"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A praga do onde

Vamos trocar duas palavras sobre uma verdadeira praga: a palavra onde. Esse termo está assumindo todos os significados possíveis e imagináveis. Vale tudo: da óbvia ideia de lugar a todas as outras que a criatividade das pessoas consegue produzir.
Uma simples consulta a um bom dicionário é suficiente para constatar que onde indica, basicamente, idéia de lugar, lugar físico, lugar em que. Frases como “Onde você comprou a roupa?”, “Onde você nasceu?”, “Falta luz na rua onde moro”, “Conheço a cidade onde você nasceu” são absolutamente corretas e usadas no dia-a-dia com naturalidade.
Os problemas começam quando a bendita palavra onde passa a ser usada como uma espécie de cola-tudo, como nesta frase: “O pacote fiscal reduz o poder de compra da classe média, onde as vendas em dezembro devem diminuir sensivelmente.”
Que tal? Que relação existe entre a redução do poder de compra da classe média e a queda nas vendas? A relação é mais do que evidente: causa e efeito. A redução do poder de compra é causa; a queda nas vendas é consequência. Será que a expressão adequada para estabelecer essa relação é onde? Claro que não! As opções são muitas: por isso, consequentemente, em consequência disso, portanto, logo, razão pela qual, etc.
Por ironia, nenhuma das possibilidades consideradas corretas é a preferida. As pessoas gostam mesmo de usar o danado do onde. Jornalistas, políticos, economistas, esportistas e o público em geral ― certamente influenciado pelo exemplo ― consagram o modismo. Ouvi de um atleta: “Não me alimentei bem ontem, dormi mal esta noite, onde hoje não consegui bom desempenho.”
Na frase do atleta, também se observa a relação causa/efeito. A palavra onde é completamente descabida. Aliás, onde já virou até sinônimo de cujo: “É um veículo moderno, onde o motor tem baixíssima taxa de emissão de poluentes.” Nada disso. O veículo tem motor, o motor é dele, veículo, portanto existe uma relação de posse, que deve ser estabelecida pelo pronome cujo: “É um veículo moderno, cujo motor...”.
Outra coisa esquisita que também já virou moda é “onde que”: “A defesa esteve mal, onde que o adversário se aproveitou para criar muitas situações de perigo.” Nem pensar. Uma das possíveis soluções seria “A defesa esteve mal, e o adversário se aproveitou disso para criar muitas situações de perigo.”
Também se vê onde para estabelecer relação temporal. Até Chico Buarque caiu na esparrela, na memorável Todo sentimento, que tem letra de Chico e música de Cristóvão Bastos: “...tempo da delicadeza, onde não diremos nada...” Tempo é tempo, onde é lugar. Caberia a palavra “quando”, ou a expressão “em que”, talvez pouco adequadas à frase musical.
A diferença entre onde e aonde também deixa muita gente de cabelo em pé. A solução é muito simples. Aonde é a fusão de “a” com “onde”. Esse “a” é preposição e indica basicamente ideia de movimento, destino. Portanto só se deve usar aonde com verbos que indicam essa ideia. E são poucos, como ir, chegar, dirigir-se, levar: “Aonde você quer chegar?”, “Aonde você pretende levá-la?”, “Aonde ela foi?”, “Aonde ele se dirigia naquele momento?.”
Você certamente conhece uma canção interpretada pelo grupo Cidade Negra, cuja letra diz: “Aonde está você? Aonde você mora? Aonde você foi morar?”. No padrão culto, as três frases exigem “onde”, já que estar e morar não indicam movimento. Você não diz estar a algum lugar, nem morar a algum lugar. Se você está em e mora em, o que se usa é onde, e não aonde.
Na fala, é absolutamente impossível controlar a diferença entre onde e aonde. Se você é daqueles que se preocupam com a correção até na língua do dia-a-dia, é bom lembrar que, em termos de língua culta, para cada noventa e nove ocorrências corretas de onde, há uma de aonde.
Mesmo em escritores renomados se vê o emprego de onde e aonde sem critério. Bandeira, num célebre poema pré-concretista, valeu-se do jogo onde/onda/aonde (“Aonde anda a onda?”).
Para a língua padrão, porém, a diferença deve ser respeitada. Se você fizer uma prova, um concurso público, um vestibular, deve seguir as orientações desta coluna. É isso.
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Pasquale Cipro Neto

