"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

domingo, 31 de agosto de 2008

Sublimação

Sexo, sangue e morte
Sensações ― secreções
Vermelhas impressões
Prazer insaciável
Irrigado, interrompido
Vermelho ensandecido
Na rubra face da vida
Vozes veladas e caladas
Sôfregos ardentes soluços
Vida nova que se instala
Sangue do sangue
Do prazer pulsante
Vontades vermelhas
Eloqüentes ― inconseqüentes
E a cortina se fecha
No escuro vermelho
Da noite inspiradora
Da noite dulocrática
Escura, fria e dura
Sublimam-se vontades
Insanas, vermelhas, selvagens...
Sexo, sangue e morte.


(Juarez Firmino)

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

No meio do caminho

“No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.”

www.carlosdrummond.com.br

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

BENJAMIN FRANKLIN

Lost time is never found again.

Up sluggard, and waste not life; in the
grave will be sleeping enough.

God helps them who help themselves.


BENJAMIN FRANKLIN, writer and scientist North American (1706-1790)


*******
O tempo perdido não pode ser reencontrado.

Muita preguiça e desperdício não sobrevivem; na
sepultura estarão dormindo adequadamente.

Deus ajuda àqueles que ajudam a si próprios.

domingo, 24 de agosto de 2008

CINEMA E LITERATURA

Aconteceu na última segunda feira (18/08) na 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo uma palestra com Maria Rosário Fabris, mestre em Artes pela Universidade de São Paulo (USP), sobre Cinema e Literatura. A palestra “Escrever para o cinema”, abordou as diferenças entre os roteiros cinematográficos e as obras das quais eles se originam.
“É muito comum as pessoas reclamarem que a obra cinematográfica deixou a desejar do livro original, o que as pessoas não percebem é que cinema e literatura são artes diferentes, com visões e objetivos distintos e cada uma possui uma linguagem”, comentou Maria Rosário.
Comentando filmes derivados de textos literários com O Guarani, Iracema, Vidas Secas, Macunaíma, Memórias Póstumas, A Cartomante, O Cheiro do ralo, Nome próprio e outros, os especialistas presentes a mesa de debates ressaltaram que o cinema e a literatura têm duas linguagens distintas, portanto são diferentes e não devem ser comparadas.
Um exemplo da distinção entre discurso literário e discurso cinematográfico é o filme Nome Próprio escolhido como o melhor filme no recente festival de Gramado, em que a autora do livro que originou o filme Clara Averbuck, afirma que o filme não é dela, o texto é do diretor Murilo Sales. Outro exemplo é do dramaturgo Mario Bortolotto, que tem causado polêmica com a estréia do longa Nossa vida não cabe num Opala, de Reinaldo Pinheiro, que não gostou da adaptação de sua obra para o cinema. Já José Saramago, gostou muito da adaptação de seu livro Ensaio sobre A Cegueira feita para o cinema por Fernando Meireles.
A mestre em Artes pela USP comentou que uma obra cinematográfica é uma obra a parte, ela não tem a necessidade de ser tão fidedigna a obra literária, pois cada um tem sua interpretação, o seu olhar individual. “A partir do momento que você vende os direitos autorais o ‘novo’ autor pode fazer o recorte que desejar”, lembrou.
Maria Rosário explicou que o cinema recorre com freqüência a outras áreas. “Das artes, por exemplo, surge à fotografia, a iluminação, o enquadramento; da música, o ritmo; do teatro, a encenação; da literatura, a narrativa, o texto, o roteiro e a poética. Por isso, as pessoas cobram demais do roteiro derivado de obras literárias”.
O que acontece atualmente é um trânsito pelas artes, o que confunde muitas vezes o espectador, pois muitos roteiristas também são escritores. Diante desse fato o cinema dialoga muito com a literatura.

http://edilvabandeira.zip.net/

Não deixe de ler...

Comunicado CESU /2008Sobre o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos - ENCCEJA e, a sistemática para a realização dos exames (exames supletivos)19/08/2008

Resolução SGP Nº 13/2008Dispõe sobre a implementação do processo de Certificação Ocupacional, instituído pelo Decreto Nº 53.254/200814/08/2008

Comunicado DRHU Nº 17/2008Sobre dúvidas relativas ao processo de atribuição de vagas nas classes de suporte pedagógico14/08/2008

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

10 dicas para não cometer erros ortográficos e gramaticais

1 - Ele foi um dos que "chegou" antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.

