sábado, 26 de julho de 2014
A história da Língua Portuguesa
O surgimento da Língua Portuguesa está profunda e inseparavelmente
ligado ao processo de constituição da Nação Portuguesa.
Na região central da atual Itália, o Lácio, vivia um povo que falava
latim. Nessa região, posteriormente foi fundada a cidade de Roma. Esse povo foi
crescendo e anexando novas terras a seu domínio. Os romanos chegaram a possuir
um grande império, o Império Romano. A cada conquista, impunham aos vencidos
seus hábitos, suas instituições, os padrões de vida e a língua.
Existiam duas modalidades do latim: o latim vulgar (sermo vulgaris, rusticus,
plebeius) e o latim clássico (sermo litterarius, eruditus, urbanus).
O latim vulgar era somente falado. Era a língua do cotidiano usada pelo povo
analfabeto da região central da atual Itália e das províncias: soldados,
marinheiros, artífices, agricultores, barbeiros, escravos, etc. Era a língua
coloquial, viva, sujeita a alterações frequentes. Apresentava diversas
variações. O latim clássico era a língua falada e escrita, apurada, artificial,
rígida, era o instrumento literário usado pelos grandes poetas, prosadores,
filósofos, retóricos... A modalidade do latim imposta aos povos vencidos era a
vulgar. Os povos vencidos eram diversos e falavam línguas diferenciadas, por
isso em cada região o latim vulgar sofreu alterações distintas o que resultou
no surgimento dos diferentes romanços e posteriormente nas diferentes
línguas neolatinas.
No século III a.C., os romanos invadiram a região da península ibérica,
iniciou-se assim o longo processo de romanização da península. A dominação não
era apenas territorial, mas também cultural. No decorrer dos séculos, os
romanos abriram estradas ligando a colônia à metrópole, fundaram escolas,
organizaram o comércio, levaram o cristianismo aos nativos... A ligação com a
metrópole sustentava a unidade da língua evitando a expansão das tendências dialetais. Ao latim foram
anexadas palavras e expressões das línguas dos nativos.
No século V da era cristã, a península sofreu invasão de povos bárbaros
germânicos (vândalos, suevos e visigodos). Como possuíam cultura pouco
desenvolvida, os novos conquistadores aceitaram a cultura e língua peninsular.
Influenciaram a língua local acrescentando a ela novos vocábulos e favorecendo
sua dialetação já que cada povo bárbaro falava o
latim de uma forma diferente.
Com a queda do Império Romano, as escolas foram fechadas e a nobreza
desbancada, não havia mais os elementos unificadores da língua. O latim ficou
livre para modificar-se.
As invasões não pararam por aí, no século VIII a península foi tomada
pelos árabes. O domínio mouro foi mais intenso no sul da península. Formou-se então
a cultura moçárabe, que serviu por longo tempo de intermediária entre o mundo
cristão e o mundo muçulmano. Apesar de possuírem uma cultura muito
desenvolvida, esta era muito diferente da cultura local o que gerou resistência
por parte do povo. Sua religião, língua e hábitos eram completamente
diferentes. O árabe foi falado ao mesmo tempo que o latim romanço. As
influências linguísticas árabes se limitam ao léxico no qual os empréstimos são
geralmente reconhecíveis pela sílaba inicial al- correspondente ao artigo
árabe: alface, álcool, Alcorão, álgebra, alfândega... Outros: bairro,
berinjela, café, califa, garrafa, quintal, xarope...
Embora bárbaros e árabes tenham permanecido muito tempo na península, a
influência que exerceram na língua foi pequena, ficou restrita ao léxico, pois
o processo de romanização foi muito intenso.
Os cristãos, principalmente do norte, nunca aceitaram o domínio
muçulmano. Organizaram um movimento de expulsão dos árabes (a Reconquista). A
guerra travada foi chamada de "santa" ou "cruzada". Isso
ocorreu por volta do século XI. No século XV os árabes estavam completamente
expulsos da península.
Durante a Guerra Santa, vários nobres lutaram para ajudar D. Afonso VI,
rei de Leão e Castela. Um deles, D. Henrique, conde de Borgonha, destacou-se
pelos serviços prestados à coroa e por recompensa recebeu a mão de D. Tareja,
filha do rei. Como dote recebeu o Condado Portucalense. Continuou lutando
contra os árabes e anexando novos territórios ao seu condado que foi tomando o
contorno do que hoje é Portugal.
D. Afonso Henriques, filho do casal, funda a Nação Portuguesa
que fica independente em 1143. A língua falada nessa parte ocidental da
Península era o galego-português que com o tempo foi diferenciando-se: no sul,
português, e no norte, galego, que foi sofrendo mais influência do castelhano
pelo qual foi anexado. Em 1290, o rei D. Diniz funda a Escola de Direitos
Gerais e obriga em decreto o uso oficial da Língua Portuguesa.
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