domingo, 27 de setembro de 2009

Os Gatos

“Ele fixaria em Deus aquele olhar de esmeralda diluída, uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Às vezes,quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende, mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo.
Mas espera, já estou me precipitando, eu pensava naquela fábula da infância: é que Deus Nosso Senhor pediu água ao cachorro que lavou lindamente o copo e com sorrisos e mesuras foi levá-lo ao Senhor. Pedido igual foi feito ao gato e o que fez o gato? O fingido escolheu um copo todo rachado, fez pipi dentro e dando gargalhadas entregou o copo nojento na mão divina. Acreditei na fábula, na infância a gente só acredita. Mais tarde, conhecendo melhor o gato, descobri que ele jamais teria esse comportamento, questão de feitio. De caráter. Ele ouviria a ordem e continuaria deitado na almofada, olhando. Quando se cansasse de olhar, recolheria as patas como o chinês antigo recolhia as mãos nas mangas do quimono. E mergulharia no sono sem sonhos, gato sonha menos do que cachorro que até dormindo se parece com o homem. Outro ponto discutível: dando gargalhadas? Mas gato não dá gargalhada, só cachorro. Meus cachorros riam demais abanando o rabo, que é o jeito natural que eles têm de manifestar alegria, chegavam mesmo a rolar de rir, a boca arreganhada até o último dente. O gato apenas sorri no ligeiro movimento de baixar as orelhas e apertar um pouco os olhos, como se os ferisse a luz. Esse é o sorriso do gato – ô bicho sutil! indecifrável. Inatingível.
Nem pior nem melhor do que o cachorro, mas diferente. Fingido? Não, ele nem se dá ao trabalho de fingir. Preguiçoso, isso sim. Caviloso. Essa palavra saiu da moda mas deveria ser reconduzida, não existe melhor definição para a alma do felino. E de certas pessoas que falam pouco e olham. Olham. Cavilosidade sugere esconderijo, cave – aquele recôncavo onde o vinho envelhece.
Na cave o gato se esconde, ele sabe do perigo. Mas o cachorro se expõe, inocente. Foi na minha juventude que conheci o gato bem de perto. Me preparava para os vestibulares da Academia do Largo de São Francisco, era noite. E eu lia Iracema sem vontade, lia em voz alta, aos brados, para espantar o sono. Então ouvi um ruído brusco de coisa algodoada entrando pela janela e parando atrás da minha cadeira. Senti o olhar da coisa se fixando em mim. Fui me voltando devagar, afetando aquela calma que estava longe de sentir: um gato malhado, espetado nas quatro patas, me encarava, perplexo. Eu também perplexa. Fomos nos recuperando do susto, eu menos tensa do que ele. Meu apartamento era no primeiro andar de um prédio cercado de casario e essa janela da sala dava para o telhado de uma casa velhíssima, por onde transitavam os gatos do bairro.
Por onde andam hoje os gatos que não encontro mais nenhum. Naquele tempo havia gato à beça nos muros, nos telhados. “É que a vida apertou e gato dá um bom cozido”, explicou o jornaleiro. A fome aumentou e o telhado diminuiu, onde agora os telhados nos quais eles ficavam tomando sol? Caçando passarinho. Amando. Os ratos todos em plena circulação, fortalecidos. E os gatos, onde estão os gatos? Pois aquele era um gato de telhado, as manchas amarelas e pretas num fundo branco. E os olhos. Por alguma razão obscura, escolheu minha casa: estendi a mão afeita a acariciar cabeça de cachorro. Mas cabeça de gato não é cabeça de cachorro – primeira lição que ele deu ao recuar com uma soberba que me confundiu. A conquista do gato é difícil, embrulhada, não tem isso de amor repentino: mais um movimento de aproximação e ele fugiria ventando.
Fui buscar o pires de leite, deixei-o ao alcance do visitante da noite e continuei a ler o romance da virgem dos lábios de mel, mas em voz baixa, intuí que ele preferia o silêncio. Ele ou ela? Sexo de gato não é nítido como sexo de cachorro, outra diferença importante. Leva algum tempo para a descoberta do sexo, da unha e da idade.
Gato ou gata, vai se chamar Iracema, resolvi. E deixei meu hóspede, a casa é sua. Então ouvi o ruído delicado, ele bebia leite, mas não como os cachorros bebem, sofregamente, espirrando em redor. O gato é discreto. Há que amá-lo discretamente, pensei e fiquei sorrindo. Tenho um gato.
“Tudo passa sobre a terra!” – estava escrito no final do romance que achei triste. Olhei para a outra Iracema que dormia no meio do tapete. Também você vai passar? Tu quoque, Iracema?! Não sabia ainda que permaneceria infinita na minha finitude.”



(Lygia Fagundes Telles – texto extraído do livro A Disciplina do Amor)

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Quarta filha do casal Durval de Azevedo Fagundes e Maria do Rosário Silva Jardim de Moura, nasce na capital paulista, em 19 de abril de 1923, Lygia de Azevedo Fagundes, na rua Barão de Tatuí. Seu pai, advogado, exerceu os cargos de delegado e promotor público em diversas cidades do interior paulista, razão porque a escritora passa seus primeiros anos da infância mudando-se constantemente. Acostuma-se a ouvir histórias contadas pelas pajens e por outras crianças. Em pouco tempo, começa a criar seus próprios contos.
Porão e sobrado é o primeiro livro de contos publicado pela autora, em 1938, com a edição paga por seu pai. Assina apenas como Lygia Fagundes.
Ingressa, em 1940, na Escola Superior de Educação Física, naquela cidade.
Inicia o curso de Direito em 1941, freqüentando as rodas literárias que se reuniam em restaurantes, cafés e livrarias próximas à faculdade.
Praia viva e O cacto vermelho, são, respectivamente o segundo e o terceiro livro de contos.
Seu livro de contos, Histórias do desencontro, é publicado pela editora José Olympio, do Rio de Janeiro, e é premiado pelo Instituto Nacional do Livro, em 1958.
Dois anos depois lança o romance, Verão no aquário e começa a escrever o romance As meninas.
Em 1964 e 1965 são publicados seus livros de contos Histórias escolhidas e O jardim selvagem, respectivamente, pela editora Martins.
Seu livro de contos Antes do baile, publicado pela Bloch, do Rio de Janeiro, em 1970, recebe o Grande Prêmio Internacional Feminino para Estrangeiros, na França.
O lançamento, em 1973, pela José Olympio, de seu terceiro romance, As meninas, é um sucesso.
Seminário de ratos, contos, é publicado em 1977 pela José Olympio e recebe o prêmio da categoria Pen Club do Brasil.
Em 1978 a editora Cultura, de São Paulo, lança Filhos pródigos. Essa coletânea de contos seria republicada a partir de 1991 sob o título A estrutura da bolha de sabão.
Sua editora no período de 1980 até 1997, a Nova Fronteira, do Rio de Janeiro publica A disciplina do amor. No ano seguinte lança Mistérios, uma coletânea de contos fantásticos.
1989 é o ano de lançamento de seu romance As horas nuas.
Participa da Feira o Livro de Frankfurt, na Alemanha, em 1994, e lança, no ano seguinte, um novo livro de contos, A noite escura e mais eu, que ganhou os prêmios de Melhor livro de contos, concedido pela Biblioteca Nacional; Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro e Prêmio APLUB de Literatura.

