"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

sábado, 13 de junho de 2009

Eles não tomavam banho!?!?!?!?

O hábito de recorrer a banhos a domicilio tinha sido importado da Alemanha, sob a Restauração, mas o custo tendia a restringir o seu uso. No fim do século, banhistas ambulantes, em geral homens fortes de Auverne (região da França) que carregavam banheira e água quente até um apartamento e, depois, desciam com tudo de novo, eram figuras familiares; dar-lhes ordens falsas era uma piada favorita dos estudantes. Entretanto, vejam como o processo ainda continuava a ser excepcional e complicado — até na alta sociedade. Em 1898, Pauline de Broglie, então com dez anos de idade, pegou sarampo. Quando se recuperou, o doutor receitou um banho. ‘Foi um caso terrivelmente complicado, e falou-se a respeito durante vários dias. Naturalmente, não havia banheira na casa. Ninguém na família jamais tomara um banho. Nós nos lavávamos em tinas (bacias redondas e baixas...) com cinco centímetros de água, ou então nos esfregávamos com uma esponja, mas a idéia de mergulhar na água até o pescoço nos parecia pagã, quase perversa!’ Alugou-se uma banheira portátil, que foi colocada diante de uma lareira onde se acendeu um fogo (em junho), e a lata foi coberta com um lençol; a menina entrou na água de camisola.
Por outro lado, as filhas de uma rica família provinciana parecem ter se banhado ‘uma vez por mês no verão, nunca no inverno’, embora não fique claro se a tina circular que usavam era uma banheira ou uma bacia. Ensaboavam-se através de suas camisas de banho, ‘pois nunca teríamos admitido ficar nuas para nos lavar!’ Ao mudar a camisa, fechavam os olhos e faziam o sinal-da-cruz. ‘Cresci sem nunca ter visto meu umbigo’.


WEBER, Eugen. França fin-de-siècle. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 78-79.

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