"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Campos semânticos e campos léxicos

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Uma das maiores contribuições de Saussure foi a de mostrar que a palavra não é uma unidade semântica isolada. Ao procurar relações de aproximação (sinonímia) e de oposição (antonímia), abriu ele caminho para os estudos da semântica estrutural, notadamente entre linguistas da Alemanha e da Suíça, a partir das décadas de vinte e trinta, trazendo a ideia de ligação significativa de certos conjuntos de signos linguísticos, e.g., grupos de animais domésticos – cão, cavalo, gato, boi, que possuem em comum certos atributos (animais, irracionais, vertebrados, quadrúpedes, domésticos etc.), colocando-os, assim, em um mesmo campo semântico.
A esta associação de conceitos, Dubois (1978, p. 366) chama de campo semântico em termos de polissemia. Não alcança, porém, a aceitação da maioria dos linguistas, estes concordes com Mattoso Câmara Jr., entendendo que campos semânticos constituem “famílias ideológicas”.
Compreendido o sentido de campos semânticos ou campos nocionais, cumpre verificar que cada unidade-membro da família ideológica possui suas particularidades, vale esclarecer, traços mínimos de significação que a distingue das demais. Quando se diz canino, equino, felino, bovino, não se está colocando os signos em um mesmo campo semântico, pois as especificações referem-se a cada signo, isoladamente. As palavras unem-se em torno de uma palavra primitiva e a derivação constitui as “famílias etimológicas”.
Veja-se:

Campo semântico                            Campo léxico
Indústria                                           Operário
fábrica                                                operacional
operário                                              operariado
empresário                                          operacionalizar
máquina                                              operador
torno                                                  operar
metalúrgico                                         operante
têxtil                                                   operacionismo
mão-de-obra                                      operativo
empresarial                                         operoso
salário                                                 operosidade
sindicato

Ainda consoante Mattoso Câmara Jr., campos léxicos são famílias de palavras ou palavras cognatas, a saber, palavras que constituem um grupo de derivação incluindo-se a composição prefixal. Como exemplos:
§  Do latim fiscus-i (cesto de vime, cesto para dinheiro e, daí, dinheiro público): fisco, fiscal, fiscalista, fiscalizar, confiscar, confiscação, confiscatório, confiscativo, confiscável.
§  Do latim pecus-oris (rebanho, gado, objeto de troca em tempos antigos): pecuária, pecuário, pecuniário, pecúlio, peculiar, peculato, peculatório, peculador, pegureiro.
§  Do lati torquere (torqueo, torquis, torsus sum, torsum ou tortum): torto, tortura, torturar, tortuoso, tormento, torculo, torção, contorção, distorção, extorsão, contorcer, distorcer, extorquir, retorquir, retorcer, retorção.
§  Do latim loqui (loquor, locutus sum): loquaz, eloquência, colóquio, solilóquio, locutor, locução, elocução, alocução, alocutário, interlocutor, perculatário.
§   Do latim cursare (frequentativo de currere – correr): acorrer, concorrer, decorrer, discorrer, escorrer, intercorrer, recorrer, socorrer, transcorrer, curso, concurso, decurso, discurso, incurso, excursão, recurso, transcurso, socorro.
§    Do latim puer-i: puerícia, pueril, puericultura, puérpera, puerperal, puerilidade, puerpério, puerilizar.
§  Do latim trahere (traho-trahis-traxi-tractum): atração, abstração, contração, extração, detração, retrair, contrair, subtrair.


FONTE: DAMIÃO, Regina Toledo. Curso de português jurídico. 10. ed. – 2. Reimpressão. – São Paulo: Atlas, 2008. (Adaptado).
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sábado, 7 de dezembro de 2013

