sábado, 26 de julho de 2014
Como escrever siglas
Leitores escrevem
comentando sobre a confuso generalizada quando se trata de escrever siglas,
pois alguns autores indicam que com até três letras, as siglas devem ser
grafadas em maiúsculas e como mais de três letras, somente a inicial maiúscula.
Qual é o correto?
Embora tenhamos de obedecer
a normas nacionais no tocante à ortografia do léxico português, as siglas
escapam a qualquer camisa de força, pois oficialmente sempre se viu o mínimo de
respeito de como escrevê-las. Os manuais de ortografia se limitavam ao uso de maiúsculas
e pontos [ex. D.A.S.P.]; estes, porém, estão praticamente fora de uso. Mais recentemente
é que se começou a falar em siglemas, ou seja, nomes abreviativos formados não apenas
das letras iniciais das palavras que os compõem mas também de silabas,
adquirindo assim um caráter de palavra [ex. Celesc, Eletronorte, Sudene].
Desse modo, ao
constituir ou escrever uma sigla, pode-se adotar a seguinte convenção (mais
tradicional):
1 – Usar só MAIÚSCULAS
se cada letra corresponder a uma palavra, independentemente de ser a sigla
pronunciável ou não:
ABI
– Associação Brasileira de Imprensa
ABL
– Academia Brasileira de Letras
BIRD
– Banco internacional de Reconstrução e Desenvolvimento
CBF
– Confederação Brasileira de Futebol
EMFA
– Estado Maior das Forças Armadas
ICESP
– Instituto do Café do Estado de São Paulo
SBPC
– Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
UBES
– União Brasileira de Estudantes Secundaristas
UFRGS
– Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSC – Universidade Federal
de Santa Catarina
2 – Só a 1ª LETRA
MAIÚSCULA se cada letra não corresponder necessariamente a uma palavra:
Celesc
– Centrais Elétricas de Santa Catarina
Funai
– Fundação Nacional do Índio
Sudene
– Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
Usiminas – Usina Siderúrgica
de Minas Gerais S/A
Muitos jornais
procedem de maneira um pouco diferente, orientando a grafia das siglas pelo seu
tamanho e pelo fator pronúncia, ou seja:
I – até três letras, em maiúsculas: BC, PIS,
ONU, CPF
II
– com quatro letras ou mais:
a) Se pronunciável, só a inicial maiúscula: Abbesc,
Fiesc, Icesp, Masp, Ubes
b) Com todas as maiúsculas quando se lê letra por letra:
SBPC, PSDB
Existe também a
sigla mista, como CNPq e UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), em que as
minúsculas são usadas para diferenciá-la de outra sigla que tenha as mesmas
iniciais (no último caso, a UFSC).
Observação:
Quando
o nome da instituição aparece em meio de uma frase, a orientação é colocar a
sigla depois do nome e entre parênteses ou usar apenas um travessão, isto é, não
precisa fechá-lo como se faz com o parêntese. Exemplos:
Especialista do
Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBI) falará sobre a política de preços do petróleo.
Especialista do
Centro Brasileiro de Infraestrutura – CBI falará sobre a política de preços do petróleo.
Observação2:
O plural das siglas é
formado com o acréscimo de um s minúsculo (sem apostrofo): os
CTGs, as APAEs, as ONGs etc.
Fonte:
PIACENTINI,
Maria Tereza de Queiroz. Não tropece na língua:
lições e curiosidades do português brasileiro. Curitiba: Bonijuris, 2012.
A história da Língua Portuguesa
O surgimento da Língua Portuguesa está profunda e inseparavelmente
ligado ao processo de constituição da Nação Portuguesa.
Na região central da atual Itália, o Lácio, vivia um povo que falava
latim. Nessa região, posteriormente foi fundada a cidade de Roma. Esse povo foi
crescendo e anexando novas terras a seu domínio. Os romanos chegaram a possuir
um grande império, o Império Romano. A cada conquista, impunham aos vencidos
seus hábitos, suas instituições, os padrões de vida e a língua.
Existiam duas modalidades do latim: o latim vulgar (sermo vulgaris, rusticus,
plebeius) e o latim clássico (sermo litterarius, eruditus, urbanus).
