"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

“Hoje é permitido:

Ao mundo, consolidar a paz;

Aos governos, destruírem as armas;

Aos homens, redescobrirem a emoção e reinventarem o amor;

Aos gananciosos, não explorarem os outros;

Aos abastados, dividirem sua riqueza com os necessitados;

A humanidade, proibir que criancinhas morram de fome e de abandono;

Ao povo brasileiro, construir uma nação mais justa e mais igualitária;

A fauna e a flora, não sofrerem ataques predatórios;

E a todos os seres humanos, crerem que a utopia possa não ser tão utópica.

Feliz 2010

domingo, 20 de dezembro de 2009

Por que ler a Bíblia é essencial para entender o mundo em que vivemos

"No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. Entrando onde ela estava, disse-lhe: Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! Ela ficou intrigada com essa palavra e pôs-se a pensar qual seria o significado da saudação. O Anjo, porém, acrescentou: Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado o Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim. (...) Disse então Maria: Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra! E o Anjo a deixou."

Extraída do Evangelho de São Lucas, a passagem acima é uma das mais belas e conhecidas daquele que é, por sua vez, o livro mais lido e célebre de todos os tempos, a Bíblia. Só nessa pequena passagem, tem-se uma síntese de uma questão que está no centro da Bíblia. Como, afinal, esse livro escrito no decorrer de mais de 1.000 anos deve ser lido? Como uma transcrição direta da palavra de Deus, segundo creem tantos? Como um livro histórico, tão somente? Ou, conforme querem outros, como uma ferramenta que grupos diversos podem manejar na busca por poder e supremacia? Seria possível imaginar que, passadas dezenas de séculos do advento desse livro, tais questões não mais teriam lugar no mundo moderno. Sucede exatamente o contrário. A religião nunca deixou de ser força motriz dos rumos da história do homem, tampouco fonte de tensão. E, na última década em especial, ela ressurgiu com efeito redobrado no centro do cenário político global. De onde ler a Bíblia e entender como ler a Bíblia não é nem de longe um conhecimento periférico na vida do século XXI.

Muitos estudiosos se dedicam a mostrar como a forma, o estilo e a escolha de palavras são decisivos no que a Bíblia diz. E mais essencial ainda é o contexto em que ela diz o que diz. O judaísmo e seu descendente (e dissidente), o cristianismo, são fundamentalmente religiões narrativas – muito mais do que qualquer outra das grandes religiões, monoteístas ou não. Vem daí muito da força e da influência sem paralelo da Bíblia sobre o pensamento de uma parcela grande da humanidade, aquela abrangida no que se costuma chamar de civilização judaico-cristã: sem que se faça aqui nenhum julgamento, de natureza alguma, sobre o papel de cada uma das religiões na história dos homens, é um fato da ciência sociopolítica que o judaísmo e o cristianismo tiveram um impacto ilimitado nos rumos dessa história.

Porque contam, entre todas as fés, com o mais extenso, detalhado, profundo e variegado plano jamais disposto para os seguidores de uma divindade, do surgimento do mundo ao seu fim, ou sua transmutação total no reino de Deus: a Bíblia, um conjunto vasto não apenas de ensinamentos, ditames e reflexões, mas de histórias arraigadas em nossa cultura. Para ateus e agnósticos, essa é uma razão para ler a Bíblia: para descobrir por que mesmo quem não crê compartilha a mesma herança que os que creem. É como se a Bíblia e a tradição que ela carrega fossem, enfim, o DNA da civilização ocidental: crer ou não crer corresponde àquela porcentagem infinitesimal de diferenças genéticas que nos separam todo o resto, ou 99% dos genes, são comuns a todos nós.

FONTE: VEJA, 18 de dezembro de 2009

http://veja.abril.com.br/noticia/variedades/ler-biblia-essencial-entender-mundo-vivemos-521392.shtml

sábado, 19 de dezembro de 2009

Escola ao Ar Livre

Num momento em que o caos urbano se instala em toda parte do País, o rural se torna um espaço de refúgio. Mas o discurso desse rural como garantia de qualidade de vida é secular, de acordo com a dissertação do mestre em educação física pela Unicamp André Dalben. Orientado pela professora Carmen Lúcia Soares, Dalben foi em busca da origem do discurso médico que sugere o ambiente ao ar livre como garantia de saúde. A descoberta foi a Escola ao Ar Livre, nascida na Europa no início do século 20 e proposta, na década de 1930, pelo então Departamento de Educação Física da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. A pesquisa foi apresentada por Dalben no Ciclo de Seminários do Laboratório de Estudos Urbanos (Labeurb) da Unicamp.
Dalben constatou que, no início do século 20, a criação da escola ao ar livre estava ligada ao surto de tuberculose. Além da escola, estavam entre as propostas de governo a temporada em colônias de férias e a construção de parques infantis em espaços urbanos. A ideia da colônia passava pelo discurso médico de que o contato com a natureza e os exercícios ajudariam a revigorar o corpo das crianças com problemas de desenvolvimento. As praias e as montanhas eram eleitas como os lugares mais adequados para o desenvolvimento da criança. “Os escolares considerados mais fracos e desnutridos eram enviados para uma temporada de 15 dias em Santos ou em Campos do Jordão”, acrescenta o pesquisador.
Além de proporcionar reforço à saúde das crianças, a experiência nas colônias incluía a cultura de hábitos higiênicos e a oferta de alimentação saudável, supervisionada por um profissional. Os parques infantis, oferecidos a crianças de séries inicias, eram construídos no espaço urbano, mais precisamente no Parque da Água Branca, onde funciona a Secretaria da Agricultura. As aulas eram assistidas em carteiras portáteis e o programa tinha como principal objetivo a prática de exercícios físicos.
A proposta da escola ao ar livre, de acordo com a dissertação, durou até a década de 1950. “Mas com o tempo isso foi se perdendo, até a escola se tornar a que conhecemos hoje”, diz Dalben. Na época em que a escola ao ar livre foi criada não existia o espaço da academia, do exercício feito debaixo de um teto e entre quatro paredes, mas, como acontece nos dias atuais, a realização das atividades em ambiente externo era uma forma da classe médica alertar para os problemas do crescimento da cidade.
Hoje, a área de turismo explora o rural como um lugar para fugir do estresse do caos urbano onde se encontra qualidade de vida. “Os médicos, na época, queriam alertar sobre os problemas da cidade. O que via no discurso médico era uma aversão a ambientes fechados, até mesmo pelo surto de tuberculose”, reforça Dalben. Na época, a escola cercada de cercas-vivas garantiria, na visão dos médicos a purificação do ar e o combate à tuberculose.
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Espírito do Natal

O “espírito do natal” impregna o ar. Ele está nos lares e nas almas bondosas que habitam este planeta. Através da TV e da Internet irradia imagens e mensagens que, como um imperativo categórico, apoderam-se das nossas mentes. Ele está nas ruas, nas lojas, em shopping center e nas calçadas onde se ofertam tudo o que o materializa. Até mesmo na rua em que moro, uma voz, amplificada pelo som de um carro que passa, anuncia que a “farmácia tal” deseja Feliz Natal e etc. Um vereador do bairro teve a mesma idéia. Quanta emoção!

É impossível se desvencilhar do espírito natalino (Eis a tirania da maioria!). Ele se traduz em belas palavras repetidas mecanicamente e à exaustão. A Internet contribui para propagá-lo. Empresas e indivíduos, para quem somos apenas um e-mail, enviam cartões de natal, sons e slides em PowerPoint, imagens e palavras que emocionam. Basta que façamos parte do seu catálogo de endereço. Com apenas um clique enviam milhares de e-mails. Os computadores são infestados pelo “espírito natalino”. Seria um novo tipo de vírus?! Mensagens formais que alimentam o “espírito do comércio” e os egos esvaziados de sentido real. Tudo muito impessoal.

Tento compreender. Fico a pensar se devo enviar votos de “Feliz Natal e Próspero Ano Novo” para os mais de oito mil e-mails do meu catálogo de endereços. Seria uma boa estratégia para espalhar o bem e fortalecer a “corrente do bem”? Desejar o bem sem olhar a quem deve fazer bem a quem o deseja. Mas não soa falso fazê-lo dessa maneira? Entre estes milhares de e-mails conheço alguns pessoalmente e outros representam amizades virtuais. Com estes a relação é direta e individualizada. De qualquer forma, desejo, de coração, o bem de todos, inclusive aos que não conheço.

Reflito longamente e termino por me sentir mal. Sim, porque só uma pessoa não imbuída do “espírito natalino” pode ser tão má a ponto de se diferenciar dos milhões de indivíduos imersos num clima de imensa felicidade. Imagino o que pensam os caros leitores sobre a minha audácia. Os mais condescendentes devem se perguntar se não tenho problemas psicológicos; os críticos talvez pensem em romper as relações, ainda que virtuais.

Recordo de Um Conto de Natal, de Charles Dickens, e do avarento Ebenezer Scrooge, que odeia o natal e pensava apenas nos lucros. Se vivesse hoje, saberia que o natal é um bom negócio e estaria muito feliz. Não sou como ele. Parafraseando Max Weber, tenho ojeriza ao “espírito capitalista do natal”. Dickens mostrava que o “espírito burguês” era uma chaga capaz de se alastrar e aniquilar os bons sentimentos e valores. De certa forma anunciava no que o natal se transformaria sob o capitalismo moderno.

Lembro ainda de Grinch, outro personagem mal-humorado que não aceita o “espírito natalino” e arquiteta um plano para arruinar a festa de natal dos habitantes da pequena Quemlândia (Whoville). Porém, até mesmo indivíduo tão malévolo, capaz de roubar o natal das crianças, se rende ao “espírito do natal”. Será que sou mais malevolente? Adoro crianças, mas elas não me contagiam com o seu entusiasmo natalino e a sua avidez pelos presentes.

Devo ser mesmo muito ruim! Ainda assim, reconheço a bondade dos outros e não sou ingrato a ponto de recusar os votos de Feliz Natal. Se muitos me desejam o bem, talvez eu o alcance. Ademais, para além das formalidades e hipocrisias próprias desta época, existem os sinceros, ainda que expressem seus sentimentos por e-mails. Meu sincero muito obrigado!