2 - "Cerca de 18" pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram.

3 - Ministro nega que "é" negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa.

4 - Tinha "chego" atrasado. "Chego" não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.

5 - Tons "pastéis" predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.

6 - Lute pelo "meio-ambiente". Meio ambiente não tem hífen, nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega, etc. O sinal aparece, porém, em mão-de-obra, matéria-prima, infra-estrutura, primeira-dama, vale-refeição, meio-de-campo, etc.

7 - Queria namorar "com" o colega. O com não existe: Queria namorar o colega.

8 - O processo deu entrada "junto ao" STF. Processo dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e não "junto ao") Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não "junto aos") leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não "junto ao") banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não "junto ao") Procon.

9 - As pessoas "esperavam-o". Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.

10 - Vocês "fariam-lhe" um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca "imporá-se"). / Os amigos nos darão (e não "darão-nos") um presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo "formado-me").

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

10 dicas para a qualidade total de vida

A qualidade de vida não depende de quanto dinheiro ganhamos ou de quantos carros possuímos. Ela é medida por nossa saúde, bem-estar físico e emocional, nossos relacionamentos, auto-estima e grau de espiritualidade que alcançamos na vida.

Marcelo Almeida

1º) Harmonize seu lar: Abra portas e janelas e comece uma limpeza. Tire tudo do guarda-roupa e só guarde o que está realmente precisando. O resto, elimine da melhor forma que encontrar. Roupas e objetos sem uso bloqueiam o fluxo de energia do ambiente. A energia parada adoece a casa, você e sua família. Faça isso periodicamente.

2º) Coma bem: Não marque negócios para a hora das refeições, pois o que está ingerindo será parte de você e uma alimentação artificial é incompatível com a sua natureza. Evite alimentos de base animal, porque eles são maltratados, principalmente no momento do abate. Emoções como medo, desespero e tristeza ficam impregnadas na carne em forma de energia negativa.

3º) Preste atenção em você: Se você tem mais pensamentos negativos, as pessoas e situações que você atrai estão na mesma freqüência. Você pode mudar sua vida mudando-os. Quando você presta atenção no que está pensando tem maior controle sobre sua energia e sua vida. Procure ler frases positivas e conversar com Deus.

4º) Tenha objetivos: Melhore sua condição financeira, planeje comprar bens, faça viagens e busque tudo que você quiser, mas não dependa dessas conquistas para viver bem. O verdadeiro bem-estar é alcançado através dos objetivos espirituais como tentar ser mais paciente, confiável, aberto, sincero e ter fé na vida; assim, você garante equilíbrio, satisfação e razão de viver.

5º) Faça exercícios: Os exercícios estimulam o fluxo de energia vital, gerando um melhor condicionamento físico e uma ótima sensação de bem-estar. A prática de exercícios é fundamental para o equilíbrio do corpo e da mente. O mais difícil é tomar a decisão de começar, mas depois de 21 dias de prática, o cérebro registra como um hábito e tudo fica mais fácil.

6º) Utilize seus talentos: Descubra seus dons e talentos e coloque-os em prática. A sua saúde física e emocional depende muito disso. Pessoas que não utilizam esta energia criativa bloqueiam o seu fluxo energético e adoecem física e emocionalmente. Canalize seus talentos com o propósito de melhorar a vida das pessoas, esse é um bom caminho para encontrar equilíbrio e crescimento.

7º) Medite, medite e medite: A meditação é a melhor ferramenta para o crescimento pessoal e espiritual. Ao meditar você descobre o que é ou não importante para sua vida, torna-se uma pessoa mais segura e objetiva. A meditação cura seu corpo, melhora a memória e concentração, desperta a intuição e a percepção. A forma de meditar é particular. Busque um livro ou um mestre que possa lhe ajudar.