O latim vulgar era somente falado. Era a língua do cotidiano usada pelo povo
analfabeto da região central da atual Itália e das províncias: soldados,
marinheiros, artífices, agricultores, barbeiros, escravos, etc. Era a língua
coloquial, viva, sujeita a alterações frequentes. Apresentava diversas
variações. O latim clássico era a língua falada e escrita, apurada, artificial,
rígida, era o instrumento literário usado pelos grandes poetas, prosadores,
filósofos, retóricos... A modalidade do latim imposta aos povos vencidos era a
vulgar. Os povos vencidos eram diversos e falavam línguas diferenciadas, por
isso em cada região o latim vulgar sofreu alterações distintas o que resultou
no surgimento dos diferentes romanços e posteriormente nas diferentes
línguas neolatinas.
No século III a.C., os romanos invadiram a região da península ibérica,
iniciou-se assim o longo processo de romanização da península. A dominação não
era apenas territorial, mas também cultural. No decorrer dos séculos, os
romanos abriram estradas ligando a colônia à metrópole, fundaram escolas,
organizaram o comércio, levaram o cristianismo aos nativos... A ligação com a
metrópole sustentava a unidade da língua evitando a expansão das tendências dialetais. Ao latim foram
anexadas palavras e expressões das línguas dos nativos.
No século V da era cristã, a península sofreu invasão de povos bárbaros
germânicos (vândalos, suevos e visigodos). Como possuíam cultura pouco
desenvolvida, os novos conquistadores aceitaram a cultura e língua peninsular.
Influenciaram a língua local acrescentando a ela novos vocábulos e favorecendo
sua dialetação já que cada povo bárbaro falava o
latim de uma forma diferente.
Com a queda do Império Romano, as escolas foram fechadas e a nobreza
desbancada, não havia mais os elementos unificadores da língua. O latim ficou
livre para modificar-se.
As invasões não pararam por aí, no século VIII a península foi tomada
pelos árabes. O domínio mouro foi mais intenso no sul da península. Formou-se então
a cultura moçárabe, que serviu por longo tempo de intermediária entre o mundo
cristão e o mundo muçulmano. Apesar de possuírem uma cultura muito
desenvolvida, esta era muito diferente da cultura local o que gerou resistência
por parte do povo. Sua religião, língua e hábitos eram completamente
diferentes. O árabe foi falado ao mesmo tempo que o latim romanço. As
influências linguísticas árabes se limitam ao léxico no qual os empréstimos são
geralmente reconhecíveis pela sílaba inicial al- correspondente ao artigo
árabe: alface, álcool, Alcorão, álgebra, alfândega... Outros: bairro,
berinjela, café, califa, garrafa, quintal, xarope...
Embora bárbaros e árabes tenham permanecido muito tempo na península, a
influência que exerceram na língua foi pequena, ficou restrita ao léxico, pois
o processo de romanização foi muito intenso.
Os cristãos, principalmente do norte, nunca aceitaram o domínio
muçulmano. Organizaram um movimento de expulsão dos árabes (a Reconquista). A
guerra travada foi chamada de "santa" ou "cruzada". Isso
ocorreu por volta do século XI. No século XV os árabes estavam completamente
expulsos da península.
Durante a Guerra Santa, vários nobres lutaram para ajudar D. Afonso VI,
rei de Leão e Castela. Um deles, D. Henrique, conde de Borgonha, destacou-se
pelos serviços prestados à coroa e por recompensa recebeu a mão de D. Tareja,
filha do rei. Como dote recebeu o Condado Portucalense. Continuou lutando
contra os árabes e anexando novos territórios ao seu condado que foi tomando o
contorno do que hoje é Portugal.
D. Afonso Henriques, filho do casal, funda a Nação Portuguesa
que fica independente em 1143. A língua falada nessa parte ocidental da
Península era o galego-português que com o tempo foi diferenciando-se: no sul,
português, e no norte, galego, que foi sofrendo mais influência do castelhano
pelo qual foi anexado. Em 1290, o rei D. Diniz funda a Escola de Direitos
Gerais e obriga em decreto o uso oficial da Língua Portuguesa.
Da história dos EUA – Intolerância religiosa
Em 11 de dezembro de 1620, desembarcou em New Plymouth (depois
Massachusetts), os primeiros colonos do Mayfloyer,
um velho barco cargueiro alugado por dissidentes calvinistas ingleses – e
alguns holandeses. Liderados por William Bradford e William Brewster, eram
puritanos não conformistas que criticavam a Igreja Anglicana que,
na opinião deles, ainda se mantinha vinculada aos rituais romanos (papado).
