sábado, 28 de maio de 2016
Ignorância e verdade
Ignorar
é não saber alguma coisa. A ignorância pode não ser tão profunda que nem sequer
a percebemos ou a sentimos, isto é, não sabemos que não sabemos, não sabemos
que ignoramos. Em geral, o estado de ignorância se mantém em nós enquanto as
crenças e opiniões que possuímos para viver e agir no mundo se conservam como
eficazes e úteis, de modo que não temos nenhum motivo para duvidar delas,
nenhum motivo para desconfiar delas e, consequentemente, achamos que sabemos
tudo o que há para saber.
A
incerteza é diferente da ignorância porque, na incerteza, descobrimos que somos
ignorantes, que nossas crenças e opiniões parecem não dar conta da realidade,
que há falhas naquilo em que acreditamos e que durante muito tempo nos serviu
como referência para pensar e agir. Na incerteza não sabemos o que pensar, o
que dizer ou o que fazer em certas situações ou diante de certas coisas,
pessoas, fatos, etc. Temos dúvidas, ficamos cheios de perplexidade e somos
tomados pela insegurança.
Outras
vezes, estamos confiantes e seguros e, de repente, vemos ou ouvimos alguma
coisa que nos enchem de espanto e de admiração, não sabemos o que pensar ou o
que fazer com a novidade que vimos ou ouvimos porque as crenças, opiniões e
ideias que possuímos não dão conta do novo. O espanto e a admiração, assim como
antes a dúvida e a perplexidade, nos fazem querer saber o que não sabíamos, nos
fazem querer sair do estado de insegurança ou de encantamento, nos fazem
perceber nossa ignorância e criam o desejo de superar a incerteza.
Quando
isso acontece, estamos na disposição de espírito chamada busca da verdade.
CHAUI,
Marilena. Convite à filosofia.
14 ed. São
Paulo: Ática, 2010.
Comunicação corporal
O corpo é nosso principal meio de comunicação.
Entretanto, a maioria das pessoas, sem ter esta consciência, utilizam-no apenas
para atender as necessidades físicas e emocionais. Da expressão fácil aos
gestos e à postura, são inúmeros os significados transmitidos pela linguagem
corporal, também chamada de comunicação não verbal ou silenciosa.
Existem pesquisas que demonstram que 55% do que
comunicamos é representado por nosso corpo; 38% restantes por nossas qualidades
vocais e apenas 7% por palavras.
Não atentamos para a nossa mímica diária: a imagem
que transmitimos aos outros. Alguém andando com a cabeça baixa e os ombros
caídos, um levantar de sobrancelhas ou mãos apoiando o queixo são mensagens
repletas de significados que podem autenticar ou contradizer a comunicação
verbalizada.
Algumas reflexões:
1) Causar boa impressão nada tem a ver com exaltar
o corpo ou a aparência.
2) A boa aparência não garante uma boa impressão.
3) Uma pessoa apaixonada: seu olhar tem um brilho
especial – o brilho é o corpo “falando” sobre a emoção que está vivendo.
4) Quem está de bem com vida olha de frente para as
pessoas; tem boa postura; o andar firme; tudo revela equilíbrio, tranquilidade,
humildade.
5) Uma pessoa prepotente arrogante, há de se
mostrar assim, pois mantém o “nariz empinado” e olha os outros “de cima para
baixo”. Neste caso, independentemente do traje que o indivíduo usar, tais
características não escaparão a ninguém.
6) Os gestos e/ou sinais e/ou expressões não devem
ser observados de maneira isolada, mas em associação (ações observadas
isoladamente podem acarretar erros de interpretação). Lembrem-se, as pessoas
olham, ouvem e sentem, somos um todo. Por exemplo, uma pessoa que ao conversar
não faz contato visual com seu interlocutor talvez seja apenas tímida;
interpretado de forma isolada, este gesto poderia indicar que está mentindo.
Corrado Cicotti
Corrado Cicotti
quinta-feira, 12 de maio de 2016
Direitos Humanos e Anistia Internacional
“Corria o ano de 1961. Um jornal
londrino publicou, sob o título ‘Os prisioneiros esquecidos’, o chamamento
feito por um advogado britânico ― Peter Benenson ― de pessoas de diferentes
origens e crenças para um trabalho pacífico e imparcial pela libertação de
milhares de homens e mulheres presos em todo o mundo, apenas por causa de suas
convicções ou por suas origens. Esses presos viriam posteriormente a ser chamados
‘prisioneiros de consciência’, um novo termo que se incorporaria às questões
mundiais.
A fúria de Benenson se
justificava. Pouco antes ele tomara conhecimento de que dois estudantes haviam
sido presos num restaurante de Lisboa e condenados pelo regime de Salazar a
sete anos de prisão... por terem feito um brinde à liberdade! Seu primeiro
impulso foi apresentar um protesto solene à embaixada portuguesa. Mas logo
desistiu, ciente de que manifestações isoladas receberiam apenas o escárnio dos
tiranos. Uma ação assim teria de ser maciça para ser eficaz. Era preciso
mobilizar as pessoas. Era preciso direcionar a indignação dispersa.
Em um mês, mais de mil pessoas
já haviam respondido ao apelo oferecendo ajuda prática. Traduções do artigo
foram publicadas na imprensa de outros países. Em seis meses, Benenson
anunciava que aquele chamamento sumário estava sendo convertido em um movimento
internacional permanente, e afirmava ‘Acreditamos que estes seis primeiros
meses mostraram que em um mundo crescentemente cínico existe uma grande reserva
latente de idealismo a ser impulsionada’.
Nascia a Anistia Internacional
ou Amnesty International, como é
conhecida no país de origem.
Sean Mac Bride, veterano
militante da causa dos direitos humanos, ganhador do Nobel da Paz e morto em
janeiro de 1988, foi um dos fundadores da AI e recorda em
suas memórias que os outros membros da Anistia Internacional já acreditavam que
a melhor maneira de se conhecer uma dada sociedade era verificar quem estava em
suas prisões.
Os novos membros organizaram-se
em grupos. Um trabalho prático para enfrentar a perseguição política que se
iniciou. Sindicalistas eram presos na Espanha, dissidentes padeciam longas
penas na Alemanha Oriental, detidos na África do Sul eram submetidos à
brutalidade e maus-tratos, nos Estados Unidos perseguiam-se ativistas dos
direitos civis, na União Soviética faziam julgamentos políticos. E contra o
silêncio oficial dos governos desencadeou-se uma batalha permanente,
independentemente da ideologia ou da atitude das autoridades que violavam
alguns direitos humanos. Contatavam-se advogados e familiares dos prisioneiros.
Cartas e telegramas eram enviados aos governantes e multiplicavam-se as
denúncias.
Apesar da improvisação e da
modéstia de seus recursos ― o orçamento de 1962 compreendia parcas 7000 libras
esterlinas ―, o movimento tornava-se conhecido. Passou a incomodar governos e,
óbvio, a reação não tardou. O Izvestia, jornal soviético, falou de sabotadores
ideológicos’. E o Departamento de Estado, nos EUA, já no final de 1961, disse
ter provas de que a AI era ‘um complô vermelho’.
Outros, porém, viriam a chama-la
‘uma conspiração de esperança’.”
IODETA, Carlos Alberto.
Direitos Humanos e Anistia Internacional.
In: FESTER, Antonio Carlos
Ribeiro. Direitos Humanos e... São
Paulo:
Brasiliense / Comissão Justiça
e Paz de São Paulo, 1989. P. 59-61.
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