sábado, 28 de maio de 2016
Ignorância e verdade
Ignorar
é não saber alguma coisa. A ignorância pode não ser tão profunda que nem sequer
a percebemos ou a sentimos, isto é, não sabemos que não sabemos, não sabemos
que ignoramos. Em geral, o estado de ignorância se mantém em nós enquanto as
crenças e opiniões que possuímos para viver e agir no mundo se conservam como
eficazes e úteis, de modo que não temos nenhum motivo para duvidar delas,
nenhum motivo para desconfiar delas e, consequentemente, achamos que sabemos
tudo o que há para saber.
A
incerteza é diferente da ignorância porque, na incerteza, descobrimos que somos
ignorantes, que nossas crenças e opiniões parecem não dar conta da realidade,
que há falhas naquilo em que acreditamos e que durante muito tempo nos serviu
como referência para pensar e agir. Na incerteza não sabemos o que pensar, o
que dizer ou o que fazer em certas situações ou diante de certas coisas,
pessoas, fatos, etc. Temos dúvidas, ficamos cheios de perplexidade e somos
tomados pela insegurança.
Outras
vezes, estamos confiantes e seguros e, de repente, vemos ou ouvimos alguma
coisa que nos enchem de espanto e de admiração, não sabemos o que pensar ou o
que fazer com a novidade que vimos ou ouvimos porque as crenças, opiniões e
ideias que possuímos não dão conta do novo. O espanto e a admiração, assim como
antes a dúvida e a perplexidade, nos fazem querer saber o que não sabíamos, nos
fazem querer sair do estado de insegurança ou de encantamento, nos fazem
perceber nossa ignorância e criam o desejo de superar a incerteza.
Quando
isso acontece, estamos na disposição de espírito chamada busca da verdade.
CHAUI,
Marilena. Convite à filosofia.
14 ed. São
Paulo: Ática, 2010.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário