domingo, 10 de agosto de 2014
O modelo comunicativo de Roman Jakobson
Um dos modelos mais utilizados por professores de português
para explicar a comunicação humana nasceu — quem diria? — na matemática. Tudo começou
em 1948, quando o matemático e engenheiro elétrico Claude Shannon publicou um
artigo chamado “Uma teoria matemática da comunicação”. Shannon era pesquisador
dos Laboratórios Bell, ligados à gigante norte-americana das computações
AT&T, e buscava maneiras de tornar mais eficientes os telégrafos e
aparelhos de telefonia da época. Sua grande preocupação era evitar o ruído, isto é, as interferências que
prejudicavam a perfeita transmissão da mensagem entre um aparelho e outro.
No ano seguinte, a teoria de Shannon foi publicada em um livro com prefácio
de Warren Weaver, outro matemático e engenheiro. Weaver — que também era um
ótimo relações-públicas — enviou um exemplar da obra a Roman Jakobson, renomado
linguista de origem russa que lecionava na Universidade de Harvard. O linguista
ficou fascinado com a nova teoria e considerou que ela também se aplicava à
comunicação humana. Nascia, assim, a versão mais clássica do modelo comunicativo, divulgada por Jakobson nos anos 1960.e comunicação humana estão
presentes seis elementos:
·
a mensagem
— o conjunto de informações que se quer transmitir;
·
o emissor
ou remetente — aquele de quem parte
a mensagem;
·
o receptor
ou destinatário —aquele a quem se
destina a mensagem;
· o código
— um sistema de signos que emissor e receptor precisam compartilhar, total ou
parcialmente, para que haja a comunicação;
·
o canal
ou contato — o meio físico pelo qual
emissor e receptor se comunicam;
·
o referente ou contexto — o assunto da mensagem, aquilo a que ela se refere.
Assim, por exemplo, se você enviar um torpedo a um amigo convidando-o
para uma festa, a mensagem será o conteúdo do torpedo, ou seja, o conjunto de
palavras que o compõem. O emissor será você, e o receptor, seu amigo. O código será
a língua portuguesa, o canal será o celular e o referente será a festa, pois é
a ela que a mensagem se refere.
Se você preferir fazer o convite pessoalmente, quase todos os elementos
permanecerão inalterados, quase todos os elementos permanecerão inalterados — exceto
o canal, que passará a ser o ar, pelo qual sua voz se propagará. Vale lembrar,
ainda, que, em um evento comunicativo dinâmico como a conversa face a face,
emissor e receptor trocam o tempo todo de posição, de acordo com aquele que
está falando ou ouvindo em cada momento.
Vamos a outro exemplo, imagine que você esteja dirigindo por uma estrada
e depare com uma placa [com o desenho de
uma ponte em que as metades inclinam liberando o rio para a navegação de
embarcações]. Neste caso, o emissor
é o órgão responsável pelo controle do trânsito, os receptores são você e os demais motoristas. O canal é a placa em si, o código
é o conjunto dos sinais de trânsito do país e a mensagem — expressa segundo os símbolos desse código — é “ponte
móvel adiante”. Por fim, o referente
é a ponte em questão; não qualquer uma, mas especificamente aquela que se
encontra adiante, na estrada. Observe que se o receptor não conhecer o código (as
placas de trânsito do país), não saberá interpretar a mensagem. Daí termos
afirmado que emissor e receptor precisam compartilhar o código, ainda que
parcialmente.
Adaptado:
GUIMARÃES, Thelma de
Carvalho. Comunicação e linguagem.
São Paulo: Pearson, 2012.
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4 comentários:
Obrigado pelos esclarecimentos...
Muito grato
Muito obrigado
Ótima explicação, muito obrigada!
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