A ponte e a crase


O poeta Ferreira Gullar um dia me disse que “a crase não foi feita para humilhar ninguém”. Não sei de quem é a frase — talvez seja do próprio Gullar —, mas é lapidar. A crase talvez não humilhe, mas causa embaraços. A coisa começa na confusão entre o nome do acento que indica a crase e a própria crase. Vamos por partes. O acento que aparece em “à”, “às”, por exemplo, chama-se grave.
O acento é grave. Crase é o nome do fenômeno. Crase vem do grego e significa fusão, mistura. De qualquer coisa com qualquer coisa. O dicionário Aurélio diz que a palavra é empregada em linguagem médica, para indicar “mistura, equilíbrio das partes constitutivas dos líquidos orgânicos”. Em gramática, quando se fala de crase, fala-se da fusão de duas vogais iguais.
No português moderno, em 99% dos casos, a crase se restringe à fusão da preposição “a” com o artigo “a”. É o que ocorre em “O livro pertence à diretora”, por exemplo. O verbo pertencer rege a preposição “a”. Se uma coisa pertence, pertence a alguém. Esse “a” se funde com o artigo feminino “a”, exigido pelo substantivo feminino “diretora”. Pois bem. A fusão dessas vogais (a+a) é representada pelo acento grave a+a=à.
Tome cuidado com a pronúncia, com a leitura. Muita gente, quase sempre com a melhor das intenções, espicha esse “a” na leitura: “O livro pertence aa diretora”. Mais caprichosos, alguns exageram e ficam uma semana com o “à” na boca (pertence aaaaaa diretora). Nada disso. Lê-se esse “a” como se lê “a” ou “há”. Na boca o som é o mesmo.
E que relação a crase tem com a ponte? Você já deve ter visto na televisão uma propaganda da TAM, que termina com a seguinte frase: “A ponte que liga (ou “une” — não me lembro) preço à qualidade”. Que tal o acento grave? Pense comigo. Parece que a ponte liga (ou une) x a y. Quem são x e y?Preço e qualidade, dois substantivos, isto é, duas palavras de mesma natureza.
Existe em língua um processo chamado simetria, paralelismo. Ou se coloca artigo para os dois substantivos, ou não se coloca nenhum. Ao empregar o acento grave antes de “qualidade”, o redator fundiu preposição e artigo, ou seja, empregou o artigo para “qualidade”. E onde está o artigo para “preço”? O gato comeu.
Moral da história: “A ponte que une o preço à qualidade”. Ou “A ponte que une preço a qualidade”. É isso.


“Inculta & Bela”, Pasquale Cipro Neto.
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domingo, 1 de dezembro de 2013

Exigências da vida moderna


Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro.
E uma banana pelo potássio.
E também uma laranja pela vitamina C. Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão). Cada dia uma Aspirina, previne infarto. Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia...
E não esqueça de escovar os dentes depois de comer. Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax. Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.
Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito. As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).
E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.
Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo - e nem estou falando de sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação. Na minha conta são 29 horas por dia.
A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo! Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos junto com os seus pais. Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher... na sua cama.
Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.
E já que vou, levo um jornal... Tchau!
Viva a vida com bom humor!!!


Luis Fernando Veríssimo


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Leitura para crianças

10 direitos das crianças de 0 a 5 anos em relação à leitura:

1. Toda criança pequena tem direito de ver os livros e as pessoas lendo, observar como elas se comportam e reagem. Isso desperta na criança o interesse pela leitura.

2. Toda criança pequena tem direito de conhecer os diferentes lugares onde os adultos leem: na cama, no sofá, no chão, no parque ou no ônibus, e pode escolher seus lugares preferidos para ouvir uma história ou “ler” sozinha.

3. Toda criança pequena tem direito de explorar o livro – sentar em cima, bater na capa, morder e, ao escutar uma história, poder ficar sentada, deitada e em pé.

4. Toda criança pequena tem direito de escutar muitas histórias na voz de pessoas queridas, todos os dias. Esse é um momento para o adulto demonstrar carinho, conversar com a criança, mostrar e nomear as coisas do mundo.

5. Toda criança pequena tem direito de aprender a utilizar os livros. Para isso, é essencial que possa manuseá-los, descobrir diferentes tamanhos e formas, tipos de letra e ilustração, ver qual é a capa, como virar as páginas, onde a história começa e termina.

6. Toda criança pequena tem direito de ouvir a história do jeito que o autor escreveu, sem alterações feitas pelo adulto que lê. As palavras estranhas e diferentes ampliam o conhecimento da criança.

