sábado, 7 de novembro de 2015
Amor de salvação
Camilo Castelo Branco
Amor de Salvação é uma
novela passional, considerada pela crítica uma das obras
mais bem acabada do autor. A história relata lembranças que são contadas ao narrador pelo protagonista, em uma
noite de Natal, após um reencontro entre os dois que não se viam há quase doze anos.
Afonso e Teodora foram prometidos um ao outro, por suas mães que eram amigas desde os tempos em que estudavam num convento. Após a morte da mãe, Teodora vai para um convento e tem como tutor
seu tio, pai de Eleutério Romão. Teodora e Afonso
estão sempre em contato aguardando o tempo certo para casarem. Afonso
resolve estudar fora por dois anos. Teodora influenciada pela amiga Libana quer
casar-se o mais rápido possível. A mãe de Afonso, D. Eulália, pede-lhe para aguardar. Mas com a saída de Libana do convento Teodora se desespera e resolve casar-se com
seu primo, Eleutério, para libertar-se das grades do convento.
Eleutério era o oposto a beleza de Teodora, era rude e
vestia-se de forma hilariante. Apesar da grande tentativa de seu tio, o padre
Hilário, em ensinar-lhe a ler, nada conseguiu. Vencido pela incapacidade
de seu sobrinho, Padre Hilário desistiu afirmando que somente através de uma fresta no cérebro, aberta a machado, seria possível tal façanha. Teodora viveu em pompas, trajes de sedas,
cavalos, bailes, etc., mas nunca esquecera Afonso enviava-lhe cartas de amor,
mas nunca obtivera resposta.
Afonso sofreu muito com a notícia do casamento de
Teodora, pediu a mãe permissão para se ausentar
de Portugal. Contava sempre com o apoio e o consolo das cartas de sua mãe e sua prima Mafalda, que o amava pacientemente. Após anos de amargura, sofrimento e luta contendo-se diante das cartas
de Teodora, para não fugir aos ensinamentos religiosos aos quais sua
mãe o educou, foi fulminado pela influencia do amigo José de Noronha que o incentivou a escrever à Teodora.
Relutou mas não conseguiu. A tal carta foi cair nas mãos de Eleutério, que a leu, mas nada entendeu. Pediu então a um amigo ajuda para interpretá-la. A carta acabou
sendo rasgada por Fernão de Teive, dando a desculpa de serem grandes
sandices, após junto com sua filha Mafalda, reconhecer as
intenções do remetente, seu sobrinho Afonso de Teive. Não conformado Afonso parte ao encontro de Teodora. Eleutério quando os encontra juntos, pede-lhes explicações. Teodora responde-lhe que é uma
mulher livre a partir daquele momento, e vai viver com Afonso. Passam momentos,
ilusoriamente, felizes. Afonso abandona até a sua
própria mãe para viver ardentemente esta paixão que sempre o consumiu. Sua mãe sempre afetuosa,
apesar da grande tristeza, sustenta a vida luxuosa que Afonso tem ao lado de Teodora.
Afonso quando fica sabendo da morte de sua mãe, através de carta escrita por Mafalda, se desespera.
Teodora tenta consolá-lo, mas ele sente em suas palavras ironia e
sente nojo de tamanho fingimento. Procura isolar-se de Teodora e dos amigos. Durante
este período, Tranqueira, velho criado da família, alerta-o sobre
as intenções do amigo José de Noronha por Teodora. No início se revolta contra o criado, mas acaba escutando-o e passa a
observá-los. Encontra umas cartas que confirmam as suspeitas. Certo dia os
pega juntinhos com gestos de muita familiaridade. Aborrece-se pede para que
Noronha saia de sua casa. Teodora dissimulada como sempre, tenta enganá-lo, mas ele atira-lhe as cartas. Teodora desmaia enquanto Tranqueira
derruba Noronha na cisterna para vingar seu patrão.
Afonso passa alguns dias fora de casa, quando retorna encontra uma
carta de Teodora informando os pertences que havia levado consigo. Apesar de
traído sente saudade da encantadora Teodora. Vende tudo e parte para
Paris atrás de um amor que o salve. Gasta tudo o que tem.
Por fim, pede ao seu tio Fernão para comprar-lhe a casa onde viveram seus pais
e avós, pois não queria ofender a memória de sua mãe que o havia pedido, em carta antes morrer que
não a vendesse. Mafalda com seu coração
generoso e cheio de amor pelo primo, pede a seu pai que o atenda, e este assim
o faz, mas com a condição de que a casa continuaria sendo de Afonso.
Afonso afunda-se cada vez mais em seus vícios e extravagâncias a ponto de querer suicidar-se. Tranqueira, que nunca o
abandonou, percebeu sua intenção e disse-lhe severas palavras que o livraram de
tamanha loucura. Mudou de vida, passou a trabalhar e a estudar com apoio de seu
criado.
Fernão de Teive adoece, e prestes a morrer pede ao
padre Joaquim que vá a Paris entregar a Afonso, os documentos de
propriedade da casa a qual comprara, apenas com intuito de ajudar o sobrinho.
Após a morte de Fernão, Mafalda sentindo-se sozinha, resolve viajar
com o padre Joaquim para Paris com o objetivo de se juntar as irmãs de caridade. Quando o padre Joaquim encontra Afonso e conta-lhe da
morte do tio, este chora e corre ao encontro da prima que ficara em uma
hospedaria.
Mafalda conta ao primo sua decisão, mas padre
Joaquim pede-lhes, pelo amor de Deus, que ao invés disso, casem-se.
Afonso aceitou de imediato e agradeceu à Deus
por ter ouvido os pedidos de suas mães. Afonso e Mafalda
voltaram para sua cidade, casaram-se, tiveram oito filhos e foram muito
felizes. Apesar do título “Amor de Salvação” a novela relata em quase toda sua extensão, um “amor de perdição” entre Afonso de Teive e Teodora Palmira. Ao “amor de salvação”, Mafalda, são dedicadas somente as ultimas páginas do romance.
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