domingo, 20 de março de 2016
O Príncipe, de Nicolau Maquiavel
Alguns comentários
- Aos 29 anos de idade,
Nicolau Maquiavel ingressou na vida política, exercendo o cargo de secretário
da Segunda Chancelaria da República de Florença. Porém, com a restauração da
família Médici ao poder, Maquiavel foi afastado da vida pública. Nesta época,
passou a dedicar seu tempo e conhecimentos para a produção de obras de análise
política e social.
- Em 1513, escreveu sua
obra mais importante e famosa “O
Príncipe”. Nesta obra, Maquiavel aconselha os governantes, em especial o
Príncipe Lorenzo de Médici, como governar e manter o poder absoluto, mesmo que
tenha que usar a força militar e fazer inimigos. Esta obra, que tentava
resgatar o sentimento cívico do povo italiano, situava-se dentro do contexto do
ideal de unificação italiana.
- O livro "O
Príncipe" foi escrito por Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição
foi publicada postumamente, em 1532.
- Trata-se de um dos
tratados políticos mais importantes já escritos, e que tem papel crucial na
construção do conceito de Estado como modernamente conhecemos.
- Entre outras coisas,
descreve as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos internos e externos,
e fundamentalmente, como conquistar e manter um principado
- O livro “O Príncipe” é um manual prático que foi dado como presente por
Maquiavel ao Príncipe Lorenzo de Médici.
- A obra envolve
experiência e reflexões do autor.
- Maquiavel analisa a
sociedade de maneira fria e calculista e não mede esforços quando trata de como
obter e manter o poder.
- Questão: como
constituir e manter a Itália como um Estado livre, coeso e duradouro? Ou como
adquirir e manter principados?
- A tirania é
apresentada por Maquiavel como uma resposta prática a um problema prático
- No livro “O Príncipe”
não há considerações de direito, mas apenas de poder: são estratégias para
lidar com criações de força.
- Teoria das relações
públicas: cuidados com a imagem pública do governante.
- Teoria da cultura
política: religião nacional, costumes e ethos
social como instrumentos de fortalecimento do poder do governante.
- Teoria da
administração pública: probidade administrativa, limites à tributação e
respeito à propriedade privada.
- Teoria das relações
internacionais: Exércitos nacionais permanentes, em lugar de mercenários. Exércitos
nacionais para conquista, defesa externa e ordem interna.
- Em sua obra “O
Príncipe”, Nicolau Maquiavel mostra a sua preocupação em analisar
acontecimentos ocorridos ao longo da história, de modo a compará-los à
atualidade de seu tempo.
- A obra é dividida em 26 capítulos, que podem ser agregados em cinco
partes, a saber:
*capítulo I a XI: análise dos diversos grupos de principados e meios de
obtenção e manutenção destes;
*capítulo XII a XIV: discussão da análise militar do Estado;
*capítulo XV a XIX: estimativas sobre a conduta de um Príncipe;
*capítulo XX a XXIII: conselhos de especial interesse ao Príncipe;
*capítulo XXIV a XXVI: reflexão sobre a conjuntura da Itália à sua época.
- Na primeira parte
(cap. I a XI), Maquiavel mostra, através de claros exemplos, a importância do
exército, a dominação completa do novo território através de sua estadia
neste;
- Mostra a necessidade
da eliminação do inimigo que no país dominado encontrava-se e como lidar com as
leis pré-existentes à sua chegada;
- Dava o consentimento
da prática da violência e de crueldades, de modo a obter resultados
satisfatórios, onde se encaixa perfeitamente o tão famoso postulado atribuído a
Maquiavel de que “os fins justificam os meios” como os pontos mais
importantes.
- A guerra é a
verdadeira profissão de todo governante e odiá-la só traz desvantagens.
- Já na segunda (cap. XII
ao XIV), reflete sobre os perigos e dificuldades que tem o Príncipe com suas
tropas, compostas de forças auxiliares, mistas e nacionais, e destaca a
importância da guerra para com o desenvolvimento do espírito patriótico e
nacionalista que vem a unir os cidadãos de seu Estado, de forma a torná-lo
forte.
- Do capítulo XV ao
XIV, vê-se a necessidade de certa versatilidade que deve adotar o governante em
relação ao seu modo de ser e de pensar a fim de que se adapte às circunstâncias
momentâneas.
- “Qualidades”, em
certas ocasiões, como afirma o autor, mostram-se não tão eficazes quanto
“defeitos”, que, nesse caso, tornam-se próprias virtudes;
- A obra também fala da
temeridade dele perante a população quanto ao sentimento de afeição, como
medida de precaução à revolta popular, devendo o soberano apenas evitar o
ódio;
- Fala da utilização da
força sobreposta à lei quanto disso dependeram condições mais favoráveis ao seu
desempenho;
- Também fala da
importância da sua boa imagem em face aos cidadãos e Estados estrangeiros, de
modo a evitar possíveis conspirações.
- Em seguida,
constata-se um questionamento das utilidades das fortalezas e outros meios
quanto a finalidade de proteção do Príncipe;
- Depois ele disserta
sobre o modo como o príncipe encontrará mais serventia em pessoas que
originalmente lhe apresentavam suspeita em contrapartida às primeiras que nele
depositavam confiança;
- Indica como o
príncipe deve agir para obter confiança e maior estima entre seus
súditos;
- Fala sobre a
importância da boa escolha de seus ministros;
- O livro se apresenta
como uma espécie de guia sobre o que fazer com os conselhos dados ao príncipe.
Conselhos estes que são raramente úteis, quando levamos em consideração o
interesse oculto de quem os dá.
- Na última parte, que
abrange os três capítulos finais, Maquiavel foge de sua análise propriamente
“maquiavélica” na forma de um apelo à família real, de modo que esta adote
resoluções em favor da libertação da Itália, dominada então pelos
bárbaros.
- Terminada a breve
exposição dos principais temas abordados no livro “O Príncipe” aqui
sintetizado, conclui-se ser tamanha a complexidade organizacional de um Estado,
que se recorre a todo e qualquer meio, justo ou injusto, da república à
tirania, para ter-se como consequência não um país justo no sentido próprio da
palavra (ao menos não se julga, habitualmente, haver uma possibilidade de fazer-se
justiça com relação a todos os integrantes de uma sociedade ou grupo de
extensão considerável, já que os interesses são os mais variados), mas estável,
governável e próprio de orgulho por suas partes e, principalmente, de respeito
perante aos demais países/nações, o que certamente propiciaria um meio sadio e
mais tranquilo de viver-se, tanto ao Príncipe quanto aos seus seguidores.
- Em função das ideias
defendidas no livro “O Príncipe”, o termo “maquiavélico” passou a ser usado
para aquelas pessoas que praticam atos desleais (até mesmo violentos) para
obter vantagens, manipulando as pessoas. Este termo é injustamente atribuído a
Maquiavel, pois este sempre defendeu a ética na política.
"Precisando um príncipe de saber usar bem o animal, deve tomar como
exemplo a raposa e o leão; pois o leão não é capaz de se defender das
armadilhas, assim como a raposa não se sabe defender dos lobos. Deve, portanto,
ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para espantar os lobos."
Niccolo Maquiavel
A forca física do leão, e a sagacidade da raposa.
Referência:
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe:
comentários de Napoleão Bonaparte. Tradução Edson Bini. 12. ed. São Paulo:
Hemus, 1996.
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