Mira los cursos de español en Internet

El Instituto Cervantes ha creado el Aula Virtual de Español (AVE), un entorno virtual diseñado para el aprendizaje del español. Este recurso didáctico puede emplearse como herramienta autónoma para el aprendizaje por Internet (enseñanza a distancia) o integrarse en propuestas docentes ya consolidadas (enseñanza presencial y semipresencial).
Los cursos de español en Internet que se ofrecen en el AVE siguen el Plan curricular del Instituto Cervantes y las orientaciones del Marco europeo de referencia para las lenguas, y ponen a disposición del estudiante materiales didácticos de naturaleza multimedia, herramientas de comunicación de Internet y un sistema de seguimiento automático. El entorno permite a sus usuarios formar parte de un grupo de trabajo colaborativo y contar con el apoyo de un tutor que guíe su aprendizaje.
Si desea obtener información detallada y ver una muestra del entorno y de los materiales, puede consultar el portal del AVE.
En el Centro Virtual Cervantes se han publicado varias muestras de actividades del AVE, con una serie de fichas para el profesor, que puede consultar gratuitamente.

sábado, 26 de setembro de 2009

Qual a diferença entre ‘house’ e ‘home’?


Ao iniciar os estudos de inglês, muita gente tem a terrível dúvida sobre a diferença entre ‘house’ e ‘home’. Aliás, esta dúvida é tão frequente entre alunos de inglês quanto também é a diferença entre ‘do’ e ‘make’. Serei honesto com você, eu também tinha esta dúvida quando comecei a estudar inglês; por isto hoje resolvi falar a respeito dela.
Muitas pessoas costumam dizer que ‘house’ refere-se à casa como construção física; ou seja, o ‘imóvel’ propriamente dito. Já a palavra ‘home’ refere-se à casa como lar, o ambiente familiar. Não tenho nada contra esta explicação. Eu só a considero vaga demais.

O que eu sempre falo é que você deve aprender quando uma palavra ou outra é usada. Ou seja, deve aprender as expressões, os collocations, as sentenças, etc nas quais cada palavra é usada. Em outras palavras, você deve aprender a enxergar a floresta toda e não apenas a árvore.

Assim sendo aprenda que em inglês é comum dizermos:
· I’m at home now. [Eu estou em casa agora]
· I’m going home. [Estou indo pra casa]
· We’ll stay at home tonight. [A gente vai ficar em casa hoje à noite]
· What time will you leave home tomorrow? [Que hora você vai sair de casa amanhã?]
· They did their Best to make me feel at home. [Eles fizeram do bom e do melhor para que eu me sentisse em casa]
· When I travel, I miss home. [Quando viajo, sinto falta de casa]
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Note que em todas as sentenças acima fiz uso da palavra home. Note também as palavras que estão perto de home [destacadas em negrito]. Agora entenda que em inglês nós dizemos ‘be at home’ [estar em casa], ‘go home’ [ir para casa], ‘stay at home’ [ficar em casa], ‘leave home’ [sair de casa], ‘feel at home’ [sentir-se em casa], miss home [sentir falta de casa]. Não há uma explicação lógica [embora, muitos tentem] que nos explique a razão de usarmos ‘home’ nestes casos. Ou seja, o jeito é aprender o todo [a floresta] e não perdermos tempo com a palavra isolada [a árvore].

Agora veja as sentenças abaixo:
· I’m going over to Marcia’s house. [Eu tô indo na casa da Marcia]
· We stayed at my granny’s house. [A gente ficou na casa da vovó]
· They’re goint to demolish that old house. [Ele vão demolir aquela casa velha]
· The party was at João’s house. [A festa foi na casa do João]
· Where’s your house? [Onde fica sua casa?]
Nos casos acima, usamos apenas ‘house’. Tudo indica que ao falarmos da casa dos outros sempre usaremos a palavra ‘house’ e nunca ‘home’. Por que esta discriminação? Sorry! I have no idea about it! Mas devo informar que há exceções e por isto temos de ficar de olho na floresta e não apenas na árvore.

Dito isto tudo acima, quero acrescentar umas curiosidades. A primeira é que, assim como em português, nós não precisamos dizer a palavra ‘house’ quando o contexto já nos indica isto. Por exemplo:
· I was at Mariana’s. [Eu estava na Mariana]
· The party was at João’s. [A festa foi lá no João]
Outra coisa curiosa é que para dizer ‘lá em casa’ você pode dizer ‘at home’ ou ‘to my house’. Veja:
· We have dinner early at home. [Lá em casa a gente janta cedo]
· Come around to my house later. [Apareça lá em casa mais tarde]

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Well, that’s all, folks! I hope you have gotten the idea I tried to sell here today. If you haven’t, don’t worry. I’ll keep talking about that on the blog later, ok? See ya! Take care!

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Fonte:

Inglês na Ponta da Língua

Quantos anos você tem?

A idade para amar
é apenas mais uma entre tantas
insignificâncias que já foram ditas.

Amam-se os teens, aos intes,
aos intas, aos entas...

Mas afinal, quando se pode amar?