Há também os que amamos e que, no final das contas, terminam por nos envolver em seus mais puros sentimentos. O Natal passa, mas eles permanecem presentes em nossas vidas e em nossos corações. Eis o mais importante.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O vestibular

Um dos efeitos perversos do vestibular diz respeito aos dilemas vividos pela escola pública entre a intenção de formar cidadãos e preparar os alunos para este exame. Cindida por essa dupla exigência, insiste em priorizar o método decoreba, ainda predominante nos vestibulares. Os conteúdos precisam ser memorizados e a forma de verificação, a prova, também é, invariavelmente, utilizada como instrumento do poder disciplinador. Eis outro engodo: a memorização de conteúdos não garante a aprendizagem dos mesmos. Em geral, o aluno memoriza para tirar a nota e passar de ano.

A idéia de que o vestibular é democrático é mais um engodo. Igualdade de oportunidades não é o mesmo que igualdade real de condições. Como, em geral, o aluno da escola pública se encontra em situação desvantajosa, por sua condição social e pela realidade de sucateamento da educação, é ilusório imaginar que ele concorrerá nas mesmas condições que o aluno com maior capital cultural e social. É certo que algumas escolas públicas, em geral melhor situadas territorialmente, desmentem o mito de que a eficácia educacional só é possível na escola privada. Mas, sejam instituições ou indivíduos, as exceções confirmam a regra.

A lógica do vestibular, assumida por pais, professores e alunos, camufla o fato de que somos socialmente desiguais, que determinados grupos sociais tem acesso à cultura e à educação para além do sistema de ensino, o qual reproduz e legitima as desigualdades: vitoriosos e fracassados são analisados por pretensos dons e méritos individuais. Para uns o sucesso parece natural (o próprio fato de terem sido vitoriosos o comprovaria); a vitória de uns naturaliza o fracasso da maioria. É preciso observar que a seleção é também anterior ao vestibular.

Ensino privado, cursinhos preparatórios pagos, etc., tudo nos parece muito natural: uns podem pagar a mercadoria educação, outros não. Paciência! O mercado oferece as opções para prepararmos nossos filhos para vencer e temos a liberdade – e o dever, pensam muitos! – de fazer a escolha certa; ainda que essa tenha um alto custo econômico e ainda que necessitemos nos render à agiotagem oficial ou nos submeter a uma excessiva carga de trabalho para manter a renda familiar. Mas mesmo o ingresso no ensino superior pode se revelar uma grande ilusão devido ao processo de desvalorização e inutilidade dos diplomas. Bem, restará a sensação do dever cumprido e da consciência tranqüila.

Será utopismo imaginar a possibilidade de ensino superior publico e gratuito para todos sem a necessidade de processo seletivo para o ingresso na universidade? Ainda que seja utópico por que não pensar em outras alternativas que substituam o vestibular e fortaleçam a escola pública e não se restrinjam apenas a um momento da vida estudantil? Por que não adotar sistema de cotas para negros e para os estudantes oriundos de escolas públicas? Aliás, algumas universidades já o fazem. Não seria o caso de ampliar as vagas no ensino superior público? De investir mais na qualificação profissional e na estrutura educacional?

Contudo, o vestibular predomina. Esse mecanismo vicia e submete todo o sistema de ensino: do fundamental ao ensino médio torna-se o centro das preocupações e tudo é feito em sua função. Até mesmo o fato de o vestibular ter se transformado em fonte de receita para as universidades públicas (algumas chegam a fazer dois vestibulares anuais), também é encarado naturalmente. Quem ganha com o vestibular? A resposta parece óbvia e a pergunta redundante. Mas, confessemos, não nos fazemos essa pergunta nem questionamos a resposta. Em suma, há muitos interesses econômicos e políticos em jogo, daí a necessidade de mantê-lo.

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Fonte: http://antonio-ozai.blogspot.com/2009/12/o-vestibular.html

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Chega de prosa

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Você diz que não me quer

E fica com esse papo de amigo

Não fique brincando de amor

Brincar com o coração é um perigo.

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Fica a proclamar tua liberdade

E ignoras quem profundamente te ama

Mas quando a solidão se torna verdade

Retorna sofregamente à minha cama.

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No vai e vem desta relação intrigada

Na indiferença da existência humana

Por que tanta conversa mole?

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Deixe de lado o orgulho gelado

Fruto de uma superficialidade insana

Quem ama não brinca... Quem brinca não ama!

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(Juarez Firmino)

Beijo na boca

................................ (Juarez Firmino)

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Não! Não vá ainda!!!

Espere um pouco mais.

Observe que ainda há

brilho nas luzes

Lembre-se daquilo que

não me disse ainda.

Talvez possamos ficar

um pouco mais...

Sente aqui pertinho de mim.

Ainda não vieram te chamar.

Fiquemos juntos assim mais tempo.

Abraçando, beijando...

Um beijo molhado

com sabor de pecado.

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Ainda não vieram te chamar.

Temos ainda algum tempo

pra um beijo bem demorado.