sábado, 7 de janeiro de 2017
Platão nas empresas
Tópicos da filosofia
organizacional
O famoso e
reconhecido Mito da Caverna, do filósofo Platão (428-347 a.C.), representa, em
linhas gerais, a libertação do indivíduo das amarras que o prende em um mundo
de sombras, um mundo que simplesmente representa a cópia de um mundo ideal,
repleto de formas perfeitas e ideais. Não deixado de lado a importância
filosófica da alegoria da caverna, mas promovendo uma releitura da obra, não se
pode dizer que ela representa, no mundo das organizações, uma realidade cada
vez mais presente e real? Ao mesmo tempo que representa, em nosso cotidiano, as
mazelas da sociedade presa à ideologia imposta pelo poder do Estado, além da
promoção da alienação, como uma realidade comum e indissociável do homem moderno?
Acreditamos que sim! Com isso, será apresentada uma releitura do Mito da
Caverna dentro do viés das organizações, da gestão corporativa, mostrando, de
um lado, a figura do líder e, por outro, a representatividade daquele que não
se prende ao comum e alienante, mas, ao contrário, busca sair da zona de
conforto, aproveitando outras oportunidades e mostrando novas perspectivas.
A atualidade das
corporações e organizações representa a antagonia entre o mundo dos negócios e
o mundo particular, do indivíduo. É comum observar a representatividade dos
indivíduos presos a seus cargos e funções dentro das empresas, sem, muitas
vezes, sair do seu espaço e gabinete de trabalho, executando sempre as mesmas
tarefas rotineiras, aguardando o tempo que separa a entrada e a saída de um dia
de trabalho.
O âmbito empresarial
permite uma reflexão sobre a posição dos indivíduos dentro do fluxo de
trabalho, a operacionalidade do humano em vista de sua função, e a
espiritualidade do indivíduo em vista de seus desejos e paixões, muitas vezes
agrilhoado em seu mundo de contemplação sem participação efetiva do ser que
pode e deve refletir sobre o seu mundo, criticamente e humanamente.
A filosofia
platônica, em vários aspectos, se faz presente e atual, seja no viés
pedagógico, psicológico, sociológico, antropológico, filosófico e também, no
organizacional. É possível interpretar o Mito da Caverna de diferentes formas,
e aqui iremos dar ênfase à interpretação que considera a figura do líder dentro
das empresas como o indivíduo que não deve prender-se ao seu âmbito
operacional, mas sim aventurar-se em outro mundo, ou ainda, vislumbrar novas
oportunidades, saindo da zona de conforto e assumindo outras responsabilidades
na condução do grupo.
O grande problema ao
interpretar o mundo moderno com vistas às organizações está no fato de que o
indivíduo vive em uma sociedade organizada e gerida dentro do âmbito
ideológico, seja como imposição de ideias e conduta ―
imposição dominada pelo poder do Estado e da classe dominante ―, seja pelo
conjunto de ideias que um indivíduo decide por si mesmo seguir e contemplar
para a condução de sua própria vida. Isso sem levar em conta o aspecto
alienante sobre o qual a sociedade é construída, na qual o indivíduo se perde
em si mesmo, quando não se reconhece como um ser, mas se identifica como mais
uma peça que compõe a engrenagem do grande sistema econômico e administrativo,
que mantém a máquina do estado funcionando e garantindo a manutenção da ordem.
O
Mito da Caverna: aspectos filosóficos
A filosofia platônica apresenta uma
teoria do conhecimento que mostra, pela corrente de pensamento racionalista, a
teoria do conhecimento por meio da reminiscência, ou rememoração. Na obra A República, Livro VII, Platão apresenta
o Mito da Caverna, por meio de um diálogo que envolve como personagens Glauco e
Sócrates, explicando como o mundo que conhecemos é dividido em sensível e
inteligível, um mundo de sombras e um mundo ideal. Consonante a isso, no
diálogo Fédon, Platão apresenta a
teoria da reminiscência, mostrando como se configura o processo do
conhecimento.
Dessa forma, a ideia platônica afirma
que o mundo inteligível é onde se encontram as ideias, as formas perfeitas e
imutáveis das coisas que conhecemos, e a alma, que por si mesma, sem estar
atrelada ao corpo, é perfeita; e o mundo sensível, é o mundo de sombras, onde
se encontram as cópias das ideias, a cópia de um mundo ideal.
