"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

sexta-feira, 5 de março de 2010

Renascimento

Dá-se o nome de Renascimento (ou Renascença) ao movimento de renovação intelectual ocorrido na Europa dentro da transição do feudalismo para o capitalismo. Na realidade, não se pode entender o Renascimento como limitado às Artes e às Ciências, mas sim como uma mudança nas formas de sentir, pensar e agir em relação aos padrões de pensamento e comportamento vigentes na Idade Média. O Renascimento exprime sobretudo os novos valores e ideais da burguesia, classe ascendente na transição para o capitalismo.

Uma das principais características do Renascimento é o Humanismo, interpretado comumente como sinônimo de antropocentrismo ou valorização do ser humano. O verdadeiro sentido do humanismo renascentista, porém, era o estudo de Humanidades, isto é, da língua e literatura antigas. Humanistas foram Erasmo de Rotterdam (o “Príncipe dos Humanistas”, autor do “Elogio da Loucura”), Thomas More (autor de “Utopia”) e o português Damião de Góis.

O Renascimento Comercial e Urbano da Baixa Idade Média, que alterou os valores da época feudal e favoreceu um maior intercâmbio intelectual. O mecenato , isto é, a proteção aos escritores e artistas, que muito estimulou o movimento renascentista. Os primeiros mecenas pertenciam à burguesia, mas houve também papas, reis e príncipes que praticaram o mecenato. A burguesia fazia-o como forma de investimento financeiro ou para adquirir status; os governantes, porém, tornavam-se mecenas com o objetivo de aumentar seu prestígio e, conseqüentemente, legitimar o novo poder que estavam implantando: o absolutismo.

A influência das civilizações bizantina e sarracena (árabe), que contribuíram para intensificar na Europa Ocidental o interesse pela cultura clássica. A invenção da imprensa, que permitiu uma maior divulgação das novas idéias. A própria transição do feudalismo para o capitalismo, da qual decorrem o Renascimento e as mudanças culturais.

Há uma estreita relação entre Renascimento Cultural e prosperidade econômica. Portanto, o berço do movimento renascentista somente poderia ser a Itália, onde se localizavam os principais centros mercantis e financeiros da Baixa Idade Média, conseqüentemente, lá haveria melhores condições para o mecenato. Quando, porém, a Expansão Marítima deslocou o eixo econômico europeu para o Atlântico, o Renascimento Italiano entrou em decadência, ao mesmo tempo em que florescia em Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Holanda. Além do maior desenvolvimento econômico, outros fatores contribuíram para que a Renascença se iniciasse na Itália:

· interesse dos príncipes italianos em legitimar seu poder político, geralmente obtido através de usurpação.

· maior tradição clássica, representada pelos monumentos romanos e gregos (este últimos na antiga Magna Grécia, isto é, no Sul da Itália).

· maior influência bizantina, devido ao contato comercial direto com Constantinopla, cujos intelectuais emigraram em grande número para a Itália quando os turcos tomaram aquela cidade, em 1453. São considerados pré-renascentistas os italianos: Dante Alighieri (1265 - 1321), autor da “Divina Comédia”; Giovanni Baccaccio (1313 - 1375), autor do “Decameron”; Francesco Petrarca (1304 - 1374), precursor dos humanistas do Renascimento e autor de “Sonetos”

Quanto aos principais renascentistas, é muito grande o número de artistas, escritores e cientistas que se celebrizaram durante o Renascimento. Os mais importantes foram: na Pintura: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael e Ticiano, na Itália, e El Greco, na Espanha; na Escultura: Michelangelo e Donatello, na Itália; na Arquitetura: Bramante, na Itália; na Literatura: Camões, em Portugal, Cervantes, na Espanha, Rabelais e Montaigne, na França e Shakespeare, na Inglaterra; na Astronomia: Copérnico, na Polônia; Kepler, na Alemanha; Galileu, na Itália; na Medicina: Vesálio, em Flandres; Paré, na França; Servet, na Espanha

Concluindo, o Renascimento traz como principais características o florescimento das artes, e um vigoroso despertar de todas as formas de pensamento. A redescoberta da antiga filosofia, da literatura, das ciências e a evolução dos métodos empíricos de conhecimento caracterizam todo este período que se inicia no século XV e prolonga-se até o séc. XVII. Em oposição ao espírito escolástico e ao conceito metafísico da vida, busca-se uma nova maneira de olhar e estudar o mundo natural. Esse naturalismo vincula-se estreitamente à ciência empírica e utiliza suas descobertas para aplicá-las nas obras de arte. Os novos conhecimentos da anatomia, da fisiologia e da geometria são prontamente incorporados, possibilitando, por exemplo, a representação do volume pelo uso da perspectiva, dos efeitos de luzes e cores. Do ponto de vista filosófico, surge uma nova concepção do mundo e do destino do homem, uma visão mais realista e humana dos problemas morais.

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