terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
.
Já o verme — este operário das ruínas
—Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
.
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
.
.
ANJOS, Augusto dos. "Psicologia de um vencido." In: Poesia e prosa. São Paulo, Ática, 1977. p.64.
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
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Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
.
Já o verme — este operário das ruínas
—Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
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Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
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ANJOS, Augusto dos. "Psicologia de um vencido." In: Poesia e prosa. São Paulo, Ática, 1977. p.64.
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