Nesse sentido, tudo o que observamos
em nosso mundo são cópias das ideias existentes no mundo ideal (inteligível).
Mas como isso é possível? Platão afirma que a alma humana reside no mundo ideal
e contempla as formas perfeitas, e quando esta alma passa a ocupar um corpo, no
mundo sensível, esquece tudo o que um dia contemplou no mundo ideal. Por sua
vez, atrelada ao corpo, a alma passa a visualizar o mundo pelos olhos do corpo
e, ao observar um objeto, a alma relembra a forma deste objeto, a ideia, a
forma perfeita que um dia contemplou no mundo das ideias.
Com isso, o que a alma vê, no mundo
sensível, é a cópia imperfeita, a sombra da ideia perfeita, que está no mundo
ideal. Por exemplo: uma cadeira que contemplamos em nosso mundo sensível, nada
mais é do que uma cópia da cadeira ideal, que está no mundo das ideias. A ideia
de cadeira ou conceito de cadeira representa, de modo geral, um objeto que
possui assento, encosto e quatro “pernas”. Quando contemplamos este objeto no
mundo sensível, a nossa alma, que havia esquecido da ideia perfeita de cadeira,
relembra o que um dia contemplou no mundo ideal, a alma rememora o “conceito”
de cadeira, e assim, passamos a ter o conhecimento de cadeira. Mas conhecemos
somente a cópia. Uma vez livre do corpo, a alma volta ao mundo ideal, e mais
uma vez, esquece tudo o que um dia contemplou no mundo sensível, e passa
novamente a contemplar um mundo de formas perfeitas.
Até aqui, o mito aponta para a teoria
do conhecimento de Platão, a reminiscência, a teoria da rememoração, por sua
vez apresentada de forma bem fundamentada no diálogo de Fédon. Mais do que isso, Platão mostra que o indivíduo, enquanto
preso ao mundo sensível, conhece somente a sombra do mundo ideal. Com a morte
do corpo, a alma retorna ao mundo ideal, que habitava antes de se atrelar ao
corpo, com a negativa de que se esquece de todo o conhecimento falso adquirido
enquanto estava presa ao corpo. Tanto de um lado quanto de outro, a alma fica
no esquecimento, e passa a conhecer as formas perfeitas (ideias) quando habita
o mundo inteligível (ideal), ou quando passa a rememorar as formas perfeitas,
quando habita o mundo sensível (como cópia do mundo ideal).
No Mito da Caverna, Platão adverte
para o fato de que, entre os indivíduos presos na caverna, há um indivíduo que
se solta, sobe até a entrada e, cego pela luz do mundo real, passa a contemplar
a verdade das coisas, as formas perfeitas, e compreende que, estando preso na
caverna, durante muito tempo observou somente a sombra deste mundo. Vislumbrado
pela descoberta, ele retorna à caverna e conta a novidade para os demais que
ali estão, porém, estes o tomam como um louco, descabido, relapso, que não
consegue que o mundo da caverna é o mundo verdadeiro, real.
O indivíduo que se solta contempla o
mundo ideal. No contexto platônico, esse indivíduo que se solta é a alma, que,
presa aos grilhões do corpo, não consegue enxergar o mundo das formas perfeitas.
Esse caráter filosófico do mito
representa o conhecimento por vias da razão, um conhecimento racional,
entendendo que há um mundo de contemplação, sensível, e um mundo ideal, repleto
de formas perfeitas e imutáveis. E por meio da reminiscência conhecemos o mundo
que se apresenta a nós, um mundo de sombras, uma cópia do mundo ideal, que
somente teremos acesso quando nosso corpo perecer e a alma se soltar das
amarras do nosso corpo e voltar ao mundo ideal.
Interpretando o mito, em uma releitura
da obra, o indivíduo que se solta representa muito mais do que a alma
desprendida do corpo. Este indivíduo representa, no viés corporativo e
organizacional, a figura de um líder, aquele que vislumbra outras perspectivas
e busca conduzir o grupo, a equipe, a outros caminhos. Ele que não se prende a
um mundo rotineiro de sombras da realidade.
Com vistas a isso, vamos tentar
entender esse aspecto do mito tornando a alegoria apresentada por Platão dentro
de um contexto atual no âmbito das organizações.