Quando se tem:
sanha
afinidade
comprometimento
responsabilidade


Neste exato momento, em algum lugar,
certamente estão sendo relacionadas
inúmeras virtudes atribuídas ao
inadjetivável sentimento do amor.
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(Juarez Firmino)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

CRÍTICA DE ARIANO SUASSUNA SOBRE O FORRÓ ATUAL

Observe a seguir o que diz Ariano Suassuna sobre uma sociedade em que a inversão de valores a cada dia é mais invasora, ele sugere a necessidade de que nos posicionemos pelo fato de existir por aí uma classe que usa o pseudônimo de empresários de bandas, e outra que se apresenta como responsáveis por eventos junto à gestão pública, com raríssimas exceções são na verdade estelionatários, que aplicam golpes na verdadeira cultura brasileira, e principalmente nordestina, porque é mais do que sabido que existe um ciclo vicioso com esse conluio, que tem como consequência a valorização desse lixo denominado covardemente de forró eletrônico, falso pagode, falso samba, axé, funk, agora até propaganda de carro virou sucesso nacional (não vou promover), e vai por aí, e o desvio de dinheiro público locupletado por esses mafiosos, o sistema é bruto não tem pena, radicaliza, aliena, e por isso mesmo devemos também nos posicionarmos de forma eloquente, o Brasil tem a mais bela e rica cultura do mundo, e o nordeste a mais bela e rica cultura do Brasil, vamos ter coragem de nos manifestarmos, viva ariano Suassuna, Antonio Conselheiro, Câmara Cascudo, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Patativa do Assaré, João Ubaldo, Vital Farias, Elomar, Xangaí, Geraldo Azevedo, João do Vale, Alcymar Monteiro, Pinto do Acordeom, Flávio José, Novinho da Paraíba, Antonio Barros e Ceceu, Ivanildo Vila Nova, Feitosa Nunes, Vem Vem do Nordeste, Forró Espora de Aço, e vai por aí a fora.
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CRÍTICA DE ARIANO SUASSUNA SOBRE O FORRÓ ATUAL
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'Tem rapariga aí? Se tem levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão.
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Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.
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O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da Banda Calipso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto.
Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.
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Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.
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Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
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Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.
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Realmente, alguma coisa está muito errada com esse nosso país, quando se levanta a mão pra se vangloriar que é rapariga, cachorra, raparigueiro, cachaceiro, que gosta de puteiro, aonde vamos parar? Como podemos querer pessoas sérias, competentes? E não pensem que uma coisa não tem a ver com a outra não, porque tem e muito! E como as mulheres querem respeito como havia antigamente? Se hoje elas pedem 'ferro', 'quero logo 3', 'lapada na rachada'? Os homens vão e atendem. Vamos passar essa mensagem adiante, as pessoas não podem continuar gritando e vibrando por serem putas e raparigueiros não. Reflitam bem sobre isso, eu sei que gosto é gosto... Mas, pensem direitinho se querem continuar gostando desse tipo de 'forró' ou qualquer outro tipo de ruído, ou se querem ser alguém de respeito na vida!
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Ariano Suassuna

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Narrativas da tradição oral

Não há povo sem narrativas orais em sua história. Elas não têm autoria definida, são resultado de um processo coletivo/continuado de criação e sua origem perde-se em tempos imemoriais. São os primeiros gêneros ficcionais que as diferentes sociedades utilizaram para contar fatos marcantes, provavelmente realmente ocorridos, mas que traziam em si um grau significativo de mistério para quem os viveu.
Como no início de sua formação as diferentes sociedades não dominavam a escrita, essas narrativas eram transmitidas de boca a boca. Sem o apoio do registro escrito, essa forma de transmissão exigia que a memória dos contadores fosse cultivada com a finalidade de garantir a manutenção do núcleo da narrativa, já que, a cada vez que era contada, ocorriam modificações: acrescentavam-se ou subtraiam-se elementos e as palavras usadas eram forçosamente modificadas para garantir que, nas sucessivas interações, os diferentes públicos pudessem entender o que se contava. Ainda hoje há grupos sociais que reservam lugar especial para a tradição e para as narrativas orais.
O fato de serem produtos da tradição não conserva as narrativas sempre iguais. Há inúmeros fatores históricos que implicam em mudanças, todos relacionados com a situação de interação em que elas são contadas. É desse aspecto mutável das narrativas tradicionais que surge o conhecido ditado: quem conta um conto, aumenta um ponto.
O narrador (se é alguém que não sai do lugar de origem, por exemplo, ou alguém que viaja), o público ouvinte das narrativas, o lugar onde são contadas, portanto, determinam as mudanças e permanências que nelas ocorrem. O diálogo, nas interações que ocorrem nesses momentos, é vivo imediato: o contador pode ser interrompido pelo ouvinte, que fará perguntas em pontos mais obscuros ou acrescentará contribuições, contando, por exemplo, um caso semelhante que conhece. Se um narrador local conta uma narrativa para gerações mais jovens, terá que fazer explicações para aproximar fatos do passado de ouvintes do presente. Por outro lado, se um marinheiro, por exemplo, na volta de uma longa viagem contar para seus conterrâneos uma narrativa que ouviu num país distante, terá que manter os elementos centrais da narrativa para que ela conserve sua forma, mas terá que adaptar uma série de elementos para possibilitar seu entendimento.
Nos tempos antigos, além do fato de a escrita não existir ou ser dominada por uma parcela muito restrita da população também não havia é claro, os recursos para reprodução de imagens que temos hoje. Assim, os cenários descritos teriam que ser explicados minuciosa e vivamente para que pudessem ser compreendidos. Essa explicação traria implícita a interpretação do narrador sobre esses lugares, o que modificaria, necessariamente, a narrativa original. O mesmo acontecia com as características do herói e demais personagens da narrativa contada: para aproximá-los do ouvinte, era necessário aproximar sua descrição das conhecidas em sua terra, para tornar compreensível o exótico, o diferente, o estranho. Nessas explicações, a força dos sentimentos e impressões do narrador imprimiam marcas de autoria à narrativa, um jeito pessoal e próprio de contar envolvendo seu público. Esse enredamento do público ouvinte é que garantia, em tempos de documentos escritos e imagéticos escassos, a legitimidade da fala do contador e as vozes que nela ecoavam, diluindo a fronteira entre o imaginado e o real narrado. Desse modo de narrar é que o narrador tirava o “valor de verdade” de suas histórias. Quanto mais “viva” fosse sua linguagem, mais força de verdade ela teria. Ao mesmo tempo, podia partilhar tranquilamente o mistério, o obscuro, o fantasioso com seus ouvintes como se tivessem o mesmo valor de verdade, uma vez que as fronteiras definidas entre real e imaginário que conhecemos hoje eram mais tênues.
Ao longo do tempo, as sociedades ditas “civilizadas” passaram a traçar linhas definidas, contornos precisos, entre os acontecimentos do real, que passaram a ser descritos pela História, e os acontecimentos “contaminados” pelo imaginário, campo que se tornou exclusivo das narrativas literárias.
As narrativas da tradição oral se conservaram ao longo do tempo, seja porque são ainda transmitidas pela oralidade, seja porque foram registradas em textos escritos ou gravados em filmes e desenhos, ou porque traços dessas narrativas são incorporados em gêneros narrativos atuais.