7. Toda criança pequena tem direito de ficar em silêncio, perguntar e conversar durante as histórias. É natural para ela falar sobre suas descobertas e suas dúvidas.

8. Toda criança pequena tem direito de usar sua imaginação para brincar com os personagens, as ilustrações, os sons das palavras e as situações do livro, criando sua própria história. Ela pode rir, sonhar, entristecer-se, movimentar-se, surpreender-se ou até sentir uma pontinha de medo.

9. Toda criança pequena tem direito de reconhecer situações do cotidiano das pessoas do seu grupo ou de grupos diferentes através do livro.

10. Toda criança pequena tem direito de escutar várias vezes a mesma história, mesmo que não olhe para o livro e suas ilustrações. E, se não gostar de algum livro, a criança também tem direito de interromper a leitura.

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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

LATINISMOS: sui generis, pari passu, e.g., apud suso

Às vezes ouvimos pessoas falando coisas como: “tal situação foi sugênere. Pois bem, essa é uma expressão latina cuja grafia correta é sui generis e quer dizer “de seu próprio gênero”, ou seja, significa que algo (fato, situação, caso) é único no gênero, é original, peculiar, singular, excepcional, sem semelhança com outro. Diz-se então: “tal situação foi sui generis”, “nunca vi disso: o caso é sui generis”.
 Existe também uma outra expressão latina bastante instigante, pari passu, cuja expressão equivalente em português é “a par e passo”. A locução adverbial pari passu quer dizer “em passo igual”, que algo é levado no mesmo passo, no mesmo andar ou ritmo. Frase do escritor José de Alencar: “Renasce a mãe no filho, volve à puerícia, para simultaneamente com ele, a par e a passo, de novo percorrer a mocidade e a existência”. Um bom exemplo atual é este encontrado num texto sobre História da Educação: Os programas das escolas primárias acompanham a par e passo as transformações da Escola Normal.
Quanto à expressão e.g. encontrada em livros e textos, trata-se das letras iniciais da abreviatura da expressão latina “exempli grata” e significa por exemplo. Também se usa, para o mesmo caso, v. g., de “verbi gratia”, que pode igualmente ser abreviado em português: p. ex.
A palavra latina apud, ou sua abreviatura ap., quando se faz uma citação de segunda mão, isto é, a citação de uma citação. Em outras palavras, ela se refere à transcrição ou à paráfrase de uma frase ou de um trecho de que só se tomou conhecimento na obra de outro autor. Isso dá a entender que a pessoa que transcreve a citação não leu o original, o que se justifica apenas no caso de ser uma obra de difícil acesso. No corpo da tese ou dissertação se faz, por exemplo, a seguinte indicação:
Ao tratar desse tema, em 1945 já afirmava Einaudi, apud Bobbio (1992, p. 215), que “os homens livres não devem renegar suas próprias razões de vida, renegar a própria liberdade de que se professam defensores”.
E nas referências bibliográficas só vai constar o autor do livro consultado/lido: BOBBIO, Norberto. A era dos direitos (edição ampliada). Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
Para os acadêmicos de Direito, pode causar estranhamento a palavra suso. Imaginemos uma sentença mais ou menos assim: ...nos autos suso mencionados. “Nos autos susomencionados” vale por “nos autos acima citados/ retromencionados/ supracitados/ susoditos ou sobreditos. O termo suso não é facilmente encontrável por ser considerado “desusado, antigo”. Juntando o que dizem os cinco dicionários (dos 19 consultados) em que se registra o elemento de composição suso, temos que se trata de preposição e advérbio, do latim susum ou sursum, com o significado de “acima, anteriormente, antes, atrás”. Observar que a grafia é sem espaço e sem hífen.


FONTE. Adaptado de:
PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz. Não tropece na língua: lições e curiosidades do português brasileiro. Curitiba: Bonijuris, 2012.
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domingo, 29 de setembro de 2013

Regras para a acentuação gráfica

Acentuação gráfica

Quando utilizamos a linguagem oral, pronunciamos os sons com um maior ou menor grau de intensidade. Isto nos permite distinguir a sílaba tônica de uma palavra: a-ba-ca-xi.