8º) Aceite a vida: Volte sua mente para o que a vida oferece de bom. Aprecie este Planeta Azul e curta esta viagem da melhor maneira possível. Ajude pessoas, seja sincero e alegre, aceite-as como elas são e aceite-se como você é. Aceitar não é se acomodar, mas buscar força para mudar o que podemos mudar.

9º) Visite a natureza: Uma vez por mês, faça uma visita a mãe natureza. Ela purifica suas células e acalma seu espírito. O mar neutraliza as energias negativas, as cachoeiras ativam a vida celular e o verde ativa o processo de autocura, tanto física como emocional. Você é parte da natureza, harmonize-se com ela.

10º) converse com Deus: Os gregos evitavam dizer o nome de Deus, pois achavam seu vocabulário muito limitado para expressar a grandeza d’Ele. Então, todas as vezes que tinham que falar sobre Deus usavam a expressão O Todo. Sintonize-se com “O Todo” que está ao seu redor e dentro do seu coração.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Murilo Mendes

Minha alma é um globo de fogo

Que se consome sem acabar

Meu corpo é um estrangeiro

A quem eu levo pão e água todo dia

domingo, 17 de agosto de 2008

Amigos

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor. Eis que permite que o objetivo dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu, poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências. A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. É delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí. E me envergonho, porque essa minha prece é em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me algumas lágrimas por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer. Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que não desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos! A gente não faz amigos, reconhece-os.


Vinícius de Moraes

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A acentuação de ditongos e hiatos com o Novo Acordo Ortográfico

ACENTUAÇÃO
Nova Regra:
Ditongos abertos (ei, oi) não são mais acentuados em palavras paroxítonas
Regra Antiga: assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, panacéia, Coréia, hebréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio, heróico, paranóico
Como Será: assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, panaceia, Coreia, hebreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, paranoico

obs: nos ditongos abertos de palavras oxítonas e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis.
obs2: o acento no ditongo aberto "eu" continua: chapéu, véu, céu, ilhéu.

Nova Regra:
O hiato "oo" não é mais acentuado
Regra Antiga: enjôo, vôo, corôo, perdôo, côo, môo, abençôo, povôo
Como Será: enjoo, voo, coroo, perdoo, coo, moo, abençoo, povoo

O hiato "ee" não é mais acentuado
Regra Antiga: crêem, dêem, lêem, vêem, descrêem, relêem, revêem
Como Será: creem, deem, leem, veem, descreem, releem, reveem

Nova Regra:
Não existe mais o acento diferencial em palavras homógrafas
Regra Antiga: pára (verbo), péla (substantivo e verbo), pêlo (substantivo), pêra (substantivo), péra (substantivo), pólo (substantivo)
Como Será: para (verbo), pela (substantivo e verbo), pelo (substantivo), pera (substantivo), pera (substantivo), polo (substantivo)

Obs: o acento diferencial ainda permanece no verbo "poder" (3ª pessoa do Pretérito Perfeito do Indicativo - "pôde") e no verbo "pôr" para diferenciar da preposição "por"

Nova Regra:
*Não se acentua mais a letra "u" nas formas verbais rizotônicas, quando precedido de "g" ou "q" e antes de "e" ou "i" (gue, que, gui, qui)
Regra Antiga: argúi, apazigúe, averigúe, enxagúe, enxagúemos, obliqúe
Como Será: argui, apazigue,averigue, enxague, ensaguemos, oblique

*Não se acentua mais "i" e "u" tônicos em paroxítonas quando precedidos de ditongo
Regra Antiga: baiúca, boiúna, cheiínho, saiínha, feiúra, feiúme
Como Será: baiuca, boiuna, cheiinho, saiinha, feiura, feiume

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O "alfabeto" e o uso da "trema" no Novo Acordo Ortográfico

ALFABETO
Nova Regra:
O alfabeto é agora formado por 26 letras
Regra Antiga: O "k", "w" e "y" não eram consideradas letras do nosso alfabeto.
Como Será: Essas letras serão usadas em siglas, símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras e seus derivados. Exemplos: km, watt, Byron, byroniano

TREMA
Nova Regra:

