domingo, 13 de fevereiro de 2011
Sinais de pontuação
Os sinais de pontuação são, na escrita, a expressão das entonações da língua falada. Por isso, são fundamentais para a correta interpretação das idéias. Assim sendo, na norma culta é preciso ficarmos bastante atentos quanto ao uso dos seguintes sinais de pontuação: ponto, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos e travessão.
Ponto
O ponto assinala a pausa máxima da voz depois de um grupo fônico de final descendente e de sentido completo, i.e., ele é empregado, fundamentalmente, para indicar o término de uma frase ou período (simples ou composto). Exemplos:
As finanças no Brasil não iam mal, permitiam despesas de vulto. Iniciaram-se então as obras contra a seca do Nordeste, que logo foram interrompidas.
(Graciliano Ramos)
Ela saiu cedo do trabalho, cansada de tantas discussões e precisando descansar. Entretanto, demorou a chegar a casa, pois foi surpreendida por uma forte tempestade.
Assim que abriu a porta, verificou que a luz da sala estava acesa. Ficou em dúvida: “será que me esqueci de apagar a luz?”, pensou ela.
Observe que o ponto é usado no final de uma ideia completa. Quando se agregam outras ideias completas, forma se o período ou parágrafo.
Vírgula
A vírgula marca uma pausa de pequena duração. Indica que a ideia fica em suspenso, a espera que o período se complete. Exemplo:
O coordenador do projeto solicitou que ele fosse entregue na terça-feira, mas só poderemos entregá-lo na quarta.
Ela orienta o sentido de uma ideia. Por isso, temos basicamente duas regras gerais a serem seguidas.
Primeira regra: Usa-se a vírgula para encaixar palavras, termos ou ideias em uma sequência. Exemplo:
Toda lei de mercado é, por natureza, flutuante.
A sequência básica da frase é Toda lei de mercado é flutuante; o elemento que está encaixado nela é por natureza.
Segunda regra: Não se pode usar a vírgula para quebrar uma sequência de palavras que formam um sentido. Exemplo:
Os órgãos públicos estaduais e municipais deverão encaminhar as informações necessárias à Divisão de Pessoal.
Nessa frase não devemos colocar nenhuma vírgula:
§ entre “públicos e estaduais”, porque não se pode quebrar a sequência dos funcionários que são públicos e estaduais;
§ entre “os órgãos públicos estaduais e municipais” e “deverão encaminhar”, senão a primeira parte ficará solta e sem sentido. Se pusermos a vírgula depois de municipais, a ideia se quebrará e ficará incompleta;
§ antes de “a Divisão de Pessoal” porque este grupo é parte de “encaminhar”, já que quem encaminha, encaminha algo a alguém, ou seja, à Divisão de Pessoal.
Resumindo, não se usa a vírgula para separar palavras ou ideias que se completam, a não ser que seja para intercalar elementos. Vejamos a seguir, de acordo com a nomenclatura gramatical, as demais regras para o uso da vírgula:
― Separando o vocativo:
Não toques nesses doces, menino!
― Separando o aposto:
Nós, professores, contamos com o apoio de vocês.
― Assinalando a supressão do verbo:
Nós trabalhamos com fatos e vocês, com hipóteses.
― Separando orações intercaladas ou expressões explicativas:
O processo de sustentabilidade deverá ser implantado, conforme estipulado em reunião de 23/03/2008, gradativamente.
― Separando orações coordenadas sindéticas, exceto as ligadas pela conjunção e:
Ele estudou bastante, mas não conseguiu ser aprovado.
* Note que neste caso, mesmo se enquadrando no enunciado anterior, haverá a vírgula caso apresente sujeitos diferentes:
Ele foi ao Japão, e ela à Itália.
― Separando orações adverbiais:
Quando saístes, ela chegou.
Iríamos, se pudéssemos.
― Separando elementos de mesma função sintática:
Os livros, os cadernos, as canetas e os lápis estão sobre a mesa.
― Separando adjuntos adverbiais antecipados:
Naquele momento, todos os clientes desistiram da compra.
― Separando, nas datas, a localidade:
São Paulo, 14 de fevereiro de 2011.
Ponto-e-vírgula
Sinal intermediário entre a vírgula e o ponto. Serve para separar estruturas ou elementos elencados e para separar orações que têm relação de sentido sem segmentá-las em outro período. Exemplo:
Ela iria sair da equipe; ele, ficar.
Outras utilizações
Separando orações coordenadas assindéticas de maior extensão:
Creio que todos chegarão cedo; o avião decolou no horário previsto.
― Separando, numa série, elementos que já estão anteriormente separados por vírgula:
Encontramos na reunião: José, o presidente; Pedro, o vice; Carlos, o secretário; Francisco, o tesoureiro.
― Separando orações ligadas pelas conjunções por conseguinte, portanto, contudo, entretanto, consequentemente:
Nós quisemos negociar; contudo, afirmava-se que eles não se interessariam.
― No final de cada item elencado de um conjunto:
O processo legislativo compreende a elaboração de:
a. emendas à Constituição;
b. leis complementares;
c. leis delegadas; e
d. resoluções.
Dois-pontos
Os dois-pontos marcam uma generalização, enfatizando o que vem depois, e são usados:
― Antes de uma citação – geralmente depois de verbo ou expressão que signifique dizer, responder, e sinônimos:
O juiz declarou: “O réu foi absolvido por unanimidade”.
― Antes de uma enumeração explicativa de uma série de itens:
A dupla articulação da linguagem caracteriza-se: a) pela combinação e b) pela comutação.
― Entre duas afirmativas, quando a segunda explica, sintetiza ou esclarece a primeira:
Tenho dois caminhos possíveis: abrir uma consultoria ou um estabelecimento comercial.
Travessão
Usa-se para separar um grupo de palavras ― normalmente uma ideia secundária ― que se queira destacar na frase, porém sem prejudicar a sequência natural do texto. Exemplo:
O Rio tem um agradável refúgio no verão ― a serra ― onde a temperatura é mais amena.
O travessão é bastante usado para destacar ideias secundárias:
Todos os relatórios bimestrais relacionados à análise macroeconômica deverão ser consolidados pelo gerente de cada área ― de acordo com a nova orientação executiva ― antes de serem enviados às respectivas diretorias.
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