Sílaba tônica é a que se destaca das demais por ser pronunciada com maior força expiatória.

Para reconhecer a sílaba tônica de uma palavra, imagine que a está gritando para alguém a certa distância. Normalmente, prolonga-se a sílaba tônica: Fer-NAAAN-do; ES-PEEE-re.

Sílabas átonas são aquelas que se caracterizam por uma pronúncia mais fraca: a-ba-ca-xi.

De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos de mais de uma sílaba são classificados em:
§  oxítonos: se a sílaba tônica é a última: sa-bi-á, Ca-xam-bu, cho-rar;
§  paroxítonos: se a sílaba tônica é a penúltima: -cil, es-pe-lho, ca-be-lei-rei-ro;
§  proparoxítonos: se a sílaba tônica é a antepenúltima: lâm-pa-da, hi-po--ta-mo, -pi-do.

Na linguagem escrita, muitas vezes somos obrigados a indicar a sílaba tônica, o que fazemos com a utilização do acento gráfico agudo [´] ou circunflexo [^].

São acentuados os vocábulos oxítonos terminados em:
a(s):    cajá, está, fubá, gambá, maracujá, será, xará, ás, aliás, ananás;
e(s):    até, café, jacaré, através, pajés, bebê, dendê, Tietê, você, camponês, freguês, inglês;
o(s):    avó, mocotó, jiló, avô, metrô, avós, retrós, bisavôs, borderôs, propôs;
em:     porém, armazém, também, alguém;
ens:    vinténs, parabéns.

Incluem-se nessa regra:
      a)    as formas verbais seguidas dos pronomes átonos:
acusá-lo, chamá-lo, considerar-se-á, atendê-lo, socorrê-lo, conhecê-lo.

      b)    os monossílabos tônicos terminados em:
a(s): chá, já, hás; e(s): fé, crê, vê, pés, três; o(s): pó, nós, sós, pôs.

      c)    os verbos ter e vir apenas no plural:
ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm.

      d)    a terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos derivados de ter e vir leva acento circunflexo; a terceira pessoa do singular leva acento agudo:
ele detém, ela obtém, isto convém, ele intervém; eles detêm, elas obtêm, tais coisas não convêm, eles intervêm.

      e)    se formar hiato, o i ou o u será acentuado:
juízes, faísca, saí, Jacareí, Piauí, Itaú, baú.

      f)     os ditongos abertos éu, éi e ói quando são a sílaba tônica de vocábulos oxítonos e monossílabos tônicos:
anéis, batéis, fiéis, papéis, rói, herói(s), remói, sóis, corrói, réu, povaréu.

*Obs.- o i ou o u não será acentuado quando formar sílaba com l, m, n, r, z: Raul, ruim, ainda, ruir, juiz; ou quando constituir o primeiro elemento de um ditongo: saiu, anuidade. O i dos hiatos não recebe acento quando estiver seguido de nh: rainha.

São acentuados os vocábulos paroxítonos terminados em: um, uns, i, is, us, l, n, r, x, ã, ãs, ão, ãos, ons, ps, ei, eis:
álbum, fórum, médium, álbuns, médiuns, biquíni, dândi, júri, táxi, jóquei, Clóvis, lápis, tênis, bônus, ônus, Vênus, vírus, admissível, cônsul, fácil, imóvel, inviolável, túnel, cânon, elétron, hífen [hifens, no plural, não tem acento], Nílton, alúmen, açúcar, caráter, César, éter, revólver, córtex, Félix, Fênix, látex, tórax, ímã, órfã, ímãs, órfãs, acórdão, bênção, órgão, bênçãos, órgãos, elétrons, bíceps, fórceps, tríceps, vôlei, fáceis, imóveis, túneis, úteis, variáveis.

Incluem-se nessa regra os ditongos orais (seguidos ou não de s): páscoa, glória.

*Obs.- Não se acentuam os prefixos terminados em i e em r: semi-hospitalar, super-homem etc. Os paroxítonos terminados em ditongo nasal representado graficamente por em, ens não recebem acentos: falem, hifens, itens.

