"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

sábado, 19 de junho de 2010

Festa no arraial

Quadrilha junta francês e português

A dança chegou ao Brasil em 1808, com a corte portuguesa, e teve seus comandos adaptados para as festas juninas daqui.

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Bem-me-quer, malmequer. Você já deixou as flores carecas e ainda não tem nenhuma pista se o seu amor é correspondido? Santo Antônio e São João, os santos da fertilidade e do casamento, podem lhe dar uma força, através das simpatias.

Já tentou, na véspera do dia de São João, de 23 para 24 de junho, escrever em papeizinhos e dobrá-los numa bacia cheia de água? Dizem que o papel que amanhecer aberto vai revelar o nome da noiva ou do noivo.

O ponto alto da festa junina é o casório caipira, seguido de quadrilha. A dança de pares é cheia de nove horas, com muitos comandos em francês. Isso porque, quando a corte portuguesa chegou ao Brasil, em 1808, trouxe a quadrilha, dança originária da França.

Hoje, a quadrilha é uma mistura engraçada de passos originais com passos novos, comandos em francês misturados aos tradicionais “sustos” em português, como “óia a cobra”.

Homens e mulheres entram abraçados em fila, seguindo o comando do marcante e do contramarcante. Fazem o “balance” (“balancer”), depois de se cumprimentarem “vis-a-vis” (“vis-à-vis”, ou seja, “cara a cara”), e “anavan” (“em avant”, “para a frente”). Depois recuam (“anarriê” vem de “em arrière”, que significa “para trás”).

De volta a seus lugares, fazem mais um balance com seus pares seguido de um “tur” (“tour”, que significa “volta”). Ouve-se então “otrefoá!” (“autrefois” significa “mais uma vez”). Daí tem mais balance e viravortê, e o homem passa a mulher para o homem de trás, até que todos encontrem seus pares novamente.

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Santos em festa

As festas juninas estão aí! É fogueira de São João, fogueteiro para São Pedro e simpatias para Santo Antonio. Esses santos são muito importantes para todos os católicos e suas vidas são contadas na Bíblia. Leia, a seguir, algumas histórias sobre eles.

13 de junho – dia de Santo Antônio

Santo Antônio ficou célebre por seu talento para pregar a palavra de Deus. Ele chegava a uma praça, ou a qualquer lugar onde houvesse um grupo de pessoas, e começava a contar a vida de Jesus. Como falava muito bem, e com bastante entusiasmo, logo juntava uma multidão. O primeiro milagre de Santo Antônio é de deixar qualquer um de queixo caído. Aconteceu certa vez, quando ele começou a pregar na beira de um rio. Sabe o que aconteceu? Os peixinhos daquele rio, atraídos pelo jeito empolgante como Santo Antônio falava, nadaram para a beirada e puseram a cabeça para fora, para ouvir melhor. Imagine o susto das pessoas quando viram que até os peixinhos estavam prestando atenção.

24 de Junho – dia de São João

São João é o santo mais festejado do Brasil. Mas isso não significa que ele tenha sido festeiro. Muito pelo contrário. Ele vivia no deserto. Alimentava-se de gafanhotos e mel. Suas roupas eram de pele de camelo. João era primo de Jesus. Eles tinham quase a mesma idade. João foi um grande profeta, pois avisava que Jesus viria. Só que isso causou uma pequena confusão. João era um homem tão bom que muita gente achou que ele era Jesus Cristo! Ele dizia que não, mas sempre tinha uma turma que teimava o contrário. Essa confusão foi esclarecida quando João batizou Jesus no rio Jordão. Nessa hora aconteceu um milagre. Um vozeirão, vindo do céu, disse: “Esse é o meu filho bem-amado”. Foi assim que se resolveu a confusão entre os dois primos.

29 de Junho – dia de São Pedro

São Pedro nasceu com o nome de Simão e era pescador. Certo dia, ele estava lavando as redes, quando Jesus apareceu e pediu uma carona em seu barco. Simão concordou. Depois trocou o seu nome para Pedro quando Jesus disse que ele seria o fundador da igreja. Pedro significa pedra, ou seja: Pedro seria a primeira pedra da igreja. É por isso que São Pedro é considerado o primeiro papa. Depois que Jesus morreu, São Pedro viajou, se revelou um excelente orador e começou a fazer milagres. Dizem que, certa vez, um feiticeiro de Roma chamou São Pedro para um desafio. Aí o feiticeiro começou a levitar! São Pedro não teve dúvida. Fez um exorcismo, tirou o diabo do corpo do feiticeiro, e o fez despencar no chão. Plaft!

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Fonte: Caderno Folhinha. In: Folha de S.Paulo, 28.05.2005


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