, em um evento
comunicativo dinâmico como a conversa face a face, emissor e receptor trocam o
tempo todo de posição, de acordo com aquele que está falando ou ouvindo em cada
momento.
Vamos a outro exemplo, imagine que
você esteja dirigindo por uma estrada e depare com uma placa [com o desenho
de uma ponte em que as metades inclinam liberando o rio para a navegação de
embarcações]. Neste caso, o emissor é o órgão responsável
pelo controle do trânsito, os receptores são você e os demais
motoristas. O canal é a placa em si, o código é
o conjunto dos sinais de trânsito do país e a mensagem —
expressa segundo os símbolos desse código — é “ponte móvel adiante”. Por fim, o referente é
a ponte em questão; não qualquer uma, mas especificamente aquela que se
encontra adiante, na estrada. Observe que se o receptor não conhecer o código
(as placas de trânsito do país), não saberá interpretar a mensagem. Daí termos
afirmado que emissor e receptor precisam compartilhar o código, ainda que
parcialmente.
Adaptado:
GUIMARÃES, Thelma de Carvalho. Comunicação e linguagem. São
Paulo: Pearson, 2012.
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