São acentuados todos os vocábulos proparoxítonos:
lágrima, fôlego, sábado, pássaro, matemática, gramática, protótipo, vítima, acréscimo, índice, próximo, médico, código, exército, gênero, público, sílaba, xícara, capítulo, décimo, parágrafo.


Exercícios para fixação
Nas frases abaixo, acentue as palavras corretamente:

      a)    O juri se valeu do carater irrepreensível do consul.
      b)    A geleira Bering, no Alasca, é a maior da America do Norte, mas esta derretendo rapidamente. (Isto É)
      c)    O juiz perdeu seus niqueis no taxi.   
      d)    O automovel era um conversivel bege, reluzente de metais cromados. (Érico Veríssimo)
      e)    Fizemos um album do grupo que participou do campeonato de volei.
       f)     Foi muito util o estudo sobre o virus da tuberculose que fizemos aqui.
      g)    O transplante do orgão foi bem-sucedido.
      h)   Cana-de-açucar se escreve com hifen.



Fonte:
MEDEIROS, João Bosco. Português instrumental. 8ª ed. – São Paulo: Atlas, 2009. (Adaptado)
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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Bolsa de valores


Ultimamente muitos amigos têm estado preocupados com as oscilações negativas das bolsas de valores pelo mundo afora. Os investimentos na bolsa de valores, constituem por si próprios, atividade financeira de nível arriscadíssimo, e devem ser objetos de estudos tanto quanto às possibilidades de ganhos como as de perdas. Veja a narrativa a seguir e entenda como tudo funciona:
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Tempos atrás, na época da colonização do oeste americano, diz-se que chegou para o lugar um negociante de cavalos que estava comprando todos os cavalos selvagens que lhe trouxessem. A cada cavalo pagava a quantia de dez dólares. Depois de algum tempo, quando já havia comprado uma enorme quantidade animais e a oferta começava a minguar, o negociante aumentou o preço a ser pago por cada cavalo, passando a ofertar quinze dólares por animal. E assim, a cada vez que o negócio começava a esmorecer, aumentava o preço dos animais e aguçava a cobiça dos caçadores que se punham a caçar mais cavalos. Vinte, trinta, quarenta dólares. Os cavalos praticamente não eram mais encontrados na região e já custavam cinquenta dólares, quando o negociante anunciou que sairia de viagem para capitalizar mais recursos, deixando um assistente em seu lugar. O assistente estaria incumbido de pagar os mesmos cinquenta dólares a quem lhe trouxesse um cavalo selvagem. Entretanto, assim que o patrão se ausentou, o assistente resolveu espalhar a notícia que estava vendendo alguns cavalos a 35 dólares cada, e quem sigilosamente lhe comprasse os cavalos, poderia vendê-los novamente ao negociante pelo valor de cinquenta dólares quando este retornasse da viagem. Muitas pessoas começaram a comprar os cavalos ao preço de trinta e cinco dólares... Compraram todos os cavalos que o assistente colocou à venda, e também todos os demais que estivessem disponíveis na região. Depois de um certo tempo, porém, o assistente também desapareceu, e nunca mais nem o negociante e tampouco o assistente foram vistos por aquelas bandas.
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Moral da história? Que cada leitor entenda como deva proceder com cuidado redobrado e malícia aguçada em determinadas aplicações financeiras...
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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A Catedral




Entre brumas, ao longe, surge a aurora,
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca de sol.

E o sino canta em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a benção de Jesus.

E o sino clama em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

Por entre lírios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a luz a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho
Toda branca de luar.

E o sino chora em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

O céu e todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem acoitar o rosto meu.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.

E o sino chora em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"


Análise do poema

            Afonso Henriques da Costa Guimarães (Ouro Preto/MG, 1870 – Mariana/MG, 1921). Aos 18 anos, assiste à “difícil partida” de sua noiva Constança; o amor por Constança estará presente em toda sua vida e obra poética. Aos 27, formado em direito, casa-se; anos depois é nomeado juiz em Mariana/MG, de onde não mais sairia.