Foram para a América do Norte em busca da liberdade religiosa e consideravam-se
como essencialmente cristãos. Como relata Paul Johnson:
“Os homens e mulheres do Mayfloyer eram muito diferentes [dos colonos que
desembarcaram na Virgínia]. Eles não chegaram à América com o propósito
primordial de enriquecerem, e nem sequer com a intenção de ganhar a vida, ainda
que aceitassem ambas as possibilidades como benções de Deus, mas sim para criar
o reino Dele sobre a terra. Eram os zelotes, os idealistas, ou talvez
devêssemos afirmar que os mais extremistas entre eles eram fanáticos,
intransigentes e excessivos em suas pretensões de superioridade moral. Também
eram imensamente enérgicos, tenazes e valentes”. *
O impulso que os moviam era de cunho religioso. Perseguidos,
defendiam a liberdade religiosa. Mas, qual liberdade? Eis outro paradoxo da
história dos EUA: a defesa desta não é incompatível com a intolerância
religiosa e a perseguição aos que, entre eles, não professassem dos mesmos
princípios. Intérpretes da palavra divina se consideravam no direito de definir
o bom e o justo. Se na metrópole eram os “perseguidos”, não vacilavam em
perseguir os considerados hereges e desagregadores em solo norte-americano.
Leiamos o relato do historiador:
“Em Massachusetts era costume advertir às pessoas identificadas
como agitadoras religiosas que deviam ir embora. Se insistiam em ficar, ou
regressavam, eram submetidos a julgamento. Em julho de 1641 por exemplo, o
doutor John Clarke e Obediah Holmes, ambos de Rhodes Island, foram presos em
Lynn pelo comissário por terem organizado uma reunião religiosa não autorizada
em uma casa, na qual condenaram a prática do batismo dos bebês. Clarke foi
encarcerado; Holmes foi açoitado publicamente. Em 27 de outubro de 1659, três
quakers, William Robinson, Marmaduke Stevenson e Mary Dyer, que haviam sido
expulsos várias vezes da colônia – a última vez, com a ameaça de que em caso de
reincidir seria aplicado a pena de morte – foram presos sob a acusação de
“nocivos e desagregadores” e condenados à forca em Boston. A condenação foi cumprida
no caso dos homens. A execução da mulher, que tinha os olhos vendados e a corda
em torno do pescoço, foi suspensa devido à intervenção de seu filho, que
garantiu que abandonaria a colônia de imediato. O certo é que tempos depois ela
voltou e finalmente, em 1 de junho de 1660, foi executada. Outras mulheres
foram penduradas por bruxaria; a primeira foi Margaret Jones, condenada em
Plymouth em 13 de maio de 1648 por “praticar medicina” com “toque maligno”. Se
aplicaram penas severas aos transgressores da moral de todo o tipo. Até 1632, o
adultério era penalizado com a morte. Em 1639, outra vez em Plymouth, uma
mulher adúltera foi açoitada, depois arrastada pelas ruas com as letras AD
costuradas na manga do vestido, e advertida de que se removesse aquele sinal as
letras seriam gravadas em seu rosto. Dois anos depois, um homem e uma mulher
condenados por adultério foram chicoteados, desta vez “em um poste”, e se
ordenou “costurar em lugar bem visível de suas roupas” as letras AD”.**
Assim era a moral entre aqueles que se consideravam guardiões dos
bons costumes. Este relato me faz lembrar o filme “O apedrejamento de Soraya
M.”.
* JOHNSON,
Paul. Estados Unidos. La historia.
Buenos Aires: Javier Vergara Editor, 2004, p.51. A tradução das citações é
minha.
** Idem,
p.69.
Posted
in: EUA
Posted on
09/06/2010 by Antonio Ozaí da Silva
domingo, 20 de julho de 2014
Estrutura do texto dissertativo — A introdução
A
introdução na redação dissertativa
A introdução é o
início do texto, em que se apresenta o tema e se define a tese. É importante
que, desde o começo, se tenha em mente que toda dissertação precisa apresentar
uma tese; sua defesa é o motivo pela qual se escreve um texto desse tipo. Em outras
palavras, sempre que se escreve um texto dissertativo, tem-se por objetivo defender uma tese.
