"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

domingo, 25 de janeiro de 2015

Um soneto de Bocage

Nascemos para Amar
Nascemos para amar; a humanidade
Vai, tarde ou cedo, aos laços da ternura.
Tu és doce atrativo, ó formosura,
Que encanta, que seduz, que persuade.

Enleia-se por gosto a liberdade;
E depois que a paixão na alma se apura,
Alguns então lhe chamam desventura,
Chamam-lhe alguns então felicidade.

Qual se abisma nas lôbregas tristezas,
Qual em suaves júbilos discorre,
Com esperanças mil na ideia acesas.

Amor ou desfalece, ou para, ou corre:
E, segundo as diversas naturezas,
Um porfia, este esquece, aquele morre.


(Bocage)
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