            Segundo um dos maiores poeta simbolista francês, Paul Verlaine, disse no poema “Arte Poética”, que “antes de tudo, a música preza/ portanto, o ímpar. Só cabe usar/ o que é mais vago e solúvel no ar/ sem nada em si que pousa ou pesa.” Fica evidente a presença da música logo nos primeiros versos e da vaguidade. Em “entre brumas, ao longe, surge a aurora./ o hialismo orvalho aos poucos se evapora.”, percebe-se palavras ligadas ao amanhecer ou à claridade. Isso significa a vaga lembrança em sonho com a amada, Constança, note que no final do segundo verso da primeira estrofe, a lembrança “aos poucos se evapora”, ou seja, o poeta volta-se para a realidade, que é como se ele fosse acordar, porém custa para que isso aconteça; pois é a única forma de ter contato com ela. Observe também que no final da estrofe o sino canta, este representa o estado da alma do poeta que está feliz, mas, ao mesmo tempo, está triste; feliz por ter boas lembranças e vivê-las em sonho e triste por saber que está morta.

            Nota-se em “pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” que uma espécie de coro ou sua própria consciência está cantando aos “ouvidos da alma” a realidade. Na terceira estrofe, percebe que enquanto se acorda do sonho (este é o único meio de aproximar-se de ambas as mulheres, Constança e a virgem Maria, esta cujo poeta era devoto, comparava àquela pela semelhança da pureza, virgindade, etc. e daí o amor aparece sempre espiritualizado) e a visão da amada “segue a eterna estrada”. Constança é representada pela catedral ebúrnea tanto na primeira como nas estrofes seguintes (e essa repetição representa a presença constante da amada em seus sonhos); ela “aparece, na paz do céu risonho/ toda branca de sol” e depois “recebe a benção de Jesus”. Porém a consciência do poeta agora clama e não mais canta, vê-se uma gradação emocional, uma tensão.

            “Por entre lírios e lilases desce/ a tarde esquiva: amargurada prece/ põe-se a luz a rezar”, esses versos refere-se também à Constança e neles o poeta enaltece a figura da amada que até a natureza tem reverência por ela. “A catedral do meu sonho/ aparece, na paz do céu tristonho/ toda branca de luar”; ela continua com todas as características como bela, pura, perfeita etc., todavia a concepção utópica dele muda “céu tristonho”, alguma coisa começou a entrar em desequilíbrio. Outrora tudo era perfeito, pois era como estivesse sonhando e no sonho o irreal torna-se real. Então, isso o leva ao desespero, porque queria ficar com ela, mas esse mundo vai se desfazendo à medida que vai se acordando. A tensão aumenta cada vez mais e “o sino chora” ou o estado da alma do poeta desfaz-se levando-o à catarse.

            Por conseguinte, “o céu é todo trevas: o vento uiva./ do relâmpago a cabeleira ruiva/ vem açoitar o rosto meu”; nesses versos, o poeta acorda ou sua consciência e aquela reminiscência logo se evapora. Ela “afunda-se no caos do céu tristonho/ como um astro que já morreu”; “e o sino geme em lúgubres responsos:/ “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” Além do que já foi dito, esses versos mostram a autocompaixão do poeta no badalar do sino.

            O sino, este grande referencial estampado nos versos do poema, conduz os interlocutores para uma leitura em que se evidenciam as quatro fases de um dia (madrugada, manhã, tarde e noite), entretanto, o que também se pode inferir é que o poeta procurou contemplar as quatro cerimônias que ocorrem numa igreja. Numa leitura mais criteriosa e menos apressada podemos observar os relatos e descrições de um dia de ”batismo”, de “primeira comunhão”, de ”casamento” e, por fim, os de um “funeral”. A oração letal (lúgubres responsos) palavras sempre presentes entre as estrofes principais indicam que o próprio Alphonsus já profetizava um final para a purgação que não tardaria a chegar.

Interaja com o vídeo:

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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Eu e você

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Eu a conheço há muito tempo.
Desde o início do sempre.
Mas somente agora a encontrei
e tão rápida a felicidade me apossou.

Acreditas em alma gêmea?
Daquelas que sempre existiram.
Tenho certeza de que somos assim,
Um para o outro e para o amor.

