domingo, 18 de outubro de 2015
O quinze
Rachel
de Queiroz
O primeiro e mais popular romance de Rachel de
Queiroz é “O Quinze”, uma obra do Modernismo de 1930. O título se refere a
grande seca de 1915, vivida pela escritora em sua infância. O romance se dá em
dois planos, um enfocando o vaqueiro Chico Bento e sua família, o outro a relação
afetiva de Vicente, rude proprietário e criador de gado, e Conceição, sua prima
culta e professora.
Vicente e
Conceição
Conceição é apresentada
como uma moça que gosta de ler vários livros, inclusive de tendências
feministas e socialistas o que estranha a sua avó, Mãe Nácia representante das
velhas tradições. No período de férias, Conceição passava na fazenda da família,
no Logradouro, perto do Quixadá. Apesar de ter 22 anos, não dizia pensar em
casar, mas sempre se "engraçava" ao seu primo Vicente. Ele era o
proprietário que cuidava do gado, era rude e até mesmo selvagem.
Com o advento
da seca, a família de Mãe Nácia decide ir para cidade e deixar Vicente cuidando
de tudo, resistindo. Trabalhava incessantemente para manter os animais vivos.
Conceição, trabalhava agora no campo de concentração onde ficavam alojados os
retirantes, e descobre que seu primo estava "de caso" com "uma
caboclinha qualquer". Enquanto ela se revolta, Mãe Nácia à consola dizendo:
"Minha filha, a vida é assim mesmo... Desde
hoje que o mundo é mundo... Eu até acho os homens de hoje melhores."
Vicente se
encontra com Conceição e sem perceber confessa as temerosidades dela. Ela começa
a trata-lo de modo indiferente. Vicente se ressente disso e não consegue
entender a razão.
As irmãs de
Vicente armam um namoro entre ele e uma amiga, a Mariinha Garcia. Ele porém se
espanta ao "saber" que estava namorando, dizendo que apenas era solícito
para com ela e não tinha a menor intenção de comprometimento.
Conceição
percebe a diferença de vida entre ela e seu primo e a quase impossibilidade de
comunicação. A seca termina e eles voltam para o Logradouro.
Chico Bento e
sua família
Sem dúvida a
parte mais importante do livro. Apresenta a marcha trágica e penosa do vaqueiro
Chico Bento com sua mulher e seus 5 filhos, representando os retirantes. Ele é forçado
a abandonar a fazenda onde trabalhara. Junta algum dinheiro, compra mantimentos
e uma burra para atravessar o sertão. Tinham o intuito de trabalhar no Norte,
extraindo borracha.
No percurso, em
momento de grande fome, Josias, o filho mais novo, come mandioca crua,
envenenando-se. Agonizou até a morte. O seu fim está bem descrito nessa
passagem:
"Lá se tinha ficado o Josias, na sua cova à
beira da estrada, com uma cruz de dois paus amarrados, feita pelo pai.
Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de fome,
estrada afora. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida, para
cair depois no mesmo buraco, à sombra da mesma cruz."
Uma cena
marcante na vida do vaqueiro foi a de matar uma cabra e depois descobrir que
tinha dono. Este o chamou de ladrão, e levou o resto da cabra para sua casa,
dando-lhes apenas as tripas para saciarem. Léguas após, Chico Bento dá falta do
seu filho mais velho Pedro. Chegando ao Aracape, lugar onde supunha que ele
pudesse ser encontrado, avista um compadre que era o delegado. Recebem alguns mantimentos,
mas não é possível encontrar o filho. Ficam sabendo que o menino tinha fugido
com comboieiros de cachaça. Notem:
"Talvez fosse até para a felicidade do menino.
Onde poderia estar em maior desgraça do que ficando com o pai?"
Ao chegarem no
campo de concentração, são reconhecidos por Conceição, sua comadre. Ela arranja
um emprego para Chico Bento e passa a viver com um de seus filhos. Conseguem
também uma passagem de trem e viajam para São Paulo, desistindo de trabalhar
com a borracha.
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