Não existe mais o trema em língua portuguesa. Apenas em casos de nomes próprios e seus derivados, por exemplo: Müller, mülleriano
Regra Antiga: agüentar, conseqüência, cinqüenta, qüinqüênio, freqüência, freqüente, eloqüência, eloqüente, argüição, delinqüir, pingüim, tranqüilo, lingüiça
Como Será: aguentar, consequência, cinquenta, quinquênio, frequência, frequente, eloquência, eloquente, arguição, delinquir, pinguim, tranquilo, linguiça.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Cursos para professores


INTERATIVA Assessoria PedagógicaTel/Fax: (11) 3926-3616 / (11) 6864-3616Skype: interativa.virtualEmail: contato@interativavirtual.com.brPortal: www.interativavirtual.com.br

SOBRE O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

Língua não se congela. Ela é viva, pulsante. Palavras e expressões em voga numa época caem em desuso em outra. Até mesmo tempos verbais são criados e eliminados e não há sábios ou academias que possam deter a dinâmica histórica de uma língua. O português do Brasil, com suas variantes regionais, é bem mais vocálico do que o de Portugal, mais consonantal. Não é por acaso que nós achamos que eles “engolem” letras e eles que nós falamos “descansadinho”. Mas, se não chegamos a um consenso sobre a forma de falar, seria possível ao menos um acordo sobre como escrever? O que está certo, “pequeno-almoço” ou “café-da-manhã”? O que soa mais “português”, “mountain bike” ou “btt(bicicleta todo-o-terreno); banda desenhada ou história em quadrinhos? O mais adequado seria “facto”, como querem eles, ou “fato”, como queremos nós? De uma maneira ou de outra, não estamos mais dispostos a aceitar que tomamos a língua “deles” emprestada e nos cabe apenas respeitá-la. Afinal, somos a maioria. De resto, os ingleses inventaram o futebol e não são eles os mestres da bola. Por que seriam os portugueses os donos de uma língua falada por 180 milhões de brasileiros? O novo Acordo Ortográfico busca um consenso, quando for possível, e duas redações oficiais, quando isso não for possível. Ele não mexe, nem poderia fazê-lo, na nossa forma de falar, mas busca facilitar, padronizar a escrita. Assim, na opinião dos defensores do acordo, livros publicados em Portugal não precisariam mais sofrer revisão para serem publicados aqui, por conta das diferenças na ortografia lá e cá. Dessa forma, tanto o mercado português como o de países como Angola e Moçambique ficariam mais acessíveis aos livros e às revistas produzidos no Brasil. Se depender do novo Acordo Ortográfico, o português terá as mesmas regras em todos os países em que é adotado como língua oficial.

Considerado um dos aspectos mais importantes das línguas escritas, a ortografia é também um dos mais polêmicos, e o caso do português não é uma exceção: presente, desde o século XVI, nas primeiras gramáticas de nosso idioma, a reflexão acerca do modo correto de escrever (horto = correto; grafia = escrita) foi palco dos mais acirrados embates lingüísticos, conhecendo um processo desgastante de relativa estabilização idiomática que, a despeito dos mais intensos esforços, não logrou atingir o consenso até os dias de hoje. Com efeito, falar de ortografia é provocar acirradas polêmicas em torno não apenas do modo como se escreve determinada língua, mas da maneira como esse idioma se constitui e dialoga com o vasto universo de significados (sociais, lingüísticos, históricos, culturais etc.) que se encontra à sua volta.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Professor Pasquale