Isso não é uma substância fugaz...
É parte de um todo sem fim.
Coexistimos em meio a uma multidão,
mas nasci só para ter você para mim.




(Juarez Firmino)
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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Estrela minha

A cortina se abre
e eu acordo para o palco.

Você vem
e além da tua voz,
tudo é um único e profundo silêncio,
com um olhar compenetrado
ouço até a tua respiração.

Você está linda,
muito linda,
linda, linda, linda...
Lindíssima.

E a cortina se fecha.

O espetáculo termina.
Porém, o sonho continua
e eu não posso acordar.



(Juarez Firmino)
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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sobre o uso das redes sociais na internet

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O passado vai nos condenar

No mundo físico, você sempre pode mudar. Pode mudar de cidade, de aparência, de estilo, de profissão, de opinião. Na internet, não é assim: tudo o que você já fez ou diz fica gravado para sempre. Cada vez mais, usamos a rede para nos relacionarmos uns com os outros. Isso está gerando uma massa de dados tão grande, cobrindo tantos detalhes de nossas vidas, que no futuro será muito difícil de controlar – e poderá nos comprometer. “Nunca mais escreva [na internet] nada que você não queira ver estampado na capa de um jornal”, advertem Cohen e Schmidt, autores do livro The New Digital Age.
A internet não esquece nada. E isso afetará a vida de todo mundo. Se uma criança chamar uma colega de “gorda” na rede, por exemplo, poderá manchar a própria reputação pelo resto da vida – pois todo mundo poderá saber que, um dia, ela praticou bullying. Inclusive potenciais empregadores, que poderão deixar de contratá-la. Uma foto ou comentário poderão trazer consequências por muito tempo. Schmidt diz que a internet deveria ter um botão “delete”, que permitisse apagar para sempre eventuais erros que cometamos online. Isso é muito difícil, pois alguém sempre poderá ter copiado a informação que queremos ver sumir. Mas surgirão empresas especializadas em gerenciar nossa reputação online, prometendo controlar ou eliminar informações de que não gostamos, e empresas de seguro virtual, que vão oferecer proteção contra roubo de identidade virtual e difamação na internet. “A identidade online será algo tão valioso que até surgirá um mercado negro, em que as pessoas poderão comprar identidades reais ou inventadas”, dizem os autores.
O fim do esquecimento terá consequências profundas – que, para o Google, incluirão até a escolha do nome das pessoas. Alguns casais batizarão seus filhos com nomes bem diferentes, que não sejam comuns, e registrarão esses nomes nas redes sociais antes mesmo do nascimento da criança, tudo para que ela se destaque. Outros preferirão nomes comuns e genéricos, como “José Carlos”, que sejam muito frequentes e tornem mais difícil identificar a pessoa, permitindo que se esconda na multidão e mantenha algum grau de privacidade online.


(Anna Carolina Rodrigues – Superinteressante, junho, 2013. Adaptado)
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sábado, 24 de agosto de 2013

A reforma pelo jornal


A Reforma pelo jornal

Texto-fonte:
Obra Completa, Machado de Assis,
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, V.III, 1994.

Publicado originalmente em O Espelho , Rio de Janeiro, 23/10/1859.

  
Houve uma coisa que fez tremer as aristocracias, mais do que os movimentos populares; foi o jornal. Devia ser curioso vê-las quando um século despertou ao clarão deste fiat humano; era a cúpula de seu edifício que se desmoronava.
Com o jornal eram incompatíveis esses parasitas da humanidade, essas fofas individualidades de pergaminho alçado e leitos de brasões. O jornal que tende à unidade humana, ao abraço comum, não era um inimigo vulgar, era uma barreira...  de papel, não, mas de inteligências, de aspirações.
É fácil prever um resultado favorável ao pensamento democrático. A imprensa, que encarnava a ideia no livro, expendi eu em outra parte, sentia-se ainda assim presa por um obstáculo qualquer; sentia-se cerrada naquela esfera larga mas ainda não infinita; abriu pois uma represa que a impedia, e lançou-se uma noite aquele oceano ao novo leito aberto: o pergaminho será a Atlântida submergida.

Por que não?

Todas as coisas estão em gérmen na palavra, diz um poeta oriental. Não é assim? O verbo é a origem de todas as reformas.