Liderança:
uma releitura do mito
Atualmente, a figura do líder não se
mostra mais como um indivíduo que se destaca e assume uma posição de liderança.
Mais do que se destacar, o líder é aquele que possui uma visão sistêmica e
integral do seu âmbito de atuação em concomitância com o ambiente empresarial.
O líder, mais do que liderar, precisa conhecer sua equipe, conhecer a rotina e
a filosofia da empresa, o mercado em que atua e, principalmente, não se prender
à sua zona de conforto.
Nesse contexto, a releitura do Mito da
Caverna pode nos mostrar a figura do líder como aquele indivíduo que, preso às
amarras da sua função, busca se soltar da visão restrita ao seu âmbito de
atuação, vislumbrando novas oportunidades para a construção de novos caminhos e
estratégias, que levem o grupo a atuar com novas ferramentas, novos objetivos,
atingindo resultados pretendidos, bem como novos resultados que podem aparecer
diante do sucesso da empreitada estabelecida.
A posição de liderança, confundida
como hierárquica, vertical e dominadora, é uma vertente tradicional, que se
perde diante da dinâmica do mercado atual, que necessita de profissionais
dinâmicos, proativos, responsáveis, corajosos e audaciosos, que conseguem
enxergar além dos limites de sua função se arriscando no mar das incertezas,
investindo em perspectivas que podem alçar novas conquistas. Esse é o líder
moderno, que além de liderar, empreende uma gestão horizontal, que permite ao
grupo desenvolver o trabalho, ao mesmo tempo que permite o engendramento de
novas estratégias e novas ideias, recuando quando percebe que a tomada de
decisão, enquanto líder, ultrapassou a horizontalidade, e pereceu na proposta,
reerguendo as estruturas, considerando que o grupo é mais forte do que uma
função de hierarquia depositada no líder.
Dentro desta perspectiva
organizacional que tem o líder como referência, o indivíduo que se soltava das
amarras da caverna e contemplava o mundo das coisas perfeitas, voltando para a
caverna para resgatar e soltar os indivíduos que ali estavam, pode ser representado
como um líder. Pois, percebendo que aquele mundo onde estava preso não condizia
com a realidade que se apresentava, buscou sair do fato dado, conhecendo novos
ambientes, e procurou trazer o grupo consigo, enfrentando resistências, mas não
perdendo o foco em mostrar a real oportunidade que se apresentava, em vista de
construir novos caminhos.
Aquele que permanece preso à realidade
ilusória do mundo que o cerca, sem escutar aquele que vislumbra e conhece
outras formas, permanece na escuridão da caverna, enquanto aqueles que, junto
ao líder, buscam compreender a novidade e se arriscam no desconhecido, enxergam
a possibilidade da inovação e empreendem a construção do novo, ou, no mínimo,
adquirem o conhecimento do que antes não conseguiam enxergar.
Dentro desta interpretação, Lidiane
Grützmann (2014), em sua obra Fundamentos
filosóficos da administração, apresenta uma proposta que, interpretando o
mito, se aproxima da nossa releitura. Para a autora, o indivíduo que se solta
dos grilhões que o prende na caverna representa aquele queque não se contenta
com a situação dada, e procura sair da sua zona de conforto em busca de outros
conhecimentos e experiências: “No contexto empresarial, as correntes
representam a estagnação que muitos setores enfrentam, especialmente em
momentos em que se exige uma visão mais abrangente do mercado, da sociedade e
da realidade [...]. De modo geral, podemos entender que as correntes são como
os costumes adquiridos em nossa vivência cultural, nossos hábitos, a
interpretação (fixa) que temos do mundo e a estrutura do pensamento comum ao
grupo no qual estamos inseridos desde o nascimento. A mesma coisa acontece
quando uma empresa se fecha em seus próprios objetivos e metas e não quer
perceber a cadeira causal que gera a cada decisão que toma”[1].
Na vertente empresarial, uma empresa
que se prende aos seus princípios, e não enxerga o avanço do mundo econômico
atrelado a novas tecnologias, fica estagnada, tende ao declínio, permanecendo
na ignorância e na falta de novos conhecimentos. O mesmo acorre com o indivíduo
que não se desfaz de suas crenças, não busca o novo, este irá permanecer na
ignorância sem se desenvolver por completo.
