"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

domingo, 7 de maio de 2017

Império Romano

Sobre a grandeza do Império Romano
As causas da grandeza de Roma, para avaliar a força, a pujança delas, nada melhor do que considerar aquilo que elas produziram, a saber, a própria grandeza de Roma.
Roma notabilizou-se, desde cedo, pela vocação de grandeza. Um fato diz tudo. A própria Constantinopla, construída sob o signo da hegemonia, vassalagem lhe rendeu: para enobrecê-lá, chamaram-na Nova Roma.
Era Roma cidade extensa, populosa, de ruas estreitas, febrilmente laboriosa. Durante o dia, proibido nela tráfego de carros. O Coliseu, com três andares, assemelhava-se ao nosso estádio do Maracanã̃; comportava cinquenta mil espectadores; e tinha cobertura quando convinha. O Circo Máximo comportava duzentos e cinquenta mil espectadores. Em suas pistas, brigas e quadrigas corriam, pelejando por suas cores. Os prélios esportivos exerciam, tal como o carnaval e futebol brasileiros, uma função política: em torno deles confraternizavam as camadas sociais, retemperando a solidariedade nacional. Para tal congraçamento contribuíam ainda outras instituições: a convivência no Fórum, praça central onde se desenvolviam as atividades governamentais (judiciárias, legislativas e administrativas); a frequência ao Campo de Marte; e o boletim noticioso.
A zona periférica ampliou-se. Sila estendeu o pomerium, as fronteiras sagradas, incorporando a Roma cidades italianas, e então ela deixou de ser um pequeno Estado-cidade, como houve tantos na Antiguidade.
E Roma era, sim, populosa. As divergências a respeito são abismais. Engel admite uma média: entre seiscentos mil e um milhão de habitantes, ao tempo de Augusto. A verdade é que a população variava muito. Tornou-se cosmopolita, a ponto de surgir a classe dos Cavaleiros, classe aristocrática, quase toda de libertos.
Na época de Nero, Roma tinha quatorze bairros periféricos, dos quais dez destruídos no famigerado incêndio.
Sob Augusto, havia cinco milhões de cidadãos romanos, e a população do Império era de cinquenta milhões de habitantes, sendo oito milhões nas Gálias e cinco milhões na Síria.
Para comparação, citaremos: a Republica de Veneza, com cento e quarenta mil habitantes, e seu império com dois milhões e meio; e Portugal, nos grandes descobrimentos, possuía dois milhões e meio de habitantes. E Roma ficou riquíssima. Graças aos tributos recebidos; e aos tesouros alocados; e aos presentes ofertados; e aos saques efetuados. E mercê̂ do seu intenso comércio (inclusive com o Oriente), servido por bancos e armazéns.
Toda essa grandeza material era simples reflexo, decorrência da excelência das Instituições Romanas. Instituições civis, políticas, militares.

Referência:
MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron de, 1689- 1755 Considerações sobre as causas da grandeza dos romanos e da sua decadência / Montesquieu ; introdução, tradução e notas de Pedro Vieira Mota. — 2. ed. rev. — São Paulo: Saraiva, 2005.


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