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Uma das maiores contribuições de
Saussure foi a de mostrar que a palavra não é uma unidade semântica isolada. Ao
procurar relações de aproximação (sinonímia) e de oposição (antonímia), abriu
ele caminho para os estudos da semântica estrutural, notadamente entre
linguistas da Alemanha e da Suíça, a partir das décadas de vinte e trinta,
trazendo a ideia de ligação significativa de certos conjuntos de signos
linguísticos, e.g., grupos de animais
domésticos – cão, cavalo, gato, boi,
que possuem em comum certos atributos (animais, irracionais, vertebrados,
quadrúpedes, domésticos etc.), colocando-os, assim, em um mesmo campo
semântico.
A esta associação de conceitos,
Dubois (1978, p. 366) chama de campo semântico em termos de polissemia. Não
alcança, porém, a aceitação da maioria dos linguistas, estes concordes com
Mattoso Câmara Jr., entendendo que campos semânticos constituem “famílias
ideológicas”.
Compreendido o sentido de campos
semânticos ou campos nocionais, cumpre verificar que cada unidade-membro da
família ideológica possui suas particularidades, vale esclarecer, traços mínimos
de significação que a distingue das demais. Quando se diz canino, equino,
felino, bovino, não se está colocando os signos em um mesmo campo semântico,
pois as especificações referem-se a cada signo, isoladamente. As palavras
unem-se em torno de uma palavra primitiva e a derivação constitui as “famílias
etimológicas”.
Veja-se:
Campo semântico Campo léxico
Indústria Operário
fábrica operacional
operário operariado
empresário operacionalizar
máquina operador
torno operar
metalúrgico operante
têxtil operacionismo
mão-de-obra
operativo
empresarial operoso
salário operosidade
sindicato
Ainda consoante Mattoso Câmara Jr., campos léxicos são famílias de palavras ou palavras cognatas, a saber, palavras que constituem um grupo de derivação incluindo-se a composição prefixal. Como exemplos:
§
Do
latim fiscus-i (cesto de vime, cesto
para dinheiro e, daí, dinheiro público): fisco, fiscal, fiscalista, fiscalizar,
confiscar, confiscação, confiscatório, confiscativo, confiscável.
§
Do
latim pecus-oris (rebanho, gado,
objeto de troca em tempos antigos): pecuária, pecuário, pecuniário, pecúlio,
peculiar, peculato, peculatório, peculador, pegureiro.
§
Do
lati torquere (torqueo, torquis, torsus sum, torsum ou tortum): torto, tortura, torturar, tortuoso, tormento, torculo,
torção, contorção, distorção, extorsão, contorcer, distorcer, extorquir,
retorquir, retorcer, retorção.
§
Do
latim loqui (loquor, locutus sum): loquaz, eloquência, colóquio, solilóquio,
locutor, locução, elocução, alocução, alocutário, interlocutor, perculatário.
§ Do
latim cursare (frequentativo de currere – correr): acorrer, concorrer,
decorrer, discorrer, escorrer, intercorrer, recorrer, socorrer, transcorrer,
curso, concurso, decurso, discurso, incurso, excursão, recurso, transcurso,
socorro.
§ Do
latim puer-i: puerícia, pueril,
puericultura, puérpera, puerperal, puerilidade, puerpério, puerilizar.
§
Do
latim trahere (traho-trahis-traxi-tractum): atração, abstração, contração,
extração, detração, retrair, contrair, subtrair.
FONTE: DAMIÃO, Regina Toledo. Curso de
português jurídico. 10. ed. – 2. Reimpressão. – São Paulo: Atlas, 2008.
(Adaptado).
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