A maior representatividade do mito, no
contexto empresarial, é mostrar a tomada de consciência do indivíduo, que
encara a realidade com os olhos voltados para o novo, para as oportunidades,
vislumbrando novos caminhos e perspectivas, levando o restante do grupo a sair
da zona de conforto, aventurando-se em novas estratégias e novas metas,
atingindo novos resultados.
O indivíduo que permanece preso na
caverna ficará imerso na ignorância, preso aos hábitos comuns e rotineiros da
vida cotidiana, influenciado pela cultura que o cerca, cabendo a ele a decisão
de permanecer agrilhoado em um mundo de sombras, ou liberto ao mundo da luz,
adquirindo conhecimento, promovendo um melhor reconhecimento da realidade e de
sua própria função, não se colocando somente como uma peça do sistema.
Com essa perspectiva, podemos
confirmar a atualidade do Mito da Caverna e com ele perceber que há um espaço
oculto ocupado pela filosofia dentro das organizações, que aqui intitulamos e
conceituamos como “filosofia organizacional”.
Filosofia
organizacional
Em nosso cotidiano é comum tomarmos
decisões, com ou sem reflexão, que nos leva sempre a ponderar ou não sobre uma
situação dada, um problema, ou uma simples opinião.
Não nos atentamos para o fato de que,
sempre que ponderamos sobre uma situação, estamos fazendo filosofia, uma
filosofia mitigada, comum, ou seja, pelo simples fato de pensar e ponderar,
refletir, estamos fazendo filosofia, uma filosofia do cotidiano. Quando
pensamos, estamos refletindo e isso, em certo sentido, é a representatividade
da filosofia em nosso dia a dia, algo que fazemos sem nos atentar, isto é, não
temos a consciência de que pelo simples fato de pensar, estamos fazendo
filosofia.
Agora, essa filosofia do cotidiano é
uma filosofia do senso comum, não é catedrática ou acadêmica, é uma forma do
pensar sem reflexão profunda, presa a opiniões simples e muitas vezes oriundas
de conhecimentos transmitidos de geração a geração. O próprio Mito da Caverna
pode nos mostrar isso, segundo a opinião de Grützmann: “Na descrição da
alegoria da caverna, Platão descreve os homens acorrentados como sujeitos que
acreditam que as sombras constituem o todo da realidade. Eles creem nas
sombras, nas ilusões como se fossem verdades absolutas. Em nossos dias, os
aprisionados são aqueles que se deixam levar pelas opiniões simples e não
refletidas, muitas vezes oriundas de preconceito e do que é estabelecido
vulgarmente pelos meios de comunicação em massa. A essa forma de pensar, sem
autonomia e sem reflexão, damos o nome de senso
comum”[2].
Atrelado a isso, costuma-se ouvir
pessoas que relatam tomadas de decisão, ou aceite de crenças e ideologias
justificando sua conduta como “filosofia de vida”. Isso significa que sujeitos
escolhem certa forma de viver e consideram isso como sua filosofia, o seu modo
de ver o mundo e conduzir sua vida.
A filosofia de vida está ligada a
práticas cotidianas, um simples pensar e refletir sobre pequenos aspectos da
vida comum, tendo a filosofia como auxiliadora no processo de escolha e tomada
de decisão, bem como para a resolução de pequenos problemas do dia a dia, que
exigem pensamento e reflexão.
Essa mesma prática está presente
também no ambiente empresarial, quando a corporação descreve sua missão,
objetivos e metas como a “filosofia da empresa”, no mesmo sentido de mostrar
qual é o ideal da empresa, qual é a sua ideologia, suas crenças e como qualquer
funcionário que a ela se junte deve conduzir suas ações dentro da empresa.
Bastante comum é encontrar executivos
que justificam as ações da empresa perante o adágio: “a filosofia da empresa
prega que...”; ou ainda, “nossa filosofia está atrelada a”; quando muito, “tomamos
essa decisão diante do que representa a nossa filosofia empresarial”.
Como se pode perceber, a filosofia
clássica, acadêmica, parece ser banalizada quando ligada ao senso comum, mas,
pelo contrário, esta possível banalização, na verdade, representa a presença
enraizada da Filosofia em nosso cotidiano que, quase sempre, passa
despercebida, mas mostra-se importante e útil sempre que a ela recorremos,
mesmo que inconscientemente.
