"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O FRACASSO DO ENEM

Ao herdar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do governo Fernando Henrique, o governo Lula pretendeu aperfeiçoá-lo (como também o Provão para o ensino universitário). A prova substituiria o vestibular nas universidades federais e seria obrigatória para todos os estudantes do ensino médio.

Muitos problemas contribuíram para que não se realizassem esses objetivos, o maior deles o vazamento das provas que seriam aplicadas, obrigando o MEC a cancelá-las e marcar outra data. O fato fez várias universidades e muitos estudantes desistirem do Enem. De 4,5 milhões de inscritos, a abstenção chegou a 37%.

No momento, processa-se o cadastro dos candidatos que obtiveram notas competitivas ao ingresso nas 51 universidades que aderiram ao Enem. Para surpresa deles, no entanto, as vagas oferecidas correspondem a um outro vestibular, tão excludente quanto o que o ministro Fernando Haddad quer eliminar.

Embora as universidades federais disponibilizem 50% de suas vagas para o Enem, existem cursos que oferecem apenas uma vaga para 435 estudantes candidatos. É o caso do curso de medicina da Universidade Federal de São João del Rei, que chama a atenção entre todas as instituições públicas federais.

De 1.292 cursos, 546 oferecem menos de dez vagas por aluno. Mas a UFSJ exagerou. Apenas 31 das suas 785 vagas foram destinadas a estudantes que fizeram o Enem. Oito cursos oferecem apenas uma vaga. Em psicologia, a proporção entre vagas e candidatos é de uma para 123. Em arquitetura, uma para 122.

Observa-se que, contrariamente às expectativas do governo, o Enem mudou muito pouco a situação do ingresso no ensino público superior no país. A adesão das universidades federais é apenas formal, não comportando um compromisso real com os objetivos da pasta da Educação.

Se quiser dar plena efetividade ao Enem, o governo vai ter de conquistar suas próprias instituições e, principalmente, os estudantes.

Publicado em: 04/02/2010

http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=133011

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