"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

LADAINHA DO CERVEJEIRO

Sexta-feira, final de tarde: chegai-vos a nós
Boteco do Bate-Forte: abra as portas pra nós
Seo Bate-Forte: recebei a nós
Copo americano: lavai-o pra nós
Mesa e cadeira: limpai-as pra nós
Freezer horizontal: gelai por nós
Garrafa da loirinha: abri pra nós
Colarinho de espuma: fazei-o por nós
Um gole da branquinha: ofertai-o a nós
Costela gordurosa: assai-a pra nós
Salaminho e calabresa: fatiai-os pra nós
Boa cara e gentileza: demonstrai-as a nós
Faca Amolada e Caneta Louca: livrai-os de nós
Mulher e futebol: noticiai-os a nós
Mocinha bonitinha: passai-vos por nós
Violão em seresta: dedilhai-o pra nós
Truco e sinuquinha: apartai-vos de nós
Uma dúzia às dez da noite: cobrai-a de nós
Isso tudo? Tem certeza? Pendurai pra nós
No caminho lá de casa: auxiliai a nós
Na rampa ou na escada: amparai a nós
A chave no buraco: colocai-a por nós
O caminho do banheiro: indicai-o a nós
Urinada fora do vaso: enxaguai-o por nós
Balançada no danado: sacrificai-vos por nós
Na cama bem quentinha: deitai a nós
A cara feia da patroa: desculpai-a, oh! Vós
Se chamar de “homi” à-toa: justificai-nos por nós
Querida, queridona: perdoai a nós
Escaldado de galinha: preparai-o pra nós
Um suco bem gelado: antecipai-o pra nós
Regurgitada na cama: limpai-a por nós
A feijoada de amanhã: cancelai-a por nós
Amigos e parentes: comunicai-os por nós
Se o estado for ardente: satisfazei-vos a sós
Seis da tarde, com pijama: prometemos a vós
Alcoólicos Anônimos: incentivai a nós
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Adaptada do livro Cerveja e uma porção de bobagens: crônicas do boteco Bate Forte. Hélio Consolaro. Academia Araçatubense de Letras, 2004.

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