A filosofia que se propõe auxiliadora,
em ambientes empresariais, ao lado da sociologia organizacional e da psicologia
organizacional, que estão ligadas a setores de recursos humanos, ganha forma
como uma filosofia organizacional, presente nos momentos que exigem ponderação,
reflexão e crítica, quando é preciso uma análise mais aprofundada do fato que
se apresenta, para que se possa tomar a decisão mais acertada ou mesmo traçar
estratégias condizentes com a meta a ser atingida. Ou ainda, quando é preciso
organizar as corporações, com a mente aberta a novas perspectivas, o que, para
nós, é a própria representatividade atual do Mito da Caverna de Platão, algo
que, na interpretação de Grützmann, condiz com a nossa proposta: “a Alegoria da
Caverna é a representação do papel da filosofia na vida dos sujeitos e é
perfeitamente adaptável à compreensão do sentido da vida empresarial”[3].
A atualidade da filosofia se faz
presente não só no âmbito acadêmico, sendo uma disciplina recorrentes nos
cursos de ensino superior, mas também no cotidiano da sociedade e das empresas,
nosso objeto de estudo.
O Mito da Caverna representa uma forma
de conhecer e interpretar o mundo, ao mesmo tempo que mostra o rompimento com o
comum, o tradicional, o hábito enraizado na cultura, permitindo o alcance de
novas oportunidades, que se abrem para novas perspectivas.
Uma releitura do Mito da Caverna, nos
dias atuais, transpassa o âmbito empresarial, pedagógico, sociológico e
antropológico, pois representa também a inserção do homem na ideologia
“ideologizante”, a qual se permanece preso quando não se consegue retirar a
cortina que esconde a sociedade ideológica, ou simplesmente, quando não
conseguimos nos desprender da alienação que prevalece dentro das relações de
trabalho, bem como nas relações sociais. O pensamento de Platão, configurado
neste mito, representa que o indivíduo deve se soltar das amarras que o prende
a sua zona de conforto, devendo este se aventurar em um mundo ainda
desconhecido, mas que, na verdade, já era o seu mundo, conhecido por meio de
sombras.
No âmbito empresarial, o Mito da
Caverna destaca, por uma releitura, a figura do líder que possui uma visão
sistêmica, ampla e desvinculada dos grilhões que aprisionam o indivíduo em
opiniões fracas e sem fundamento, desvinculando-se da ignorância, atingindo um
saber mais fundamentado, que permite a construção de novos caminhos. Esse líder
deve trazer consigo o grupo, deve mostrar para os indivíduos que há outras
formas, outras perspectivas e, com isso, poderá, de forma horizontal, conduzir
as ações para atingir os resultados pretendidos.
Atualmente, as empresas que permanecem
na sombra da caverna tendem ao declínio, e se não consideram a existência do
indivíduo que enxerga para além dos limites da caverna, deixará de evoluir e
adquirir conhecimentos refletidos e válidos para engendrar novas possibilidades.
Ao mesmo tempo, as empresas e os indivíduos que ainda estão amarrados em seu
mundo de sombras, não conseguem se desvincular da ideologia que os governam e
impõem valores, permanecendo indivíduos alienados e sem consciência da
existência desta própria ideologia.
A filosofia organizacional, como uma
nova proposta que permite enraizar a filosofia dentro do âmbito empresarial,
representada pela releitura do Mito da Caverna, nos mostra a atualidade e a
importância da filosofia na formação do indivíduo, bem como a relevância deste
conhecimento para elevar o grau de desenvolvimento do indivíduo em
concomitância com o sucesso empresarial na busca por resultados efetivos,
quando se percebe que há um mundo muito maior para além dos muros e limites do
edifício empresarial.
REFERÊNCIAS:
PLATÃO. Fédon. In: ______. Diálogos. São Paulo: Abril Cultural,
1972. (Coleção Os Pensadores, III)
______. A
República de Platão. 6. Ed. São Paulo: Editora Atena, 1956.
GOLDSCHMIDT, V. A religião de Platão. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1963.
GRÜTZMANN, L. Fundamentos filosóficos da administração. Curitiba: Intersaberes,
2014.
LIMA, F. M. de. Reminiscência e morte no Fédon de Platão. Primeiros escritos: boletim de pesquisa na graduação em filosofia.
São Paulo, n. 4, p. 41-45, 2000-2001.
ROUGE, C. Compreender
Platão. Petrópolis: Vozes, 2005.
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