Os hebreus, narrando a lenda do Gênesis, dão à criação da luz a precedência da palavra de Deus. É palpitante o símbolo. O fiat repe­tiu-se em todos caos, e, coisa admirável! sempre nasceu dele alguma luz.

A história é a crônica da palavra. Moisés, no deserto; Demóstenes, nas guerras helênicas; Cristo, nas sinagogas da Galileia; Huss, no púlpito cristão; Mirabeau, na tribuna republicana; todas essas bocas eloquentes, todas essas cabeças salientes do passado, não são senão o fiat multiplicado levantado em todas as confusões da humanidade. A história não é um simples quadro de acontecimentos; é mais, é o verbo feito livro.

Ora pois, a palavra, esse dom divino que fez do homem simples matéria organizada, um ente superior na criação, a palavra foi sem­pre uma reforma. Falada na tribuna é prodigiosa, é criadora, mas é o monólogo; escrita no livro, é ainda criadora, é ainda prodigiosa, mas é ainda o monólogo; esculpida no jornal, é prodigiosa e cria­dora, mas não é o monólogo, é a discussão.

E o que é a discussão?

A sentença de morte de todo o status quo, de todos os falsos princípios dominantes. Desde que uma coisa é trazida à discussão, não tem legitimidade evidente, e nesse caso o choque da argumentação é uma probabilidade de queda.

Ora, a discussão, que é a feição mais especial, o cunho mais vivo do jornal, é o que não convém exatamente à organização desigual e sinuosa da sociedade.

Examinemos.

A primeira propriedade do jornal é a reprodução amiudada, é o derramamento fácil em todos os membros do corpo social. Assim, o operário que se retira ao lar, fatigado pelo labor quotidiano, vai lá encontrar ao lado do pão do corpo, aquele pão do espírito, hóstia social da comunhão pública. A propaganda assim é fácil; a discussão do jornal reproduz-se também naquele espírito rude, com a diferença que vai lá achar o terreno preparado. A alma torturada da individualidade ínfima recebe, aceita, absorve sem labor, sem obstá­culo aquelas impressões, aquela argumentação de princípios, aquela arguição de fatos. Depois uma reflexão, depois um braço que se ergue, um palácio que se invade, um sistema que cai, um princípio que se levanta, uma reforma que se coroa.

Malévola faculdade — a palavra!

Será ou não o escolho das aristocracias modernas, este novo molde do pensamento e do verbo?

Eu o creio de coração. Graças a Deus, se há alguma coisa a espe­rar é a das inteligências proletárias, das classes ínfimas; das supe­riores, não.

As aristocracias dissolvem-se, diz um eloquente irmão d'armas. É a verdade. A ação democrática parece reagir sobre as castas que se levantam no primeiro plano social. Os próprios brasões já se humanizam mais, e alguns jogam na praça sem notarem que começam a confundir-se com as casacas do agiota.

Causa riso.

Tremem, pois, tremem com este invento que parece abranger os séculos — e rasgar desde já um horizonte largo às aspirações cívicas, às inteligências populares.

E se quisessem suprimi-lo? Não seria mau para eles; o fechamento da imprensa, e a supressão da sua liberdade, é a base atual do pri­meiro trono da Europa.

Mas como! cortar as asas de águia que se lança no infinito, seria uma tarefa absurda, e, desculpem a expressão, um cometimento par­vo. Os pergaminhos já não são asas de Ícaro. Mudaram as cenas; o talento tem asas próprias para voar; senso bastante para aquilatar as culpas aristocráticas e as probidades cívicas.

Procedem estas ideias entre nós? Parece que sim. É verdade que o jornal aqui não está à altura da sua missão; pesa-lhe ainda o último elo. Às vezes leva a exigência até à letra maiúscula de um título de fidalgo.

Cortesania fina, em abono da verdade!

Mas, não importa! eu não creio no destino individual, mas aceito o destino coletivo da humanidade. Há um polo atraente e fases a atravessar. — Cumpre vencer o caminho a todo o custo; no fim há sempre uma tenda para descansar, e uma relva para dormir.