Falando a verdade. Quem é que ainda não conhece o Professor Pasquale? Ele considerado como um monstro sagrado do ensino da gramática da língua portuguesa no Brasil. Sujeito simples, simpático, companhia agradabilíssima para qualquer tipo de conversa... E é nessa área que ele consegue atrair todos para perto de si, transmitindo conceitos da norma culta da língua falada e escrita, esmiuçando letras de música, trechos de obras literárias, de filmes, de propagandas de rádio e tv, ou simplesmente de anúncios estampados em placas e cartazes afixados pelas ruas das grandes cidades. O professor explica, em tom bastante esclarecedor, o que está em desacordo com a norma culta da língua, e a maneira como proceder para evitar tais erros, conseguindo ensinar de maneira agradável as dificuldades observadas na leitura e escrita.
Editor de vários livros sobre o assunto, Pasquale Cipro Neto também é conhecido por ser o apresentador do Programa "Nossa Língua Portuguesa" na TV Cultura, consultor de diversas empresas do setor da comunicação, publicações em jornais e revistas etc.
Para quem já teve a honra de estudar, ou simplesmente de participar de algum evento com o professor, fica a certeza de que aprender português é semelhante a aprender a andar de bicicleta... Pode parecer que seja muito difícil, mas depois que a pessoa da suas primeiras pedaladas e perde o medo de cair, a coisa fica bastante fácil e prazerosa.
Com este incrível professor, o aprendiz descobre que a língua é um verdadeiro patrimônio nacional, objeto de identificação do indivíduo enquanto cidadão, e que deve ser tratada com o mesmo respeito com que se trata a constituição, ou mesmo a bandeira nacional. É o domínio da língua que constitui o cartão de visita do indivíduo, que mostra seu poder de comunicabilidade na sociedade, que imprime status. O sujeito que se expressa dentro dos parâmetros da norma culta consegue abrir caminhos, atinge mais a confiança de seus pares, comparado a uma campanha de marketing em que seu produto sobressai como campeão de vendagens.
Vamos tratar bem da Nossa Língua Portuguesa, uma das pétalas da última flor do Lácio, fruto que amadurece desde o avanço do latim falado pelos soldados do Império Romano, falada em todos os continentes pelo mérito das caravelas dos portugueses, seja esquecida na Ásia, entrevada na África, ou descansadinha no Brasil, nação esta que através de seus grandes artistas e escritores soube engrandecer ainda mais o idioma luso. É desta língua que o Professor Pasquale se apresenta como embaixador. Uma bela e exuberante língua, cantada por Camões e elevada por Olavo Bilac. É esta, a língua que merece o nosso respeito e consideração. Vamos cuidar bem da nossa querida Língua Portuguesa.

domingo, 10 de agosto de 2008

Mais um pouco de ortografia e gramática

1 - Atraso implicará "em" punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.

2 - Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não "em vias de": Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.

3 - Todos somos "cidadões". O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.

4 - O ingresso é "gratuíto". A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.

5 - A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.

6 - Vendeu "uma" grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.

7 - "Porisso". Duas palavras, por isso, deve se escrever separadamente, como de repente e a partir de.

8 - Não viu "qualquer" risco. É nenhum, e não "qualquer", que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.

9 - A feira "inicia" amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.

10 - Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.

A Procura da Felicidade

Um homem não conseguia encontrar a felicidade em lugar nenhum.
Um dia ele resolveu sair pelo mundo à procura da felicidade.
Fechou a porta da sua casa e partiu com a disposição de percorrer todos os caminhos da terra até encontrar o lugar de ser feliz.
Aonde chegava reunia um grupo a quem explicava os planos que tinha para ser feliz.
Afirmava que seus seguidores seriam felizes na posse de regiões gigantescas, onde haveria montes de ouro.
Mas o povo lamentava e ninguém o seguia.
No dia seguinte novamente partia.
Assim, foi percorrendo cidades e cidades, de país em país, anos a fio.
Mas um dia percebeu que estava ficando velho sem ter encontrado a felicidade.
Seus cabelos tingiam-se de branco, suas mãos estavam enrugadas, suas roupas esfarrapadas, os calçados aos pedaços.
Além disso, estava cansado de procurar a felicidade, tão inutilmente.
Enfim, depois de muito andar, parou em frente de uma casa antiga.
As janelas de vidro estavam quebradas, o mato cobria o canteiro do jardim, a poeira invadia quartos e salas.
Ele olhou e pensou que ali, naquela casa desprezada e sem dono, ele construiria a sua felicidade: arrumaria o telhado, colocaria vidro nas janelas, pintaria as paredes, cuidaria do jardim.
"Vou ser feliz aqui" disse ele.
E o homem cansado foi andando até chegar a porta.
Quando entrou, ficou imóvel, perplexo!
Aquela era a sua própria casa, que ele abandonou há tantos anos à procura da felicidade.
Então ele compreendeu que de nada tinha adiantado dar a volta ao mundo, pois a felicidade estava dentro da própria casa e ele não tinha percebido.