Escolas terão de tocar Hino Nacional uma vez por semana

SIMONE IGLESIAS
da Folha de S.Paulo
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A partir de hoje, as escolas de ensino fundamental públicas e privadas de todo o país passam a ser obrigadas a executar uma vez por semana o Hino Nacional. A lei, de autoria do deputado Lincoln Portela (PR-MG), foi sancionada ontem (21) pelo vice-presidente no exercício da Presidência, José Alencar.
A lei não prevê data e horário para a execução do hino, ficando a critério dos estabelecimentos de ensino. O projeto também não prevê punição a quem não cumprir a lei.
Tramitam em várias Assembleias Legislativas e Câmaras do país projeto de lei estabelecendo a obrigatoriedade. Com a sanção presidencial, a obrigatoriedade passa a valer automaticamente, sem necessidade de estar prevista em legislações estaduais ou municipais.
Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, uma resolução obrigando à execução do Hino Nacional foi publicada pela prefeitura em junho deste ano.
Em 1936, o governo Getúlio Vargas determinou pela primeira vez a obrigatoriedade da execução do Hino Nacional nas escolas públicas e privadas de todo o país. Em 1971, durante o regime militar, passou a vigorar lei que trata dos símbolos nacionais, também obrigando à execução do hino nas escolas durante o hasteamento da bandeira, mas ela não definia a frequência com que ele deveria ser cantado pelos alunos.
Com a sanção presidencial, à lei 5700/71 é acrescido parágrafo obrigando a que ocorra uma vez por semana. Havia outros projetos tratando da obrigatoriedade de execução do Hino Nacional tramitando no Congresso.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Os direitos das crianças

Atualmente, cada vez mais se aprimoram os direitos das crianças, os seres mais frágeis e desprotegidos. O primeiro passo foi dado em 1959, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma declaração de dez pontos:

1
Direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.

2
Direito à proteção especial para seu desenvolvimento físico, mental e social.

3
Direito a um nome e a uma nacionalidade.

4
Direito à alimentação, à moradia e à assistência médica adequadas para a criança e a mãe.

5
Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente.

6
Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.

7
Direito à educação gratuita e ao lazer.

8
Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofe.

9
Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho.

10
Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

sábado, 19 de setembro de 2009

As semelhanças entre o Português e o Espanhol

Por ser uma língua tão parecida com o português, o espanhol tem muitos falsos cognatos (os heterosemánticos), aquelas palavras que se parecem muito ou são até iguais na escrita ao português, mas que tem significados diferentes.
O texto abaixo traz de maneira bem divertida vários heterosemánticos que estão com a tradução em português ao lado.
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La Presunta Abuelita
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Había una vez una niña que fue a pasear al bosque. De repente se acordó (lembrou-se) de que no le había comprado ningún regalo a su abuelita. Pasó por un parque y arrancó unos lindos pimpollos (botões de rosa) rojos (vermelhos). Cuando llegó al bosque vio una carpa (barraca) entre los árboles y alrededor unos cachorros (filhotes) de león comiendo carne. El corazón le empezó a latir (bater) muy fuerte. En cuanto (assim que, depois) pasó, los leones se pararon (ficaram em pé) y empezaron a caminar atrás de ella. Buscó algún sitio (lugar) para refugiarse y no lo encontró. Eso le pareció espantoso. A lo lejos vio un bulto que se movía y pensó que había alguien que la podría ayudar. Cuando se acercó vio un oso (urso) de espalda. Se quedó en silencio un rato (momento) hasta que el oso desapareció y luego (depois), como la noche llegaba, se decidió a prender (colocar) fuego para cocinar un pastel (bolo) de berro (agrião) que sacó del bolso (sacola). Empezó a preparar el estofado (cozido) y lavó también unas ciruelas (ameixas). De repente apareció un hombre pelado (careca) con el saco (jaqueta) lleno de polvo () que le dijo si podía compartir la cena con ella. La niña, aunque muy asustada, le preguntó su apellido (sobrenome). Él le respondió que su apellido era Gutiérrez, pero que era más conocido por el sobrenombre (apelido) Pepe.
El señor le dijo que la salsa (molho) del estofado estaba exquisita (saboroso) aunque un poco salada (salgado). El hombre le dio un vaso (copo) de vino y cuando ella se enderezó (se levantou) se sintió un poco mareada.
El señor Gutiérrez, al verla borracha (bêbada), se ofreció a llevarla hasta la casa de su abuela. Ella se peinó su largo (comprido) pelo (cabelo) y, agarrados del brazo, se fueron rumbo a la casita del bosque.
Mientras caminaban vieron unas huellas que parecían de zorro que iban en dirección al sótano (porão) de la casa. El olor de una rica salsa llegaba hasta la puerta. Al entrar tuvieron una mala impresión: la abuelita, de espalda, estaba borrando (apagando) algo en una hoja, sentada frente al escritório (escrivaninha). Con espanto vieron que bajo su saco asomaba una cola (cauda) peluda. El hombre agarró una escoba (vassoura) y le pegó (bateu em) a la presunta (suposta) abuela partiéndole una muela (dente molar). La niña, al verse engañada por el lobo, quiso desquitarse (descontar) aplicándole distintos golpes.
Entre tanto (Enquanto isso), la abuela que estaba amordazada, empezó a golpear la tapa del sótano (porão) para que la sacaran de allí. Al descubrir de dónde venían los golpes, consiguieron unas tenazas para poder abrir el cerrojo que estaba todo herrumbrado. Cuando la abuela salió, con la ropa toda sucia de polvo, llamaron a los guardas del bosque para contar todo lo que había sucedido.
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Fonte: www.dicasdeespanhol.com.br