E o que é defender uma
tese? É mostrar para o interlocutor, por meio de dados, argumentos ou provas,
qual é a sua posição em relação a determinado assunto e dividir com ele sua
opinião, tentando persuadi-lo a pensar como você. Quanto mais objetividade for
demonstrada em uma dissertação, mais convincente ela será, pois dessa forma você
estará retratando um ponto de vista fundamentado e passível de comprovação, e não
apenas a “sua” verdade.
A introdução pode ser
iniciada de várias maneiras:
Introdução
por afirmação
Veja um exemplo:
Às portas do III
Milênio, a máxima filosófica “conhece-te a ti mesmo” nunca esteve tão em voga. De
repente, parece que todos se deram conta de que é preciso analisar-se e,
especialmente, “autoconhecer-se” para poder progredir, conquistar sonhos, ser
feliz, enfim. E na esteira deste tão desejado “autoconhecimento”, como não poderia
deixar de ser, cometem-se exageros de toda ordem.
(Januária Cristina Alves. In revista Classe. 15/3/2000.)
Introdução
por citação
Veja um exemplo:
“Todas as pessoas
são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual
proteção da lei.” Isso é o que reza o artigo VII da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, mas a realidade nos mostra fatos bem diferentes,
principalmente se compararmos o tratamento dado ao infrator de colarinho-branco
em relação àquele que recebe o cidadão comum que tenha a infelicidade de cair
nas “garras” da justiça.
Introdução
por pergunta
Veja um exemplo:
Como pode haver paz no mundo se faltam o amor, a
tolerância e o respeito pelo outro?
Fonte:
AGUIAR,
Jaqueline da Silva. Descomplicando a
redação / Jaqueline da Silva Aguiar, Ednir Melo Barbosa. — São Paulo: FTD,
2003.
Estrutura do texto dissertativo — O desenvolvimento
O
desenvolvimento na redação dissertativa
Terminada a
introdução, é preciso preocupar-se com o desenvolvimento do texto, que deve ser
redigido de maneira clara, coerente, concisa e objetiva, mantendo sempre a
mesma linha de raciocínio apresentada na introdução.
É importante, neste
momento, definir os argumentos a serem usados, fundamentar muito bem as ideias
e ter convicção do que se está falando, a fim de receber crédito do leitor e
ter seu ponto de vista respeitado.
Ao se justificar esse
ponto de vista, convém usar argumentos que tenham valor objetivo, ou seja, que
possam ser aceitos por outras pessoas. Por exemplo, ao se afirmar ser
necessária uma atitude enérgica e eficaz no combate ao tráfico e uso de drogas,
muitos leitores concordarão com essa postura; entretanto, se os argumentos
apresentados basearem-se apenas em opiniões pessoais ou mesmo preconceituosas,
estar-se-á fazendo um julgamento sobre o assunto e não o analisando
objetivamente. Dessa forma, perde-se credibilidade e não se convence o leitor.
No momento de se
desenvolver o tema, citações feitas por autoridades, relatos de fatos
divulgados pelos meios de comunicação, estatísticas, exemplos e ilustrações poderão
ser utilizados para fortalecer a argumentação e dar mais veracidade ao texto. É
essa a grande função do desenvolvimento: fundamentar o ponto de vista
apresentado na introdução.
O desenvolvimento pode
ser elaborado de muitas maneiras diferentes, das quais três serão abordadas
aqui:
Desenvolvimento
por enumeração
Este tipo de desenvolvimento é muito comum quando se quer
expor uma série de características, de funções, de processos, de situações referentes
ao tema abordado. Exemplo:
A proximidade
das eleições municipais é uma ótima oportunidade para a discussão sobre as condições
de vida em nossas cidades. Poluição, congestionamentos de trânsito, lixo, multiplicação
de favelas, destruição de rios e lagoas e desmatamento compõem o cotidiano dos
grandes centros urbanos. O número de problemas causados pelo
desenvolvimento é grande, mas isso não significa que o respeito à ecologia e o
progresso não possam andar juntos. O que falta no Brasil é uma vontade política
que possibilite ao país rever o seu processo de desenvolvimento, muito
destrutivo até agora.