AD

sábado, 9 de agosto de 2008

“Vou estar fazendo”

Anatomia de um vício de linguagem.

Marcelo Leite

No meio do meu descanso toca o telefone.

“Boa tarde, senhor (atentem ao ‘r’ vibrante). Aqui é da Mega Plus International que por sua boa relação como cliente vai estar disponibilizando totalmente grátis sem nenhum custo adicional o Ultra Mega Plus Card com todas as vantagens do programa especial Mega Plus Services, vai estar também oferecendo (por favor, com uma epêntese do /i/, logo, ofereceindo)...” Pronto, já me perdi no gerúndio desnecessário dela.

- Obrigado pela oferta, mas não vou estar quere(i)ndo.

- Mas senhor... Insiste. Mas que vantagens o seu cartão já oferece...

- Não oferece vantagem nenhuma, mas o que rola entre a gente é uma relação sem interesse, é só amor mesmo... sabe aquele não querer mais que bem querer de Camões.

A atendente de telemarketing se despede, mas não sem antes rir do outro lado da linha.

O fato é que o gerúndio é uma forma nominal em português que projeta o aspecto durativo em um evento verbal. Eu estou escrevendo é uma maneira de dizer que no momento atual (que não é necessariamente agora) eu estou exercendo a atividade de escrever. Sendo assim, é uma aplicação aspectual muito pertinente ao tempo presente e a casos de formas de pretérito (Ontem, eu estava escrevendo quando...), mas não muito necessária ao futuro. Na verdade, é até dispensável.

Não vamos fazer um cavalo de batalha com isso, mas de uns tempos para cá algumas modalidades de discurso como o telemarketing exauriram este emprego do gerúndio assim com em certas épocas outras modalidades desgastaram termos repetidamente como “a nível de”, “eu, enquanto, X” e outras pérolas que pareciam (?) dar ao usuário um ar de intelectualidade.

A bola da vez é o gerúndio. Podemos argumentar que é uma tradução mal feita do inglês (I´m going to be offering / vou estar oferecendo) ou mesmo que, de fato temos uma ação durativa no futuro. Entretanto, o fato é que muitos verbos indicam que o evento será realizado em um ponto no tempo (vai oferecer, por exemplo. Você oferece em um momento e ponto e não faz disso um processo que se estende). Por outro lado, o gerúndio se aplica bem em casos como “Amanhã, a esta hora, vou estar falando para mais de 100 pessoas. O verbo falar esta modulado por um gerúndio que aponta nitidamente para uma ação de discursar.

Aos operadores de telemarketing, sugiro a substituição por um presente com valor atemporal (a Mega Plus International oferece ao você, sem nenhum custo adicional...). Diriam eles que isso é menos expressivo do que o gerúndio. Mas aí eu pergunto: Por quê? Tecnicamente, é até mais amplo.

Enfim, fica aí a sugestão.

Da próxima vez, com certeza vou estar sugerindo isso..

Viu como fica esquisito?

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Amor

Mesmo que finjas não ouvir-me.

Eu te amo.

Mesmo que venhas a evitar-me.

Eu continuarei te amando.

Mesmo que zombes de mim.

Juntarei forças para amar-te ainda mais.

Mesmo que venhas a odiar-me.

Meu sentimento por ti será um imenso amor.

Mesmo que venhas a exterminar minha vida.

Continuarei te amando de uma outra dimensão.

Tu não me vencerás jamais!

Pois sou imbatível.

O que sinto é indestrutível.

É algo de outro mundo.

Não tem começo nem fim.

Tampouco cor ou formas.

Simplesmente te amo

E te amarei infinitamente.

E se mesmo com todo esse amor

Tu persistires em odiar-me.

Retornarei da dimensão em que estou

E nascerei novamente neste mundo.

Só que, desta vez, nascerei do teu ventre.

E assim me amarás.

Me alimentarás

Me farás carinhos.

Cantarás para mim canções de ninar

E me chamarás de: “Meu filhinho”!!!

Sim, sou teu filho.

Sou teu pai

Teu amante

Teu esposo a quem tanto rejeitas...

Em palavras simples e objetivas:

SOU DEUS.

(Juarez Firmino)