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 480, DE 2007

Projeto obriga políticos a matricularem seus filhos em escolas públicas.
Uma idéia muito boa do Senador Cristovam Buarque. Ele apresentou um projeto de lei propondo que todo político eleito (vereador, prefeito, deputado, etc.) seja obrigado a colocar os filhos na escola pública. As consequências seriam as melhores possíveis.
Quando os políticos se virem obrigados a colocar seus filhos na escola pública, a qualidade do ensino no país irá melhorar. E todos sabem das implicações decorrentes do ensino público que temos no Brasil.
SE VOCÊ CONCORDA COM A IDÉIA DO SENADOR, DIVULGUE ESSA MENSAGEM.
Ela pode, realmente, mudar a realidade do nosso país. O projeto PASSARÁ, SE HOUVER A PRESSÃO DA OPINIÃO PÚBLICA.
http://legis.senado.gov.br/mate-pdf/10943.pdf

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 480, DE 2007
Determina a obrigatoriedade de os agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas até 2014.

domingo, 13 de setembro de 2009

Confira algumas dicas para evitar erros ortográficos e gramaticais

1 - "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.
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2 - "" dez anos "atrás". Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.
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3 - "Entrar dentro". O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.
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4 - O ingresso é "gratuíto". A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.
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5 - Não há regra sem "excessão". O certo é exceção. Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: "paralizar" (paralisar), "beneficiente" (beneficente), "xuxu" (chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultuoso" (vultoso), "cincoenta" (cinquenta), "zuar" (zoar), "frustado" (frustrado), "calcáreo" (calcário), "advinhar" (adivinhar), "benvindo" (bem-vindo), "ascenção" (ascensão), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólucro" (invólucro).
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6 - Tons "pastéis" predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.
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7 - A corrida custa 50 "real". A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 50 reais.
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8 - Chegou "a" duas horas e partirá daqui "" cinco minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.
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9 - Eles "tem" razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.
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10 - Já "é" 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não "são") 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.