(Nina de Almeida Braga. Soluções para as cidades. In revista Veja.
São Paulo, Abril 14/9/1988.)
Desenvolvimento
por comparação
Um outro tipo de
desenvolvimento possível é o de estabelecer comparações com a intenção de
colocar lado a lado ideias, fatos, seres, apontando semelhanças ou contradições
entre eles. Exemplo:
[...]Alguns quarteirões
adiante posso ver, a distância, um grupo de 15 ou mais jovens, todos parecidos,
alguns sentados e outros deitados na grama em uma das saídas do metrô. Esses,
claramente, usam drogas. No Brasil seriam chamados de meninos de rua. Aqui
recebem o nome de “itinerantes”.
Montreal é a
segunda maior cidade do Canadá. Tem mais de 3 milhões de habitantes. Gaba-se de
ser multicultural. A imigração daqui é incentivada. Mas não explica a presença
desses jovens nas ruas. Os motivos da “itinerância” não são econômicos. São outros.
Ao contrário de nossos jovens de rua, os de Montreal não são violentos. A população
se sente incomodada mais pelo aspecto e pela presença que por atos
infracionais.
(Lígia
Costa Leite. In revista Época. São Paulo,
Globo, 20/11/2000.)
Desenvolvimento
por causa e consequência
Em muitos casos, a introdução
do texto dissertativo permite um desenvolvimento que usa uma ou mais relações de
causa e consequência. Exemplo:
Todos sabemos que,
em nosso país, há muito tempo, observa-se um grande número de grupos migratórios,
os quais, provenientes do campo, deslocam-se em direção às cidades, procurando
melhores condições de vida.
Ao examinarmos
algumas das consequências desse êxodo, verificamos que a zona rural apresenta inúmeros
problemas, os quais dificultam a permanência do homem no campo. Podemos mencionar,
por exemplo, a seca, a questão da distribuição da terra e a falta de incentivo
à atividade agrária por parte do governo.
Em consequência disso,
vemos, a todo instante, a chegada desse enorme contingente de trabalhadores
rurais ao meio urbano. As cidades encontram-se despreparadas para absorver
esses migrantes e oferecer-lhes condições de subsistência e de trabalho. Cresce,
portanto, o número de pessoas vivendo à margem dos benefícios oferecidos por
uma metrópole; por falta de opção, dirigem-se para as zonas periféricas e
ocasionam a proliferação de favelas.
Por tudo isso,
só nos resta admitir que a existência do êxodo rural somente agrava os
problemas do campo e da própria cidade. Fazem-se, portanto, necessárias algumas
medidas para tentar fixar o homem na terra. Assim, os cidadãos rurais e urbanos
deste país encontrariam, com certeza, melhores condições de vida.
(Branca Granatic. O problema das correntes migratórias.
São
Paulo, Scipione, 1996.)
Fonte:
AGUIAR,
Jaqueline da Silva. Descomplicando a
redação / Jaqueline da Silva Aguiar, Ednir Melo Barbosa. — São Paulo: FTD,
2003.
Estrutura do texto dissertativo — A conclusão
A
conclusão na redação dissertativa
A conclusão é a parte
do texto que sintetiza as ideias desenvolvidas, reafirmando-as de acordo com a
tese apresentada na introdução e justificada pela argumentação no desenvolvimento.
Da mesma forma que a
introdução e o desenvolvimento, a conclusão também pode ser expressa de várias
formas:
Conclusão-resumo
É a maneira mais tradicional de se finalizar um texto
dissertativo. É na conclusão-resumo que são reforçadas as ideias apresentadas,
resumindo as abordagens feitas ao longo do texto. Exemplo:
Diante de
definições equivocadas que têm sido levadas à opinião pública, é importante
expor as reais atribuições e ações desenvolvidas pelo Conselho da Comunidade
Solidária. O trabalho teve início em 1995 e evoluiu com base na constatação de
que a sociedade civil contemporânea se apresenta como parceira indispensável de
qualquer governo no enfrentamento da pobreza, das desigualdades e da exclusão social.