sábado, 12 de setembro de 2009

Gêneros narrativos da tradição oral

Em nossos estudos e reflexões sobre gêneros textuais, partimos do pressuposto que eles são as diferentes formas que as interações humanas assumem cotidianamente, ao longo do tempo. Consideramos, também, que eles são produzidos nas inúmeras esferas de atuação humana e são marcados pelo discurso dessas áreas onde nascem. Os gêneros jurídicos, por exemplo, são diversos, mas todos são marcados pelo discurso do ambiente jurídico.
Os gêneros são vivos, isto é, começam a ser usados em certos momentos da história, podem perdurar durante longo tempo e também podem desaparecer. Os gêneros textuais têm relativa estabilidade enquanto duram, isto é, ao mesmo tempo em que conservam características que os definem, sofrem transformações. Exemplos de gêneros novos são aqueles associados à internet, que nasceram e vêm se diversificando ao longo da última década, tomando, por vezes, o lugar de gêneros tradicionais: é o caso do blog, que vem substituindo, no cotidiano, algumas formas de diário pessoal. Podemos facilmente identificar gêneros que se transformam rapidamente ao longo da vida das pessoas: os gêneros musicais populares brasileiros são um exemplo disso. Há gêneros que deixam de circular em sua forma original como, por exemplo, o folhetim publicado nos rodapés dos jornais.
Outra reflexão que fazemos a respeito dos gêneros é que eles podem ser agrupados de acordo com a capacidade discursiva que neles predomina. Neste caso, temos considerado que podem ser reunidos em cinco grupos: Narrar, Argumentar, Expor, Relatar e Instruir .
O agrupamento do Narrar inclui todos os gêneros, orais e escritos, que estão a serviço do imaginário humano e que se valem, para serem produzidos, da subjetividade e da ficção. É nesse agrupamento que se encontram as narrativas tradicionalmente transmitidas pela oralidade, entre elas o conto de fadas, da tradição celta, o conto maravilhoso da tradição oriental, o conto de ensinamento, a fábula, a lenda, o mito, a paródia, os contos de animais e outros.
Todas essas narrativas possuem elementos comuns, que as aproximam: cenário (que engloba tempo e lugar imaginários em que ocorre a ação), personagens, enredo, conflito, resolução do conflito e desfecho final. Em oposição a essa estrutura comum a todas, cada uma apresenta aspectos singulares, permitindo o estabelecimento de diferenças entre elas.
O cenário: nas narrativas, o tempo é elemento essencial: nelas são contados acontecimentos encadeados no tempo, ainda que, no caso da tradição oral, seja um tempo do faz-de-conta, um tempo fora do tempo, a temporalidade da imaginação. A esse tempo imaginário se incorpora um espaço igualmente misterioso, formando com ele um todo inseparável, o que é indicado pelas fórmulas iniciais Era uma vez... ou Em um lugar muito distante vivia... Certa vez... É nesse todo que se inicia a constituição do narrado: que direção que a narrativa tomará? A ação ocorrerá em um lugar espacialmente distante, exótico para os ouvintes, ou em lugares já vividos e internalizados, mas carregados de referências familiares como a casa, a aldeia, o castelo, a estrada, o caminho, o campo, a floresta? Esses lugares estarão sombreados pelas emoções geradas pelo medo do novo ou estarão iluminados pela perspectiva da mudança trazida pela aventura?
Personagens: as narrativas da tradição oral são construídas em torno da ação do herói ou heroína. Nos contos de ensinamento, esses personagens centrais são pessoas pobres, mas capazes de vencer os poderosos usando a astúcia, a esperteza; nos contos de fadas, não é a esperteza que faz os heróis solucionarem os conflitos, mas elementos mágicos que podem ser fadas, duendes, seres extraordinários de um modo geral; nos contos maravilhosos, as personagens vivem e atuam em cenários carregados de referências a construções, espaços, mobiliário, roupas orientais e a presença do elemento mágico também é uma constante; nas fábulas, animais assumem vozes humanas que discutem questões sociais e políticas, caminhando para um desfecho moral.
Conflito: no conto tradicional, é o choque entre a personagem central, que em geral representa o bem, e forças do mal que se opõem a ela. É um acontecimento que quebra a tranquilidade inicial e obriga o herói ou heroína a “sair pelo mundo”, um acontecimento que “faz a narrativa andar”. O mal pode ser representado pelo vilão da história ou por seres mágicos, divindades etc.
Enredo: é a sucessão de acontecimentos ao longo da narrativa.
Resolução do conflito: é o momento em que o herói vence o vilão ou as forças do mal, usando a esperteza (se for um conto de ensinamento ou um conto de animais, por exemplo) ou apoiando-se em um elemento mágico (no caso dos contos de fadas ou maravilhosos).
Desfecho: momento final em que a história se resolve.
A organização das narrativas com base nesses elementos transfere-se da tradição oral para a escrita. Durante séculos, em diferentes momentos da história da literatura, é possível identificá-los em diferentes gêneros narrativos. É no final do século XIX e início do século XX que novos movimentos literários reúnem autores que quebram essa estrutura, buscando novos paradigmas para a organização de contos, romances e outros.
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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Desiderata

Do latim desideratum; aquilo que se deseja, aspiração
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Vá placidamente por entre o barulho e a pressa e lembre-se da paz que pode haver no silêncio. Tanto quanto possível, sem capitular, esteja de bem com todas as pessoas. Fale a sua verdade calma e claramente; e escute os outros, mesmo os estúpidos e ignorantes; também eles têm a sua história. Evite as pessoas barulhentas e agressivas. Elas são o tormento para o espírito. Se você se comparar a outros, poderá se tornar vaidoso e amargo; porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores a você. Desfrute suas conquistas assim como seus planos. Mantenha-se interessado em sua própria carreira, mesmo que humilde; é o que realmente se possui na sorte incerta dos tempos. Exercite a cautela nos negócios; porque o mundo é cheio de artifícios. Mas não deixe que isso o torne cego à virtude que existe; muitas pessoas lutam por altos ideais; e por toda parte a vida é cheia de heroísmo. Seja você mesmo. Principalmente não finja afeição, nem seja cínico sobre o amor; porque em face de toda aridez e desencantamento, ele é perene como a grama. Aceite gentilmente o conselho dos anos, renunciando com benevolência as coisas da juventude. Cultive a força do espírito para proteger-se num infortúnio inesperado. Mas não se desgaste com temores imaginários. Muitos medos nascem da fadiga e da solidão. Acima de uma benéfica disciplina, seja bondoso consigo mesmo. Você é filho do Universo, não menos que as árvores e as estrelas. Você tem o direito de estar aqui. E, quer seja claro ou não para você, sem dúvida o Universo se desenrola como deveria. Portanto, esteja em paz com Deus, qualquer que seja a sua forma de concebê-lo, e, seja qual for a sua lida e suas aspirações, na barulhenta confusão da vida, mantenha-se em paz com a sua alma. Com todos os enganos, penas e sonhos desfeitos, este ainda é um mundo maravilhoso. Esteja atento.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Chega de prosa

Você diz que não me quer
E fica com esse papo de amigo
Não fique brincando de amor
Brincar com o coração é um perigo.

Fica a proclamar tua liberdade
E ignoras quem profundamente te ama
Mas quando a solidão se torna verdade
Retorna sofregamente à minha cama.

No vai e vem desta relação intrigada
Na indiferença da existência humana
Por que tanta conversa mole?

Deixe de lado o orgulho gelado
Fruto de uma superficialidade insana
Quem ama não brinca... Quem brinca não ama!