Passamos, então,
a atuar em três grandes linhas: adotando medidas para o fortalecimento da mesma
sociedade civil, desenvolvendo a interlocução política sobre temas sociais com
diversos atores e criando programas inovadores. Esses programas, marcados por
um novo modelo de gestão, oferecem-se como alternativa viável ao mero
assistencialismo, caracterizado pelo ineficiência e obsolescência de políticas
centralizadoras. E, se os projetos surgiram pequenos, hoje cresceram de forma
significativa. O Alfabetização Solidária, por exemplo, começou a atuar em 1997
com 9.200 alunos em 38 cidades. Este ano estará presente em 866 municípios do
Norte e Nordeste e nas regiões metropolitanas de são Paulo e Rio de Janeiro,
beneficiando cerca de 800 mil pessoas. [...]
Em resumo, além da
promoção do debate e da busca da diversidade de ideias, o conselho está
articulando, de modo transparente, recursos de todos os tipos, provenientes do
Estado, da iniciativa privada e do setor privado sem fins lucrativos (o
terceiro setor). Segmentos que, há pouco, ainda eram considerados incapazes de
conviver e mais ainda de atuas conjuntamente a favor do desenvolvimento do
país.
(Ruth
Corrêa Leite Cardoso. Uma ação social
inovadora.
In
Folha de S. Paulo, 26/9/1999.)
Conclusão-proposta
A conclusão do tipo proposta
é aquela que apresenta algumas possíveis soluções para as situações-problema
levantadas no texto. Exemplo:
No Brasil, o que
se tem feito é dar bolsas aos estudantes — nunca em número suficiente —, com um
sistema que tem dado origem a distorções. Talvez fosse o caso de tentar
ajudar diretamente as próprias instituições de ensino superior, desde que
baixassem suas anuidades e demonstrassem efetiva melhoria de qualidade na educação
e no treinamento que oferecem.
(José
Goldemberg. In O Estado de S. Paulo,
17/09/2001.)Fonte:
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terça-feira, 15 de julho de 2014
A crônica da letra "C"
Tudo que vicia começa com “C”
(Luiz Fernando Veríssimo)
Por alguma razão que ainda desconheço, minha mente foi tomada por uma ideia um tanto sinistra: vícios.
Refleti sobre todos os vícios que corrompem a
humanidade. Pensei, pensei e, de repente, um insight:
tudo que vicia começa com a letra c!
De drogas leves a pesadas, bebidas, comidas ou
diversões, percebi que todo vício curiosamente iniciava com c.
Inicialmente, lembrei do cigarro que causa mais dependência que muita
droga pesada. Cigarro vicia e começa com a letra c. Depois, lembrei das drogas
pesadas: cocaína, crack e maconha. Vale lembrar que maconha é
apenas o apelido da cannabis sativa
que também começa com c.
Entre as bebidas super populares há a cachaça, a cerveja e o café.
Os gaúchos até abrem mão do vício matinal do café mas não deixam de tomar seu chimarrão que também - adivinha - começa com a
letra c.
Refletindo sobre este padrão, cheguei à
resposta da questão que por anos atormentou minha vida: por que a Coca-Cola vicia e a Pepsi não? Tendo fórmulas e
sabores praticamente idênticos, deveria haver alguma explicação para este
fenômeno. Naquele dia, meu insight finalmente revelara a resposta. É que
a Coca tem dois cês no nome enquanto a Pepsi não tem nenhum.
Impressionante, hein?
E o computador e o chocolate?
Estes dispensam comentários.
Os vícios alimentares conhecemos aos montes,
principalmente daqueles alimentos carregados com sal e açúcar. Sal é cloreto de sódio. E o açúcar
que vicia é aquele extraído da cana.
Algumas músicas também causam dependência.
Recentemente, testemunhei a popularização de uma droga musical chamada "créeeeeeu". Ficou
todo o mundo viciadinho, principalmente quando o ritmo atingia a velocidade... cinco.
Nesta altura, você pode estar pensando: sexo
vicia e não começa com a letra c.
Pois você está redondamente enganado. Sexo não tem esta qualidade porque denota
simplesmente a conformação orgânica que permite distinguir o homem da mulher. O
que vicia é o "ato sexual", e este é denominado coito.
Pois é. Coincidências ou não, tudo que vicia
começa com c. Mas atenção: nem tudo
que começa com c vicia. Se fosse
assim, estaríamos salvos pois a humanidade seria viciada em Cultura...
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