(Juarez Firmino)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Dentro da Noite

O conto trata da condição de Rodolfo, que teve encerrado o noivado com Clotilde, quando passou a perturbá-la com a obsessão que tinha de ficar enfiando um alfinete no braço da moça. Com o rompimento do compromisso, o rapaz passa a percorrer os caminhos da noite em busca de outras mulheres para praticar a sua infâmia. Pela maneira que o enredo se desenrola, tem-se a impressão de que a trama relata as impetuosidades dos usuários de drogas injetáveis, algo que em nenhum momento fica devidamente confirmado, o que se sabe, de fato, é que a mania do protagonista soa como um desvario de personalidade, um insano talvez deva ser a denominação apropriada para ser referir à condição da personagem. A cena se passa durante uma viagem de trem, quando encontrou o amigo Justino, a quem confidenciou as amarguras da situação em que se encontrava.
Confira um fragmento do conto no texto a seguir:
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“O rapaz que tinha o olhar desvairado perscrutou o vagão. Não havia ninguém mais - a não ser eu, e eu dormia profundamente... Ele então aproximou-se do sujeito gordo, numa ânsia de explicações.
— Foi de repente, Justino. Nunca pensei! Eu era um homem regular, de bons instintos, com uma família honesta. Ia casar com a Clotilde, ser de bondade a que amava perdidamente. E uma noite estávamos no baile das Praxedes, quando a Clotilde apareceu decotada, com os braços nus. Que braços! Eram delicadíssimos, de uma beleza ingênua e comovedora, meio infantil, meio mulher - a beleza dos braços das Oreadas pintadas por Botticelli, misto de castidade mística e de alegria pagã. Tive um estremecimento. Ciúmes? Não. Era um estado que nunca se apossara de mim: a vontade de tê-los só para os meus olhos, de beijá-los, de acariciá-los, mas principalmente de fazê-los sofrer. Fui ao encontro da pobre rapariga fazendo um enorme esforço, porque o meu desejo era agarrar-lhe os braços, sacudi-los, apertá-los com toda a força, fazer-lhes manchas negras, bem negras, feri-los... Por quê? Não sei, nem eu mesmo sei - uma nevrose! Essa noite passei-a numa agitação incrível. Mas contive-me. Contive-me dias, meses, um longo tempo, com pavor do que poderia acontecer O desejo, porém, ficou, cresceu, brotou, enraizou-se na minha pobre alma. No primeiro instante, a minha vontade era bater-lhe com pesos, brutalmente. Agora a grande vontade era de espetá-los, de enterrar-lhes longos alfinetes, de cosê-los devagarinho, a picadas. E junto de Clotilde, por mais compridas que trouxesse as mangas, eu via esses braços nus como na primeira noite, via a sua forma grácil e suave, sentia a finura da pele e imaginava o súbito estremeção quando pudesse enterrar o primeiro alfinete, escolhia posições, compunha o prazer diante daquele susto de carne que havia de sentir.”
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Dentro da Noite
João do Rio
pt.wikisource.org/.../Dentro_da_noite_(João_do_Rio)

domingo, 6 de setembro de 2009

Origem das palavras

Barroco
A origem da palavra Barroco é motivo de polemica. Há várias versões. A mais aceita diz que vem do vocábulo espanhol barrueco, que por sua vez deriva do português arcaíco. Os joalheiros, no século XVI, usavam a palavra barrueco para designar um tipo de pérola irregular e de formação defeituosa. Em oposição à disciplina das obras do Renascimento, surge, no século XVII, uma diversificada produção artística caracterizada pela maneira livre e até mesmo sob formas anárquicas, de grande imperfeição e mau gosto. Esse período artístico é designado Barroco.
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Sabotagem
Vem do francês sabot, que significa 'tamanco'. A palavra surgiu a partir da Revolução Industrial e aparentemente se originou do ato de trabalhadores grevistas e descontentes que intencionalmente jogavam seus tamancos nas máquinas para causar danos e paralisações. É possível que o termo esteja associado também ao ato desleixado de caminhar ruidosamente, arrastando os tamancos.
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Puxa saco
Esta expressão surgiu a partir de uma gíria militar. Puxa-sacos eram as ordenanças que, de modo submisso, carregavam os sacos de roupas dos oficiais em viagem.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Poesia e Linguagem Criativa


Editora Diálogos do Ser‏

Queridos amigos,

Com grande alegria queremos compartilhar a notícia do nascimento da Editora Diálogos do Ser, que é um desdobramento da missão conjunta da Unipaz Vale e do Instituto Diálogos do Ser. Ela nasce da necessidade de difundir idéias e obras pertinentes às nossas linhas de atuação: Ciências, Filosofia, Artes, Espiritualidade, Educação, Cultura, Meio Ambiente, Ações Sociais e Cultura de Paz.

Confiram as primeiras obras no e-folder abaixo, que já estão disponíveis em nosso site, no Instituto, e serão lançadas em breve no II Festival Mundial da Paz/ XI Congresso Holístico Internacional, em Goiânia-GO, de 04 a 07 de Setembro.

A Editora oferece a toda a nossa rede de parceiros, e a toda a Rede Unipaz condições especiais para distribuição dos livros, através de consignação. As unidades que tiverem interesse podem receber os livros lá no Festpaz, ou nas próprias unidades, fazendo contato conosco.

Toda a nossa equipe celebra, junto com a nossa rede de amigos, parceiros e colaboradores esta realização!
Nosso desejo é que estes livros possam cumprir sua vocação!

Um abraço fraterno,

Anna Patrícia
Instituto e Editora Diálogos do Ser
www.dialogosdoser.com
(12) 3153-1362